Convento de São Domingos do Porto / Edifício Douro

IPA.00005515
Portugal, Porto, Porto, União das freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória
 
Edifício de origem conventual, profundamente alterado ao longo dos tempos, e adaptado a novas funções desde o séc. 19. Apresenta planta retangular com alçados do primeiro piso e mezzanino em alvenaria rebocada, de grande simetria e regular abertura de vãos. Embasamento de cantaria aparente.
Número IPA Antigo: PT011312130189
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem de São Domingos - Dominicanos

Descrição

Edifício de planta retangular alongada, de dois pisos, um mezzanino e um semienterrado. Volume simples e cobertura em telhado de quatro águas. Fachada principal orientada a N. com cornija subdividindo o primeiro piso e mezzanino, todo em cantaria, do segundo em alvenaria rebocada e pintada de branco, ritmada por pilastras, que nos cunhais são duplas, em bases avançadas que acompanham o desnível do terreno. Primeiro piso com arcada de arcos de volta perfeita, tendo interiormente mais recuado portal de verga reta e cornija saliente encimado por janelas engradadas de duas folhas e cornija curva superior. Segundo piso com três janelas de guilhotina e nos extremos janelas de sacada, todas com verga curva, moldura recortada e cornija curva criando espaço entre ambos. Ao centro tem no 1º piso arco pleno com portão gradeado, sobrepujado por janela de sacada, que apresenta na cartela a data de "1835" e a palavra "Douro". Coroa a fachada cornija e balaustrada constituída por balaústres e acrotérios. Ao centro, pequeno espaldar ligeiramente elevado, decorado com elementos circulares relevados. Alçados laterais semelhantes, com primeiro piso em cantaria, rasgado por amplos vãos de verga reta e bandeira curva engradada, encimados por janelas de duas folhas, a central de sacada, com moldura recortada e cornija curva. A fachada O. tem também mezzanino. Interior marcado por uma caixa de escadas localizada junto ao limite S. do edifício, no eixo da entrada principal. A partir desta entrada uma larga escadaria de tiro, remata num patamar e bifurca para cada lado numa escada com patamar até um corredor de distribuição para diferentes salas com exposições temporárias. Sobre este corredor um lanternim. O vão do telhado é também utilizado.

Acessos

Largo de São Domingos, nºs 19 (porta principal), 16, 17, 17ª, 18, 20, 21, 22, Rua de Belomonte, Rua de Sousa Viterbo, Rua de Ferreira Borges

Protecção

Incluído no Centro Histórico da Cidade do Porto (v. PT011312140163)

Enquadramento

Urbano, adossado, de gaveto com a Rua de Sousa Viterbo e a Rua de Ferreira Borges. Edifício de três frentes flanqueado por prédios destas ruas, sendo a única parte que resta do antigo Convento de São Domingos. Implantado em pleno Centro Histórico, em integração harmónica com o edificado envolvente, constitui a totalidade do extremo N. do quarteirão, delimitado a O. pela Rua de Ferreira Borges, a E. pela Rua de Sousa Viterbo e a N. pelo Largo de São Domingos. No mesmo quarteirão, a S. encontra-se o Mercado de Ferreira Borges (v.PT011312130055).

Descrição Complementar

O espaço onde se localiza um elevador deixa perceber pelas grossas paredes envolventes que terá existido um espaço exterior de forma quadrada.

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Cultural e recreativa: centro de exposições / Comercial: loja / Comercial: estabelecimento de restauração

Propriedade

Privada: Fundação

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19 / 21

Arquitecto / Construtor / Autor

MESTRE DE OBRAS: Manuel Francisco Maia (1935)

Cronologia

1238 - Fundação do Convento de São Domingos com a invocação de Convento de Nossa Senhora dos Fiéis de Deus, o terceiro que a Ordem fundou em Portugal; 1239 / 1245 - construção do convento, com o apoio financeiro do povo da cidade do Porto; 1357 - um violento incêndio destrói o convento por completo, sobrando apenas algumas paredes da igreja; 1375 - início da construção gótica do convento; 1380 - até esta data eram aqui ministrados cursos de teologia; 1523 - um outro incêndio destruiu os dormitórios dos frades; 1617 - reconstrução dos dormitórios a sul; 1676 - instalação da ordem terceira; 1686 - inauguração de capela própria dos irmãos terceiros junto à igreja dos frades; 1712 - ampliação a norte que ocupou parte do largo de S. Domingos; 1721 / 1722 - construção de nichos no claustro; 1733 - colocação dos azulejos retirados da igreja, no claustro; 1724 / 1725 - remodelação da igreja; 1734 - reforma barroca na capela-mor; 1755, 4 de Maio - a bula de Bento XIV extingue a ordem terceira de S. Domingos, por causa das disputas entre os religiosos e os terceiros; Novembro - o designado "terramoto de Lisboa" também afetou seriamente o convento, arruinando a igreja que necessitou de ser totalmente reconstruída*1; 1777 - incêndio causa mais uma vez grandes estragos na igreja conventual; 1788 - segundo o padre Agostinho Rebelo da Costa, existiam nesta data 40 frades dominicanos no convento; 1821 - foi realizado um inventário geral de todos os conventos do país, a mando das Cortes Constituintes, verificando-se nesta data que apenas ali residiam 14 frades e dois conversos, tendo como prior Frei Joaquim José de Santa Gertrudes Escadinha; 1825 - instalou-se no edifício a Caixa Filial do Banco de Lisboa, que mais tarde deu origem ao Banco de Portugal, por contrato de arrendamento estabelecido com os frades; 1832, 30 de Outubro - os comissários régios fizeram o inventário de tudo quanto havia no convento; 28 de Novembro - os combates travados entre as tropas miguelistas que cercavam a cidade do Porto, reduziram ainda mais o património existente, provocando um incêndio que destruiu quase por completo o que ainda restava do convento de São Domingos, ficando de pé pouco mais do que a fachada voltada para o largo de São Domingos; 1834 - extinção das ordens religiosas e incorporação do convento nos bens nacionais; instalação da Caixa Filial do Banco de Portugal na parte norte do convento, que escapou ao incêndio; 1935 - demolição da igreja com a abertura da Rua de Ferreira Borges; 1840 - a parte principal da cerca do Convento é cedida para construção do Mercado de Ferreira Borges; 1865 - o Banco de Portugal adquiriu à Fazenda Pública a totalidade do edifício quando as propriedades pertencentes ao extinto convento foram colocadas em hasta pública; a fonte que existia na sacristia, foi colocada no jardim de São Lázaro; 1872 - abertura da Rua de Sousa Viterbo e Rua de Mouzinho da Silveira; 1934 - a filial do Banco de Portugal transferiu-se para o novo centro da cidade, para a Praça da Liberdade; 1934 - o edifício acolheu a extinta companhia de Seguros Douro, de onde advém o nome por que ficou conhecido; 1975 - a Companhia de Seguros Douro é nesta data nacionalizada, dando mais tarde origem à Aliança Seguradora e esta posteriormente vendida à Axa Seguros; 1989 - a companhia de seguros deixa o edifício, que fica encerrado até 2001; 2001 - o edifício foi adquirido pela Fundação da Juventude do Porto, que inicia as obras de recuperação e adaptação do edifício a novos usos.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Paredes exteriores de alvenaria de granito rebocado pelo exterior e/ou em cantaria de granito aparente; cobertura em estrutura de madeira revestida a telha de barro; pavimentos em soalho e / ou em mosaico; tectos em estuque; caixilharias de janelas e portas em madeira; janelas com vidro simples; portão, grades e guardas das varandas em ferro; escadas recentes com vigas estruturais metálicas.

Bibliografia

LEAL, Pinho, Portugal Antigo e Moderno, Vol. 7, Lisboa, 1880; MARÇAL, Horácio, O Lg. de S. Domingos I, II, III, O Tripeiro, Série Nova, Ano IX, Porto; PEREIRA, Ana Cristina, Conventos do Porto, descontinuidades, transformações e reutilização. Dissertação de Mestrado. MIPA. FAUP, Outubro de 2007; Porto a Património Mundial, Porto, 1993; Jornal de Notícias, 12-11-1995; http://estudosop2.wordpress.com/category/conventos/s-domingos-no-porto, 9 de Junho de 2009.

Documentação Gráfica

CMP-AH

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA, DGEMN /DSID

Documentação Administrativa

CMP-AH

Intervenção Realizada

1617 - Reconstrução do dormitório a sul; 1677 - Obras no claustro; 1712 - ampliacão; 1724 - remodelação da igreja; 1734 - reforma da capela-mor; SÉC. 18 - remodelação da igreja; 1913 - obras diversas de manutenção; Séc. 20 (anos 20/30) - obras de beneficiação e adaptação do espaço interior a banco; 1935, Julho - obras gerais de reparação e conservação; 2001/2009 - obras profundas de recuperação e adaptação a novos usos.

Observações

*1 - "A velha igreja conventual, com orientação nascente / poente, era constituída por três naves "sendo a do meio mais elevada, iluminava o interior com o seu clerestório", divididas em quatro tramos, por arcos ogivais assentes em pilares "sem bases, subindo lisos até aos capitéis" distanciados uns dos outros de 5,73m. "O comprimento tomado desde o cruzeiro à fachada principal não ultrapassava os 27,28m, e de largura de parede a parede 16,50m"". "Junto à igreja d'este convento, havia uma ermida antiquíssima, para a qual se subia por uma escadaria muito íngreme e de muitos degraus, e suppõe o chronista, ser esta a igreja que o bispo D. Pedro offerecia aos frades, na mensagem que mandou ao capitulo de Lugo, e n'aquella ermida, ou igreja velha, existiu muitos annos uma confraria, que n'ella instituiram os mercadores da cidade, por contrato feito com os frades, em 1556". A cabeceira da igreja de São Domingos, com capela axial e absidiolos, era semelhante com a de São Francisco. O claustro, localizado a sul da igreja, tinha onze nichos abertos nas paredes, quatro na parte do dormitório, dois do lado do refeitório, quatro na parede que dava para a igreja e um junto ao capítulo, todos de pedra lavrada, com postas de castanho pintadas e dentro deles os passos da via-sacra. Por cima da casa do Capítulo ficava um dormitório com três janelas para a rua das Congostas, uma sala grande, com duas janelas, uma para nascente e outra para norte, uma sala grande com duas janelas para a rua das Congostas, protegidas por grades de madeira e quatro alcovas com quatro camas para servir de casa de hospedaria. A sul ficava o dormitório grande, comunicando com o outro através de um arco. Tinhas dois andares de celas, ocupando os priores o de baixo.

Autor e Data

Isabel Sereno 1996 / Ana Filipe 2011

Actualização

 
 
 
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