Convento de São Domingos do Porto / Edifício Douro
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Portugal, Porto, Porto, União das freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória |
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Edifício de origem conventual, profundamente alterado ao longo dos tempos, e adaptado a novas funções desde o séc. 19. Apresenta planta retangular com alçados do primeiro piso e mezzanino em alvenaria rebocada, de grande simetria e regular abertura de vãos. Embasamento de cantaria aparente. |
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Número IPA Antigo: PT011312130189 |
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Registo visualizado 1249 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Convento / Mosteiro Convento masculino Ordem de São Domingos - Dominicanos
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Descrição
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Edifício de planta retangular alongada, de dois pisos, um mezzanino e um semienterrado. Volume simples e cobertura em telhado de quatro águas. Fachada principal orientada a N. com cornija subdividindo o primeiro piso e mezzanino, todo em cantaria, do segundo em alvenaria rebocada e pintada de branco, ritmada por pilastras, que nos cunhais são duplas, em bases avançadas que acompanham o desnível do terreno. Primeiro piso com arcada de arcos de volta perfeita, tendo interiormente mais recuado portal de verga reta e cornija saliente encimado por janelas engradadas de duas folhas e cornija curva superior. Segundo piso com três janelas de guilhotina e nos extremos janelas de sacada, todas com verga curva, moldura recortada e cornija curva criando espaço entre ambos. Ao centro tem no 1º piso arco pleno com portão gradeado, sobrepujado por janela de sacada, que apresenta na cartela a data de "1835" e a palavra "Douro". Coroa a fachada cornija e balaustrada constituída por balaústres e acrotérios. Ao centro, pequeno espaldar ligeiramente elevado, decorado com elementos circulares relevados. Alçados laterais semelhantes, com primeiro piso em cantaria, rasgado por amplos vãos de verga reta e bandeira curva engradada, encimados por janelas de duas folhas, a central de sacada, com moldura recortada e cornija curva. A fachada O. tem também mezzanino. Interior marcado por uma caixa de escadas localizada junto ao limite S. do edifício, no eixo da entrada principal. A partir desta entrada uma larga escadaria de tiro, remata num patamar e bifurca para cada lado numa escada com patamar até um corredor de distribuição para diferentes salas com exposições temporárias. Sobre este corredor um lanternim. O vão do telhado é também utilizado. |
Acessos
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Largo de São Domingos, nºs 19 (porta principal), 16, 17, 17ª, 18, 20, 21, 22, Rua de Belomonte, Rua de Sousa Viterbo, Rua de Ferreira Borges |
Protecção
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Incluído no Centro Histórico da Cidade do Porto (v. PT011312140163) |
Enquadramento
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Urbano, adossado, de gaveto com a Rua de Sousa Viterbo e a Rua de Ferreira Borges. Edifício de três frentes flanqueado por prédios destas ruas, sendo a única parte que resta do antigo Convento de São Domingos. Implantado em pleno Centro Histórico, em integração harmónica com o edificado envolvente, constitui a totalidade do extremo N. do quarteirão, delimitado a O. pela Rua de Ferreira Borges, a E. pela Rua de Sousa Viterbo e a N. pelo Largo de São Domingos. No mesmo quarteirão, a S. encontra-se o Mercado de Ferreira Borges (v.PT011312130055). |
Descrição Complementar
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O espaço onde se localiza um elevador deixa perceber pelas grossas paredes envolventes que terá existido um espaço exterior de forma quadrada. |
Utilização Inicial
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Religiosa: convento masculino |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: centro de exposições / Comercial: loja / Comercial: estabelecimento de restauração |
Propriedade
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Privada: Fundação |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 19 / 21 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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MESTRE DE OBRAS: Manuel Francisco Maia (1935) |
Cronologia
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1238 - Fundação do Convento de São Domingos com a invocação de Convento de Nossa Senhora dos Fiéis de Deus, o terceiro que a Ordem fundou em Portugal; 1239 / 1245 - construção do convento, com o apoio financeiro do povo da cidade do Porto; 1357 - um violento incêndio destrói o convento por completo, sobrando apenas algumas paredes da igreja; 1375 - início da construção gótica do convento; 1380 - até esta data eram aqui ministrados cursos de teologia; 1523 - um outro incêndio destruiu os dormitórios dos frades; 1617 - reconstrução dos dormitórios a sul; 1676 - instalação da ordem terceira; 1686 - inauguração de capela própria dos irmãos terceiros junto à igreja dos frades; 1712 - ampliação a norte que ocupou parte do largo de S. Domingos; 1721 / 1722 - construção de nichos no claustro; 1733 - colocação dos azulejos retirados da igreja, no claustro; 1724 / 1725 - remodelação da igreja; 1734 - reforma barroca na capela-mor; 1755, 4 de Maio - a bula de Bento XIV extingue a ordem terceira de S. Domingos, por causa das disputas entre os religiosos e os terceiros; Novembro - o designado "terramoto de Lisboa" também afetou seriamente o convento, arruinando a igreja que necessitou de ser totalmente reconstruída*1; 1777 - incêndio causa mais uma vez grandes estragos na igreja conventual; 1788 - segundo o padre Agostinho Rebelo da Costa, existiam nesta data 40 frades dominicanos no convento; 1821 - foi realizado um inventário geral de todos os conventos do país, a mando das Cortes Constituintes, verificando-se nesta data que apenas ali residiam 14 frades e dois conversos, tendo como prior Frei Joaquim José de Santa Gertrudes Escadinha; 1825 - instalou-se no edifício a Caixa Filial do Banco de Lisboa, que mais tarde deu origem ao Banco de Portugal, por contrato de arrendamento estabelecido com os frades; 1832, 30 de Outubro - os comissários régios fizeram o inventário de tudo quanto havia no convento; 28 de Novembro - os combates travados entre as tropas miguelistas que cercavam a cidade do Porto, reduziram ainda mais o património existente, provocando um incêndio que destruiu quase por completo o que ainda restava do convento de São Domingos, ficando de pé pouco mais do que a fachada voltada para o largo de São Domingos; 1834 - extinção das ordens religiosas e incorporação do convento nos bens nacionais; instalação da Caixa Filial do Banco de Portugal na parte norte do convento, que escapou ao incêndio; 1935 - demolição da igreja com a abertura da Rua de Ferreira Borges; 1840 - a parte principal da cerca do Convento é cedida para construção do Mercado de Ferreira Borges; 1865 - o Banco de Portugal adquiriu à Fazenda Pública a totalidade do edifício quando as propriedades pertencentes ao extinto convento foram colocadas em hasta pública; a fonte que existia na sacristia, foi colocada no jardim de São Lázaro; 1872 - abertura da Rua de Sousa Viterbo e Rua de Mouzinho da Silveira; 1934 - a filial do Banco de Portugal transferiu-se para o novo centro da cidade, para a Praça da Liberdade; 1934 - o edifício acolheu a extinta companhia de Seguros Douro, de onde advém o nome por que ficou conhecido; 1975 - a Companhia de Seguros Douro é nesta data nacionalizada, dando mais tarde origem à Aliança Seguradora e esta posteriormente vendida à Axa Seguros; 1989 - a companhia de seguros deixa o edifício, que fica encerrado até 2001; 2001 - o edifício foi adquirido pela Fundação da Juventude do Porto, que inicia as obras de recuperação e adaptação do edifício a novos usos. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Paredes exteriores de alvenaria de granito rebocado pelo exterior e/ou em cantaria de granito aparente; cobertura em estrutura de madeira revestida a telha de barro; pavimentos em soalho e / ou em mosaico; tectos em estuque; caixilharias de janelas e portas em madeira; janelas com vidro simples; portão, grades e guardas das varandas em ferro; escadas recentes com vigas estruturais metálicas. |
Bibliografia
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LEAL, Pinho, Portugal Antigo e Moderno, Vol. 7, Lisboa, 1880; MARÇAL, Horácio, O Lg. de S. Domingos I, II, III, O Tripeiro, Série Nova, Ano IX, Porto; PEREIRA, Ana Cristina, Conventos do Porto, descontinuidades, transformações e reutilização. Dissertação de Mestrado. MIPA. FAUP, Outubro de 2007; Porto a Património Mundial, Porto, 1993; Jornal de Notícias, 12-11-1995; http://estudosop2.wordpress.com/category/conventos/s-domingos-no-porto, 9 de Junho de 2009. |
Documentação Gráfica
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CMP-AH |
Documentação Fotográfica
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IHRU: SIPA, DGEMN /DSID |
Documentação Administrativa
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CMP-AH |
Intervenção Realizada
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1617 - Reconstrução do dormitório a sul; 1677 - Obras no claustro; 1712 - ampliacão; 1724 - remodelação da igreja; 1734 - reforma da capela-mor; SÉC. 18 - remodelação da igreja; 1913 - obras diversas de manutenção; Séc. 20 (anos 20/30) - obras de beneficiação e adaptação do espaço interior a banco; 1935, Julho - obras gerais de reparação e conservação; 2001/2009 - obras profundas de recuperação e adaptação a novos usos. |
Observações
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*1 - "A velha igreja conventual, com orientação nascente / poente, era constituída por três naves "sendo a do meio mais elevada, iluminava o interior com o seu clerestório", divididas em quatro tramos, por arcos ogivais assentes em pilares "sem bases, subindo lisos até aos capitéis" distanciados uns dos outros de 5,73m. "O comprimento tomado desde o cruzeiro à fachada principal não ultrapassava os 27,28m, e de largura de parede a parede 16,50m"". "Junto à igreja d'este convento, havia uma ermida antiquíssima, para a qual se subia por uma escadaria muito íngreme e de muitos degraus, e suppõe o chronista, ser esta a igreja que o bispo D. Pedro offerecia aos frades, na mensagem que mandou ao capitulo de Lugo, e n'aquella ermida, ou igreja velha, existiu muitos annos uma confraria, que n'ella instituiram os mercadores da cidade, por contrato feito com os frades, em 1556". A cabeceira da igreja de São Domingos, com capela axial e absidiolos, era semelhante com a de São Francisco. O claustro, localizado a sul da igreja, tinha onze nichos abertos nas paredes, quatro na parte do dormitório, dois do lado do refeitório, quatro na parede que dava para a igreja e um junto ao capítulo, todos de pedra lavrada, com postas de castanho pintadas e dentro deles os passos da via-sacra. Por cima da casa do Capítulo ficava um dormitório com três janelas para a rua das Congostas, uma sala grande, com duas janelas, uma para nascente e outra para norte, uma sala grande com duas janelas para a rua das Congostas, protegidas por grades de madeira e quatro alcovas com quatro camas para servir de casa de hospedaria. A sul ficava o dormitório grande, comunicando com o outro através de um arco. Tinhas dois andares de celas, ocupando os priores o de baixo. |
Autor e Data
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Isabel Sereno 1996 / Ana Filipe 2011 |
Actualização
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