Quinta de Nossa Senhora da Paz / Quinta do Caracol

IPA.00006464
Portugal, Lisboa, Lisboa, Lumiar
 
Arquitectura residencial, neoclássica e revivalista. Quinta de planta rectangular, composta por amplo jardim, parque e casa num dos extremos, de planta em L, composta por dois corpos distintos, evoluindo em dois pisos, o principal de estrutura neoclássica, com disposição simétrica, cunhais em silharia fendida, encimados por pináculos do tipo urna, rasgado por janelas rectilíneas no piso inferior e em arco abatido no superior, surgindo ao centro, rematado por frontão triangular, janela de sacada, de perfil recortado e com bacia convexa, protegida por grade metálica vazada. As janelas possuem caxilharias de guilhotina. O acesso é feito por portal rectilíneo, ladeado por pilares, rematados por pináculos, que acede à fachada interna, por onde se processa, através de escadas, o acesso ao interior do imóvel, com salas intercomunicantes.
Número IPA Antigo: PT031106180393
 
Registo visualizado 1667 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Residencial unifamiliar  Quinta  Palacete  

Descrição

Quinta de planta rectangular, regular, com o perímetro totalmente murado, composta por um edifício num dos extremos, de planta em L. O muro encontra-se rebocado e pintado de amarelo, com embasamento de cantaria nas zonas junto à casa, capeado a cantaria no lado esquerdo e, no lado direito, apresenta vários recortes volutados a cantaria, marcadando a existência de janelas em arco abatido e molduras de cantaria de calcário, protegidas por grades em papo de rola, metálicos e pintados de verde. O muro é interrompido, junto à casa, na fachada NO., por portal rectilíneo, flanqueado por pilares em silharia fendida, protegidos por grades de cantaria, e encimados por pináculos em forma de pinha, com portão metálico de duas folhas metálicas, pintadas de verde, formando motivos geométricos e lanceolado superiormente. No lado direito, placa de mármore, a assinalar a propriedade municipal, surgindo, no lado oposto, um registo de azulejo recortado, com a moldura formada por motivos fitomórficos, elementos em "ferronerie", com aves, onde se inscreve, sobre azulejo monocromo, branco, a inscrição a azul "QUINTA DE NOSSA SENHORA DA PAZ". CASA de planta em L, resultando da justaposição de dois corpos, o principal formando um pequeno T invertido, tendo, no lado esquerdo, um corpo secundário adossado, de volumetria paralelepipédica simples e articulada, com disposição horizontal, e coberturas diferenciadas em telhados de duas e quatro águas. Fachadas rebocadas e pintadas de amarelo, flanqueadas por cunhais em cantaria, alguns rebocados e pintados, rematadas por friso, cornija e beirada simples. Corpo principal com a fachada virada à via pública, a NO., percorrida por embasamento de calcário, com cunhais apilastrados, em silharia fendida, encimados por balaústres em forma de urnas, de dois registos definidos por friso de cantaria de calcário, com fenestração uniforme, emoldurada a cantaria de calcário. Os vãos dispõem-se simetricamente, a partir de um pano central, ligeiramente saliente e rematado em frontão triangular, com o tímpano ornado por duas almofadas, em forma de triângulo. No primeiro piso, é rasgado por duas janelas jacentes, protegidas por grades, que centram óculo ovalado, com pedra de fecho saliente e que se liga às duas mísulas que sustentam uma janela de sacada central, com bacia em cantaria e de perfil convexo, protegida por fuarda metálica vazada, ornada por elementos sinuosos; o vão tem perfil e moldura recortados, com pedra de fecho saliente, volutada e ornada por motivos vegetalistas, rematado por cornija curva; encntra-se flanqueado por duas janelas de peitoril, em arco abatido e com caixilharias de guilhotina. Cada um dos panos laterais possui, no primeiro piso, quatro janelas jacentes, protegidas por grades, sobrepostas por quatro janelas de peitoril, em arco abatido e caixilharias de guilhotina. Fachada lateral esquerda, virada a NE., abre para um amplo pátio, com pvimento em calçada à portuguesa, rodeado por muros e canteiros revestidos a azulejos. A fachada encontra-se marcada, no lado esquerdo, por escadaria de perfil curvo, em cantaria, e com dupla guarda em alvenaria mista, rebocada e pintada de amarelo, com almofadados brancos, tendo a coluna de arranca em elemento de cantaria convexo, o qual sustenta candeeiro em ferro, com o pé marcado por várias volutas. A escadaria acede a patamar protegido por alpendre, sustentado por quatro colunas toscanas, que assentam em murete, semelhante ao guarda-corpo da escada, com tecto plano, rebocado e pintado de branco e para onde abrem duas portas em aro abatido e pedras de fecho saliente. No primeiro piso, na base do alpendre, surge porta de verga recta e óculo ovalado, protegido por grades. Quer o piso inferior, quer o alpendre possuem azulejos policromos, formando silhares. Na zona inferior e nos muros do pátio, surge silhar policromo recortado (azul, manganês, ocre e verde) com a representação de pilastras, que terminam em consoladas encimadas por plintos com jarrões, e de frontão mistilíneo interrompido, rematado por albarrada florida, constituído por reserva central oval com moldura de cordame com elementos concheados, ramagens, flores e laçarias, onde surge, as cenas figurativas, em monocromia, azul sobre fundo branco, representando cenas equestres, de caça e marinhas; inferiormente, desenho de rodapé esponjado com florões intercalados por rectângulos. No alpendre, surge silhar policromo recortado (azul, manganês, ocre e verde), delimitado por plintos onde assentam urnas, rematado centralmente por elementos concheados, florais e vegetalistas que seguram campânula; ao centro da composição, reserva oval com moldura de cordame com laçarias e pérolas com as cenas figurativas, em monocromia, azul sobre fundo branco, com temática campestre, sendo as composições acompanhadas por ramagens e bouquets de flores. Fachadas laterais direita e posterior não observadas. O CORPO secundário tem a fachada virada ao pátio parcialmente adossada ao corpo principal, com dois panos, o do lado direito saliente, ambos cegos, e o do lado esquerdo, com silhar de azulejos, semelhantes aos anteriormente descritos. Possui um registo de azulejo recortado, com a moldura formada por motivos fitomórficos, elementos em "ferronerie", com aves, onde se inscreve, sobre azulejo monocromo, branco, a inscrição a azul: BEMVINDO SEJA, QUEM VIER POR BEM", encimado por uma lanterna de ferro. A fachada virada a NO. tem, no piso térreo, óculo central gradeado ladeado por cinco janelos gradeados de vergas rectas e, no piso superior, janela de sacada central, com sacada em cantaria assente em modilhões e guarda de ferraria ornamental, com o vão de perfil e moldura recortada, com pedra de fecho saliente, ladeada por cinco janelas de guilhotina em arco abatido. Ao longo das fachadas registam-se registos de azulejo, de que se destacam: registo recortado policromo, de composição verticalizante de 8x5 azulejos com cercadura em azul, manganês, ocre e verde, que se desenvolve em largos enrolamentos sobre os quais se adossam elementos concheados e vegetalistas onde se sobrepõem superiormente flor e palmetas e inferiormente cartela com a inscrição "NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO"; ao centro, a representação hagiográfica de Nossa Senhora da Conceição, em monocromia, azul sobre fundo branco, com a imagem sobre glória de anjos, vestindo túnica e manto esvoaçante, com a cabeça ligeiramente inclinada para a esquerda e, ao seu redor, a auréola da divindade, com as mãos unidas e assentes sobre o peito. Representação da "Virgem com o Menino a entregarem o rosário a São Domingos de Gusmão e a Santa Catarina de Siena", em painel azulejar recortado policromo e figurativo, de composição verticalizante de 11x7 azulejos, com cercadura em azul, manganês e ocre, largos enrolamentos sobre os quais se adossam elementos concheados onde se sobrepõem folhagens, rematando superiormente o conjunto uma cruz latina com resplendor e inferiormente um pedestal; ao centro, em monocromia, azul sobre fundo branco, a cena, surgindo, num primeiro plano São Domingos de Gusmão e Santa Catarina de Sena e, num segundo plano, a Virgem com o menino sobre glória. O primeiro está ajoelhado no lado esquerdo da composição, perante a Virgem, vestido à dominicano, com os braços cruzados sobre o peito a receber o rosário da Virgem para quem olha, tendo, aos pés um cão com um facho aceso na boca e uma cruz; no mesmo lado Santa Catarina, ajoelhada perante a Virgem, vestida à dominicana, com o braço esquerdo junto ao corpo e o braço direito levantado a receber o rosário do Menino, tendo, junto aos pés, os lírios, símbolos de castidade. A Virgem e o Menino estão ao centro da composição, a primeira com um manto ao redor do corpo e cabeça ligeiramente inclinada para a direita, segurando, na mão esquerda, o Menino, nu, segurando o rosário. NO INTERIOR identificam-se salas, no piso superior, com silhares de azulejos, pavimentos em madeira, paredes pintadas e tectos estucados trabalhados e pintados. O pátio dá acesso ao JARDIM, com arvoredo secular e desenho geometrizante, onde surge um relógio de sol e duas fontes, uma octogonal e outra circular.

Acessos

Estrada do Paço do Lumiar, n.º 5

Protecção

Incluído na classificação do Paço do Lumiar (v. IPA.00021768)

Enquadramento

Urbano, flanqueado a NE. por Casa da Quinta de São Cristóvão (v. PT031106180394) de dois pisos com cérceas diferenciadas entre si em altura, integrado a meia-encosta. A fachada principal abre para a Estrada do Paço do Lumiar, de circulação automóvel com estreito passeio pavimentado a calçada e para a Casa da Quinta de São Sebastião (v. PT031106180795), estando a fachada SO., virada para a Azinhaga da Torre do Fato. Insere-se no Núcleo Antigo do Paço do Lumiar e nas proximidades assinala-se a presença de outras edificações com interesse cultural, decorativo ou arquitectónico, como a Capela de São Sebastião (v. PT031106180073), Casa da Quinta do Paço (v. PT031106180860).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: quinta

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: João Castro (séc. 20). CONSTRUTOR: João Eugénio Duarte de Castro (séc. 20). PINTURA de AZULEJO: H. C. Sant`Anna e A. Ribeiro - Fábrica da Louça de Saavém (1934).

Cronologia

Séc. 18 - construção do conjunto urbano da quinta a partir da antiga Quinta do Caracol, que já existia em 1760; 1895 - obras de alteração e ampliação; 1909 - foi seu proprietário José Pisani da Cruz, proprietário da Quinta do Pisani (v. PT031106180853); séc. 20, 1º quartel - data dos silhares de azulejo no interior da casa; 1929 - a propriedade adquiriu o aspecto que hoje aparenta, sendo seu proprietário e encomendador Herbert Edward Over Guilbert, cidadão inglês que era também proprietário da Fábrica da Louça de Sacavém e da Quinta de São Cristóvão (v. PT031106180800 e PT031106180394); 1934 - embelezamento do adro principal, muros, jardins e fachadas da casa principal com azulejaria proveniente da Fábrica da Louça de Sacavém e desenhados por H. C. Sant`Anna e A. Ribeiro; 1938 - foi seu proprietário o Padre Augusto Gomes Pinheiro; 1948 - o seu proprietário Manuel Bulhosa, solicitou à Câmara Municipal de Lisboa licença para reparações nos tectos, paredes e estuques da casa; 1953 - o proprietário, Montepio Filarmónica, solicitou licença à Câmara Municipal de Lisboa para efectuar obras de limpeza e beneficiação geral *1; 1974, após 25 Abril - passou a fazer parte do património municipal da Câmara Municipal de Lisboa, situação que ainda se mantém; 1993 - a Câmara Municipal de Lisboa, através do Gabinete Técnico de Carnide - Luz / Paço do Lumiar (DMRU), procedeu a obras de reabilitação da casa apalaçada; 1994 - a quinta foi abrangida pelo Plano Director Municipal, ref. 18.22; 1996 - o Departamento de Estrutura Verde da Câmara solicitou informação acerca de eventuais projectos ou compromissos e de peças desenhadas relativas à quinta com o objectivo de realização de um Projecto de Intervenção no interior da quinta que previa o melhoramento do espaço; 1997 - a CML definiu que a quinta enquanto espaço público para actividades lúdicas e desportivas seria subdividida em quatro áreas verdes; classificação do Conjunto do Paço do Lumiar; 2003 - encerramento da Escola Primária n.º 197 do Lumiar, do Centro Cultural e Desportivo Quinta de Nossa Senhora da Paz e do Gabinete da Divisão dos Núcleos Dispersos, Direcção Municipal de Reabilitação Urbana, que funcionava nesta quinta e que ao longo dos seus anos de actividade se dedicou ao estudo desta área.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria mista, rebocada e pintada; pilares, pilastras, cunhais, colunas, cornijas, frisos, modinaturas, fontes, escadas, embasamento em cantaria de calcário; janelas com caixilharias de madeira e vidro simples; grade, portões e candeeiros em ferro fundido; tectos em estuque decorativo; silhares e registos de azulejo industrial; portas de madeira; cobertura em telha.

Bibliografia

RIBEIRO, Luís Paulo Almeida Faria, Quintas do Concelho de Lisboa. Inventário, Caracterização e Salvaguarda, Provas de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica Apresentada à Universidade Técnica de Lisboa - Instituto Superior de Agronomia, Secção de Arquitectura Paisagística, Lisboa, 1992 (texto policopiado); AAVV, Pelas Freguesias de Lisboa. Termo de Lisboa, Vol. I, Lisboa, 1993; LAMPREIA, Dora, Espaços Abertos no Processo de Reabilitação Urbana e Integração Paiasagística de Infraestruturas Viárias, relatório de Trabalho de Fim de Curso da Licenciatura em Arquitectura Paisagista, Évora, 1996, (policopiado); OLLERO, Rodrigo (coord. de), Plano de Pormenor de Salvaguarda. Paço do Lumiar, Gabinete Técnico de Carnide - Luz / Paço do Lumiar, Lisboa, 1996; INÁCIO, Carlos A. Revez, Paço do Lumiar. Apontamentos de História, Lisboa, 1998; AAVV, Monografia do Lumiar, Junta de Freguesia do Lumiar, Lisboa, 2003.#

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; UE

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; Arquivo da D.N.D.; UE

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID; CML: Arquivo de Obras (n.º 44513, Petições n.os 36311 de 10/12/1948 e 13595 de 8/6/1953)

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1953 - obras de limpeza e beneficiação geral; 1959 / 1960 / 1970 - obras de beneficiação e limpeza.

Observações

*1 - sabe-se que terá ainda pertencido a um ramo da família Espírito Santo, que também teria outras propriedades no Paço do Lumiar (v. PT031106180071).

Autor e Data

Ana Aguiar 1998 / Sara Andrade 2004

Actualização

 
 
 
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