Hospital Júlio de Matos / Parque de Saúde de Lisboa

IPA.00005051
Portugal, Lisboa, Lisboa, Alvalade
 
Arquitectura de saúde, ecléctica. Hospital.
Número IPA Antigo: PT031106420330
 
Registo visualizado 2033 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Saúde  Hospital  Hospital psiquiátrico  

Descrição

O hospital apresenta-se constituído por 34 pavilhões - dispostos de modo a formarem sensivelmente um triângulo - de planta rectangular, em T e em H, dotados de volumetria paralelepipédica composta, sendo as coberturas efectuadas por telhados a 2, 3 e 4 águas. O pavilhão principal desenvolve-se em 3 andares e o seu alçado principal apresenta-se animado pela abertura de vãos morfologicamente idênticos a ritmo regular. Ao centro do piso térreo rasga-se a porta principal servida por 1 pequeno lanço de degraus, através da qual se acede ao vestíbulo distribuidor e do qual partem 2 corredores que atravesam longitudinalmente o edifício *1.

Acessos

Avenida do Brasil, n.º 53; Rua das Murtas

Protecção

Incluído na Zona Especial de Proteção do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (v. IPA.00007087)

Enquadramento

Urbano, destacado, isolado por jardim murado e gradeado.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Saúde: hospital psiquiátrico

Utilização Actual

Saúde: hospital psiquiátrico

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Ministério da Saúde

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: Carlos Chambers Ramos (1933-1939); Leonel Gaia (1912); Raul Lino (1935). ARQUITECTOS PAISAGISTAS: Azevedo Gomes; Francisco Caldeira Cabral (1941-1943). ENGENHEIROS: Henrique Torres Leote Tavares (1933-1939); Jácome Castro (1935); Luís de Melo Correia (1912); Raul Maçãs Fernandes (1935); Ricardo Moreira Amaral (1933-1939).

Cronologia

1911, 11 Maio - publicação de decreto instituindo um hospital psiquiátrico de 1ª categoria (acumulando o serviço de assistência com o ensino da psiquiatria e a investigação científica), por intervenção do Professor Júlio de Matos (1856 - 1922) junto do Governo da República; de acordo com Júlio de Matos, o hospital deveria seguir a tipologia pavilhonar, contemplando cerca de 33 pavilhões, destinados a grupos entre 8 a 10 doentes, pintados de cor-de-rosa e dispostos por afinidades de ordem funcional entre um plano de ornamentação arbórea, numa área total de 14.5 hectares; 1912 - primeiros estudos elaborados pelo arquitecto Leonel Gaia; 1913, 9 Outubro - projecto para o complexo hospitalar; 1914-1932 - primeira fase de construção, empreendida pela Comissão de Obras do Novo Manicómio da qual faziam parte o professor Júlio de Matos (presidente), o engenheiro Luís de Melo Correia (vogal) e o arquitecto Leonel Gaia (1871-1941) (vogal); 1932 - os pavilhões estão em tosco e cobertos de telha; o ministro das Obras Públicas Duarte Pacheco destina um orçamento de 12.000 contos para dar prossecução às obras do Novo Manicómio; 1933 - alterações ao projecto inicial, com as obras ainda em curso, aumentando-se a área do complexo hospitalar para 17 hectares; Carlos Chambers Ramos (1897 - 1969) integra a Comissão de Obras do Novo Manicómio (cf. despacho do Ministro das Obras Públicas e Comércio, de 23/02/1933, in Diário do Governo, IIª série, nº 81, 07/04/1933) na qual colabora até 1939, contando com o apoio técnico dos Professores Sobral Cid, o neurologista Arnaldo Abranches de Almeida Dias e António Flores, e dos engenheiros Ricardo Moreira do Amaral (representante da DGEMN) e Henrique Torres Leote Tavares; o novo projecto foi estruturado de forma a responder eficazmente às novas exigências da Ergoterapia *2, tendo sido delineados os acabamentos dos pavilhões para doentes agitados e semi-agitados, e concebidas novas instalações: um pavilhão central destinado aos serviços administrativos; pavilhões para doentes inválidos, crianças e infecto-contagiosos; 1935 - é nomeada pelo ministro das Obras Públicas Duarte Pacheco uma Comissão de Equipamentos, à qual pertenciam o arquitecto Raul Lino e os engenheiros Jácome Castro e Raul Maçãs Fernandes; 1941 - as obras estavam em vias de conclusão, orçando em 20.800 contos; 1941 - legado testamentário de António Salgado de Araújo, doando uma verba de 1.800 contos para a conclusão das obras do hospital psiquiátrico; 1941 - 1943 - projecto de Arquitectura Paisagista, por Francisco Caldeira Cabral (1908-1992) para a envolvente dos pavilhões e para os arruamentos, partindo de um plano geral para os planos de plantação e para os pormenores, realizando-se ainda na fase final do projecto o plano de pormenor de um tanque; 1941-1948- o hospital é totalmente equipado e mobilado pela Comissão para a Aquisição de Mobiliário; 1942, 1 Março - publicação do decreto nº 31.974, alargando o Hospital Júlio de Matos à assistência pública; 1942, 2 Abril - inauguração e início de funcionamento (com lotação para 1300 doentes), sendo a Comissão Instaladora constituída pelos Professores A. Flores e Barahona Fernandes e coronel R. Amaral; 1945 - reorganização funcional dos serviços; 1947 - 1949 - o hospital é equipado e mobilado, pela Comissão para a Aquisição de Mobiliário; 1948, 29 Janeiro - inauguração da central eléctrica, do Pavilhão de Tranquilos Homens II, Pavilhão de Pensionistas Homens, Farmácia, casa de pessoal, salão de exposições, festas e conferências; 1956 - conclusão da execução do Busto de Júlio de Matos, com orientação e fiscalização dos trabalhos pelos Serviços dos Monumentos Nacionais; 2006, 24 agosto - o edifício está em vias de classificação, nos termos do Regime Transitório previsto no n.º 1 do Artigo 1.º do Decreto-Lei n.º 173/2006, DR, 1.ª série, n.º 16, tendo esta caducado, visto o procedimento não ter sido concluído no prazo fixado pelo Artigo 24.º da Lei n.º 107/2001, DR, 1.º série A, n.º 209 de 08 setembro 2001.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes, estrutura mista

Materiais

Alvenaria mista e de tijolo, ferro fundido, aço, reboco pintado, cantaria de calcário, mármore, azulejo industrial.

Bibliografia

15 Anos de Obras Públicas (1932 - 1947), Lisboa, 1949; Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Vol. XV, Lisboa - Rio de Janeiro, s.d.; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no Triénio de 1947 a 1949, Lisboa, 1950; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1953, Lisboa, 1954; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1954, Lisboa, 1955; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1955, Lisboa, 1956; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1956, Lisboa, 1957; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos anos de 1957 e 1958, 1º Volume, Lisboa, 1959; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos Anos de 1959, 1º Volume, Lisboa, 1960; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1961, 1º Vol., Lisboa, 1962; AAVV, Guia Urbanístico e Arquitectónico de Lisboa, Lisboa, 1987; FERNANDES, José Manuel e OUTROS, A Arquitectura do Princípio do Século em Lisboa (1900 - 1925), Lisboa, 1991 ; MOREIRA, Maria Assunção Júdice, (dir. de), Evocar Duarte Pacheco no Cinquentenário da Sua Morte: 1943 - 1993, Lisboa, 1993; ANDRESEN, Teresa, Francisco Caldeira Cabral, Reino Unido 2001.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH, DGEMN/DRMLisboa, DGEMN/DRELisboa/DRC, DGEMN/DSPI/CAM, Arquivo Pessoal Francisco Caldeira Cabral

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; CML: Museu da Cidade, Espólio Duarte Pacheco (Planta color. 1933)

Documentação Administrativa

IHRU: Arquivo Pessoal Francisco Caldeira Cabral; CML: Arquivo de Obras, pº. nº 12.733; IHRU: DGEMN/CAM-0490/1,0056/1, 0056/2, 0056/3, 0057/2, 0058/4, 0060/3, 0069/1, 0073/2, 0074/3, 0075/6

Intervenção Realizada

DGEMN: 1953 - continuação da obra de beneficiação; 1954 - realização de obras de remodelação e conservação pela Direcção dos Serviços de Construção e Conservação; 1955 - execução de obras de remodelação da quinta enfermaria pela Direcção dos Serviços de Construção e Conservação; 1956 - obras de conservação periódica, pelos Serviços de Construção e Conservação; 1957 - obras de beneficiação, pelos Serviços de Construção e Conservação; 1958 / 1959 - ampliação de um pavilhão para tuberculosos alienados, pelos Serviços de Construção e Conservação; 1959 - obras de beneficiação e substituição de estores, de tectos e reparação da instalação eléctrica, pelos Serviços de Construção e Conservação; equipamento e mobiliário para o serviço de Tisiologia, pela Comissão para a Aquisição de Mobiliário; 1961 - obras de beneficiação e conservação profunda nos pavilhões 21-A, 21-B e 30, pelos Serviços de Construção e de Conservação.

Observações

* 1 - as funções do edifício limitam o acesso ao interior; *2) a introdução da Ergoterapia (nova metodologia terapêutica) no Hospital Júlio de Matos contou com o apoio técnico de um corpo de enfermeiros suíços, tendo-se criado a primeira Escola de Enfermagem Psiquiátrica, na qual foram organizados cursos prático-teóricos de dois anos que contemplaram, para além dos aspectos de ordem terapêutica, as áreas da Anatomia, Fisiologia, Patologia, Higiene e Profilaxia Médica, Psicologia e Cultura Geral, Assistência Social, Higiene Mental.

Autor e Data

Teresa Vale e Carlos Gomes 1996 / Teresa Camara 2004 / Rute Figueiredo 2007

Actualização

Sofia Diniz 2011
 
 
 
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