Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Milagres / Santuário da Senhora da Lapa

IPA.00005917
Portugal, Évora, Vila Viçosa, Nossa Senhora da Conceição e São Bartolomeu
 
Arquitectura religiosa, barroca, rococó. Santuário com igreja e dependências para romeiros, sendo a primeira de planta longitudinal de nave única, transepto pouco saliente e capela-mor mais estreita com sala de acesso ao trono, sacristia à esquerda e sala do despacho da irmandade á direita comunicando directamente com a capela-mor; coberturas internas em abóbadas de berço na nave, de aresta no cruzeiro do transepto e de lunetas na capela-mor iluminada através de janelão na fachada principal e janelas rectilíneas em capialço nas fachadas laterais. Fachada principal harmónica, com o corpo central rematado em platibanda, com os vãos rasgados em eixo composto por portal escavado, em arco recortado, assente em pilastras, rematado por cornija, e por janelão em arco abatido, sobrepujados por frontão triangular. Torres sineiras de três registos, definidos por cornijas, o superior rasgado por ventanas de volta perfeita, com cobertura em coruchéu. Portal principal típico da segunda metade do séc. 18, apresentando perfil côncavo, arco recortado, formado por pilastras colocadas em ângulo e rematadas por consolas que suportam entablamento convexo. Fachadas flanqueadas por cunhais apilastrados e remates em cornija. Coro-alto assente em arco em asa de cesto, com guarda balaustrada, em cantaria. Púlpito quadrangular no lado do Evangelho com acesso por escada aberta no interior da parede. Arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras, flanqueado por altares colaterais em mármore, de planta recta e um eixo, com decoração rococó. Capela-mor contendo retábulo de mármore polícromo, de planta recta, com estrutura e decoração do barroco joanino, com mesa de altar destacada da estrutura retabular como sucede na Igreja da Conceição (v. PT040714030007) e da Esperança (v. PT040714030006); de linhas clássicas, italianizantes, faz parte de um conjunto alargado atribuível a José Francisco de Abreu, nomeadamente, em Vila Viçosa, da Igreja dos Agostinhos (v. PT040714030005), em Borba da Igreja de Santo António (v. PT040703010017), em Campo Maior, os retábulos do Convento de São Francisco (v. PT041204010013), da Igreja de São João Baptista (v. Pt041204030012) e da Igreja de Nossa Senhora da Expectação (V. PT041204010005), dos retábuos laterais das igrejas da Madalena e de Santa Maria do Castelo de Olivença e do retábulo da capela-mor da Sé de Elvas (v. PT041207030001). As dependências dos romeiros desenvolvem-se para S., apresentando planta rectangular, arcaria de volta perfeita no segundo piso e com corpo central destacado de escadaria de acesso à mesma e a partir da qual se faz o acesso a este piso. Contraste entre o exterior despojado, no qual se destaca o magnífico portal de mármore, e a notável coerência decorativa rococó do interior que se estende ao mobiliário, portadas e outros elementos. O retábulo-mor tipicamente joanino apresenta características mais tardias da segunda metade do séc. 18. Na sacristia arcaz de madeira, já muito arruinado, e magnífico lavabo de mármore, ambos de decoração rococó. Destaque ainda para o púlpito de mármore colorido e para a iconografia da predela do presépio que remete para a lenda da Senhora da Lapa e encontra eco no Cruzeiro do Carrascal fronteiro à Igreja (V. PT040714030001).
Número IPA Antigo: PT040714030010
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Santuário  

Descrição

Conjunto de planta rectangular irregular, formado pela igreja e pela hospedaria e pela casa do eremitão a S., fechado pelo muro da antiga cerca. IGREJA de planta longitudinal composta por nave, transepto pouco saliente, capela-mor mais estreita, sala de acesso ao trono, sacristia adossada à fachada lateral esquerda, sala do despacho da irmandade adossada à fachada lateral direita e duas torres sineiras quadrangulares a delimitar a fachada principal, Volumes articulados, massas dispostas na horizontal com cobertura diferenciada em telhados de uma e duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, flanqueadas por cunhais apilastrados e rematadas em friso e cornija, com fenestrações protegidas por vidro simples. Fachada principal voltada a E., harmónica, flanqueada por duas torres sineiras, sendo o corpo central rematado em platibanda plena, que protege um terraço que une ambas as torres, e cruz latina, ao centro, ladeada por dois fogaréus. É rasgada por portal de perfil côncavo, em arco recortado, formado por quatro pilastras de fuste almofadado, colocadas em ângulo e rematadas por consolas que suportam entablamento convexo, sobre o qual se desenvolve espaldar decorado por festões, encontrando-se ao centro cartela com concheados, onde está esculpida uma coroa fechada sobre um crescente de Lua. O vão é protegido por porta de madeira de duas folhas e bandeira, com almofadas pintadas de castanho e decoradas com motivos vegetalistas pintados de preto, tal como os puxadores e as fechaduras de ferro. Sobre esta estrutura rasga-se um janelão em arco abatido protegido por gradeamento de ferro, pintado de preto e sobrepujado por cornija, formando um tímpano ornado por resplendor. A ladear o janelão, duas orelhas decoradas com volutas e motivos vegetalistas, ao lado das quais se encontram duas esculturas*3. A estrutura remata em frontão triangular, interrompido, ao centro, por elemento de cantaria. As torres sineiras, com os cunhais definidos por pilastras em cantaria, com lampiões de ferro nos ângulos, evoluem em três registos, delimitados por cornijas, sendo os dois superiores mais estreitos. O primeiro registo apresenta duas pequenas frestas com molduras em cantaria, o segundo com uma almofada com os ângulos recortados e o terceiro ventanas de arco de volta perfeita em cantaria, sendo que a torre N. possui dois sinos de bronze apoiados em cabeção de madeira, sendo que um deles apresenta a figura aureolada em baixo relevo; as faces posteriores têm portas de verga recta, de acesso; tem cobertura em coruchéu bolboso rematado no topo por uma bola, sobre a qual se encontra uma cruz latina em ferro, surgindo, nos ângulos pequenos fogaréus sob os quais existem consolas. Fachada lateral esquerda, voltada a S., rasgada por quatro janelas rectilíneas em capialço, uma na nave, outra no transepto, rematado em empena, e duas na capela-mor, uma delas jacente, com gradeamentos de ferro. Adossada à capela-mor, o corpo da sacristia, percorrido por faixa pintada de azul, rasgado por porta em arco abatido, de uma folha pintada de castanho e por uma janela com o mesmo perfil, protegida por gradeamento de ferro, ambas com molduras em cantaria. Fachada lateral direita, voltada a N., semelhante à oposta; tem adossado o corpo da Casa do Despacho, com porta de verga recta e janela em arco abatido, ambas com molduras salientes. Fachada posterior, virada a O., cega e rematada em friso e cornija recta. INTERIOR dividido em dois tramos delimitados por pilastras de cantaria, com paredes rebocadas e pintadas de branco, com cobertura em falsa abóbada de berço, assente em cornija, e com pavimento em lajeado de mármore, com estrados de madeira laterais. Entrada protegida por guarda-vento em madeira almofadada, decorado com motivos fitomórficos, concheados e encanastrados, rematado por cornija apresentando ao centro cartela concheada onde se encontram as iniciais "A M" sob coroa fechada. A ladear esta estrutura encontram-se duas pias de água benta em cantaria, de perfil tronco-cónico invertido, assentes em mísulas, decoradas com concheados e elementos vegetalistas e duas portas de verga recta, com vãos protegidos por portas de madeira de duas folhas, com almofadas pintadas de castanho. O primeiro tramo corresponde à zona do coro-alto, assente em arco em asa de cesto, com guarda balaustrada em cantaria, que encosta a duas pilastras almofadadas e tem acesso por duas portas confrontantes, de verga recta e rematadas em friso e cornija, sendo que uma delas, dá passagem a uma pequena sala que corresponde à torre, ao nível do segundo piso, rasgada por uma pequena janela em capialço e com pavimento de tijoleira. As janelas que iluminam a nave têm molduras em cantaria, encimadas por pequenos pináculos e, na base, ostentam pingentes. No lado do Evangelho, púlpito quadrangular de ângulos exteriores chanfrados, com bacia em cantaria, assente em modilhão, tendo guarda plena de cantaria, decorada, na face principal, por glória de querubins, nos ângulos por enrolamentos e, nas faces laterais por medalhões. A porta é em arco de volta perfeita, com moldura de cantaria, recortada e rematada por espaldar com a pomba do Espírito Santo e cornija angular. O acesso ao púlpito é feito através de porta de verga recta com moldura em cantaria, situada à sua direita. O transepto pouco desenvolvido, apresenta cobertura em abóbada de aresta, e pavimento em lajeado de mármore axadrezado. A ligação entre este e a nave, é feita através de vãos de arco de volta perfeita em cantaria, que se apoiam em mísulas. Teia de mármore, vazada, decorada com motivos fitomórficos que ao centro apresenta duas pequenas portas em madeira, com almofadas de cantos chanfrados, botões de metal e zona central recortada compondo octógonos. Arco triunfal de volta perfeita, em cantaria, assente em pilastras almofadadas do mesmo material, ladeado por dois altares colaterais, dedicados a São João Evangelista, do lado do Evangelho e a São Francisco Xavier, do lado da Epístola, com retábulos em mármore; perto destes, encontram-se duas pequenas mísulas que servem de apoio a caixas de esmola em madeira. Capela-mor com cobertura em abóbada de lunetas, com pavimento lajeado, semelhante ao do transepto; de cada lado rasgam-se uma porta e um nicho com molduras de mármore com vestígios de pintura a ouro, de estrutura idêntica: nichos rasgados por arco de volta perfeita, com frontão de empenas curvas decoradas por acantos e enrolamentos; as portas apresentam verga em arco abatido sobreposta de concha central ladeada por composição de asas de morcego e acantos; portadas de madeira de duas folhas, almofadadas, decoradas painéis por recortados, rosetões acantos chamejantes e puxadores em metal e espelhos das fechaduras decorados por orelhões; no lado do Evangelho o nicho encontra-se entaipado e porta dá acesso à sacristia; entre eles pintura mural com a inicial "M"; do lado da Epístola o nicho possui prateleira central de mármore e a porta dá acesso à Sala do Despacho. Retábulo-mor de mármores polícromos, cinza, vermelhos e rosa com vestígios de douramento; ergue-se sobre supedâneo de três degraus de cantaria e apresenta planta recta, corpo convexo e um eixo definido por quatro colunas coríntias assentes em plintos galbados decorados por cartelas concheadas e por consolas; camarim rematado por acantos afrontados e carrancas, contendo trono expositivo de cinco degraus com glória de querubins, protegido por baldaquino de madeira com sanefa de lambrequins; banco com nicho central envidraçado tripartido, entre as consolas, com moldura ovalada decorada de querubins, acantos chamejantes e enrolamentos; apresenta caixilharias e portada de madeira dourada e pintada fingindo mármore azul; inferiormente predela envidraçada; sacrário trapezoidal, em talha dourada, decorado com motivos vegetalistas; ático em frontão interrompido, encimado por anjos de vulto, que enquadra espaldar rectilíneo, flanqueado por pilastras e remate em frontão semicircular, ornado por cartela e festões; altar paralelepipédico, com almofadas, apresentando ao centro, em baixo relevo, uma cruz lanceolada encerrada em circulo; de cada lado do retábulo uma porta que conduz à sala de acesso ao trono; apresentam molduras de mármore com verga curva rematadas por frontão triangular com tímpano decorado ao centro por querubim. Mesa de altar destacada da estrutura retabular (criando-se zona de circulação entre ambos),de alvenaria com frontal revestido por mármore e consolas de mármore dos lados. Sala de acesso ao trono com acesso por escadaria de mármore, disposta em cotovelo; apresenta paredes rebocadas e caiadas, iluminada de cada lado por janela rasgada na espessura do muro, em ligeiro capialço; ao centro da sala encontra-se estrutura de madeira (parcialmente encaixada na face tardoz em parede recortada, de alvenaria rebocada e caiada), que constitui o camarim do retábulo-mor; apresenta duas janelas, de 4 caixilhos, fechadas por tela transparente, recebendo directamente iluminação das janelas da sala; a face tardoz desta estrutura apresenta dois vãos: inferiormente uma fresta central, em capialço, rasgada na parede de encaixe da estrutura; superiormente um postigo, munido de portada, que abre directamente sobre a glória de querubins que se encontra sobre o trono; na face lateral S. da estrutura abre-se portada de acesso directo ao trono; interiormente a estrutura é forrada por tela pintada com motivos geométricos e vegetalistas estilizados. SACRISTIA rebocada e pintada de branco com rodapé cinza, coberta por abóbada de berço, sobre sanca dupla; pavimento lajeado, semelhante ao da capela-mor; na parede S. lavabo de mármore suportado por balaústre relevado e espaldar em frontão recortado de orelhões, asas de morcego, concheados e motivos fitomórficos em alto-relevo envolvendo dois golfinhos entrelaçados de cujas bocas saem as penas; bacia quase plana em tabuleiro; ao centro janela de verga curva em capialço munida de dupla portada de madeira. Na parede oposta armário de madeira embutido, de duas portadas almofadadas e pintadas de castanho. Na parede O. arcaz de frontão recortado, com aplicações de talha dourada, sobre fundo azul fingindo mármore, de motivos fitomórficos concheados, enrolamentos, orelhões e asas de morcego; nicho central oval de mármore, ladeado por dois espelhos quadrilobulados, móveis; corpo de seis gavetões, com puxadores e fechaduras em metal, ladeados por portas; mesa de sacristia de suportada por balaústre de mármore rosa e tampo de mármore negro; à esquerda da porta de acesso, pia de água benta, de mármore, com formato conquiforme. Sala do Despacho com cobertura em abóbada de canhão sobre sanca envolvente; pavimento de tijoleira artesanal; na parede N. janela idêntica à da sacristia; a E. guarda-roupa embutido fechado por portas de madeira envidraçadas e a O., junto à sanca, painel de azulejo recortado, azul sobre fundo branco, representando a Coroação da Virgem pela Santíssima Trindade, dentro de cartela concheada e com inscrição na parte inferior: "P. ª SE REZAR O TERSO". HOSPEDARIA e CASA DO CAPELÃO: dispõem-se em dois corpos rectangulares de dois pisos, com cobertura homogénea em telhado de duas águas no qual se destacam 4 chaminés na aba E. e 3 na O.; fachadas rebocadas e pintadas de branco, rematadas em cornija e beirado saliente. HOSPEDARIA: fachada principal a E., percorrida por canteiros pintados de azul, de dois registos definidos por cornija, com eixo central definido por corpo de escadaria de dois lanços opostos convergentes de acesso ao piso superior; o piso inferior é rasgado, de S. para N.: fresta, porta geminada de verga recta, janelão quadrangular, duas portas de verga recta, todas as portas apresentam molduras de mármore; o corpo da escadaria é de alvenaria rebocada e caiada, com remate em empena truncada e rasgado por porta axial de molduras pétreas; corrimão de mármore, colunas de arranque em consola volutada também de mármore, degraus de alvenaria rebocada e caiada capeados de mármore; superiormente rasga-se arcada de volta perfeita de 12 arcos sobre impostas salientes interrompendo o murete de resguardo, tudo em alvenaria rebocada e caiada; ao centro, no eixo do corpo das escadas, vão de molduras de mármore e verga curva. Fachada lateral S. adossada ao muro do adro e fachada lateral N. à casa do Capelão. Fachada posterior O., com remate recto em beirado saliente, rasgado superiormente por 4 janelas simples; inferiormente várias construções, adossadas, reunidas num corpo rectangular, mais baixo, com cobertura em telhado de uma água e duas grandes chaminés e a S. um corpo transversal mais elevado; ambos estes corpos confinam com o muro da cerca. Antiga CASA DO CAPELÃO adossada ao corpo da Sacristia, a N., e ao da Hospedaria, a S.. Fachada principal E. de pano único, delimitado a S. por pilastra de alvenaria, e dois registos definidos pelo rasgamento dos vãos: inferiormente duas portas, a S. de verga curva, idêntica à que abre sobre a escadaria da hospedaria, a N. mais alta e estreita com verga recta sobreposta de bandeira engradada que dava acesso ao 2º piso. Fachada lateral N., ligeiramente saliente relativamente ao corpo da Hospedaria; com remate em empena, rasgada por porta e duas janelas. Fachada posterior de pano único com remate recto em beirado, rasgada axialmente por fresta e janelão de 6 caixilhos. INTERIOR: a hospedaria apresenta o espaço estruturado por corredores paralelos, perpendiculares ao corpo rectangular, fazendo a ligação directa entre as portas para o exterior, a E. e O, e estabelecendo a comunicação entre as várias divisões; os dois pisos não apresentam comunicação interior tendo o superior acesso unicamente através da escadaria externa; apresenta nos dois pisos tectos de vigamento de madeira, pavimentos de cimento ou de tijoleira artesanal; paredes rebocadas e caiadas; nalgumas divisões paredes e tectos encontram-se pintados com tinta plástica; portas com caixilharias e portadas de madeira. No piso térreo subsistem os primitivos espaços de arrumos, com cantareiras, em nichos semicirculares de alvenaria rebocada e caiada; ainda neste piso, ocupando o corpo da escadaria de acesso ao piso superior, encontra-se a antiga cavalariça (utilizada como armazém de móveis e vários utensílios domésticos) a com cobertura em abóbadas de canhão, subsiste ainda a mangedoura e algumas portas, sobrepostas de vãos triangulares de reforço e respiração, e munidas por portadas de madeira com postigos fixo de tabuinhas. No piso a arcada apresenta pavimento de tijoleira artesanal e tecto de uma água de vigamento de madeira; no eixo dos arcos várias portas acedem a cada habitação; as janelas do lado O. são munidas de conversadeiras; numa parede subsiste um nicho em volta perfeita sobre pilastras relevadas de um primitivo oratório. Casa do Capelão: com duas entradas a E., uma principal e uma secundária que abre para pequeno vestíbulo com cobertura em abóbada de aresta; a parede O. encontra-se entaipada e conduzia directamente ao piso superior através de escalinata, com cobertura em abóbada de canhão sobre sanca saliente; na parede N. porta para o exterior.

Acessos

Terreiro do Carrascal / Campo da Restauração

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 5/2002, DR, 1.ª série-B, n.º 42 de 19 fevereiro 2002 *1 / ZEP Conjunta, Portaria n.º 527/2011, DR, 2.ª Série, n.º 88, de 06 maio 2011

Enquadramento

Urbano, num dos limites da cidade, isolado, implantado numa planície adjacente à colina do Castelo (v. PT040714030002). Vasto adro fechado por muros rebocados e pintados de branco e azul, encimados por gradeamento com acesso principal axial à frontaria da igreja através de portão de ferro, flanqueado por pilastras e aletas volutadas, as primeiras encimadas por urnas do tipo Médicis; a E. o adro é pavimentado a calçada de paralelepípedos com passadeira de calçada à portuguesa que do portão conduz ao pórtico da igreja; a N. e S. o adro é jardinado, com canteiros geométricos de buxo, várias árvores de fruto, palmeiras e cedros de grande porte; a S. ao centro do jardim, um tanque*2 de planta mistílinea, de alvenaria rebocada e caiada, e alguns elementos de cantaria lavrada; a área ajardinada é delimitada a S. por muro de alvenaria; a N. o jardim encontra-se abandonado e parcialmente ocupado por um ringue com acesso por portão de ferro pintado de vermelho. Adossado à fachada lateral S. da igreja, um canteiro pintado de azul, com arbustos vários; adossadas à fachada posterior da Hospedaria várias construções térreas; diante da cabeceira da igreja e da fachada N. da Casa do Capelão uma horta e pomar; nesta mesma fachada adossa-se uma latada em armação férrea apoiada em grossos pilares de alvenaria e reforçada por viga de betão; este espaço é pavimentado em calçada rolada. Frente à fachada principal, voltada à via pública pavimentada a cubos de granito, encontra-se o Cruzeiro do Carrascal (v. PT040714030001) e um campo de futebol. A fachada O. de todo o conjunto volta-se à linha férrea (v. PT040714030047), tendo como elemento divisor o muro delimitador da antiga cerca que se prolonga para S. ocupada por vários armazéns.

Descrição Complementar

Os retábulos colaterais são semelhantes, de planta recta e corpo côncavo, constituídos por um eixo definido por dois quarteirões, que sustentam cornija e espaldar recortado, decorado por concheados e auriculares, apresentando ao centro medalhão, tudo encimado por cornija curva. Ao centro, os nichos, com perfil contracurvado e moldura em mármore azul, com o fundo pintado de branco. Altares paralelepipédicos, com almofadas, apresentando, ao centro, em baixo relevo, cruzes lanceoladas encerradas em círculos. A decoração pintada sobre a tela que forra a estrutura do camarim dispõe-se em composição de painéis rectangulares, lisos de cor amarela ou rosa, ou decorados por motivos vegetalistas estilizados ou por cortinas pendentes, em tons de vermelho, intercalados por frisos e molduras decorados por espirais interligadas a cor branca ou vermelho e branco e por filetes de cor vermelha ou laranja, na seguinte disposição: rodapé de cor vermelha; painel quadrado cor-de-rosa, perspectivado por moldura dupla vermelha, sobre fundo amarelo; faixa horizontal lisa delimitada, superior e inferiormente, por friso de espirais brancas delimitado por filetes, um vermelho o outro amarelo; painel rectangular, disposto na vertical, decorado por motivos vegetalistas estilizados, de cor vermelho alaranjado, simulando tecido estampado, ladeado por duas faixas verticais com motivo de espirais interligadas e bolas a cor vermelho e branco; painel rectangular, disposto na horizontal, decorado por cortina pendente segura por rosetas; painel de remate liso a cor-de-rosa; o tecto apresenta-se liso a cor amarela.

Utilização Inicial

Religiosa: santuário

Utilização Actual

Religiosa: santuário / Armazenamento e logística: armazém

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Évora)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO:José Francisco de Abreu (autor do projecto séc. 18). CANTEIRO: Gregório das Neves Leitão (1759-80). MARMORISTAS: Francisco Miguel Cordeiro, João da Costa Torres, Luís das Neves Leitão (1759-80). MESTRES DE FERRARIA: Inácio José Prado, Francisco Maria Toscano (1883). FUNDIDOR: Faustino Alves Guerra (1774).

Cronologia

1756 - fundação da igreja e criação da irmandade do mesmo título, por licença do Arcebispo de Évora D. Fr. Miguel de Távora; 1756 / 1764 - edificação do santuário, conforme plano de José Francisco de Abreu feita com esmolas da Irmandade; 1758 - levantamento da hospedaria dos peregrinos, moradias do capelão e do eremita por licença dada pela Casa de Bragança; 1759 - encomenda do retábulo-mor ao mestre canteiro Gregório das Neves Leitão por 900.000 reis; 1760 - o alferes João Rodrigues Tavares, Manuel Lourenço de Barros e sua mulher Maria da Rosa fizeram uma dádiva de 100.000 reis para as obras da igreja; 1764, Julho - foi feita petição para início do culto e para a realização da procissão solene que se veio a realizar em Setembro do mesmo ano; 1766, 22 Novembro - obtenção do jardim contíguo ao edifício por dádiva do povo e da Câmara; 1774 - execução de um dos sinos da torre N. por Faustino Alves Guerra; 1781 - retábulos colaterais terminados e dourados; 1809 - execução de um dos sinos da torre N.; 1834 - passa a filial da Paróquia da Conceição tendo até aí sido da apresentação dos arcepispos de Évora e exempta do padroado de Avis; 1850 - colocação do cruzeiro em frente ao templo; 1883 - acrescentamento do jardim no lado N., com a oferta do terreno feita por Inácio da Silva Meneses e, colocação do gradeamento de ferro e respectivos muros finalizada através de donativos particulares ou municipais; 1884, 20 de Junho - explosão destruiu completamente os telhados da hospedaria; 1980, Agosto - Despacho de classificação como Imóvel de Interesse Público; 1982, Fevereiro - aprovada a zona especial de protecção da igreja e cruzeiro.

Dados Técnicos

Estruturas mistas.

Materiais

Estrutura em alvenaria mista; púlpito, teia da capela-mor, retábulos, altares, pavimento, escadas, guarda do coro-alto, pilastras, modinaturas, lavabo, capitéis em cantaria de mármore; portas, bancos, pavimento da nave, suporte do sino, guarda-vento, caixas de esmolas, baldaquino, arcaz em madeira; coberturas exteriores em telha; puxadores, fechaduras, lampiões, cruz, portão, gradeamentos em ferro; sinos em bronze; porta do sacrário em chapa; botões em metal; painel de azulejo; janelas com vidro simples; pavimento da sala da torre em tijoleira.

Bibliografia

ESPANCA, Joaquim José da Rocha, Compendio de Notícias de Vila Viçosa, Redondo, 1892; ESPANCA, Túlio, Igreja de Nossa Senhora da Lapa em Vila Viçosa, in A Cidade de Évora, nº 58; ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Évora, Lisboa, SNBA, 1978; ESPANCA, Joaquim José da Rocha, Memórias de Vila Viçosa, Cadernos Culturais da Câmara Municipal de Vila Viçosa, nº 21, Vila Viçosa, 1984.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

1877 - reparação do interior; 1884 - arranjo dos telhados das dependências dos romeiros.

Observações

*1 - DOF: Conjunto constituído pela Igreja de Nossa Senhora da Lapa, hospedaria dos peregrinos (no jardim contíguo ao templo) e moradia do capelão e do eremita (estas ligadas à Igreja) no Campo da Restuaração; *2 - Este fazia parte de uma fonte de repuxo, servida por bicas do aqueduto do Carrascal; *3 - Segundo a opinião do Padre Joaquim Espanca estas esculturas representam os santos mártires Pronto e Jacinto, eunucos da Virgem Eugénia; *4 - Esta imagem foi oferecida pelo padre missionário Ângelo de Sequeira; *5 - as figurinhas dos crocodilos e da cobra relacionam-se com a lenda do Sardão da Lapa e remetem para a figura fantástica, misto de cobra e crocodilo que decora o Cruzeiro do Carrascal (v. PT040714030001): a lenda conta que uma tecedeira, ao vir do campo, deparou com um lagarto de grandes proporções e sentindo a necessidade de se defender, começou a atirar-lhe novelos de linho, mantendo alguns fios na mão, que depois puxou conseguindo estrangular o animal e salvando-se por milagre da Senhora da Lapa.

Autor e Data

Manuel Branco 1993 / Rute Antunes e Rosário Gordalina 2006

Actualização

Rosário Gordalina 2007
 
 
 
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