Igreja Paroquial de São Mamede de Ribatua / Igreja de São Mamede

IPA.00000631
Portugal, Vila Real, Alijó, São Mamede de Ribatua
 
Arquitectura religiosa, barroca. Igreja paroquial setecentista de planta longitudinal composta por nave única e capela-mor, mais baixa e estreita, interiormente coberta com tectos de madeira e em falsa abóbada de berço na capela-mor, e iluminado pelos vãos laterais e os da fachada principal. Fachada-torre, com esta a desenvolver-se para o interior da nave e a truncar o frontão triangular em que termina a fachada, rasgada por porta de verga recta entre pilastras que suportam entablamento encimado por nicho, entre óculos, e no tímpano moldura circular decorada enquadrando relógio. Fachadas laterais com pilastras nos cunhais, terminadas em friso e cornija, e rasgadas por duas janelas de capialço na nave e porta travessa na lateral direita. Interior com coro-alto, confessionários embutidos, púlpitos, dois retábulos laterais, de planta recta e um eixo, dois colaterais, o do Evangelho de planta convexa e três eixos, e o do lado oposto de planta recta e um eixo, e o retábulo-mor de planta convexa e três eixos, em talha tardo-barroca e rococó.
Número IPA Antigo: PT011701140005
 
Registo visualizado 493 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal composta por nave única, integrando torre sineira quadrada, e capela-mor rectangular, mais baixa e estreita, com sacristia e a Casa das Almas adossadas à fachada lateral esquerda. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com pilastras nos cunhais sobrepujadas por pináculos piramidais terminados em bolas assentes em plintos paralelepipédicos, percorridas por embasamento de cantaria e terminadas em duplo friso, o inferior ritmado por argolas de ferro, e cornija. Fachada principal, virada a O., revestida a azulejos, e terminada em frontão triangular truncado pela torre sineira que se integra ao centro da fachada, igualmente com cunhais apilastrados e encimados por pináculos e com cobertura tronco-piramidal. Portal de verga recta, sobrepujada por cartela com coração, o monograma IHS e a data 1737, ladeado por duplas pilastras, as exteriores no alinhamento dos cunhais da torre, e as interiores de fuste almofadado, suportando entablamento encimado por nicho, em arco de volta perfeita entrecortado por raios, sobre pilastras, com abóbada concheada e contendo imagem de São Mamede sobre um plinto decorado com mascarão, e ladeado por volutas. De cada lado do nicho, abrem-se óculos jacentes com molduras de capialço em arco de cortina. No tímpano, entre as pilastras dos cunhais da torre, surge relógio envolvido por moldura circular de cantaria decorada. Na torre, com cornija encimando a do remate da empena, abre-se, em cada uma das faces, sineira em arco de volta perfeita sobre pilastras, albergando sino. Nas fachadas laterais rasgam-se, na nave, duas janelas rectangulares de capialço e porta travessa, de verga recta simples, e na capela-mor duas janelas de capialço na lateral direita; a sacristia apresenta uma porta de acesso na fachada N., e a Casa das Almas, situada sobre a sacristia, tem acesso exterior por escada de pedra, na fachada O.. INTERIOR com pavimento de lajes de granito e cerâmico policromo, paramentos rebocados e pintados de branco percorridos por silhar de azulejos azuis e brancos, de padrão fitomórfico. Nave com volume da torre avançado, acedida por escada de pedra no lado da Epístola, e cuja colocação de guarda-vento cria um falso endonártex; a parede fundeira da nave tem o primeiro registo em cantaria aparente e o segundo rebocado com os cunhais de cantaria aparente; coro-alto de madeira com zona central de perfil curvo, e guarda de ferro, pintada de verde, suportado por duas colunas toscanas sobre plintos paralelepipédicos e duas pilastras laterais avançadas das paredes; o coro é acedido por escada colocada no lado da Epístola e a partir do qual se acede à torre sineira. No sub-coro, do lado do Evangelho, surge pia baptismal recente, circular sobre pé cilíndrico, encimada por um baixo-relevo em gesso representando o Baptismo de Cristo, e, no lado da Epístola, uma pia de água benta circular, lisa sobre pé cilíndrico e base quadrangular. Lateralmente, as janelas possuem pequenas sanefas de talha, os portais são ladeados por pias de água benta circulares lisas, e dispõem-se dois confessionários embutidos nas paredes, de verga recta, e dois púlpitos confrontantes, com bacia e escada em cantaria de granito, com guarda em talha policroma a bege, marmoreados fingidos rosa e dourado, a do púlpito plena decorada com acantos e elementos fitomórficos e a das escadas formando balaústres, e baldaquino igualmente de cantaria com sanefa e espaldar recortado de talha. Seguem-se dois retábulos laterais, de talha policroma a bege, marmoreados fingidos rosa e dourado, de planta recta e um eixo. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras, de fuste almofadado, encimado por sanefa de talha bege, ladeado por dois retábulos colaterais, de talha com igual policromia. Tecto de madeira de perfil curvo sobre friso e cornija de cantaria. Na capela-mor, sobre supedâneo de cantaria, surge o retábulo-mor de talha policroma a azul, branca e dourado, de planta convexa e três eixos, definidos por quatro pilastras de fuste almofadado ornado superiormente por motivo fitomórfico e por duas colunas de fuste liso e terço inferior marcado com elementos vegetalistas, todas de capitéis coríntios, assentes em dupla ordem de plintos paralelepipédicos, os inferiores já na zona do banco decorados com motivos fitomórficos; ao centro surge tribuna de perfil curvo, envolvido por moldura, coberta por tela com a representação pictórica da Última Ceia; nos eixos laterais surgem nichos definidos por filete dourado terminado em elementos fitomórficos, albergando imaginária sobre mísula; ático em frontão curvo interrompido encimado por espaldar, definido por pilastras, ladeadas por volutas, suportando frontão triangular com elementos centrais interligando o seu fecho com o da tribuna. Altar tipo urna, com frontal decorado por motivos geométricos e vegetalistas. É encimado pelo sacrário tipo templete, em talha dourada, com colunas laterais e terminado em frontão curvo encimado por cruz. Cobertura em falsa abóbada de berço, de estuque, sobre friso e cornija. Sacristia rebocada e pintada com arcaz.

Acessos

São Mamede de Ribatua, Largo da Igreja, Praça António Agrelos

Protecção

Categoria: IM - Interesse Municipal, Decreto nº 8/83, DR, 1.ª série, n.º 19 de 24 janeiro 1983

Enquadramento

Urbano, isolado, na extremidade SE da povoação, sobranceira ao ribeiro de São Mamede, afluente do Tua, adaptada ao declive do terreno. A fachada principal e a lateral esquerda confrontam com a rua, possuindo do lado oposto um adro fechado, pavimentado a calçada à portuguesa, com entrada por portão de ferro situado ao lado da fachada principal. A fachada lateral direita apresenta soco nivelador do declive e o portal é precedido por escada de dois degraus de planta semicircular. A partir do adro tem-se acesso ao cemitério situado na extremidade NE. Na plataforma imediatamente inferior ao adro, com entrada por portão de ferro independente, situa-se o mausoléu da família Teixeira Lopes.

Descrição Complementar

O retábulo lateral do Evangelho possui planta recta e um eixo definido por duas meias pilastras com orelha, sobre duas ordens de plintos, e duas colunas de fuste liso, assentes em consolas sobre plintos paralelepipédicos, ambos decoradas com motivos fitomórficos, e de capitel coríntio; ao centro, abre-se nicho de perfil curvo com chave saliente fitomórfica, ladeada por duas mísulas formando cornocópia com imaginária encimada por baldaquino; ático formado por frontão interrompido por espaldar decorado com acantos vazados e motivos fitomórficos no tímpano; banco ornado com motivos vegetalistas e altar tipo urna com o frontal igualmente decorado com elementos vegetalistas. O retábulo lateral da Epístola apresenta planta recta e um eixo definido por duas pilastras de fuste almofadado decorado com concheados e quatro colunas, de fuste liso, terço inferior marcado com concheados, as primeiras assentes em plintos e as segundas em consolas, ornados de concheados, e com capitéis coríntios; ao centro, abre-se nicho de perfil curvo, moldurado, chave fitomórfica e interiormente pintado, com tecto em caixotões decorados com acantos e albergando imaginária; sobre as pilastras e colunas dispõem-se pilastras, sobre o qual assenta o ático em frontão interrompido sobrepujado por enrolamentos, concheados e com uma Trindade horizontal, composta pelas imagens de vulto do Deus Pai, Cristo, sobre glórias de querubins, segurando a pomba do Espírito Santo; no banco surge painel com representação das Almas no inferno e um anjo a tentar resgatá-las. Altar tipo urna com o frontal decorado com elementos vegetalistas. O retábulo colateral do Evangelho possui planta convexa e três eixos definidos por quatro colunas de fuste liso decoradas nos topos e no terço inferior com concheados, sobre três ordens de plintos, os intermédios galbados e ornadas de acantos, e os demais paralelepipédicos, todas com capitéis coríntios; ao centro, surgem dois nichos sobrepostos, o inferior integrado, de perfil curvo, exteriormente decorado com elementos vegetalistas e querubim, e o superior de perfil recortado; nos eixos laterais dispõem-se mísulas suportando imaginária encimada por baldaquinos recortados; ático em espaldar com segmentos de frontão, decorados com volutas e concheados, tendo pintado ao centro o Sagrado Coração. Altar tipo urna com o frontão decorado com elementos vegetalistas. Retábulo colateral da Epístola de planta recta e um eixo definido por duas pilastras de fuste decorado com motivos fitomórficos e duas colunas de fuste liso e terço inferior ornado com concheados, assentes em duas ordens de plintos paralelepipédicos, a superior galbada e ornada de acantos, e de capitéis coríntios; ao centro, abre-se amplo nicho de perfil recortado, moldurado, interiormente pintado e albergando imaginária; ático em frontão curvo com volutas laterais terminado em acantos de talha vazada; banco integrando ao centro pequeno nicho, de remate curvo alteado, ladeado de anjos de vulto. INSCRIÇÕES: Na fachada principal, numa lápide sobre o cunhal direito surge inscrito 1737 1902 / FOI ESTA EGREJA RESTAURADA / POR INICIATIVA / DE / ANTÓNIO LOPES AGRELLOS / E / JOSÉ JOAQUIM TEIXEIRA LOPES.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Vila Real)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ESCULTOR: Teixeira Lopes (Pai).

Cronologia

1115 - D. Teresa outorga a São Mamede de Ribatua carta de couto em benefício da Sé de Braga; 1220 - nas Inquirições ordenadas por D. Afonso II confirma-se a existência da paróquia de Ribatua no concelho de Alijó, povoado com dezasseis casais; era seu abade o padre João Moniz; 1262, 17 Março - o arcebispo de Braga, D. Martinho Geraldes, concede foral perpétuo aos moradores de Ribatua e seus sucessores, com excepção da Igreja Paroquial com todos os seus haveres e a pescaria do Cachão das Lajes Más; era reitoria da apresentação da Mesa Arquiepiscopal, tornando-se depois abadia; 1401 - D. Pedro doa São Mamede de Ribatua a D. João, arcebispo de Braga, para seu couto; 1514 - residiam no couto 21 vizinhos; 1530 - ali residiam 27 vizinhos; séc. 17 / 18 - provável construção da actual igreja paroquial; 1686 - data do primeiro registo de óbito documentado; 1737 - data inscrita sobre a porta principal; 1747 - data do primeiro registo de baptismos documentado; 1751 - data do primeiro registo de casamento documentado; 1758, 4 Março - segundo o relato do Pe. Domingos Pinto, nas Memórias Paroquiais relativas à freguesia, São Mamede de Ribatua tinha 20 fogos, a igreja tinha quatro altares, e teria cinco se a capela-mor estivesse pronta, dedicados a Jesus, à Senhora do Rosário, a São Sebastião e às Almas; tinha as Irmandades das Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo, do Rosário de Nossa Senhora e uma outra das Almas; os páracos eram reitores chamados de abades, e recebiam a terça parte dos frutos que se colhiam na freguesia; 1852 - deixou de pertencer à comarca de Vila Real e passou a integrar a de Alijó; 1945 - apeamento do antigo relógio da torre, da autoria de um espingardeiro tio-avô de António Teixeira Lopes, que foi doado pela Junta de Freguesia à Câmara de Alijó, e substituição pelo actual; 1987 - construção de muro do adro por 50$000 com acesso por dois portões de ferro, comprados por 60$000 rs; séc. 20, 2ª metade - realização das Janeiras na povoação para custear o trabalho de restauro na igreja por douradores de Braga; 1990, década - por volta desta época, procedeu-se à colocação do actual tecto de madeira promovido pelo Pe. Álvaro de Barros; 2000 - revestimento da fachada principal a azulejos; diagnóstico, elaboração de proposta e assistência técnica para a conservação, beneficiação, salvaguarda e revitalização do imóvel pela DREMN.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante.

Materiais

Estrutura em granito rebocado e pintado; pilastras, frisos e cornijas, molduras dos vãos, pináculos, bacia, escada e baldaquino dos púlpitos, supedâneo e outros elementos em cantaria de granito; coro-alto e tecto da nave em madeira; retábulos, guarda dos púlpitos e sanefas das janelas em talha policroma e dourada; silhar de azulejos; painel de estuque no sub-coro; janelas com vidro simples e guarda vento com vidros martelados e policromos; pavimento cerâmico, de granito e de madeira; cobertura exterior de telha.

Bibliografia

LEITÃO, Fernando Rodrigues, Monografia do Concelho de Alijó, Lisboa, 1963; ALMEIDA, José António Ferreira de (org.), Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1976, p. 534; PLÁCIDO, Manuel Alves, O povoamento do concelho de Alijó (1115 - 1269), in Estudos Transmontanos, nº 2, Vila Real, 1984, p. 51 - 66; SOUSA, Fernando de, GONÇALVES, Silva, Memórias de Vila Real, vol. 1 e 2, Vila Real, 1987; IPPAR, Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, vol. 3, Lisboa, 1993; ROCHA, Pinto da, Monografia de S. Mamede de Ribatua, Vila Real, 1993; MARIZ, José (Coordenação), Inventário Colectivo dos Registos Paroquiais, vol. 2 – Norte, s.l., 1994; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/71471 [consultado em 8 agosto 2016].

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, DRGEMN:DREMN

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DSID, DRGEMN:DREMN; IAN/TT: Dicionário Geográfico, vol. 31, Microfilme 632, pg. 517 e seguintes; Arquivo Distrital de Vila Real: Arquivo Paroquial (datas extremas: 1686 - 1883)

Intervenção Realizada

1902 - Restauro da igreja por iniciativa de António Lopes Agrellos e José Joaquim Teixeira Lopes; DGEMN: 2000 - obras de conservação geral das coberturas.

Observações

Em São Mamede de Ribatua terminava o vasto território medieval de Panóias.

Autor e Data

Isabel Sereno e Ricardo Teixeira 1994 / Paula Noé 2005

Actualização

 
 
 
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