|
Edifício e estrutura Edifício Residencial senhorial Casa nobre
|
Descrição
|
Planta constituída por 2 corpos longitudinais e orientados sensivelmente a N. / S., com grande massa volumétrica articulada, coberta por telhados de tesoura, marcados por gárgulas de cantaria em forma de canhão bojudo, cobertos por telha de canudo e com beiral simples sobre cornija em alvenaria pintada a cinza forte. Fachada principal virada à R. dos Ferreiros de pendor inclinado, de 2 e, mais para S., 3 pisos, com embasamento e pilastras laterais em cantaria aparente com estilóbatos relevados marcando o piso nobre. Ao centro, abre-se portal de cantaria com pilastras centrais relevadas a fazerem a ligação directa ao entablamento, este com filete relevado intermédio e balanço superior ressalvado sobre as pilastras; pilastras laterais com rebaixo central e apontamentos esculpidos, assentes em pilastras aparentes com capitéis de suporte do entablamento, astrágalo e bases relevadas, encimado por pedra de armas dos Correia e Henriques. As janelas do andar nobre, de sacada, articulam-se com os vãos do 1º piso, portas na metade N. e janelas na metade mais a S., onde existe mais uma janela; molduras de cantaria pintada, com as varandas centrais assentes em mísulas sobre o portal e a articularem-se com as portas e janelas restantes; servem ainda como lintel de balanço para os vãos do piso inferior, marcando espelho de alvenaria ao centro; nas janelas superiores molduras com filete intermédio relevado e lintel de balanço, portas e janelas inferiores somente com filete relevado superior e as janelas, parapeito relevado em alvenaria. As janelas do andar nobre têm lambrequins, a N. algumas ainda têm persianas fasquiadas, tapa-sóis de madeira fasquiada pintados a verde nas janelas a S.; varandas com grade de ferro forjado e barras de ferro com bolachas centrais. Fachada S. de 3 pisos, com vãos semelhantes aos da fachada O.. Tem adossado 2 corpos de serviços: um de 5 pisos com 2 portas no piso térreo e pares de janelas de guilhotina com molduras de alvenaria, algumas com tapa-sóis e pequena grade de parapeito à face; outro de 3 pisos de grande escala. INTERIOR com átrio e vestíbulo ladrilhado, porta central ladeada por 2 arcos de cantaria recobertos a alvenaria pintada, com arcos de volta perfeita com bandeiras envidraçadas, de acesso a 2 lances de escadas, com degraus de cantaria e corrimão com balaústres de madeira torneada; escadaria e vestíbulo do piso nobre encimados por magníficos tectos de estuque: o do vestíbulo, de grande riqueza formal tem as armas "em cortesia" dos Correia e Henriques, e dos Esmeraldo, e o da escadaria grande brasão das famílias Correia e Henriques, policromado. |
Acessos
|
Funchal (Sé), Rua dos Ferreiros n.º 70 a 78; Travessa do Forno n.º 1 a 9 |
Protecção
|
Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 37 077, DG, 1.ª série, n.º 228 de 29 setembro de 1948 |
Enquadramento
|
Urbano, adossado, integrado num quarteirão no centro histórico da cidade, com acesso pela R. dos Ferreiros e Tv. do Forno, numa das principais artérias comerciais. |
Descrição Complementar
|
O portal é encimado pelas armas partidas dos Correia e Henriques assentes em escudo rocaile, com coronel de visconde e concheado inferior de ligação ao lintel do portal. No corpo posterior de serviços subsistem ainda painéis de azulejos de figura avulsa. |
Utilização Inicial
|
Residencial: casa nobre |
Utilização Actual
|
Serviços: edifício de escritórios |
Propriedade
|
Privada: pessoa colectiva |
Afectação
|
Sem afectação |
Época Construção
|
Séc. 18 / 19 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
|
Cronologia
|
1558 a 1563 - provável residência do bispo D. Jorge de Lemos nas importantes casas de Tristão Gomes de Castro; 1567 - representação de construções nesta área na planta do Funchal de Mateus Fernandes; 1570 Junho e Julho - permanência dos padres jesuítas que acompanhavam Inácio de Azevedo, os "futuros mártires do Brasil", nestas casas; 1574 a 1582 - instalação do bispo D. Jerónimo Barreto; 1586, 4 Agosto a 1594, inícios - instalação do bispo D. Luís Figueiredo de Lemos nessas casas; 26 Julho - grande incêndio no centro do Funchal, de que ficou o topónimo das R. das Queimadas, iniciado nas casas de Tristão Gomes de Castro; 1640 - instituição da capela de Nossa Senhora da Boa Hora no sítio da Torre, em Câmara de Lobos, por António Correia Bettencourt Berenguer, de onde proveio o futuro título de Torre Bela; 1666, 1 Março - nascimento de Henrique Henriques de Noronha, que viria a fixar residência nestas casas e aqui escrever as suas memórias; 1722 - referência de Noronha que na redacção das Memórias Seculares... pertencerem então a António Correia Bettencourt Henriques; 1730, 26 Abril - falecimento de Henrique Henriques de Noronha no então solar dos morgados Brito Correia; 1768 - nascimento de Fernando José Henriques Correia Brandão Bettencourt Henriques, 1º visconde de Torre Bela; 1800 - referência na planta de Agostinho Marques da Rosa do palácio pertencer então a Fernando José Correia Brandão, 1º visconde de Torre Bela; 1821 - falecimento do 1º visconde de Torre Bela; 1879 - instalação no palácio do Clube Funchalense; 1901 - encerramento do Clube Funchalense; 1940, 26 setembro - publicação de Decreto nº 30 762, no DG, 1.ª série, n.º 225, determinando a classificação do Palácio da Torre Bela como Imóvel de Interesse Público; 01 novembro - publicação do Decreto nº 30 838, DG, 1.ª série, n.º 254, suspendendo o decreto n.º 30 762, de 26 de setembro do mesmo ano, relativamente à classificação de imóveis de propriedade particular. |
Dados Técnicos
|
Paredes autoportantes. |
Materiais
|
Estrutura em cantaria mole e rígida regional aparente, alvenaria de cantaria regional rebocada, madeira ( carvalho e outras ), azulejo, estuque, amarrações mistas e telha de meio canudo. |
Bibliografia
|
NORONHA, Henrique Henriques de, Nobiliário da Ilha da Madeira...1700, São Paulo, 1947; idem, Memórias Seculares e Eclesiásticas. 1722, Funchal, 1997; SILVA, Padre Fernando Augusto da, Elucidário Madeirense, 3 vols., Funchal, 1945; LUCENA, Vasco de, Portas Armoriadas, in DADHM, nº 4, Funchal, 1950; TRUEVA, José de Sainz, Heráldica madeirense, Atlântico, nº 11, Outono de 1987; idem, Tectos armoriados, Islenha nº 1, Jun. - Dez. 1987; CARITA, Rui, História da Madeira, 3º vol, Funchal, 1992; idem, As Dinastias dos Habsburgos e dos Braganças, Funchal, 1992; CALDEIRA, Susana, Clube Funchalense ( 1839 - 1870 ), Islenha, nº 18, Jan. - Jun. 1996, pp. 24 a 31; PEREIRA, Otília, Clube Funchalense, as últimas décadas, Islenha, pp. 32 a 38; CARITA, Rui e TRUEVA, José Manuel de Sainz, Itinerário Cultural do Funchal, Funchal, 1997. |
Documentação Gráfica
|
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro ( planta do Funchal de Mateus Fernandes, 1567 ); BPM Porto ( planta de Agostinho José Marques Rosa, 1800 ); Mapoteca do IGC ( planta do Funchal de Reinaldo Oudinot, 1804 ), Lisboa; GR / Equipamento Social e DRAC, Funchal |
Documentação Fotográfica
|
Museu Vicentes Photographos; antiga Junta Geral; DRAC, Funchal; IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
|
ARM; CMF e Juízo dos Resíduos e Capelas, antiga Junta Geral; DRAC, Funchal; IHRU: DGEMN/DSID |
Intervenção Realizada
|
|
Observações
|
|
Autor e Data
|
Rui Carita 1999 |
Actualização
|
|
|
|
|
|
| |