Imóvel do Instituto do Vinho da Madeira e Museu
| IPA.00006983 |
Portugal, Ilha da Madeira (Madeira), Funchal, Funchal (São Pedro) |
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Palacete urbano neoclássico dos inícios do séc. 19, de planta rectangular irregular composta por vários corpos, volumetricamente articulados, integrando torre central, com fachadas sublinhadas e dinimizadas por cunhais com pilastras ou alhetas, frisos, cornijas e remates pintados em vermelho, e vãos em arco pleno com tapa-sóis verdes.Pátios com interessantes empedrados em calhau britado e rolado tradicional madeirense. De grande escala e impacto na massa urbana, estabelece relação entre a arquitectura tradicional madeirense e a colonial inglesa do Séc. 19. |
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Número IPA Antigo: PT062203080103 |
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Registo visualizado 488 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Residencial unifamiliar Casa Palacete
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Descrição
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Planta composta por corpo rectangular, com zona central da fachada S. formando semicírculo avançado, e corpo quadrado a SE., formando balcão sobre a R. 5 de Outubro. Grande massa volumétrica articulada e pintada a ocre, com embasamentos, cunhais em alhetas, pilastras e frisos pintados a vermelho; cobertura por terraços múltiplos e telhados de 2 águas com grande torre quadrada central. Fachada a S. de 2 corpos, tendo o central 4 pisos e o do balcão 3, delimitada por pilastras laterais embebidas. Corpo principal tendo no piso térreo portas pintadas a vermelho e as janelas dos pisos superiores com lintéis curvos e tapa-sóis de madeira fasquiada pintados a verde escuro; cornija relevada sobre o segundo piso, avançando no balcão sobre a rua; Corpo a S. e E. com balcão, faixas relevadas a marcarem o parapeito das janelas e os lintéis, que neste corpo são em cantaria aparente e com chave ressalvada, remate por cornija com platibanda vazada e pináculos nos ângulos, definindo o terraço; corpo recuado terminado em frontão triangular, com 3 vãos e óculo no tímpano, varanda de sacada corrida no 4º piso e remate por cornija com platibanda cega, salvo sobre o avanço, onde é vazada; sobre este, o corpo principal apresenta frontão triangular e alpendre. As cornijas apresentam-se decoradas com carrancas de alvenaria e dotadas algerozes em "folha de Flandres". Fachada a E. onde se localizava a antiga entrada da residência do cônsul britânico, com pequeno jardim com paredes revestidas a azulejos e acesso interior à área do balcão avançado. Fachada a O. de 3 pisos e largo corpo central 6 vãos ligeiramente avançado e delimitado por pilastras, e pequenos corpos laterais com um só vão, mas também com pilastras; piso térreo com alpendre telhado sobre a porta S. do corpo central avançado, de acesso ao museu do Instituto, assente sobre suportes de ferro, com remates de telhado com pombas e bambinela entalhada em baixo; escadaria de 3 degraus de cantaria e corrimão de ferro. Fachada a N. com o acesso ao andar nobre do corpo principal do edifício por escadaria ladeada por 2 palmeiras, com corrimão de alvenaria em voluta pintado a vermelho e degraus de cantaria; para O. pequeno corpo transversal à fachada, com alpendre para N. telhado assente em pilastras de madeira a proteger tulha de vinho. Torre central quadrada de tratamento semelhante ao restante edifício, com uma janela por andar e por face, sendo as 3 janelas viradas ao mar dos 3 pisos superiores dotadas de varanda de sacada com grade de ferro simples, que no 3º piso se estende às 4 faces. |
Acessos
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Funchal (São Pedro), Rua 5 de outubro, n.º 78 |
Protecção
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Categoria: VL - Valor Local, Resolução do Presidente do Governo Regional n.º 1379/97, JORAM, 1.ª série, n.º 99 de 10 outubro 1997 |
Enquadramento
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Urbano, isolado no interior de um quarteirão, fronteiro à ribeira de Santa Luzia, delimitado por jardim a S. sobre a R. Francisco Franco e armazéns corridos nos lados N. e O. com pisos empedrados a calhau britado e rolado tradicional madeirense e, junto à entrada da antiga residência, a NE., com estrelas e meias luas desenhadas a empedrado branco, fechado por muro com embasamento exterior tratado a respigado de cimento aparente; com acesso pela R. 5 de Outubro por portões de ferro com pilastras de cantaria rematadas por pináculos. |
Descrição Complementar
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Interiormente, numa divisão muito complexa, ressaltam os corrimões de balaustradas de madeira e os interessantes tectos de estuque do antigo andar nobre da residência do cônsul britânico que edificou o conjunto. O Instituto possui museu instalado no piso médio com entrada por alpendre a O., com elementos vários da história da cultura vinícola da Madeira, e da preparação e exportação do vinho. O edifício principal confronta através de pátio empedrado e arborizado com os antigos armazéns da empresa Veitch, hoje ocupados com os do Instituto do Vinho da Madeira, com tratamento semelhante, mas simplificado, em relação ao do edifício principal. |
Utilização Inicial
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Residencial: casa |
Utilização Actual
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Política e administrativa: instituto / Cultural e recreativa: museu |
Propriedade
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Pública: Instituto |
Afectação
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Época Construção
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Séc. 19 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Henrique Veitch (atr.). |
Cronologia
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1804 - presença na ilha de Henrique Veitch como empregado da firma Pringle e do consulado britânico; 1807 - início de funções de Henrique Veitch como cônsul britânico; 1815, 23 Ago. - passagem na ilha do deposto imperador Napoleão Bonaparte, tendo o cônsul britânico Henrique Veitch ido visitá-lo a bordo da nau Northumberland e oferecido uma pipa de vinho da Madeira; 1830 - construção da grande residência sobre a ribeira de Santa Luzia; 1857, 7 Ago. - falecimento do antigo cônsul britânico Henrique Veitch; 1870 - fundação da Companhia Vinícola da Madeira por António Isidro Gonçalves; 1880 - aquisição progressiva dos bens da viúva e filho de Henrique Veitch por Manuel Justino Henriques; Séc. 19, finais / 20, inícios - instalação da Companhia Vinícola da Madeira na antiga residência, escritórios e armazéns de Henrique Veitch; 1940 - criação na Madeira da Delegação da Junta Nacional do Vinho; c. 1950 - incorporação na Junta dos bens da Companhia Vinícola da Madeira; 1979, 6 Abr. - criação do Instituto do Vinho da Madeira, publicado no JORAM I, nº 81; 1980, 1 Jan. - início de funções do Instituto do Vinho da Madeira; 1984, 18 Set. - inauguração do Museu do Vinho da Madeira nas instalações do Instituto. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes. |
Materiais
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Cantaria mole e rígida regional aparente, alvenaria de cantaria regional rebocada, madeira ( carvalho e outras ), azulejo, estuque, amarrações mistas, telha de meio canudo e pisos exteriores de laje de cantaria e calhau britado e rolado. |
Bibliografia
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DUNCAN, T. Bentley, Atlantic Island. Madeira, the Azores and the Cape Verdes in the seventeenth-centuy, commerce and navigation, Chicago and London, 1972; ARAGÃO, António, Para a História do Funchal, DRAC, 1980; COSSART, Noel, Madeira, the island vineyard, Londres, 1984; Inauguração do Museu do Vinho da Madeira marcada para terça-feira, Diário de Notícias, Funchal, 16 Set. 1984; PALMA, dr. Constantino, Museu do Vinho da Madeira - a concretização de um sonho, Jornal da Madeira, 19 Set. 1984; Madeira já tem Museu do Vinho. Esta mostra permanente foi inaugurada pelo Presidente do Governo Regional, Diário de Notícias, Funchal, 19 Set. 1984; FERRAZ, Maria de Lourdes de Freitas, O vinho da Madeira no século XVIII; produção e mercados internacionais, Actas do I Colóquio Internacional de História da Madeira, 1986, vol, II, pp. 935 a 965; CÂMARA, Teresa Brasão, Empedrados: calçada-mosaico, Atlântico, nº 14, Funchal, 1988, pp. 150 a 154; Carta ao Ministro da Marinha, Atlântico, nº 20, Inverno de 1989, pp. 315 a 317; IVM em tempo de aniversário, Diário de Notícias, Funchal, 15 Jan. 1990; VIEIRA, Alberto, Breviário da vinha e do vinho da Madeira, Ponta Delgada, 1990; idem, O vinho da Madeira e a Rússia, revista do Diário de Notícias, Funchal, 8 Set. 1991; idem, Hist 6 Out. 1999.ória do Vinho da Madeira, documentos e textos, org. Alberto Vieira, CEHA, Funchal, 1993; BORGES, Ângela e NUNES, Rui Sotero, Ilhas de Zarco (adenda), CMF, 1990, pp. 129 e 130; RIBEIRO, Jorge Martins, Alguns aspectos do comércio da Madeira com a América do Norte na segunda metade do século XVIII, III Colóquio Internacional de História da Madeira, Funchal, 1993, pp. 392 e 393; CARITA, Rui, História da Madeira, 4º e 5º vols., SRE, 1996 e 1999; Relações entre Portugal e os Estados Unidos da América na Época das Luzes, catálogo de exposição, Lisboa, Torre do Tombo, Jan. a Mar. 1997; CARITA, Rui, O poder emergente dos Estados Unidos nos finais do século XVIII. A situação na Madeira com as colónias de comerciantes estrangeiros, com. colóquio de Angra do Heroísmo, 24 a 28 Mai. 1999; 1ª fase da recuperação do edifício. Instituto do Vinho mais descoberto, Diário de Notícias, 4 Ago. 1999; XAVIER, Patrícia, Obras "abatem" o muro. Instituto do Vinho já está mais visível, idem, |
Documentação Gráfica
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Litografia de Franc Dillon, ed. Londres, 1850; "Madeira. Funchal. Ribeira de Sta. Luzia", postal Bazar do Povo, 1900; GR / Equipamento Social; DRAC, Funchal |
Documentação Fotográfica
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Museu Vicentes Photographos; antiga Junta Geral; DRAC, Funchal |
Documentação Administrativa
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ARM; CMF; RN; antiga Junta Geral; DRAC, Funchal |
Intervenção Realizada
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Instituto do Vinho da Madeira: 1984 - instalação do Museu do Vinho; 1999 - demolição do muro a S. e colocação de gradeamento. |
Observações
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Segundo as plantas dos meados do Séc. 19 a entrada principal do edifício fazia-se pela então R. do Estudo, hoje dos Ferreiros, dos primeiros terrenos vendidos pela viúva. A primeira referência à exportação do vinho da Madeira é de 1445, por Luís de Cadamosto; em 1515 o vinho da Madeira é referido na corte de Francisco I de França; no séc. 16 o vinho Malvasia é referido em Londres; nos finais daquele século o vinho da Madeira é referido nas caves da Corte Imperial da Rússia; em 1588 Diego Lopes, no Purcha's Pilgrinages, escreve que o vinho da Madeira era "o melhor do que se acha no Universo, e se leva para a Índia e para muitas partes do Mundo"; em 1660 o casamento da princesa D. Catarina de Bragança com Carlos de Inglaterra fomenta o comércio britânico com Portugal; em 1687 o médico britânico Hans Solane descreve o comércio do vinho da Madeira e a acção dos comerciantes ingleses; em 1703 fez-se o tratado de Methween favorecendo novamente a entrada dos vinhos portugueses em Inglaterra e nas suas colónias; em 4 de Julho de 1775 a Declaração da Independência dos Estados Unidos da América é assinada com um brinde de Madeira; em 1785 - pagamento de vinho da Madeira na correspondência da firma Lamar, Hill, Bisset & C.º, em Filadélfia, feito por George Washington; em 1789 George Washington toma posse como primeiro presidente federalista dos Estados Unidos, celebrado com Madeira; a 20 de Setembro de 1794 carta do Presidente dos Estados Unidos sobre o envio de uma pipa de Madeira. |
Autor e Data
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Rui Carita 1999 |
Actualização
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