Capela de Nossa Senhora da Conceição

IPA.00005624
Portugal, Faro, Loulé, Loulé (São Clemente)
 
Capela construída em meados do séc. 17, na sequência de D. João IV ter consagrado Nossa Senhora da Conceição como padroeira de Portugal e de ter ordenado a edificação de capelas com essa invocação junto às portas das vilas e cidades, reformada na década de 40 do séc. 18, a que se acrescentou a sacristia na segunda metade da centúria ou até no início do séc. 19. A capela, de planta retangular simples, foi construída adossada exteriormente à cerca da vila, sobre as estruturas da porta de Portugal, que formava cotovelo, o que certamente implicou a abertura de outro vão de acesso na muralha, conservando lápide alusiva na frontaria da sacristia. Contudo, esta lápide teria uma outra localização inicial, já que a sacristia foi construída posteriormente, paralela à fachada esquerda e encostada a uma das torres da cerca, atualmente com um dos paramentos aparentes, conforme comprova a abertura da porta de comunicação com a capela e o púlpito, interrompendo a composição figurativa dos azulejos e as suas inscrições, e a própria modinatura da janela do segundo piso da sacristia. A capela apresenta exterior de linhas austeras, em cantaria, o que é pouco comum na região, secionada em dois registos por cornija, rasgada por porta de verga reta e janela retilínea, encimadas por friso e cornija, e com remate em espaldar recortado, de alvenaria, resultante de uma reforma posterior. Em contraste, o interior é ricamente decorado, constituindo uma "obra total" do barroco joanino. As paredes são revestidas a azulejos azuis e brancos, de composição figurativa, com cenas da vida da Virgem, com leitura cronológica no sentido dos ponteiros do relógio, identificadas por inscrições em latim que, nas paredes laterais, surgem em cartelas num registo inferior, à exceção do painel superior da parede fundeira, representando uma Ascensão, que fecha o ciclo compositivo. A janela da frontaria não deve ser da construção inicial, mas datar das obras de 40 do séc. 18, visto ser envolvida por cercadura de azulejos, tendo as lacunas no topo do painel da Ascensão possivelmente resultado da reforma mais tardia do remate da fachada. O retábulo-mor e a cimalha das paredes, foram contratados com o entalhador Miguel Nobre, em dezembro de 1743, o qual deve ter feito também a imaginária, e dourados e encarnados pelo pintor louletano Rodrigo Correia Pincho, em 1747. O retábulo, de estilo joanino, é de grande exuberância decorativa, possuindo corpo reto e três eixos, com tribuna facetada formando edículas, de anjos atlantes nos ângulos, que eram coroados por anjos de vulto, atualmente inexistentes, e nicho no remate, revelando alterações feitas à posteriori. O entablamento das paredes segue o mesmo tipo de decoração, ritmado por cartelas e falsas mísulas, sobrepostas por anjos. O púlpito, disposto no lado do Evangelho e acedido a partir da sacristia, apesar de executado mais tardiamente, reaproveita uma guarda plena em talha, revestida com folha de prata, da primeira metade do séc. 18. Em data igualmente posterior foi executado um coro-alto, com guarda em balaustrada, o qual foi apeado recentemente. A cobertura da capela possui decoração de estuques relevados, da segunda metade de oitocentos, com tela central representando a Assunção da Virgem, encimada pela Santíssima Trindade, atribuída ao pintor local Joaquim José Rasquinho, ainda que haja notícia de, anteriormente, apresentar uma pintura ilusionista. Jorge Carrega considera possível que a pintura ilusionista fosse semelhante e da mesma autoria da existente na Ermida de Nossa Senhora da Piedade, em Loulé, que, segundo Guiseppina Raggi, foi executada, em 1769, por Diogo de Sousa e Sartre, que havia presidido à Confraria de Nossa Senhora da Conceição, e, mais tarde, repintada por Joaquim José Rasquinho (CARREGA: 2014, p. 108). Nas obras de restauro recentes do retábulo-mor encontraram-se reaproveitadas na sua face posterior, tábuas pintadas, com o remate de um retábulo setecentista, figurando duas virtudes laterais (a Caridade e a Esperança), uma Adoração do Santíssimo no fecho, entre acantos enrolados e anjos, muito provavelmente proveniente de outro templo.
Número IPA Antigo: PT050808080007
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta retangular composta por nave e por sacristia, adossada à fachada lateral esquerda. Volumes escalonados com a cobertura da nave em telhado de duas águas, rematadas em beirada simples, e a sacristia em terraço, revestido com placas cerâmicas. Fachada principal virada a noroeste, com a nave, em cantaria aparente, percorrida por soco e por friso, criando dois registos, rematada em friso, também de cantaria, e cornija de massa, sobre a qual se desenvolve espaldar recortado, rebocado e pintado de branco, definido por aletas, coroado por cruz latina de cantaria, e, sobre os cunhais, por plintos paralelepipédicos. É rasgada por portal de verga reta, sobre plintos almofadados, encimado por friso e cornija reta, e, no segundo registo, por janela retilínea, com igual modinatura e gradeada. À esquerda, sensivelmente recuada, dispõe-se a sacristia, com a fachada rebocada e pintada de branco, terminada em platibanda plena, com varandim metálico, surgindo em plano recuado, campanário de dupla ventana, em arco peraltado, albergando sino, rematado em friso e cornija de alvenaria, encimado por espaldar recortado coroado por pequena cruz em ferro e catavento. Tem dois pisos, o primeiro rasgado por portal de verga reta, de moldura simples, e o segundo por janela de peitoril, de verga ligeiramente recortada, com moldura terminada em cornija contracurva, gradeada, ladeada por lápide inscrita. No INTERIOR, a nave possui pavimento cerâmico, integrando vestígios arqueológicos da antiga porta de Portugal, cobertos por placas de vidro. As paredes são revestidas a painéis de azulejos, azuis e brancos, de composição figurativa, com cenas da vida da Virgem, com 30 azulejos de altura, rematados por entablamento em talha dourada, com vários frisos de decoração vegetalista, sobreposto em ritmo regular por cartelas recortadas, com acantos enrolados e flores, ou falsas mísulas com anjos atlantes, sendo as duas mísulas junto ao retábulo-mor encimadas por dois anjos segurando cartela com acantos e flores. A meio da nave, no lado do Evangelho, abre-se porta de acesso à sacristia, de verga reta, e moldura em cantaria arquitravada, encimada por púlpito, de bacia retangular, guarda plena em talha com vestígios de folha de prata dourada, decorado de apainelados com cartelas e acantos enrolados, separados por quartelões, acedido por porta de verga reta, moldurada. A nave é coberta por falsa abóbada de berço, decorada com trabalhos de estuque relevados, com motivos florais, tendo ao centro tela retangular, de ângulos curvos, pintada com a Assunção da Virgem, encimada pela Santíssima Trindade. Sobre supedâneo de um degrau, dispõe-se o retábulo-mor, em talha dourada e policroma, de corpo reto e três eixos, definidos por colunas tipo balaústre, com querubins e putti encarnados nos anéis, de capitéis coríntios e assentes em consolas com querubins, as exteriores de dupla ordem tendo nas inferiores meninos atlantes. No eixo central abre-se tribuna, em arco, interiormente pintada de azul, com cobertura em falsa abóbada de berço, sobre duplo friso dourado, albergando tribuna facetada, com anjos atlantes nos ângulos, formando três edículas; a central tem verga reta, sobreposta por querubim e bordejada lateralmente por festões dourados, e os laterais são em arco de volta perfeita, com a moldura decorada com elementos vegetalistas e querubins; a tribuna interiormente é pintada com flores e alberga imaginária, rematando com baldaquino com o Menino. Nos eixos laterais, surgem apainelados, decorados com volutados, acantos e querubins enquadrando imaginária sobre mísulas. A estrutura remata em espaldar adaptado à cobertura, decorado com fragmentos de frontão, anjos, dois deles maiores e segurando símbolos Marianos, o sol (Evangelho) e a lua (Epístola), elementos volutados, querubins, cartela central formando falso fecho com volutados e coroa, e ainda uma arquivolta exterior de acantos enrolados interrompidos ao centro por concheados. Banco e sotobanco com apainelados de acantos enrolados formando cartelas e, sob a tribuna, predela com três edículas, a central de arco recortado sobre quarteirões e albergando imagem de Santa Ana, sentada e segurando livro, e as laterais em arco de volta perfeita sobre pilastras, contendo anjos. Altar paralelepipédico, com frontal em talha dourada, seccionado em três painéis, decorados por cartela quadrilobada ladeada por anjos segurando vasos de flores, acantos enrolados e querubins, separados por pilastras, igualmente decoradas por acantos enrolados, anjos atlantes, flores e querubins.

Acessos

São Clemente, Rua Dom Paio Peres Correia. WGS84 (graus decimais) lat.: 37,139604, long.: -8,023308

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 39 175, DG , 1.ª série, n.º 77 de 17 abril 1953 / ZEP, Portaria n.º 425/85, DR, 1.ª série, n.º 152 de 05 julho 1985

Enquadramento

Urbano, flanqueado por edifícios de diferentes cérceas, no início da Rua D. Paio Peres Correia, bastante larga, uma vez que a mesma se formou à custa do Largo do Carmo. Implanta-se no Núcleo Urbano da Cidade de Loulé (v. IPA.00011230), adaptado ao declive do terreno, no exterior do perímetro muralhado, tendo sido construída adossada à antiga muralha e a uma das torres do Castelo de Loulé (v. IPA.00001283), integrando no pavimento da nave restos das estruturas da porta de Portugal. Nas imediações, ergue-se a antiga alcaidaria do castelo e o Convento do Espírito Santo (v. IPA.00033198).

Descrição Complementar

A lápide da fachada da sacristia tem a seguinte inscrição: "AETERNIT. SACR. / IMMACVLATISSIMAE / CONCEPTIONI MARIAE / IOAN. IV. PORTVGALL. REX. / VNA CVM GENERAL. COMITIIS / SE. ET REGNA SVA / SVB ANNVO CENSV TTRIBVTARIA / .PVBLICE VOVIT. / AT QVE DEI PARAMIN IMPERII / TVTELAREM ELECTAM ÃLABE / ORIGINALI PRAESERVATAM / PERPETVO DEFENSVRVM / IVRA MENTO FIRMAVIT. / VIVERET VT PIETAS LVSITAN. / HOC VIVOLAPI DEMEMORIALE / PERENNE EXARARI IVSSIT. / ANN. CHRISTI M.DC.XL.VI. / IMPERII SVI. VI. / .16 S6.". No interior, a parede fundeira da nave apresenta dois painéis num nível inferior, enquadrando a porta, representando, do lado da Epístola, a Anunciação, encimada pela inscrição "ECCE VIRGO CONCEPIET ...", e do lado do Evangelho, uma Visita do Anjo a São José, encimado pela inscrição "IOSEPH FILI DAVI NOLI TIMERE ACCIPERE MA / RIAM CONIVGEM TVAM Math. Cp. 10" [1:20], cuja tradução é: José filho de David, não temas receber a Maria tua mulher. Superiormente, surge um painel, adaptado ao perfil da cobertura, representando os Apóstolos olhando para a zona superior central do painel, que foi preenchida por azulejos mais recentes interrompendo a composição, mas onde devia figurar a Ascensão de Jesus. Nas paredes laterais dispõem-se igualmente dois níveis de painéis, no entanto, enquanto no registo superior se dispõem três painéis com cenas da vida da Virgem, nos inferior surgem cartelas com inscrições alusivas à cena representada, envolvidas por acantos, elementos volutados, querubins e anjos. Assim, do lado do Evangelho, figura primeiramente a representação de uma Natividade, com azulejos a preencher zonas de lacunas, tendo na cartela inferior a inscrição "ORIETVR VOBIS / TIMENTIBVS NOMEM / MEVM SOL IVSTITIAE / malachi: Cap: 4", cuja tradução é: "Mas para vós os que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça (...)". Segue-se a representação da Circuncisão, com a composição, tal como a cartela inferior, interrompida pela abertura da porta para a sacristia e do púlpito, surgindo junto deste último uma inscrição truncada: "(...) JNI DOMINO / (...) PRAEPVTIAE COR / (...) TROBVM: Jirem Cap. 4", correspondendo a Jeremias 4:4 que reza "Circumcidimini Domino, /et auferte praeputia cordium vestrorum (...)", cuja tradução é "Circuncidai-vos ao Senhor, e tirai os prepúcios de vossos corações (...)". No topo da nave figura a representação da Adoração dos Reis Magos, tendo na cartela inferior a inscrição "DOMINE IN / VIRTVITE TVA LETA/BITVR REX / Psal. 20", cuja tradução é "Senhor, o rei se alegrará na tua fortaleza (...)". No lado da Epístola figura os Esposais da Virgem, tendo na cartela inferior a inscrição "EN THALAMUS, CONJUNCTA VIRO QUAE PURIOR ASTRIS / NULIA PUDICITIAE DAMNA SUBIRE POTEST,"; segue-se A Apresentação da Virgem no Templo, com a seguinte inscrição na cartela: "ET, INTREDVXIT / ME INVESTIBVLVM / TEMPLI / Ezech: Cap: 40". No último painel figura O Nascimento da Virgem, tendo na inscrição inferior, segundo Ataíde Oliveira, a inscrição "ORIETVR STELLA EX JACOB CONSURGIT VIRGO DE ISRAEL".

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Religiosa: capela

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese do Algarve)

Afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

EMPREITEIROS: Cimeira - Indústria e Comércio de Construção Civil, Ld.ª (1985), Odilom Martins Garcia (1962-1963, 1968-1969, 1978). ENTALHADOR: Miguel Nobre (1743). PINTORES: Diogo de Sousa e Sarre (1747), Joaquim José Rasquinho (séc. 18/19), Rodrigo Correia Pincho (1747).

Cronologia

1565 - nas visitações da Ordem de Santiago faz-se referência à existência de um nicho no local onde se ergue a atual capela de Nossa Senhora da Conceição; 1646 - nas Cortes, D. João IV emite voto de ação de graças, consagrando Nossa Senhora da Conceição como padroeira de Portugal; 1654, 30 junho - carta de D. João IV para que em todas as portas das cidades e vilas se coloque a inscrição "Nossa Senhora / foi concebida / Sem peccado / original"; 1656 - data da inscrição existente na fachada da sacristia que, simultaneamente, corresponde ao desejo do rei em se colocar uma lápide alusiva à consagração de Nossa Senhora da Conceição como padroeira de Portugal; provável construção da ermida de Nossa Senhora da Conceição, adossada à muralha medieval e sobre parte da Porta de Portugal; 1743 - 1747 - são responsáveis da confraria que administra a ermida Diogo de Sousa Sarre, como juiz, Henrique da Costa Pestana, como escrivão, e Brás Camacho Navarro, como recebedor; 1743 - a Confraria de Nossa Senhora da Conceição das Portas da Vila decide renovar o interior da capela; 23 dezembro - o entalhador Miguel Nobre, de Faro, ajusta com os responsáveis da Confraria de Nossa Senhora da Conceição, a feitura do retábulo-mor e da cornija em talha para a ermida, por 350$000; o escultor deveria fazer a obra, conforme o risco que se lhe entregou e transportá-lo de Faro para Loulé, dando o trabalho como concluído até 1745; séc. 18, década 40 - data provável da feitura dos azulejos da ermida, da autoria de um mestre lisboeta desconhecido (CARREGA: 2014, p. 107); 1747 - Diogo de Sousa e Sarre, pintor, compromete-se com o pintor Rodrigo Correia Pincho, também morador em Loulé, a dourar, estofar e encarnar a talha do retábulo-mor bem como as imagens do Arcanjo São Miguel e do Anjo da Guarda, até ao dia da padroeira; posteriormente, realizam-se obras que provocam alguns danos, como é o caso da abertura da porta para a sacristia, no lado do Evangelho, com destruição de um dos painéis de azulejos, construção do coro-alto, danificando também os azulejos da parede fundeira; 1758 - referência à ermida de Nossa Senhora da Conceição junto às portas da vila, pelo prior João Diogo Guerreiro Cam. Aboym nas Memórias Paroquiais da freguesia de São Clemente; 1790 - data de um dos sinos da capela; 1841 - segundo Ataíde Oliveira, o teto da capela estava pintado pelo pintor louletano Joaquim José Rasquinho; Cirilo Wolkmar Machado, no seu Dicionário de Pintores, atribui igualmente a pintura do teto a Rasquinho, dizendo ser "tecto de Arquitectura com um painel da Virgem Imaculada" (CIRILO: 1823, p. 215); 1905, cerca - à data da publicação da obra de Ataíde Oliveira, a pintura do teto da capela está "substituída por trabalho de gesso", tendo ao centro "um lindo quadro alusivo a Assumpção da Virgem, obra do nosso insigne pintor Rasquinho, e que, já antes da reforma do tecto, já ali existia" (OLIVEIRA: 1905, p. 104); a capela, denominada pelos antigos como Ermida da Conceição das Portas da Vila, ainda tem mordomos; 1939, 25 julho - a Câmara solicita, pela primeira vez, à DGEMN a classificação da capela; 1951 - a capela encontra-se em muito mau estado; no interior possui coro-alto em talha, supedâneo delimitado por guarda em ferro e no retábulo-mor, sobre os ângulos da tribuna, dispunham-se anjos de vulto; 1969, 26 fevereiro - sismo causa alguns danos na capela; 2007 - 2008 - durante as obras de restauro, verifica-se que o retábulo-mor tinha pregado na face posterior pranchas de madeira, que se decide remover, por não afetarem a estrutura, e que estavam pintadas, constatando-se, após a sua limpeza e consolidação, terem pertencido ao remate de um outro retábulo, concebendo-se uma estrutura de apoio para o expor no Museu Municipal; a picagem dos rebocos da parede sudoeste da capela, após a remoção dos azulejos, pôs a descoberto a face externa da muralha da vila, a que se adossou o templo, formada por blocos de pedra aparelhada unida com argamassa de cal, e na sacristia permitiu descobrir que a parede sudeste correspondia a uma torre, de fabrico idêntico a outras, a qual se eleva acima do segundo piso da dependência e acima do telhado tinha sido transformada num anexo de dois pisos de uma casa adjacente; na parede de ligação da sacristia com a capela, foi ainda detetado um cunhal da muralha; 2008, novembro - reabertura da capela ao público, com guarda, após a conclusão das obras de restauro.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em cantaria, aparente ou rebocada e pintada; placa, lintéis e cintas de travação em betão; molduras dos vãos, frisos e cornijas, bacia do púlpito e pias de água benta em cantaria; pavimentos cerâmicos e placas de vidro; revestimentos de azulejos, azuis e brancos; cobertura em estuques relevados; tela pintada; retábulos em talha dourada e policroma; guarda do púlpito em talha com folha de prata; portas e caixilharia de madeira; grades em ferro; cobertura de telha ou revestimento cerâmico.

Bibliografia

CARREGA, Jorge - «O Património Cultural na valorização da oferta turística algarvia: o caso da Ermida de Nossa Senhora da Conceição». In Al-ulyã. Revista do Arquivo. Municipal de Loulé. Loulé: Câmara Municipal de Loulé, 2014, n.º 14, pp. 103-112; CARRUSCA, Susana - Loulé - O Património Artístico. Loulé: Câmara Municipal de Loulé, 2001; LAMEIRA, Francisco Ildefonso C. - Inventário Artístico do Algarve, A Talha e a Imaginária. Faro: Delegação Regional do Algarve da Secretaria de Estado da Cultura, 1991, vol. 8 - Concelho de Loulé; LAMEIRA, Francisco, SERRA, Pedro - Ermida de Nossa Senhora da Conceição. Loulé: s.d.; LAMEIRA, Francisco, SANTOS, Marco Sousa - Roteiro da Arquitetura Religiosa no Concelho de Loulé. Câmara Municipal de Loulé, 2016; LUZIA, Isabel - «A Ermida de Nossa Senhora da Conceição: Evolução de um espaço». In Xelb. Actas do 7 Encontro de Arqueologia do Algarve. Silves: Museu Municipal de Arqueologia; Câmara Municipal de Silves, 2010, n.º 10, pp. 421-436; LUZIA, Isabel - A Investigação Arqueológica na cidade de Loulé durante o ano de 2007. In al-ulyã. Revista do Arquivo Municipal de Loulé. Loulé: Câmara Municipal de Loulé, 2008, n.º 12, pp. 87-95; MARTINS, Luísa Fernanda Guerreiro - «Memórias Paroquiais do Concelho de Loulé». In Al-ulyã. Revista do Arquivo Histórico Municipal de Loulé. Loulé: Arquivo Histórico Municipal de Loulé, 2004, n.º 10, pp. 387-435; OLIVEIRA, Ataíde - Monografia do Concelho de Loulé. 3ª. ed. Faro: Algarvia em Foco, 1989 (1.ª ed. 1905); SERRA, Pedro - Loulé História e Expansão Urbana. Loulé: 1996.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DREMSul/DM, DSMN/DEO

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMSul/DM, SIPA

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DSID (DGEMN:DSID-001/008-0904/1, DGEMN:DSID-001/008-0904/2), DGEMN:DSARH (DGEMN:DSARH-010/126-0020, DGEMN:DSARH-010/126-0021, DGEMN:DSARH-010/126-0024, DGEMN:DSARH-010/126-0025, DGEMN:DSARH-010/126-0026)

Intervenção Realizada

DGEMN: 1962 - obras de conservação executadas pelo empreiteiro Odilom Martins Garcia, incluindo o assentamento de pavimento de tijoleira, compreendendo o arranque da existente, na cobertura em terraço, construção de alvenaria hidráulica em tapamento de vãos, construção de betão armado em lintéis e cintas de travação, do novo telhado a construir, reconstrução de telhados, construção de esteira, servindo de forro de telhado, empregando tijolo armado, construção de canalização de esgoto para águas pluviais, assentamento de pavimento da cantaria da região junto à entrada, reparação e pintura nas portas; 1963 - reparação e consolidação do altar ou retábulo-mor e assentamento de pavimento de tijoleira na sacristia, pelo empreiteiro Odilom Martins Garcia; 1968 - projeto de instalação elétrica; 1969 - reparação dos estragos causados pelo sismo, pelo empreiteiro Odilom Martins Garcia: construção de betão armado em lintéis cintas de travação e pilares, reparação da sineira, reparação de caleiras e algerozes, consolidação do estuque do teto da capela, levantamento e reassentamento de painéis de azulejos, que se encontram desligados das paredes e fixação de peças de talha que estão desligadas; 1978 - obras de conservação, pelo empreiteiro Odilom Martins Garcia, contemplando a reparação de coberturas de telhado e caleiras, construção e assentamento de uma porta no terraço e execução de uma pequena cobertura para a mesma, construção e assentamento de um cabeçote para um sino, reconstrução de estuques em abóbada, reconstrução de rebocos no interior, pinturas de portas e caixilhos e caiação, reparação e limpeza de estuques; 1985 - obras de conservação pelo empreiteiro Cimeira - Indústria e Comércio de Construção Civil, Ld.ª, incluindo a reparação de telhados, reparação de pavimentos de cobertura em terraço, reparação de caleiras e gárgulas, pintura de portas e caixilhos; CMLoulé: 2007 / 2008 - obras de restauro da capela, num investimento de cerca de 5000 mil euros, e que permitiram detetar vestígios da estrutura defensiva islâmica; reconstrução do telhado e de uma adequada drenagem das águas pluviais; restauro da cobertura interior da capela, tendo-se encontrado, entre o mobiliário e as caixas de azulejos soltos, os moldes dos elementos decorativos em gesso, permitindo assim preencher as lacunas existentes de modo mais aproximado; restauro da tela da cobertura; conservação da imaginária; consolidação e conservação do retábulo-mor, que não estava seguro às paredes laterais; conservação dos azulejos, devido à existência de bolsas e lacunas, tendo-se procedido à sua remoção, picagem das paredes e respetiva consolidação, para diminuir os efeitos da humidade, e recolocação dos azulejos, com preenchimento das lacunas com novos exemplares; limpeza da talha do púlpito, revelando revestimento a folha de prata; levantamento do soalho de ripas do templo, pondo a descoberto um chão de ladrilhos cerâmicos, e realização de escavações arqueológicas, até a rocha da base *1; musealização das estruturas encontradas da antiga porta de Portugal, que foram mantidas in situ, procedendo-se à colocando-se painéis de vidro sobre elas, e elaborando-se um novo projeto de iluminação, para valorizar os vestígios arqueológicos; na sacristia procede-se a escavações arqueológicas, até a rocha da base, e à picagem do reboco das paredes.

Observações

*1 - As escavações arqueológicas no interior da capela puseram a descoberto seis sepulturas, possivelmente dos primórdios da ermida, ou seja, entre meados do séc. 17 e meados do séc. 18. Apresentam forma ovalada e diferentes tamanhos, tendo o cadáver sido depositado diretamente, sepultado de acordo com o ritual cristão, em decúbito dorsal, com a cabeça orientada para a porta axial e os pés virados para o altar. Duas sepulturas e uma vala ocupavam o espaço de entrada, delimitadas por vestígios duma estrutura pré-existente à construção da capela, enquanto as restantes se situavam a meio do corpo da nave. Pelo menos duas sepulturas continham restos ósseos de pelo menos dois indivíduos, três esqueletos exumados pertenciam a crianças muito jovens, e uma outra albergava um monge, com quase dois metros, com restos do hábito apertado por cordão na cintura e com cerca de 90 contas em osso, pertencentes a um Rosário. As escavações revelaram também dois canais para escoamento de águas talhadas na rocha base, um na zona de entrada da capela; o melhor conservado exibia ainda parte da sua estrutura em pedra miúda tal como da sua cobertura de lajes calcárias. Sob o altar identificou-se uma fiada de pedras aparelhadas de grandes dimensões, assentes sobre roço aberto na rocha. A cerca de 3m da porta axial, as escavações puseram a descoberto estruturas da antiga porta de Portugal, correspondendo a dois monólitos de calcário, com cerca de 90cm x 80cm e cerca de 60cm de altura, cravados no substrato geológico, com dois entalhes retangulares, onde duas meias portas de madeira giravam sobre um eixo, que tem 20cm de diâmetro; entre eles identificou-se uma pedra de soleira, talhada num único bloco calcário, medindo cerca de 2m de comprimento, 60cm de largura e 30cm de espessura, apresentando também vários entalhes quadrangulares destinados às trancas. A cerca de 3,5m existem ainda dois buracos de poste quadrangulares e paralelos, distando aproximadamente entre si a mesma medida da estrutura pétrea, sugerindo a existência de um alpendre ou toldo situado em frente da porta (LUZIA: 2010, p. 432).

Autor e Data

Paula Noé 2019

Actualização

 
 
 
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