Fábrica de Pólvora de Vale de Milhaços / S.A.P. - Sociedade Africana de Pólvora

IPA.00004629
Portugal, Setúbal, Seixal, Corroios
 
Arquitectura industrial, contemporânea. Fábrica de Pólvora. Caso notável por, na Europa, existirem, actualmente, poucas fábricas de pólvora visitáveis. O conjunto de edifícios constitui um caso notável de preservação de um circuito de produção a funcionar, com energia mecânica produzida por uma máquina a vapor que faz funcionar um sistema produtivo completo através de transmissão por cabos (Eusebi Casanelles Rahola, Presidente executivo para a conservação do Património Industrial - TICCIH - Junho, 1998). o que singulariza a fábrica como lugar de excepção no campo do património industrial.
Número IPA Antigo: PT031510050009
 
Registo visualizado 356 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Extração, produção e transformação  Fábrica    

Descrição

Planta composta por vários edifícios: de O. para E. escritórios, edifícios dos cilindros e peneiros, pátio-secador, edíficios do granulador e da prensa; de S. para N. edifício dos trituradores e armazém; de E. para O. as construções do núcleo central da fábrica onde se encontram a máquina a vapor, a caldeira e o refrigerador; seguem-se vários paióis e a estufa colocada sensivelmente defronte do edifício dos cilindros. As várias construções encontram-se interligadas por linha de carris e cabos de transmissão; o edifício da caldeira encontra-se interligado ao da estufa por uma conduta de vapor. Entrada por portão metálico, de acesso a pátio largo. ESCRITÓRIOS: edifício de planta longitudinal, simples, regular, massas dispostas na horizontal; fachadas de 1 pano e 1 piso, com fachada principal alpendrada; vãos rectangulares, remate em empena lisa, cobertura exterior de telhado de 4 águas. Segue-se a área de laboração envolvida por muro, com entrada definida por pilastras, com pináculos piramidais baixos. FÁBRICA: numerosas oficinas dispostas sistematicamente, de acordo com a cadeia operatória da produção da pólvora; oficinas dispostas num sistema longitudinal e distanciados entre si segundo as medidas de segurança, no meio de arvoredo (constituído quase exclusivamente por eucaliptos 1*) e com taludes de terra de permeio como medida de protecção da possibilidade de explosão; edifícios de planta longitudinal, simples e regular, no geral compostos por estruturas de paredes finas de tijolo nas fachadas posteriores, e madeira nas fachadas anteriores, com poucas aberturas; cobertura de telhados de zinco; edifícios unidos entre si, energeticamente, através de cabos; rede de carris por onde circulam as vagonetas; PAIÓIS de 1 piso com poucas aberturas. NÚCLEO CENTRAL com o edifício central da caldeira: fachadas laterais com vãos de janelas altos, rematadas em empena de segmentos; 2 pisos, escada metálica interior helicoidal, com anexos; chaminé alta cónica, de tiragem das fornalhas; interior com 2 caldeiras a lenha; piso superior: máquina a vapor de 125 cavalos que transmite a força motriz necessária aos mecanismos de todas as oficinas, (marca Joseph Farcot), início do sistema de transmissão de energia mecânica por cabos (sistema Bickford). CONDUTA DE VAPOR apoiada em suportes em forma de troncos de pirâmide altos, separados uns dos outros alguns metros, estrutura alpendrada, com caixa de ligação da conduta. REFRIGERADOR: sistema de refrigerados por água, em poço circular com muro de guarda à volta. CASA DA PESAGEM de 1 piso, com corta-fogo. POÇO circular, com guarda, para abastecimento de água. OFICINAS de trituração e mistura de elementos em moinho de 2 galgas, em ferro (marca Krupp) e sistema de modificação da direcção do movimento dos cabos: fachadas com vários contrafortes de segurança (contra explosão), paredes largura de 1 m, estrutura formada com chapas de zinco e madeira, passadeira superior de metal ligando dois corpo da oficina. OFICINA DE ENCASQUE NA PRENSA: de 2 pisos, grande número de vãos de janelas e portas, estrutura de tijolo e madeira; CARRIS para vagonetas com o produto fabricado em caixas de madeira OFICINA DE GRANULAÇÃO: 1 piso com muitas janelas basculantes, fachadas frontal em madeira e a posterior e laterais em tijolo SECADOR DE SOL: pátio murado com acesso por portão com pilastras rematadas com pináculos, muretes em alvenaria e travejamento de madeira para suporte de tabuleiros de pólvora; OFICINA para peneiração e lustração da pólvora, de acordo com os seus diversos tipos: paredes laterais e posteriores de tijolo e frentes em contraplacado, janelas basculantes; na traseira da oficina, final do sistema de transmissão da energia mecânica por cabo; ESTUFA DE VAPOR: em madeira, aquecimento por radiadores, calor proveniente da conduta de vapor. Articulação entre os diversos corpos por passadeiras pedonais e sistema de vagonetas em casos específicos.

Acessos

Vale de Milhaços; Avenida da Fábrica da Pólvora

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 740-BG/2012, DR, 2.ª série, n.º 248 de 24 dezembro 2012

Enquadramento

Rural, planície, conjunto de edifícios isolados, distanciando uns dos outros c. de 200 m, envolvidos por vegetação constituída principalmente por eucaliptos, entre montículos de terra protectores de possíveis explosões.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Extração, produção e transformação: fábrica

Utilização Actual

Extração, produção e transformação: fábrica / Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1898 - Instalação da fábrica em Vale de Milhaços, criada com capitais alemães, destinando-se ao fabrico de pólvoras negras 2* para exportação para Angola; início da laboração com instalação da caldeira a lenha, presentemente desactivada, da marca Pierre Dumora; 1900 - ano da máquina a vapor Joseph Farcot, com potência de 125 cavalos; 1911 - data da caldeira a lenha J. Perez (de fabrico nacional), ainda em funcionamento, que alimenta a máquina a vapor; 1922 - aquisição da Companhia Africana da Pólvora por Francisco Camello, aos herdeiros do qual se deve a salvaguarda e a manutenção do circuito produtivo da pólvora negra; 1998 - a fábrica conserva as características e o contexto funcional praticamente originais; 1999, 22 abril - proposta de classificação da Câmara Municipal do Seixal; 2000, 03 maio - proposta de abertura do processo de classificação do DE do IPPAR; 04 maio - despacho de abertura do processo de classificação do Vice-Presidente do IPPAR; 2003, 23 dezembro - proposta de fixação de Zona Especial de Proteção; 29 dezembro - proposta de classificação da DRLisboa; 2004, 27 janeiro - informação favorável do IPPAR relativa à fixação de Zona Especial de Proteção; 2006, 31 maio - parecer do Conselho Consultivo do IPPAR a propor a classificação como Imóvel Interesse Público e fixação de Zona Especial de Proteção; 2007, 26 fevereiro - despacho de homologação da Ministra da Cultura relativo à classificação e fixação de Zona Especial de Proteção; 2002 - a fábrica foi encerrada para limpeza, continuando a existir actividades culturais em algum dos seus edifícios; 2003, 27 de Março - incêndio destrói a antiga Estufa de Vapor da Fábrica; 2007, 26 fevereiro - despacho de homologação da Ministra da Cultura relativa à classificação da fábrica como Imóvel de Interesse Público.

Dados Técnicos

Paredes, autoportantes, estruturas autónomas, estruturas autoportantes

Materiais

Alvenaria rebocada, alvenaria, tijolo, madeira prensada, madeira, zinco, ferro, tijoleira

Bibliografia

I Encontro Nacional Sobre o Património Industrial, Coimbra, 1986; Desdobrável Ecomuseu Informação, Seixal, Outubro - Dezembro, 1996; Indústrias. O Passado e o Presente, Sociedade Africana da Pólvora, Seixal, 1995; Ecomuseu, Itinerários, 1º Centenário 1898 / 1998, Sociedade Africana de Pólvora, Fábrica de Pólvora de Vale de Milhaços, Seixal, 1998; Ecomuseu Informação, Seixal, Julho - Setembro, 1998; Fábrica de Pólvora de Vale de Milhaços, 1898 / 1998, Comemorar o Centenário, Seixal, 1999; Seixal valoriza património, Espaço Design, 05/03/2001.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMSetúbal

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMSetúbal

Documentação Administrativa

CMSetúbal; S.A.P.

Intervenção Realizada

Regularmente são feitas obras diversas de manutenção.

Observações

1* - A madeira dos eucaliptos vai sendo utilizada para a queima, na própria fábrica; 2* - A pólvora negra é uma reunião física de corpos oxidantes e de corpos combustíveis em diversas proporções, ligados pela adesão.

Autor e Data

Albertina Belo 1995

Actualização

Cecília Matias 2001
 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login