Igreja Paroquial do Campo Grande / Igreja dos Santos Reis Magos

IPA.00005037
Portugal, Lisboa, Lisboa, Alvalade
 
Arquitectura religiosa, maneirista e barroca. Igreja paroquial de planta longitudinal composta por nave, capela-mor mais estreita e sacristia e anexos adossados a ambas as fachadas laterais e posterior, com as coberturas internas do templo em falsas abóbadas, a da nave de berço e a da capela-mor de arestas, iluminada unilateralmente, por janelas rasgadas na fachada lateral esquerda e pelos janelões do coro. Fachada principal com corpo central rematado em frontão triangular, flanqueado por aletas, num recurso maneirista, que terá sobrevivido da primitiva reconstrução, rasgada por portal de verga recta, rematado por cornija, encimado por três janelões, dois rectilíneos e o central em arco de volta perfeita. No lado esquerdo, sineira com cobertura em corcuchéu bolboso, possuindo quatro ventanas em arco de volta perfeita, assentes em impostas salientes. Interior com coro-alto, possuindo pequeno órgão positivo, púlpito quadrangular, com guarda plena, situado no lado do Evangelho, com acesso por porta de verga recta a partir dos anexos. Lateralmente, capelas intercomunicantes, com acesso por arcos de volta perfeita. As paredes formam apainelados geométricos fingidos, com molduras salientes pintadas, seguindo o esquema das igrejas pombalinas, mas com um tipo de solução mais simples, tendo em vista os recursos da paróquia. Arco triunfal de volta perfeita, flanqueado por dois altares, encimados por nichos de volta perfeita. As paredes da capela-mor possuem lunetas pintadas e apainelados ornados de estuque, possuindo retábulo-mor de talha dourada e policroma, de planta côncava e um eixo definido por colunas, que sustentam o remate, em fragmentos de frisos e cornijas, com resplendor central.
Número IPA Antigo: PT031106090388
 
Registo visualizado 453 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal composta por, capela-mor, e anexos adossados a ambas as fachadas laterais e à posterior, formando um salão, a sacristia e as capelas mortuárias, de volumetria paralelepipédica articulada e escalonada, com coberturas diferenciadas em telhados de uma, duas e três águas, em coruchéu bolboso na sineira, rebocada e pintada de branco e bege, rematada por cruz metálica. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento de cantaria, flanqueadas por cunhais apilastrados em cantaria de calcário e rematadas em cornija. Fachada principal virada a S., composta por corpo central, rematado em amplo friso, flanqueado por pilastras toscanas e rasgado por óculo ovalado, com moldura de cantaria, e por frontão triangular, com o tímpano ostentando dois almofadados, que centram florão, pintados de bege; possui nos vértices inferiores, fogaréus, assentes em plintos troncocónicos ornados por festões de drapeados e, no superior, plinto paralelepipédico, ornado por festões de drapeados, encimado por cruz metálica. O corpo é rasgado por portal de verga recta, com acesso por quatro degraus de cantaria, com moldura recortada, rematando em espaldar de perfil trapezoidal, almofadado, assente em lacrimais, unidos por festão, e encimado por concheado e cornija angular. Encontra-se protegido por porta de duas folhas de madeira almofadadas. Está encimado por três janelas com molduras recortadas, prolongando-se inferiormente em falsos brincos, os da central assentes em mísulas decoradas. Esta em arco de volta perfeita, encimados por friso de enrolamentos; as laterais são rectilíneas, com moldura alteada e recortada, ornadas por botão e festões; encontram-se protegidas por caixilhos de madeira e vidros pintados. O corpo central está flanqueado por dois panos cegos, o do lado esquerdo com relógio circular; este possui sineira flanqueada por pilastras, encimadas por plintos com fogaréus, rasgada por ventanas em arcos de volta perfeita, assentes em impostas salientes, rematando em friso e cornija. Fachada lateral esquerda, virada a O., com duas janelas rectilíneas no corpo da nave e uma luneta no da capela-mor, rematando em cornija, protegida por vidros pintados. Os anexos dividem-se em três panos, rematados em platibanda plena, com os elementos de suporte pintados de bege e almofadados pintados de branco, o central e do lado direito rasgados por cinco janelas, três delas jacentes, e dois óculos ovalados, com moldura de cantaria; o pano do lado esquerdo tem dois pisos, o inferior com uma porta de verga recta e janela rectilínea, ambas com moldura de cantaria, a primeira com bandeira e protegida por grades meálicas; no piso superior, duas janelas de peitoril rectilíneas e com molduras de cantaria. Fachada lateral esquerda e posterior adossadas. INTERIOR com as paredes da nave rebocadas e pintadas de branco, com apainelados geométricos, rectilíneos e em trapézio, que também envolvem o equipamento decorativo, com molduras pintadas de cinza, com pavimento em lajeado de calcário e cobertura em falsa abóbada de berço, assente em friso e cornija, esta também pintada de cinza, com três tirantes metálicos. Ostenta apainelados transversais com decoração diversa, formando, nos topos, enrolamentos de acantos, seguindo-se vasos floridos, pintados por acantos afrontados, que intercalam com painel ornado por dois florões, festões e acantos, tendo, nos topos, meias lunetas com anjos a sustentar elementos alusivos ao orago - caixa de dádivas, filactera e ceptros, no lado do Evangelho, e estrela, jóias e coroas, no lado da Epístola. Lateralmente, duas dependências adossadas, a do Evangelho constituindo capela, dedicada a São José, a da Epístola com ligação a ampla sala fechada por apainelados, elevada por um degrau, com pavimento em madeira e com bancos para assistência. A primeira tem acesso por dois arcos de volta perfeita, com fecho em forma de concheado em cascata, assentes em pilastras toscanas; o oposto forma dois arcos, separados por laje de betão, sem pano de muro no meio. Coro-alto de madeira com guarda balaustrada e dupla tribuna, de planta contracurvada, assente em duas colunas coríntias e duas consolas. surgindo, na tribuna superior, um órgão positivo; o sub-coro é pintado de bege, exibindo estuque decorativo, inserido em elementos apainelados, formando cartelas de concheados e rosetões. O portal axial é protegido por guarda-vento de madeira e vidro, flanqueado por pias de água benta, em cantaria de calcário vermelho, em forma de campânula invertida. Confrontantes, duas portas de acesso aos anexos, de verga recta e moldura em cantaria, almofadada e recortada, alteada na zona central por friso trapezoidal e remata em cornija recta; a do lado do Evangelho liga a uma pequena capela dedicada a Nossa Senhora de Fátima, com o interior rebocado e pintado de branco e pavimento em ladrilho. No lado do Evangelho, púlpito quadrangular, de madeira, dourada e complementada por marmoreados fingidos, assente em mísula do mesmo material, com guarda plena, ornada por painéis almofadados e pilastras com elementos fitomórficos nos ângulos; tem acesso por porta de verga recta e moldura simples. Presbitério elevado por dois degraus, revestidos a alcatifa verde com altar de madeira moderna, tendo, no lado do Evangelho, a pia baptismal, com plinto cúbico almofadado, pé circular e bacia hemisférica monolítica. No lado da Epístola, elevado por um degrau, as cadeiras dos celebrantes. Junto a este, surgem duas portas semelhantes às do topo oposto. Descendo dois degraus, acede-se ao arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, com capitéis e bases almofadadas em calcário vermelho, com fecho estriado da mesma tonalidade; está encimado por apainelado, formando falso tímpano, e por escudo português com coroa fechada, envolvido por moldura de calcário vermelho. Encontra-se flanqueado por dois altares, formados por nichos em arco de volta perfeita, assente em pilastras toscanas semelhantes, com os fundos pintados de branco e altares paralelepipédicos, de talha policroma, com o frontal flanqueado por acantos dourados e banqueta decorada com os mesmos elementos, o do Evangelho dedicado ao Sagrado Coração de Jesus e o oposto a Nossa Senhora da Conceição. Capela-mor elevada por um degrau, com paredes em cantaria, com elementos semelhantes e confrontantes, surgindo, junto ao arco triunfal, portas em arco de volta perfeita e remate em cornija curva, e, no topo oposto, janelas assentes em consolas, com o mesmo tipo de modinaturas; estes quatro elementos estão encimados por apainelados rectilíneos com medalhões centrais, contendo troféus com elementos alusivos ao orago, encimados por querubins e envolvidos por molduras douradas; sob as janelas (a da Epístola falsa), em arcos de volta perfeita e fechos salientes, painel rectilíneo flanqueado por duas mísulas que sustentam cornija com telas pintadas, a representar a "Adoração dos Pastores" (Evangelho) e "Apresentação de Jesus no templo" (Epístola), ladeadas por apainelados em estuque decorativo, representando símbolos da Paixão de Cristo, que se encontram sobre painéis em cantaria; possui cobertura em falsa abóbada de arestas, pintada ao centro com uma "Adoração do Santíssimo", rodeada pelos quatro Doutores da Igreja Católica. Elevado por dois degraus, o retábulo-mor de talha policroma com marmoreados fingidos e dourados, de planta côncava, com um eixo definido por quatro colunas coríntias, assentes em duas ordens de plintos paralelepipédicos, os inferiores almofadados e os superiores com elementos fitomórficos, tendo, nos intercolúnios, rosetões; as colunas suportam fragmentos de friso e cornija, os exteriores com urnas e os interiores com anjos de vulto. Ao centro, painel de perfil curvo com representação do orago, envolvido por moldura dourada, encimada por elmento vegetalista dourado e resplendor que centra uma estrela. Na base, sacrário em forma de templete com colunas e cobertura em cúpula, flanqueado por aletas douradas na zona do banco. Altar paralelepipédico, com pilastras e elementos fitomórficos nos costados. Sacristia no lado da Epístola, tendo dois painéis de azulejo, um sobre a porta de entrada, com a representação de Nossa Senhora da Conceição, Santo António e São Marçal, encimado pela data "1798", e, na parede oposta, um outro painel com a representação de Cristo crucificado e São Caetano.

Acessos

Campo Grande (Lado Oriental). WGS84 (graus decimais) lat.: 38,754445; long.: -9,150599

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, adossado ao Centro Paroquial, pelo lado E., e a edifício residencial a N., tendo um pequeno adro frontal, que se prolonga para o lado esquerdo, ligando ao Centro Paroquial, pavimentado a calçada, junto ao Centro, à portuguesa, formando elementos geométricos, que compõem largos losangos. Esta zona encontra-se protegida por pilaretes metálicos, pintados de verde, ligados por cadeias do mesmo material e tonalidade. No início da zona resguardada, surge um cruzeiro em cantaria de calcário, assente em plataforma quadrangular de um degrau, onde surge plinto paralelepipédico emoldurado e com as faces laterais e posterior ostentando almofada em calcário vermelho; a principal apresenta uma inscrição; sobre o plinto, uma cruz latina, com as hastes almofadadas, tendo na intersecção, a sigla "IHS". O Centro Paroquial é um edifício moderno de vários pisos.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Lisboa)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ENTALHADORES: José Ramalho (séc. 17); Manuel Francisco (1698). PINTORES - DOURADORES: Francisco de Sousa (1701); José de Campos (1701); Manuel Soares (1701).

Cronologia

Séc. 16 - existência neste local de uma ermida anexa à freguesia de Santa Justa; 1572 - compromisso da Irmandade do Senhor; 1580 - reunião na Igreja, da Casa dos 24, visando a eleição de 2 procuradores às Cortes de Setúbal; 1646 - data no cruzeiro do adro; 1698, 10 abril - contrato com Manuel Francisco para terminar e aperfeiçoar o retábulo-mor iniciado por José Ramalho (FERREIRA, vol. II, p. 539); 1701, 22 maio - contrato entre a Irmandade do Santíssimo e os pintores Francisco de Sousa, Manuel Soares e José de Campos para o douramento do retábulo-mor, da teto, em brutesco, e do embasamento, em cantaria fingida, por 350$000 (FERREIRA, vol. II, p. 590); 1720 - fundação da Irmandade das Almas; 1752 - aprovação da Irmandade das Almas pelo Ordinário; 1755, 1 novembro - a igreja sofreu danos significativos com o terramoto, especialmente na torre; 1758, 5 Abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco José Antunes Moreira, é referido que a freguesia tem 225 vizinhos; a igreja estava adossada à Quinta de Miguel da Costa Moreira e do desembargador do Paço, José Cardoso Castelo; tem por orago os Santos Reis, com 5 altares, o mor, com o orago pintado em painel, surgindo, no lado da Epístola, o Nascimento do Menino, em painel, e São João Baptista, num nicho em imagem de vulto; no lado oposto, o painel da "Circuncisão", e, num nicho, Nossa Senhora da Guia, em imagem de vulto; o altar colateral da Epístola é dedicado a Santo António, com confraria, tendo as imagens de Santa Luzia e Santa Catarina; o oposto é do Menino Jesus, com confraria, tendo o Crucificado, São Miguel, com a Irmandade das Almas; existia a Irmandade de Nossa Senhora do Campo, cujo compromisso se perdera, não sendo possível averiguar a antiguidade da mesma, tendo um capelão com missa quotidiana pelos irmãos defuntos. No corpo da Igreja, tem duas capelas, a de Nossa Senhora da Conceição, no lado da Epístola, com as imagens de Santa Ana, São José, Nossa Senhora e o Menino; no lado oposto, a Capela de Nossa Senhora do Rosário, com as imagens de São Sebastião e São Gonçalo; o pároco é cura, apresentando pela população do lugar, que lhe dá de congrua 28$000 e o pé de altar; 1778 - Alvará da Rainha D. Maria I para realização de uma feira livre no Campo Grande, com o fim de se aplicar o produto da mesma na construção da actual igreja, juntamente com donativos de particulares e com a receita da venda de bilhetes da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa; 1889, 20 novembro - cedência de móveis e de duas sinetas, provenientes do extinto Mosteiro da Esperança (v. PT031106371733); 1893 / 1896 - realização de festas da Nossa Senhora da Conceição com procissão até à Igreja dos Santos Reis; 1896 - obras de reparação; 1946 - fotografia desta data mostra a igreja adossada a edifícios residenciais, rodeada por um adro murado, com portão central e frontal, flanqueado por pilares de cantaria e protegido por grades metálicas, no centro do qual se situava o cruzeiro; 1999, Janeiro - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante.

Materiais

Estrutura em alvenaria mista, rebocada e pintada; pilastras, cunhais, pináculos, plintos, cornijas, frisos, pavimento, modinaturas, pia baptismal em cantaria de calcário; púlpito e retábulo-mor em madeira; grades em ferro forjado: painéis de azulejo tradicional: janelas com caixilhos de madeira e vidro simples pintado.

Bibliografia

FERREIRA, Sílvia Maria Cabrita Nogueira Amaral da Silva, A Talha Barroca de Lisboa (1670-1720). Os Artistas e as Obras, Lisboa, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, 2009, 3 vols.; MATOS, Alfredo, PORTUGAL, Fernando, Lisboa em 1758. Memórias Paroquiais de Lisboa, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1974; PROENÇA, Raul [dir. de], Guia de Portugal, Vol. I, Lisboa, 1924; REGO, Manuela, Um Passeio à Volta do Campo Grande, Lisboa, 1996.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; CML: Arquivo Fotográfico

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco; DGLAB/TT: Arquivo Histórico do Ministério das Finanças / Conventos extintos, Convento da Esperança, caixa 1957, capilha 2 e caixa 1959, capilha 10

Intervenção Realizada

1996 - Campanha de obras de restauro; do lado do evangelho criaram o Salão Paroquial, intercomunicante com a nave, através de abertura de vãos entre os arcos, com porta de correr.

Observações

Autor e Data

Teresa Vale e Carlos Gomes / João Ferreira 1996 / Paula Figueiredo 2007

Actualização

 
 
 
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