Igreja Paroquial da Ribeira Brava / Igreja de São Bento

IPA.00006594
Portugal, Ilha da Madeira (Madeira), Ribeira Brava, Ribeira Brava
 
Igreja paroquial de planimetria manuelina, de três naves separadas por arcos quebrados, com capelas nos topos das laterais, e capela-mor profunda, fachada principal neomaneirista em empena, com portal de arco pleno, cimalha de balanço e janela mainelada, conservando no interior púlpito e pia baptismal manuelinas e retábulos de talha maneiristas e barrocos. Torre sineira ao gosto "português suave".
Número IPA Antigo: PT062208020002
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal, composta por 3 naves e capela-mor profunda, com torre sineira quadrada a S. da fachada, e sacristia e serviços adossados a S. e a N. da capela-mor. Volumes articulados com coberturas diferenciadas, em telhados de 4 e 2 águas, com beirais duplos de telha de canudo portuguesa, e torre encimada por coruchéu revestido a azulejos, esfera armilar e pára-raios, e pináculos de cantaria. Fachada principal a O. com embasamento e alhetas nos cunhais em alvenaria de cimento, terminada em empena, com cornija de cantaria e platibanda de alvenaria, encimada por cruz de ferro; portal de cantaria com arco de volta perfeita, decorado com pontas de diamante, filete relevado intermédio e lintel de balanço, sobre pilastras com capitéis, astrágalos e bases ressalvadas, articulado com janela mainelada em alvenaria de cimento, com arcos de volta perfeita e remate superior em carena encimada por bola e cruz; boas portadas de madeira com bandeira superior fixa e postigos, com almofadas. Corpo N. ligeiramente recuado, com empena e tratamento semelhante e 2 janelões com molduras de alvenaria de cimento em arco de volta perfeita, sendo o inferior gradeado; torre com igual tratamento nos 2 pisos inferiores e grandes sineiras superiores nas 4 faces com moldura complexa e balcão com balaustrada. Fachada S. com a residência paroquial encostada à nave lateral e ligeiramente enviesada; 4 portas e 4 janelas no piso térreo e piso superior recuado, com varanda corrida com grade de ferro forjado, 2 portas e 4 janelas com tapa-sóis de madeira fasquiada; eirado superior com balaustrada de cimento. Fachada E. a repetir na cabeceira o mesmo esquema, igualmente enviesado e acompanhando o arruamento, com 2 corpos interrompendo a varanda. No INTERIOR, naves separadas por 3 arcos quebrados, com 3 arquivoltas, em alvenaria, e por um outro, de 4 arquivoltas, com capitéis historiados, de cantaria pintada, de ligação às capelas do topo das naves laterais; silhar de azulejos enxaquetados azuis e brancos a prolongarem-se para a capela-mor, onde a revestem; cobertura das naves com tecto de madeira de perfil curvo com caixotões. Na nave central, coro-alto sobre colunas, com balaustrada de madeira, e, no lado do Evangelho, púlpito de cantaria com faces esculpidas sobre mísula e encimada por baldaqino. Arco triunfal em cantaria ladeado por 2 retábulos em talha dourada dedicados a Nossa Senhora do Rosário e Santo António. Na nave do lado do Evangelho, retábulo de talha dourada e no topo a capela do Santíssimo, com teia em "pau santo", tecto estucado e pintado, e amplo retábulo de talha dourada incorporando tábua flamenga dos inícios do séc. 16. Na nave do lado da Epístola, pia baptismal de cantaria esculpida e policromada no piso térreo da torre; retábulo colateral de São Miguel e das almas, em talha dourada, com tela assinada por Martim Conrado; no topo capela de Nossa Senhora, com armário de parede em cantaria pintada de gosto manuelino e retábulo de talha. Na capela-mor retábulo de talha dourada com camarim, nichos laterais sobrepostos; tem portas de acesso para N. à "Sala do Tesouro" e para S., à sacristia.

Acessos

Ribeira Brava, Largo da Matriz; Rua do Visconde da Ribeira Brava. WGS84 (graus decimais) lat.: 32,671134; long.: -16,064529

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 37 077, DG, 1.ª série, n.º 228 de 29 setembro 1948

Enquadramento

Urbano, com adro de calhau rolado murado e ajardinado, com parque infantil para o lado da serra e o busto do padre Manuel Álvares, para o lado do mar, bom arvoredo e vista interessante da actual estrada que lhe passa em frente. Articula-se pela R. do Visconde da Ribeira Brava, que lhe passa pelas traseiras com a Câmara Municipal e antigo solar da família Herédia (v. PT062208020003).

Descrição Complementar

A igreja de São Bento possui 3 peças manuelinas em cantaria pintada esculpidas com motivos historiados. Os altares laterais da nave central são dos finais do Séc. 17, atribuíveis à oficina de Manuel Pereira de Almeida, com colunas torsas profusamente entalhadas e assentes em mísulas com grande avanço, entablamento superior e amplos frontões barrocos. A sacristia possui grande armário de alçado ao gosto neogótico e lava-mãos de parede em cantaria pintada.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 15 / 16 / 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

MESTRE DE OBRAS: Domingos Rodrigues Martins; ENTALHADORES: Manuel Pereira de Almeida e Julião Francisco Ferreira; PINTORES: Francisco Henriques ( de Évora ), mestre holandês dos inícios do Séc. 16, Martim Conrado, oficina de João Nicolau Ferreira; ESCULTOR: Fernão Muñoz ou mestre Machim; PRATEIROS: Marcos Agostinho e Tristão Ribeiro. OURIVES: Marcos Agostinho (1600-1640).

Cronologia

1460 - provável data de fundação da freguesia; Séc. 15, finais - execução do retábulo de São Bento nas oficinas de Francisco Henriques ( de Évora ); Séc. 16, inícios - execução do retábulo da actual capela do Santíssimo (cópia na capela e original hoje no Museu Diocesano de Arte Sacra do Funchal ); 1504 - oferta do rei D. Manuel de uma pia baptismal datada; 1538, 11 Agosto - exames de "ad primam clericalem tonsuram" na matriz da Ribeira Brava pelo bispo D. Ambrósio, tendo sido examinados, entre outros, o futuro padre jesuíta Manuel Álvares e o seu irmão Francisco; 1549, 15 Maio - carta régia de acrescentamento dos 4 beneficiados da colegiada da Ribeira Brava; 28 Maio - carta de acrescentamento de um moio de trigo ao vigário sobre os 8$000 réis e um marco de prata que já tinha; 1560, 4 Março - aumento do ordenado do tesoureiro da colegiada; 1562, 16 Setembro - criação do lugar de pregador da colegiada; 1574, 12 Março - alvará da mercê anual de 8$000 réis para a fábrica da colegiada; 1584 - data da cruz processional assinada por M. A. (Marcos Agostinho ); 1594, 30 Agosto - criação de um curato na colegiada; 15 Setembro - criação do lugar de organista da colegiada; 1600 - 1640 - feitura de uma naveta e um par de galhetas em prata por Marcos Agostinho; 1650 - data provável da tela de S. Miguel e as Almas assinado por Martim Conrado; 1661, 4 Janeiro - alvará para se fazer o muro da Ribeira Brava à custa do rendimento da imposição do vinho do Lugar; 1696 - fundação da capela das Almas Santas por António Rodrigues Jardim; 1707, 12 Maio - mandato do Conselho da Fazenda para a obra do lajeado, pátio e frontispício da Igreja, obra orçamentada em 533$360 e remessa dos sinos; 1708, 16 Março - mandato do Conselho da Fazenda com uma letra de 533$360 para ornamentos; 1718, 25 Fevereiro - mandato do Conselho da Fazenda para a remessa de mais 647$000 para ornamentos; 1727 - data do retábulo do Santíssimo; 1734, 28 Novembro - informação sobre o envio de um sino; séc. 19 - execução do órgão em Inglaterra; 1931 / 1933 - ampliação geral da matriz com reconstrução da torre, residência paroquial e serviços paroquiais; 1940, 26 setembro - inventariação do "tríptico (descida da Cruz)" existente na parede lateral esquerda da capela-mor e do "painel (Adoração dos Magos) na parede lateral esquerda do corpo da mesma igreja, pelo Decreto nº 30 762, publicado no DG, 1.ª série, n.º 225; 1972, 1 Agosto - inauguração de um busto do padre Manuel Álvares (1526 - 1583), autor da gramática latina "De Institutione Grammatica" ( Lisboa, 1572 ); 1991 - exposição do "tesouro" da Ribeira Brava no Museu Real de Belas Artes de Bruxelas no âmbito da EUROPÁLIA 91; 1992 - repetição da exposição no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa; 1995, 4 Julho - inauguração da "sala do tesouro".

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Cantaria mole e rígida regional aparente, alvenaria de cimento e cantaria regional rebocada, madeira ( pau santo, carvalho e outras ), amarrações mistas de tirantes de madeira e de ferro, talha dourada e pintada, pintura sobre madeira e tela, vidro, prataria e ourivesaria, e telha de meio canudo.

Bibliografia

CARITA, Rui - «Navetas Maneiristas a aproximação ao mar» in Invenire Revista de Bens Culturais da Igreja. Lisboa: Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja, janeiro - junho 2013, n.º 6, pp. 20-26; LEITE, Jerónimo Dias, Descobrimento da Ilha da Madeira..., Coimbra, 1947; FRUTUOSO, Gaspar, Saudades da Terra, Livro II, anotado por Álvaro Rodrigues de Azevedo, Funchal, 1873 e ed. Ponta Delgada, 1968; NORONHA, Henrique Henriques de, Genealogia... Ilha da Madeira, ano de 1700, São Paulo, Brasil, 1948; SILVA, Padre Fernando Augusto da, Elucidário Madeirense, 3 vols., Funchal, 1945; CARITA, Rui, Paulo Dias de Almeida e a Descrição da ilha da Madeira de 1817, Funchal, 1982; idem, Vila da Ribeira Brava, Cine Forum do Funchal, Visita Guiada nº 6, Novembro de 1983; idem, História da Madeira, 1º e 3º vols., Funchal, 1989 e red. 1999, e 1992; VALENÇA, Manuel, A Arte Organística em Portugal, vol. II, Braga, 1990; CARITA, Rui, Tesouros do Séc. XVII, in catálogo da EUROPÁLIA, Museu Real de Bruxelas, 1991; ibidem, Mosteiro dos Jerónimos, Lisboa, 1992; SOUSA, Francisco A. Clode, Sala do Tesouro da igreja inaugurada na Ribeira Brava, Diário de Notícias, Funchal, 5 Jul. 1995; CARITA, Rui, A Matriz da Ribeira Brava, Islenha, nº 19, Jul. - Dez. 1996, pp. 53 a 60; MELIM, Eker, A Igreja exemplar, Diário de Notícias - Madeira, Funchal, 27 Out. 1997; PEREIRA, Fernando António Baptista, Museu de Arte Sacra do Funchal, Arte Flamenga, Lisboa, 1997; DRUMOND, Orlando, Um património de grande interesse. Igreja Matriz da Ribeira Brava, Diário de Notícias, 28 Jun. 1997; NORONHA, Henrique Henriques de, Memórias Seculares e Eclesiásticas...1722, Funchal, 1997.

Documentação Gráfica

1841 - "Forte de S. Bento da Ribeira Brava", in "Descrição" de António Pedro de Azevedo, "Estampa nº 12" GEAEM, Lisboa; 1844 - "Plantas das vilas e freguesias da Madeira atingidas pela aluvião de 1842 e trabalhos efectuados até Dezembro de 1843", major José Júlio Guerra, AH Ministérios das Obras Públicas e GEAEM, Lisboa; 1860 - "Reconhecimento militar da Ilha da Madeira", tenente coronel António Pedro de Azevedo, GEAEM, Lisboa; 1864 - "Planta do Lugar da Ribeira Brava e do Forte de São Bento", tenente coronel António Pedro de Azevedo, colecção particular, Funchal e GEAEM, Lisboa

Documentação Fotográfica

Museu Vicentes Photographos; antiga Junta Geral; DRAC, Funchal; IHRU: DGEMN/DSID; IHRU: SIPA

Documentação Administrativa

IAN/TT, Provedoria da Fazenda do Funchal e Chancelaria da Ordem de Cristo; ARM, Resíduos e Capelas da Madeira; CMF; Ribeira Brava e Juízo dos Resíduos e Capelas, Arquivo Eclesiástico do Paço Episcopal, Funchal; IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

Fábrica da Igreja Paroquial: 1931 / 1933 - ampliação geral sob projecto atribuível ao arquitecto Carlos Ramos; 1957 - construção de um posto de transformação e escadas de acesso ao adro da igreja pelo arq. Raul Chorão Ramalho; 1984 - reabilitação geral sob projecto do arq. Jorge Manuel Silva Freitas com colocação dos novos tectos e instalação dos serviços e casa paroquial.

Observações

A Matriz da Ribeira Brava tem sido considerada ao longo dos últimos anos como o monumento regional com melhor apresentação e o que maior espaço de tempo se encontra aberto ao público. Fotografias da primeira metade deste século revelam a torre sineira rasgada por 3 vãos sobrepostos e sineira e, no interior, uma antiga tribuna, sobrelevada, na nave lateral do Evangelho.

Autor e Data

Rui Carita 1999

Actualização

 
 
 
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