Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Azurara

IPA.00005390
Portugal, Porto, Vila do Conde, Azurara
 
Igreja da misericórdia de planta longitudinal e nave única com fachada principal terminada em frontão triangular. Sala rectangular alongada, com tecto estucado com sancas e medalhão central, antecedida por uma pequena saleta sobreposta à sacristia e portaria. Sineira encimando corpo que se adossa à fachada principal.
Número IPA Antigo: PT011316040029
 
Registo visualizado 463 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja de confraria / irmandade  Misericórdia

Descrição

Planta longitudinal composta por nave e capela-mor rectangulares, corpo da torre que se prolonga pela nave a N. e corpo mais baixo a S.. Volumes articulados na horizontalidade. Cobertura diferenciada em telhados de duas águas. A fachada principal orientada a E. com marcação de embasamento não proeminente, é composta de um só pano revestido a azulejos recentes policromos; portal de arco de volta perfeita, sendo a moldura de granito, marcada por pilastras e arquitrave, sobrepujado por um janelão com janela de guilhotina. A fachada é rematada por frontão triangular, com pedra de armas no tímpano e as pilastras dos cunhais são sobrepujadas, ao nível do telhado, por pináculos. O corpo que é encimado por torre sineira, também revestido a azulejos, apresenta porta, com moldura de granito, em arco abatido e sobre a qual se ergue um estandarte. Uma janela também de guilhotina, apresenta-se ao nível do segundo piso. O corpo a S. apresenta-se de um só piso, sem vão de iluminação e com porta. CASA DO DESPACHO *2: Salão soalhado, de planta rectangular. A fachada principal do corpo da Sala do Despacho adossada à Igreja, revestida a azulejos padrão e encimada por um espaldar da sineira de recorte ondulado, apresenta uma porta de verga curva sobre a qual se ergue um estandarte. Entre a sineira e o portal, uma janela emoldurada de verga curva com caixilho de guilhotina. No INTERIOR, tecto plano estucado com sancas e medalhão central. As paredes que o delimitam apresentam em cada topo uma abertura: uma janela de guilhotina e uma porta de duas folhas. Contígua a esta porta uma sala iluminada por uma outra janela de guilhotina apresenta uma grande cómoda D.João V. Na extremidade da sala de sessões, uma mesa comprida forrada a tecido. Por trás a ladear a janela central, duas estantes, Arquivo da Misericórdia. As paredes laterais apresentam uma sequência de quadros, com retratos dos benfeitores. Em toda a extensão da sala distribuem-se cadeiras espaldar com corredor ao centro.

Acessos

Rua Dr. Américo Silva *1, Calçada da Misericórdia

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, meia-encosta, no núcleo antigo de Azurara. É flanqueada a S. por corpo anexo, integrante do conjunto. A sala das Sessões insere-se no segundo piso do corpo adossado à fachada lateral da nave da Igreja da Misericórdia. No piso inferior, situa-se a sacristia e um espaço de recepção. Anexo ao corpo da sala do despacho, existe um terreno que faz gaveto com a Calçada da Misericórdia. Nas proximidades situa-se o antigo Hospital de S. João Evangelista.

Descrição Complementar

Numa das paredes do Salão Nobre, entre os vários quadros com os retratos dos benfeitores, destacam-se dois de Joaquim Monteiro Tinoco, num deles lê-se a data de "1849" e no outro, o retratado com um manuscrito na mão que refere ser um testamento, está a apontar para uma janela onde se vê a fachada do edifício do Hospital de São João Evangelista.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja de confraria / irmandade

Utilização Actual

Religiosa: igreja de confraria / irmandade

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18 (conjectural)

Arquitecto / Construtor / Autor

ENSAMBLADOR: Domingos Coelho (1705). ENTALHADOR: Francisco Machado (1724).

Cronologia

1385 - D. João I concede Azurara ao Porto; 1499 - D. Manuel, através de carta régia concede licença para instituir a sua Misericórdia; 1577, 30 Julho - é concedido novo foral por D. Sebastião tendo escolhido para sede a Capela da Confraria de Nosso Senhor dos Passos; 1566 - instituída através de alvará a Misericórdia de Azurara; construção da Igreja da Misericórdia sobre a antiga capela; 1572 / 1573 - foi pago o trabalho do retábulo; 1574 / 1575 - foi paga a pintura da bandeira; 1578 / 1579 - fez-se o campanário para o sino; 1580(?) - foi pago o retábulo do Espírito Santo; 1582 / 1583 - foram pagos os órgãos; 1593 / 1660 - o piloto Francisco Vila-Chã custeia a construção da capela-mor; 1604 - data da construção da capela-mor; séc. 17 / 18 - provável construção da Casa do Despacho; 1612, 30 Março - estatutos do compromisso confirmados por alvará régio; 1642 - foi instituída a Confraria dos Clérigos de Nossa Senhora da Misericórdia pelos Clérigos da Maia, Azurara, Vila do Conde e Marinha; 1661, 16 Maio - confraria confirmada por alvará régio; 1673 /1675 - obras diversas de reconstrução da igreja executadas pelo mestre Francisco Lourenço; 1684, 25 Maio - foi benzida na Igreja a imagem de Santo António pelo Pe. Luís Correia de Vasconcelos; 1698 - licença para se benzer e colocar na Igreja a imagem do Senhor Ecce Homo; séc. 17 / 18 - provável construção da Sala do Despacho; 1705 - feitura das grades em madeira de jacarandá para a igreja pelo ensamblador Domingos Coelho, por 110$000;1717 - foi mandada fazer de novo a Capela do Senhor pelo Provedor António Ferreira do Avelar; 1724 - 1725 - Francisco Machado entalha o retábulo-mor por 130$000, posteriormente substituído; 1758, 19 Abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco Tomé Lopes Negrão, é referido que a Misericórdia, com origem na IRmandade dos Passos, tem de renda 200$000; 1774 - obras diversas na Igreja, alvenaria feita por José da Costa Coelho e pelo carpinteiro Manuel Tomé; 1792 - é extinta a Confraria dos Clérigos da Maia, Azurara, Vila do Conde e Marinhas e a Misericórdia recebe os seus bens; 1814 - reconstrução e ampliação da capela-mor *4; 1820 - autonomia municipal de Azurara; 1836, 6 Novembro - Azurara deixa de ser sede de concelho e é incorporada em Vila do Conde; 1855, 16 Setembro - inauguração do Hospital São João Evangelista da Misericórdia sendo seu fundador o major de milícias João Ferreira Tinoco *5; 1862 / 1863 - pagamento do relógio de sala a Marcellino Gomes; séc. 20 - revestimento da fachada principal a azulejos; 1956 - é inaugurada pelo Governador Civil do Porto, a Sopa diária aos pobres da freguesia; 1957 - a Mesa da Misericórdia construiu três casas no terreno do hospital para rendimento e aumento da Sopa dos Pobres; 1959, 10 Dezembro - no 1º piso do extinto hospital é inaugurada Cantina Escolar, benzida pelo pároco, Pe. Serafim das Neves; 2000, 19 Dezembro - Despacho de abertura do processo de instrução relativo à eventual classificação do imóvel; 2009, 23 outubro - caduca o processo de classificação conforme o Artigo n.º 78 do Decreto-Lei n.º 309/2009, DR, 1.ª série, n.º 206, alterado pelo Decreto-Lei n.º 265/2012, DR, 1.ª série, n.º 251 de 28 dezembro 2012, que faz caducar os procedimentos que não se encontrem em fase de consulta pública.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Paredes laterais em granito aparente e rebocadas; paredes interiores rebocadas; tecto estucado; pavimento em soalho de madeira envernizada; escadaria em granito; portas em madeira pintadas; cobertura revestida a telha; azulejo; telhado; vidro; madeira; ferro.

Bibliografia

ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa 1988; AZEVEDO, Pe. Agostinho de, A Terra da Maia, 1939; BRANDÃO, Domingos de Pinho - Obra de talha dourada, ensamblagem e pintura na cidade e na Diocese do Porto - Documentação. Porto: Diocese do Porto, 1985, vol. II; CAPELA, José Viriato, MATOS, Henrique e BORRALHEIRO, Rogério, As freguesias do Distrito do Porto nas Memórias Paroquiais de 1758 - Memórias, História e Património, Braga, Universidade do Minho, 2000; COSTA, P. António Carvalho da, Corografia Portuguesa, 1706; DACIANO, Bertino, FREITAS, Eugénio, NEVES, Serafim, Azurara, Subsídios para a sua monografia, Porto, 1948; FERREIRA, Pe. J. Augusto, Vila do Conde e o seu Alfoz, Porto 1923; FREITAS, E. de A. da Cunha e GUIMARÃES, Bertino Daciano, Subsídios para uma monografia de Vila do Conde, Porto, 1953; FREITAS, Eugénio de Andrêa da Cunha e - Talha e azulejos da primeira metade do século XVIII em Azurara (Vila do Conde). Separata da Revista Bracara Augusta. Braga: 1973, vol. XXVII, fasc. 63 (75); FREITAS, Eugénio Cunha e, Vila do Conde. Azurara, Vila do Conde 1999; LIMA, Maria João Pires de, Recenseamento dos arquivos locais, Câmaras municipais e Misericórdias. Vol 2. Distrito do Porto, 1996; Vila do Conde Espraiada Entre Pinhais, Rio e Mar, Paços de Ferreira, 1997; MIRANDA, Marta, Cidades e Vilas de Portugal. Vila do Conde, Lisboa 1998; NEVES, Pe. Serafim Gonçalves, Azurara, Vila do Conde, Breve Notícia histórica e etnográfica, Azurara 1965; NEVES, Serafim Gonçalves das, Azurara (Santa Maria), 1968; NEVES, Joaquim Pacheco, Vila do Conde, 1991; Património Artístico e Arqueológico Classificado, Lisboa 1993.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

SCMA: AH

Intervenção Realizada

SCMA: 1963 - Recuperação do tecto da Igreja; 1982/ 83 - Substituição da estrutura em madeira do pavimento do corpo da Sala de Sessões por laje aligeirada de betão, rebocos, soalhos e instalação eléctrica (obras acompanhadas por técnicos da Câmara M. de Vila do Conde); 1995 - Substituição da madeira entre os taburnos no pavimento da Igreja e execução de novos bancos.

Observações

No interior da igreja, encontra-se a jazida do piloto Francisco Vila-Chã que custeou a construção da capela-mor e a do capitão Manuel Nauzinha (1593 - 1660); *1 - antiga R. Direita; *2 - conhecido também por Salão Nobre, onde se fazem as reuniões de Mesa e Assembleias-gerais; *4 - pelos documentos existentes no arquivo, julga-se que o trabalho de execução da imagem do Senhor Morto pelo escultor portuense José João da Costa Fajardo foi na 1ª metade do séc. 19; *5 - no arquivo da misericórdia consta a existência de um outro hospital anterior.

Autor e Data

Isabel Sereno e Elvira Rebelo 1997 / Isabel Sereno 2000

Actualização

 
 
 
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