Casa da Quinta do Pátio de Água e Ermida de Santo António / Casa da Quinta de Santo António
| IPA.00004672 |
Portugal, Setúbal, Montijo, União das freguesias de Montijo e Afonsoeiro |
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Palacete revivalista e eclético. Revivalismo ecléctico, da 1ª metade do século 20, romantismo, neobarroco em arquitectura vernacular. O edifício apresenta o aspecto pitoresco de casa portuguesa, com telhado de beirais, mansardas, alpendre, janelas com rótulas e aplicações de azulejos. Os azulejos da casa são de tipologia neobarroca pela formas sinuosas imitando rocaille. Os da igreja denotam um barroquismo na decoração das cartelas com motivos vegetalistas, festões de grande elaboração formal, onde se encenam motivos de simbologia antoniana. Os azulejos da casa são assinados por Leopoldo Battistini e Viriato Silva. Os vitrais da ermida são da autoria de Ricardo Leone. |
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Número IPA Antigo: PT031507020007 |
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Registo visualizado 1405 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Residencial unifamiliar Casa Palacete
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Descrição
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Planta composta por casa de habitação e capela anexa enquadrados num pátio com poço. CASA de planta composta, irregular, de volumes articulados, em disposição horizontal, em L, com torreão, ao qual está ligado todo o edifício de 3 pisos. Ao 2º andar do torreão corresponde, naquele corpo, a área do sotão e 2 mansardas. Coberto por telhados múltiplos de 3 e 4 águas, com mansardas, numa solução erudita. Contido num pátio murado, com portal. Coincidência exterior - interior. Torreão rasgado por 2 janelas coroadas por beirais, entre as quais existe um registo de azulejos azuis e brancos, representando Santo António a pregar aos peixes, encimado por um suporte de lanterna. Fachada principal com 1 janela de ângulo separada por coluna; varanda alpendrada com 3 colunas, com 2 portas de sacada, sustentada por consola. Frontal do edifício com 2 janelas de beiral, com rótulas na metade inferior, e 1 varandim sustentado por consolas; ressaltada da parede 1 janela, com rótulas e assente em 2 consolas sobre porta de acesso ao piso inferior. As janelas, da área da escada, iguais às já descritas, sem varandim. Acesso ao 2º piso por escada exterior, com aplicações de azulejos azuis e brancos na parede, que termina num alpendre exterior, sustentado por colunas toscanas. No topo O. do edifício há a registar uma porta e 7 janelas guarnecidas de beirais. Fachada posterior do edifício com 3 janelas e 1 porta. Na parte restante assinala-se 3 janelas grandes, 2 pequenas e 1 portao; nesta zona há escada para o 1º andar que vai dar a galeria envidraçada, rasgada por 5 janelas de arco pleno. Três janelas no piso térreo, enquadradas por banco de jardim revestido de azulejos azuis e brancos, e rematado por volutas. Todas as janelas do edifício são guarnecidas por pinázios. Há janelas de guilhotina, e de duas folhas. A casa está ligada à igreja por uma galeria rasgada por 4 janelas com rótulas, separadas por colunas toscanas. Pátio frontal à casa com poço. INTERIOR: todas as dependências, galeria e escadas, revestidas de azulejos azuis e brancos. A ERMIDA: de planta longitudinal, simples, regular, com coincidência exterior - interior, cujos dois volumes contíguos se dispõe com horizontalidade, contrariada pela verticalidade que os vãos alongados lhe imprimem. A cobertura exterior é em telhado de duas águas sanqueado, com arco sineiro. A fachada principal de empena angular, com 2 registos que se desenvolvem entre pilastras de ordem toscana: o inferior formado por 3 arcadas plenas sustentadas por colunas toscanas, assentam em varandim com portal que dá para átrio; superiormente há uma rosácea. Empena rematada por beiral. Paredes do átrio forrados com azulejos policromos, representando cenas da vida de Santo António. INTERIOR: a iluminação é feita pelos 3 vãos de janelas à direita, no corpo da igreja que são rasgadas entre os arranques da abóbada que cobre a nave única, por uma rosácea e por 2 frestas gradeadas, inferiores, que dão para o átrio. Os lumes da janelas e da rosácea são de vitral, representando Santo António, São João e São Pedro. As paredes da nave estão revestidas de azulejos figurativos da vida de Santo António. Entra-se na capela-mor por arco pleno sustentado por pilastras toscanas. Sob o arco encontra-se um escudo de fantasia assente em cartela decorativa, com volutas e motivos vegetais, com coronel de nobreza *2. Capela-mor com altar de talha dourada, dedicada a Santo António. Coro-alto com balaustrada de madeira, sustentado por colunas toscanas. Cobertura em abóbada de berço, com lunetas; chão de mosaicos de cantaria. Existe uma dependência com entrada pela igreja, do lado do Evangelho, que serve a sacristia. |
Acessos
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Avenida dos Pescadores, n.º 78 |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 5/2002, DR, 1.ª série-B, n.º 42 de 19 fevereiro 2002 |
Enquadramento
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Urbano, com o edifício da casa recuado em relação aos prédios que o ladeiam, destacando-se deles e da capela pela profusão de elementos arquitectónicos. Confronta-se a E. com edifício de pequeno vulto, de dois pisos, onde outrora funcionou a sacristia da capela; o conjunto compreende um amplo pátio com poço, está separado da via pública por muro com gradeamento.Nas traseiras estende-se a área da quinta. A ermida está situada junto à casa da Quinta, sem destaque pela sua pequena escala, (v. PT031507020035). |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Residencial: casa |
Utilização Actual
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Assistencial: lar / Assistencial: centro de dia |
Propriedade
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Pública: municipal |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 16 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTO: Pardal Monteiro, (reconstrução); VITRAIS: Ricardo Leone; AZULEJOS: Leopoldo Battistini e Viriato Silva |
Cronologia
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1570 - primeiro registo referente a enterramentos efectuados na ermida; nessa época a ermida fazia parte do Morgadio de Santo António, pertença de Duarte Rodrigues Pimentel, fidalgo de D. João III; 1590 - é mandado fazer um oratório por D. Francisca Rodrigues que fora casada com Duarte Rodrigues Pimentel, fidalgo da casa d´El-Rei D.João III; D. Francisco de Noronha, pai de D. Marcos de Noronha, comprou esta Quinta a Francisco de Macedo e Francisco de Mesquita, não havendo referência à data da venda; 1662 - há notícia da venda da vivenda; entretanto a propriedade passou por diversas famílias e o quinto Marquês de Soidos, D. António Luís Pereira Coutinho Pacheco de Vilhena e Brito de Mendonça Borges Botelho Pato Nogueira de Novais Pimentel, aforou a Quinta a diversas pessoas, entre os quais José Fernandes; séc. 17 - época dos azulejos do átrio da ermida; 1744 - por ordem de Francisco de Novais Quesado Pimentel de Faria e Cerveira, foi reformada a ermida e acrescentada para nela se fazerem as sepulturas dos seus antepassados e sucessores, tendo então o brasão sido colocado no arco que separa a nave da capela-mor; 1755 - a ermida caiu em ruínas, mas o edifício da moradia não sofreu danos significativos; 1789 - a ermida começou a ser edificada por Simão Novais Pimentel, mas as obras não foram concluídas; com o liberalismo a ermida ficou interdita, funcionando como oficina de carpinteiro, chegando-se mesmo a fazer bailes e espectáculos no seu interior; 1914 - restauro da casa feito sob projecto do arquitecto Pardal Monteiro; 1919 - projecto de reconstrução da ermida de Pardal Monteiro; séc. 20, 1º quartel - o Comandante Santos Fernandes compra os azulejos provenientes do Pavilhão dos Desportos em Lisboa, para os aplicar na casa da Quinta; 1940 - 1953 - execução do projecto de Pardal Monteiro, feita a pedido do seu proprietário, o Comandante Santos Fernandes, sob orientação do Padre Pólvora: fábrica da rosácea, do campanário, das três janelas com vitrais e pórtico; 1975 - alugado à Misericórdia para instalação do lar pelos proprietários da família do Santos Fernandes; 1989 - José da Silva Robalo, adquire a propriedade; 1990 - aqui funcionava lar de 3ª Idade e um Centro de Dia propriedade da Santa Casa da Misericórdia do Montijo; 1997, 8 Maio - empresa de construção civil "MARQUIMOB" faz um acordo com a autarquia, cedendo-lhe o imóvel; 2002 - encontra-se em estudo, pela CMM, o projecto para recuperação e reutilização do imóvel. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes, estrutura autónoma |
Materiais
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Madeiras exóticas do Brasil, vitral, azulejo, alvenaria, mármore negro e vermelho, frescos |
Bibliografia
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RAMA, José de Sousa, Coisas da Nossa Terra, Montijo, 1906; LANDEIRO, José Manuel, Retalhos da Vida de um Sacerdote - O padre Pólvora, Montijo, 1956; COSTA VEIGA, Index das Notas de Vários Tabeliaes de Lisboa, Século XVI - XVII, tomo 4º, Lisboa, 1949; MENDONÇA, Rui de, Vila de Montijo - Estudo Histórico - Monográfico Social e Económico, Fascículo 1, Montijo, 1956; Catálogo da Exposição de Azulejos de Lisboa, Montijo, Fev, / Março 1984; GRAÇA, Luís, Edifícios e Monumentos Notáveis do Concelho do Montijo, Montijo, 1989; LUCAS, Isabel Maria Mendes Oleiro, Subsídios para a História do Concelho do Montijo - Cronologia Geral, Montijo, 1997; PACHECO, Ana Assis, CALADO, Rafael Salinas, Quinta do Pátio d´Água, "Entre um laranjal da China e o Cais das Faluas", Colecção Estudos Locais; Cultura, nº 1, Edições Colibri, 2005. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID; CMM |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID |
Intervenção Realizada
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Proprietário: Séc. 20, anos 40 - obras gerais de recuperação. |
Observações
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(1) Inicialmente chamava-se Quinta do Casado. (2) Pertencente a Francisco de Novais Casado Pimentel de Faria e Cerveira. |
Autor e Data
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Albertina Belo 1998 |
Actualização
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