Moinhos Pequenos de Vento de Alburrica / Moinho Poente e Moinho Nascente de Alburrica

IPA.00006629
Portugal, Setúbal, Barreiro, União das freguesias de Barreiro e Lavradio
 
Arquitectura agrícola, vernacular. Moinhos de vento, de torre de moinho de vento circular de construção popular, de alvenaria, caiada de branco em contraste com o telhado cónico, negro, com segundo piso e soto em sobrado e espaços interiores pequenos. Duas unidades moageiras de uma moenda, do tipo de "torre", e "fixo", provável origem inglesa (exemplares raros em Portugal continental) *2, de construção popular, nacional. As paredes com acentuado talude exterior e interior originam um pavimento do piso superior de maior diâmetro; a grande espessura da parede permite a abertura de pilheiras (armários de parede) escavados nela.q
Número IPA Antigo: PT031504010014
 
Registo visualizado 274 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício  Extração, produção e transformação  Moagem    

Descrição

Planta centralizada, circular, simples, regular, com coincidência exterior / interior, massa simples, com acentuada verticalidade. Cobertura em telhado cónico, assentando dentro do capeado da parede. Desenvolvem-se em forma de cone truncado, quase cilíndrico, assentes em embasamento escalonado, saliente. Moinho Poente: torre com 2 pisos definidos da banda de terra, a NNO., uma porta a que se acede por 4 degraus adossados ao pano murário e na banda do rio, outra porta sobre a qual existe um painel de azulejos, com a imagem de Nossa Senhora do Rosário, por baixo da qual se lê a inscrição JOSÉ FRANCISCO DA COSTA / ANNO DE 1852; no segundo piso abrem-se dois janelos, uma virado a NO., outro maior com pedra de peito semicircular, no lado oposto sobre a porta; os vãos são moldurados com cantarias. Moinho Nascente: torre com dois pisos definidos da banda de terra por vão moldurado de porta, orientada a NNO., aberta no cimo de 5 degraus adossados ao pano murário e, na banda do rio, em oposição àquela, outra de igual dimensão e molduramento; o segundo tem dois janelos um de cada banda. Em ambos os moinhos o remate do pano murário é em friso de coroamento, do fechal. A articulação exterior / interior é desnivelada, com o pavimento interior muito elevado. INTERIOR de espaço diferenciado em 2 pisos e sótão, ligados por escada em alvenaria adossada à parede, acompanhando a curvatura da fachada. Tem sobrados assentes em grossas vigas de madeira, sendo o pavimento inferior em cimento.

Acessos

Ponta de Alburrica, área a NO. do Barreiro

Protecção

Categoria: SIM - Sítio de Interesse Municipal, Aviso n.º 8203/2017, DR, 2.ª série, n.º 141, de 24 julho 2017

Enquadramento

Rural, ribeirinho, isolado, aproximadamente, à distância de 46 metros um do outro, estando o Moinho Poente, aproximadamente, a 70 metros de outro moinho, o Moinho Gigante (v. IPA.00006632), situado ao lado sul da península espraiada em areal aluvial de Alburrica.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Extração, produção e transformação: moagem

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

Séc. 18 / 19 (meados) - instalação de moinhos de vento, em terrenos baldios, ao longo da costa fluvial barreirense, aproveitando as condições benéficas dos ventos marítimos para a sua laboração; 1852, 18 julho - arrematação de um terreno baldio em Alburrica por José Pedro da Costa para aí instalar um moinho de vento; 1852 - edificação dos dois Moinho Pequenos chamados também de Anões, tendo sido o Moinho Poente mandado construir por Francisco da Costa; 1894, 22 dezembro - Sentença Civil a favor de D. Maria José da Cruz, por legado testamentário de D. Maria de São José, respeitante aos dois Moinhos Nascente e Poente e aos terrenos anexos a eles; 1913, 14 novembro - venda dos dois Moinhos Nascente e Poente por D. Leonor dos Santos Ramalho da Graça Costa e seu marido José Pires da Graça e Costa a Francisco Ferreira e sua esposa, D. Maria Tomázia Lobo Ferreira; 1932, 3 novembro - declaração de sucessão e partilha dos dois Moinhos Nascente e Poente a D. Maria José dos Santos Ramalho, por óbito de Manuel José da Cruz Crespo; 1972, 3 novembro - venda dos dois Moinhos Nascente e Poente por Francisco Ferreira e sua esposa D. Maria Tomázia Lobo Ferreira a Francisco Ferreira e esposa, D. Maria Emília Correia da Costa e a Alice dos Santos Ferreira Santos e seu marido, José Gaspar dos Santos; 1973 - aquisição pela Câmara Municipal do Barreiro da propriedade constituída pelos dois moinhos com a área total de 4813 m, a José Francisco Ferreira, pela quantia de um milhão de escudos; 1984, 12 de dezembro - os dois moinhos, nascente e poente, passam a pertencer oficialmente à CMB, DR, n.º 286; 2015, 27 agosto - é publicado o anúncio do processo de abertura de classificação do conjunto em Aviso n.º 9707/2015, DR, 2.ª série, n.º 167.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Cantarias, alvenaria: pedra e cal, madeira; coberto de pranchas recobertas com lona pintada com alcatrão.

Bibliografia

GALHANO, Fernando, Moinhos e Azenhas de Portugal, Lisboa, 1978; PADRÃO, Cabeça, Os Moinhos de Alburrica in Um Olhar sobre o Barreiro, Barreiro, n.º 3, Dezembro 1985; LEAL, Ana de Sousa, VALEGAS, Augusto Pereira, Abordagens documentais para a História dos Moinhos do Barreiro in Um Olhar sobre o barreiro, n.º 2, III Série, 1993.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; Casa Museu Anastácio Gonçalves, Lisboa: tela de Silva Porto (1850 - 1893) "O Moinho", ou o "Moinho Gigante (Barreiro)"; Colecção Madureira (1879 - 1954): tela de Silva Porto "Gigante"; Museu da Marinha: tela de João Vaz (1859 - 1931), "A Muleta do Barreiro" e "Marinha do Barreiro", reprodução, 2ª Série da Ilustração Portuguesa, n.º 211 de 7 de Março de 1910, título "Moinhos Abandonados" e n.º768 de 8 de Novembro de 1920, título "Marinha do Barreiro".

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMB

Documentação Administrativa

CMB: Livro de Actas, Biblioteca Municipal, Livro n.º 4865; IDEM, Biblioteca Municipal, Aforamentos, Processo n.º 43, n.º A; ADS, Notarial do Barreiro, IX/183; Notarial Barreiro, XXXVIII/115.

Intervenção Realizada

CMB: 1998 - obras de recuperação dos telhados, conservação de rebocos e pinturas.

Observações

*1: Os moinhos de vento do Barreiro utilizados no descasque do arroz e fabrico da farinha, foram essenciais para o desenvolvimento económico e industrial da região. Deles saía a farinha que iria alimentar os fornos da maior fábrica de biscoitos do país, o Complexo Real do Vale do Zebro, criada no século 15, no reinado de D. Afonso V. *2: Estes Moinhos são de grande interesse para a Arqueologia Industrial do Barreiro.

Autor e Data

Albertina Belo 1999

Actualização

Paula Tereno 2015
 
 
 
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