Casa da Quinta do Esteval
| IPA.00004632 |
Portugal, Setúbal, Setúbal, União das freguesias de Setúbal (São Julião, Nossa Senhora da Anunciada e Santa Maria da Graça) |
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Casa nobre maneirista, barroca, pombalina, rococó, vernacular erudito. Maneirismo na grande sobriedade de linhas e desenho que caracteriza a casa senhorial da sua época; a janela de sacada da fachada principal apresenta uma sóbria decoração maneirista ao nível do lintel. O barroco ressalta na planta em L da casa em conjugação com o espaço ajardinado, no emprego dos vários materiais decorativos e nas suas tonalidades, no partido tirado dos espaços, dos claros e dos escuros, evidenciados, interiormente, pela luz dos lumes das janelas. Do pombalino é a fachada principal com a sacada de ferro forjado, a sequência de vãos sobrepostos, são os silhares de padronagem policroma em composição, com conjugação de dois motivos diferentes (radial e central), envoltos em cercadura de concheados, sobre rodapé esponjado. Do rococó a ornamentação de azulejos com uso de ramagens, grinaldas onduladas e aves. Quinta residência campestre, onde se assinalam traços arquitectónicos de grande erudição no edifício principal, de volumetria sóbria, revelando o seu tratamento, a feição e as raízes da região. O caracter vernacular está expresso na cimalha das fachadas, nos alpendres, e colunata de alpendre, nos telhados múltiplos, escada interior e exterior com alpendre. |
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Número IPA Antigo: PT031512010031 |
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Registo visualizado 1155 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Residencial senhorial Casa nobre
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Descrição
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SOLAR: planta composta por 2 volumes regulares articulados, com intercepção ortogonal, formando um L. Cobertura exterior em telhado de 4 águas. Fachada principal orientada a N., com embasamento, de 2 registos marcados pelas 2 sequências de vãos sobrepostos, e de 3 panos, onde se destaca o pano central delimitado por pilastras com o eixo portal-janela ao centro: portal com ombreiras de soco, tendo adjacente e adossadas à parede, 2 pilastras, trabalhadas, de secção quadrangular, sobre a qual assenta a sacada de pedra, guarnecida por uma guarda, composta por motivos geométricos, de ferro forjado e pintado; enquadram a sacada 2 candeeiros do mesmo material, cujos braços representam a sigla S dos Sousa; coroamento da zona central com frontão triangular, com as armas da Casa Palmela esculpidas; 2 bancos em pedra flanqueiam a entrada; dois painéis de azulejo servem-lhes de espaldar. Rematando todos os alçados, na unidade do conjunto, uma cornija de coroamento rebocada e pintada a branco, sob pequeno beiral. As fachada posteriores compõem-se na ala esquerda por grandes vãos de arco de asa de cesto, de acesso directo à varanda no piso térreo e de sacada de verga recta, com guardas de ferro, no 1º piso, formando duas galerias para onde dão as portas das diversas salas; estes vãos estão flanqueados por mais uma janela em cada lado e em cada piso; a fachada posterior da ala direita, pertence ao corpo do outro braço do L.. |
Acessos
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EN 10 ao Km 33, 530, Lugar da Aldeia Grande. WGS84 (graus decimais): lat. 38.522633, -8.945709 |
Protecção
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Categoria: IM - Interesse Municipal, Decreto n.º 67/97, DR, 1.ª série-B, n.º 301 de 31 dezembro 1997 |
Enquadramento
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Rural, meia-encosta, isolado, bordejando a estrada, em zona de plantação de vinha, entre campos de cultivo. Espaço diferenciado entre jardim e solar, sendo todo o espaço é murado. A entrada do jardim é assinalada por 2 muretes rematados em volutas, de rebordo curvo, entre pilastras rusticadas de aparelho isódomo, rematadas por pináculos, com portão de ferraria; daqui parte o grande eixo bordejado, lateralmente, por muretes de alvenaria, incluindo, de ambos os lados, bancos corridos, desembocando num largo, zona de recepção e acolhimento do solar; é murado, de forma circular, com muro de rebordo curvo, lateralmente rematado por volutas, adossado a pilastras rusticadas de aparelho isódomo, rematadas por pinhas simples, com portões de ferro verticais, ao muro adossam-se bancos de pedra; como pano de fundo o solar. |
Descrição Complementar
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ANEXOS: à direita do edifício principal, passando o portão da direita, adossado a ele, edificação com embasamento, com telhado de 2 águas com corta-fogo, de um registo, com fachadas anterior e posterior com vãos de janelas e portas com arcos quebrados; à esquerda passando o portão dois anexos isolados: antigas cavalariças, em L, de 2 pisos com janelas gradeadas; antiga habitação de trabalhadores rurais, de piso térreo com alpendres e janelas de duas folhas. Todos os vão são moldurados a cantaria. INTERIOR: espaço diferenciado: área social constituída por sala de entrada, salas de estar, sala de jantar, biblioteca, galeria e capela interior, interligados à zona de serviço, e área dos quartos com as respectivas instalações sanitárias; à direita do eixo central da fachada, escada de acesso ao piso superior, distingue a ala esquerda da ala direita. Piso térreo com fácil acesso ao exterior e às zonas de serviço. Varandas alpendradas geralmente orientadas a sul: uma está ligado à recepção no 1º piso e de ligação directa com o jardim, composta por arcos. O 1º piso assenta sobre abóbadas rebocadas, com excepção para a que constitui varanda no 1º piso. Estrutura da caixa de escadas é em lance recto, de tiro, com pequeno patamar de arranque e de interligação entre espaços. Os tectos são de forro de madeira pintados, horizontais ou de masseira com apainelados (sala de jantar); os espaços interiores são em grande parte revestidos por uma variada gama de azulejos: sala de entrada, galeria, corredores e salas do piso térreo. O acesso ao interior do edifício faz-se pelo postigo do grande portal ou portacocheira cujos batentes são elementos de adorno com os seus espelhos recortados e de grandes proporções. Os vãos de janelas são de guilhotina, excepção para o vão de sacada; são providos de portadas de madeira, colocadas na parte interior das molduras de pedra sobre uma gola de madeira; as caixilharias são de madeira pintada em branco e verde azeitona. As cantarias dos vãos possuem guarnições em pedra calcária bujardada a pico fino; as linhas das molduras das janelas mantêm-se direitas e lisas; os vãos do piso térreo são guarnecidos por um conjunto de barras de secção circular - guardas que, em disposição sistematizada, definem espaços regulares. |
Utilização Inicial
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Residêncial: casa nobre |
Utilização Actual
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Residencial: casa |
Propriedade
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Privada: pessoa singular |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTO: Alberto Cruz (remodelação séc. 20) |
Cronologia
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Séc. 18 - construção da quinta; 1973 - 1975 - retirado o piso de águas furtadas que não se integrava no desenho geral da fachada; obras de conservação, arranjo e diversificação da compartimentação interior pelo Arquitecto Alberto Cruz; 1996, 02 Maio - despacho de classificação como Valor Concelhio. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura de alvenaria, pedra rebocada e caiada; pedra calcária, ferro forjado, madeira, azulejo, telha cerâmica. |
Bibliografia
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CRUZ, Alberto, Memória Descritiva do Projecto de Remodelação, s. l., s. d.; Testado do Tombo da Quinta do Esteval, casa da Raposeira e mais terras a ellas anexas. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID; Proprietários |
Intervenção Realizada
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Arquitecto Alberto Cruz: 1973 - 1975 - demolição de paredes, compartimentação de áreas disponíveis, instalação de sanitários, reconstrução da cobertura - com o aproveitamento da telha existente - novos revestimentos de pavimentos e paredes, substituição de parte de caixilharia, instalações novas de infra-estruturas para esgotos, águas e electricidade e outros trabalhos; exteriormente houve a preocupação de manter, quanto possível, a traça existente das antigas fachadas. |
Observações
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A maioria dos azulejos do solar provieram do Palácio do Conde Redondo, da Quinta do Calhariz e do Palácio do Sol ao Rato, património da Família Palmela. |
Autor e Data
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Albertina Belo 1998 |
Actualização
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