Capela da Santa Casa da Misericórdia de Cantanhede

IPA.00005221
Portugal, Coimbra, Cantanhede, União das freguesias de Cantanhede e Pocariça
 
Arquitectura religiosa, maneirista. Antiga Igreja de Misericórdia, seguindo a tipologia mais comum no distrito, apesar de profundamente descaracterizada, possuindo planta longitudinal composta, com fachada principal terminada em tabela, e rasgada por portal de verga recta entre colunas jónicas, janela e nicho com imagem da Virgem, tendo ainda brasão nacional. À fachada lateral direita adossava-se sacristia e Casa do Despacho.
Número IPA Antigo: PT020602040019
 
Registo visualizado 155 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja de Confraria / Irmandade  Misericórdia

Descrição

Planta longitudinal simples, com cobertura homogénea em telhado de duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco e embasamento a azul celeste, com cunhais apilastrados, igualmente pintados, e percorridas, sensivelmente a meio, por friso, também pintado. Fachada principal virada a O., terminada em cornija de estuque sobreposta por empena escalonada, de linhas rectilíneas delimitada por friso recto e, no topo, coroada por cornija de perfil borromínico, encimada por estrela. Portal de verga recta com moldura ornada de vários frisos, enquadrado por colunas de capitel jónico, assentes em plintos paralelepipédicos, suportando duplo friso e cornija recta. Sobre o portal, surge grande placa luminosa, azul, com a inscrição "FIAT Castro & Castanheira". Fachadas laterais terminadas em friso e cornija de estuque sobrepujadas por beiral; a lateral esquerda é rasgada por duas amplas portas no primeiro piso, ambas com friso percorrendo as molduras de cantaria, uma delas transformada em vitrine, e, no segundo, por três janelas de peitoril, descentradas, de molduras simples e com bandeira. Fachada lateral direita, tendo a primeira metade pintada de branco e a outra, com vestígios de antiga pintura, marcada por três arcos de volta perfeita sobre pilastras ao nível do segundo piso, cegos, rasgados por janelas de peitoril colocados a diferentes alturas no interior dos vãos. INTERIOR descaracterizado, com primeiro piso de espaço amplo, com paredes pintadas de branco e com alto silhar de mármore, tendo ao topo balcão de atendimento, enquadrado por duas portas. Tecto plano de estuque.

Acessos

Praça Marquês de Marialva, nº 8

Protecção

Incluído na Zona de Protecção da Igreja Matriz (v. PT020602040004)

Enquadramento

Urbano, adossado. Ergue-se com a fachada principal virada a ampla praça, com zona frontal bastante espaçosa, pavimentada a calçada à portuguesa com guias largas de cimento formando quadrícula, correspondendo a uma confluência de duas ruas que circundam o imóvel. A fachada lateral direita possui muro e gradeamento separador, protegendo pequeno jardim, abandonado. A fachada posterior adossa-se a outra construção com a mesma cércea. Na proximidade, erguem-se os Paços do Concelho, antigo palácio dos Donatários da vila (v. PT020602040010).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: igreja de confraria / irmandade

Utilização Actual

Comercial: loja

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1521 - Data apontada por Costa Goodolphim para a fundação da Misericórdia, mas que parece não ter fundamento; 1527 - já existia em Cantanhede uma capela e hospital, sujeitos a uma vinculação de bens, que não podiam ser alienados pelos herdeiros dos primitivos instituidores; a sua renda tinha de ser aplicada na execução de encargos pios, de missas e outros sufrágios, por intenção da alma do instituidor, e ainda para agasalhar os pobres, dando-lhes camas, leite e azeite; pertencia à Coroa a faculdade de instituir o administrador da capela; 1573, 3 Agosto - alvará de D. Sebastião à Confraria da Misericórdia de Cantanhede, "que se ora novamente ordenou", outorgando ao provedor, Irmãos e demais oficiais os privilégios que são concedidos aos oficiais das outras confrarias da Misericórdia do reino; data inscrita no arco triunfal; o seu Provedor foi quase sempre dos Senhores de Cantanhede, sendo o 1º Gonçalo Teles de Meneses, e a Mesa administrativa era eleita anualmente; 1577, 19 Março - provisão do Bispo Conde D. Manuel de Meneses autorizando a celebração da primeira missa, conforme documento existente no livro das Provisões; 1674 - Mesa decide solicitar a D. Afonso VI a administração de uma capela e hospital que havia na vila e que estava vaga por morte de António Fernandes Semide; 6 Maio - carta de mercê de D. Afonso VI da capela e hospital, devendo o Provedor da Comarca de Coimbra tomar anualmente conta dos recebimentos dos mesmos e mandar dizer missas de sua obrigação, as 200 em cada ano e 40 para satisfação das que estavam atrasadas, até se dizerem todas; o que sobrar devia ser depositado para reedificar a capela e hospital e para haver nele hospitaleira, lenha, azeite e camas para os pobres; 1721 - segundo as "Informações Paroquiais da Diocese de Coimbra", o Pe. Manuel Mendes Ribeiro diz existir na vila Casa da Misericórdia, tendo um letreiro com a data de 1573 no arco da capela-mor, do lado direito, e hospital, o qual foi instituído por Heitor Roiz em data desconhecida; nesta data, o hospital era administrado pela Misericórdia; 1773, 17 Julho - o 4º Marquês de Marialva, estribeiro-mor, escreve à Irmandade da Misericórdia de Cantanhede referindo que sempre teve como intenção continuar a ter naquela Misericórdia o lugar de Provedor perpétuo, "assim como tiverão os meus predecessores Senhores Donatários dessa villa"; 1775 a 1780 - foi escrivão da Misericórdia o Dr. João Henriques de Castro, sendo substituído, temporariamente, em 1780, por José de Sá Pereira; 1788 - o Provedor pede que se passe Provisão para o Dr. Manuel José Colaço, Ouvidor em Cantanhede de proceder à medição, demarcação e tombo de todos os bens da Misericórdia, cujos bens se achavam confusos; 2 Junho - manda-se passar a Provisão; séc. 18, 2ª metade - reforma da fachada principal, com introdução do novo janelão sobre o portal, execução do remate em tabela com aletas e colocação dos pináculos; construção da torre sineira; 1808, 18 Outubro - alvará do Príncipe-Regente D. João determinado que todas as Misericórdias das cidades e vilas do Reino e seus domínios eram obrigadas a guiar-se pelo Compromisso de Lisboa; 1814, 21 Junho - despacho favorável a um novo requerimento da Misericórdia para concluir o tombo dos bens da Misericórdia; 1821 - a Misericórdia tinha de rendimentos 130$000 rs, sendo 110$000 rs da Santa Casa e 20$000 rs da capela do Hospital, que estava sujeita a vários encargos pios e aos de albergar os peregrinos, socorrendo-os com esmolas e conduzindo os enfermos pobres aos hospitais vizinhos; 1826, 26 Maio - alvará para o juiz de Fora de Cantanhede fazer o Tombo, que então se começa; 1827, 28 Setembro - conclusão do Tombo dos bens da Misericórdia; 31 Outubro - a Misericórdia dá ao juiz pelo trabalho do Tombo 20 moedas, de 96$000 rs em metal; 1828, 2 Fevereiro - dá-se ao escrivão do Tombo 48$000 rs; 1838, 13 Julho - após a promulgação do decreto revogando todas as doações de senhorios de terras, os Senhores de Cantanhede deixaram de ser Provedores da Misericórdia; 1866, 22 Junho - lei manda proceder à desamortização dos bens das Câmaras Municipais, Juntas de Paróquia, Irmandades, Confrarias, Recolhimentos, Hospitais e Misericórdias; 1880, 22 Fevereiro - em Assembleia-Geral da Irmandade, é proposto e aprovado um Compromisso privativo, indicando a sua denominação de "Irmandade de Nossa Senhora da Misericórdia"; as eleições da Mesa eram ainda anuais; 2 Julho - alvará do Governo Civil do Distrito de Coimbra, bacharel José Pereira Pinto dos Santos, aprovando o Compromisso da Misericórdia de Cantanhede; 1881 - inventário de bens móveis e imóveis da Misericórdia; 1896 - data de novo Compromisso, pelo qual as eleições da Mesa passaram a ser bienais; 7 Dezembro - aprovação do mesmo pelo Governador Civil do Distrito; 1898 / 1903 / 1911 / 1913 - data de inventários dos bens móveis da Santa Casa, Hospital e capela; 1901, 11 Agosto - vendida em hasta pública a Francisco Pinto de Carvalho, por 1.677$00, cuja verba se destinava à futura construção do Asilo; a capela media por N. 13.87 m., por S. 7.70 m., e por E. e O. 26.40 m.; a fachada principal possuía ainda encimando o portal janela gradeada, o frontão tinha seis fogaréus e cruz no topo e no tímpano abria-se nicho com imagem de Nossa Senhora; junto à fachada lateral direita ficava a casa do despacho e sacristia e torre sineira, com óculo e portal de acesso; na fachada E. portal encimado por nicho com a data de 1759 inscrita, tendo imagem gótica da Virgem que o novo proprietário transferiu para o jardim interno da sua casa; 1939 - execução de obras na capela para instalação do Café Parque; já anteriormente se havia demolido a torre e casas anexas; 30 Setembro - inauguração do café; 1959 - ainda aqui funcionava o "Café Parque"; 1959 - Viriato Fragoso refere a Bandeira da Misericórdia como estando em muito mau estado, tendo o mesmo intercedido junto da Comissão Nacional das Comemorações do V Centenário do Nascimento da Rainha D. Leonor para que ela fosse restaurada; posteriormente instalou-se no imóvel um stand de automóveis.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; molduras dos vãos exteriores em pedra de Ançã; caixilharias metálicas e de madeira pintadas de azul celeste; vidros simples; silhar em mármore; portas interiores em madeira e vidro fosco; tecto de estuque; cobertura exterior em telha; gradeamento junto à fachada lateral em ferro.

Bibliografia

BANDEIRA, Ana Maria (Coord.), Recenseamento dos Arquivos Locais - Câmaras Municipais e Misericórdias, Distrito de Coimbra, vol. 7, s.l., 1997; FRAGOSO, Viriato de Sá, Cantanhede. Subsídios para a sua história, Coimbra, 1959; FREITAS, Divalgo Gaspar de, Apontamentos para a História da Santa Casa da misericórdia de Cantanhede, Lisboa, 1959; GOODOLPHIM, Costa, As Misericórdias, Lisboa, 1898 (1ª edição); JORGE, Dr. Jorge da Cruz, O Hospital e a Misericórdia de Cantanhede in Elucidário Nobiliarchico, nº 2, vol. 2, Lisboa, 1929; PAIVA, José Pedro (coordenação científica), Portugaliae Monumenta Misericordiarum, vol. 4, Lisboa, 2005.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; Arquivo da Foto Galvão

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID; Santa Casa da Misericórdia de Cantanhede (datas extremas: 1774 - 1950)

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Francisco Jesus 1999 / Paula Noé 2004

Actualização

 
 
 
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