Teatro Sá da Bandeira

IPA.00004611
Portugal, Santarém, Santarém, União de Freguesias da cidade de Santarém
 
Arquitectura cultural e recreativa, ecléctica. Cine-teatro constituído inicialmente por plateia, 2 balcões e frisas, antecedidos por vestíbulo e foyer. Espírito neobarroco presente nos elementos arquitectónicos e decorativos da fachada principal. O teatro Sá da Bandeira repete o esquema do teatro Politeama, em Lisboa, a nível da fachada (CUSTÓDIO, 1997). Integrado na Rede Nacional dos Teatros e Cine-Teatros
Número IPA Antigo: PT031416120046
 
Registo visualizado 105 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Cultural e recreativo  Casa de espetáculos  Teatro  

Descrição

Planta longitudinal, em forma de rectângulo irregular. Massa simples, com cobertura em telhado de 2 águas em chapa de zinco ondulada, apoiado em vigamento de madeira. Fachada principal virada a NE., enquadrada lateralmente por pilastras, com remates prismáticos e emoldurada na zona superior por platibanda, que se prolonga ao frontão central, circular; o pano único ergue-se em dois registos, o inferior rasgado por 3 arcos redondos, o superior por janela tripartida, com balcão corrido com gradeamento em ferro, coroada por frontão triangular com volutas laterais. O nome do teatro inscreve-se em moldura redonda no tímpano do frontão. Do lado esquerdo da fachada, um corpo mais baixo, rasgado por portão, rematado por balaustrada, veda o acesso ao logradouro. Interior - do vestíbulo partem escadas laterais de acesso ao andar superior, com foyer abrindo para a janela de balcão corrido da fachada principal; a sala de espectáculos, com um palco profundo, destinado a cinema e a teatro, é constituída por uma ampla plateia, a que se sobrepõe um primeiro balcão recuado e a sala de projecção. Portas rasgadas nos alçados laterais comunicam directamente com o exterior. A saída de emergência do primeiro balcão faz-se através do passadiço sobre o acesso ao logradouro.

Acessos

Rua de João Afonso; Travessa da Roda

Protecção

Em estudo / Incluído no Centro Histórico de Santarém (v. PT031416120166 ) / Parcialmente incluído na Zona Especial de Proteção da Varanda Renascença de uma Casa na Rua de João Afonso (v. PT031416200015)

Enquadramento

Urbano, planalto, flanqueado. Insere-se na malha urbana de Santarém, no bairro de Marvila, abrindo a fachada principal para uma das vias de circulação mais importantes da antiga zona intramuros e a fachada lateral direita para a Trav. da Roda. Nas imediações, junto à fachada lateral esquerda, um logradouro com vestígios do antigo claustro do Hospital de Jesus - as arcadas e uma cisterna.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Cultural e recreativa: teatro

Utilização Actual

Cultural e recreativa: teatro

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

1426, 06 Dezembro - João Afonso de Santarém funda nas suas casas um hospital, sob a invocação de Jesus Cristo; 1484 - são anexados ao Hospital de Jesus Cristo os 15 hospitais existentes em Santarém, nomeadamente o de São Silvestre, com confraria na Igreja de São Nicolau, da Alâmpada, do Corpo de Deus, do Espírito Santo, dos Inocentes, dos Fiéis de Deus, de Palhais, de D. Gaião, Santo André, Santa Iria, Reclamador, da Trindade, de Santa Catarina, de São Brás, de São Gião, de São Martinho e São Lázaro; 1499 - obra na capela do Hospital; 1500, 18 Junho - o Hospital fica isento de pagar sisa e portagem; 1502 - a Misericórdia passa a administrar o Hospital; 1534 - Alvará de D. João III a conceder privilégios a quem criar enjeitados do Hospital; 1536, 27 Março - D. João III concede ao Hospital de Jesus Cristo novo Regimento, estando a cargo dos Padres da Congregação; 1571, 17 Janeiro - Fernão Besteiro deixa todos os seus bens ao Hospital de Jesus Cristo; 1597, 09 Agosto - o Hospital de Jesus Cristo é entregue por Filipe I à Congregação de São João Evangelista; 1608, 25 Junho - por alvará de D. Filipe II a Misericórdia é encarregue de administrar o Hospital; 11 Setembro - Filipe II dá o 5.º regimento do hospital; 1609, 07 Agosto - o Hospital dos Lázaros foi anexado ao Hospital de João Afonso; 1623 - os religiosos do Convento de Santa Catarina vinham curar-se a uma enfermaria que tinham no Hospital; 1626, 10 Junho - o Hospital debate-se com problemas financeiros; 1633, 03 Novembro - Gregório Antunes pinta um quadro e doura-o, a representar João Afonso a distribuir pão, pela quantia de 8:960$000; 1634, 24 Abril - abertura dos alicerces da capela-mor do novo templo; 1649 - conclusão das obras da capela-mor, patrocinadas por D. Joana Coelho; 1719 - início da construção da nave; 1721-1725 - conclusão da construção da nave; 1706 - o Hospital tem graves problemas financeiros, tendo sido pedido um empréstimo para o seu financiamento; 1835 - o Hospital de Jesus Cristo é transferido para o Convento de Nosso Senhor Jesus do Sítio; 1848, 22 Dezembro - a Câmara adquire o edifício do Hospital antigo, na Rua João Afonso, gastando cerca de 500$000 na remodelação do imóvel para estabelecer um Hospital para os coléricos; 1866, 14 Abril - funciona no antigo Hospital a Sociedade Filarmónica, que fez várias obras de remodelação, mas cujo edifício foi aforado pela Câmara, tendo a Sociedade que o abandonar; 1878 - abertura de um posto policial no primeiro piso do antigo hospital; 1897 - demolição de parte do edifício velho; 1898, Janeiro - importação de um motor a gasóleo para o Salão Lumiére Pathé, no recinto do Hospital Velho; 1908, 2 Janeiro - abertura do Teatro Lisbonense, um barracão "construído no pátio do Hospital Velho"; inauguração com a opereta Juramento de Amor, de Meillac e Halévy, levada à cena pela Companhia Lozano (dir. Cândido de Oliveira); neste teatro assistiram-se a exibições cinematográficas (ARRUDA, 21 Maio 1976); 1911 - Teatro Lisbonense deu lugar ao Salão Ideal, cujo gerente era José da Silva: "Não passava o teatrelho, no seu início dum quadrilongo de tábuas, com a superior, a parte dos pomposamente chamados fauteils e a geral, em secções fortemente divididas por grossas barragens de pinho (ARRUDA, 28 Maio 1976)"; para as sessões de cinema o Salão Ideal dispunha de uma orquestra com 10/12 músicos; 1922 - Manuel Francisco de Sousa trespassa o Salão Ideal a António Marques Pinheiro (escalabitano) e Alberto Lucena (residente em Lisboa) (ARRUDA, 30 Jul. 1976); 1922, 7 Novembro - data do requerimento, acompanhado de um projecto, apresentado na Câmara por António Marques Pinheiro e Alberto Lucena destinado a obter autorização para se efectuarem obras no Salão Ideal com o objectivo de "tornar o dito Salão uma casa de espectáculos digna de Santarém, tanto em estética como em bem estar e segurança do público"; em reunião camarária é decidido aumentar a renda do terreno, propriedade municipal e conhecido pelo Pátio do Hospital Velho, para 30$00 mensais (ARRUDA, 30 Jul. 1976); 1922, 5 Dezembro - CMS autoriza a remodelação do Salão Ideal; 1924, 28 Abril - em sessão camarária é apresentado um ofício dos proprietários do Salão Ideal - António Marques Pinheiro, Alberto Lucena, José da Silva e António Pires da Silva - informando "que o dito Salão está sendo transformado em um teatro moderno, cuja construção está prestes a concluir-se, mais um melhoramento com que a cidade de Santarém fica dotada, e que ao dito teatro foi dado o nome de "Teatro Sá da Bandeira", prestando assim uma verdadeira homenagem ao ilustre titular e grande liberal"; arrendatários do edifício propõem à CMS comprar o terreno, o que foi recusado (ARRUDA, 30 Jul. 1976); 1924, final - inauguração do Teatro Sá da Bandeira, preparado também para sessões cinematográficas; 1967, Julho - um dos arrendatários do Teatro Sá da Bandeira cede a sua quota à firma Filmes Lusomundo (ARRUDA, 30 Jul.1976); 1988 - o "Teatro Sá da Bandeira, após o fim do contracto de arrendamento a particulares, viu assumida a titularidade da propriedade do imóvel pela Câmara Municipal, submetendo-o a obras de restauro, recuperação e remodelação, para criar um teatro municipal" (CUSTÓDIO, 1996, 221); 1986 - realização de ante-projecto de remodelação pelo Gabinete de Apoio Técnico de Santarém; 1989, Dezembro - reabertura do Teatro Sá da Bandeira, após obras de recuperação e remodelação; 1992 - passa a apresentar cinema; para a projecção de filmes é estabelecido um acordo com a empresa Filmes Castelo Lopes; 1992 - a companhia Centro Dramático Bernardo Santareno apresenta-se pela primeira vez ao público; 1997, Junho - condições precárias do edifício conduz ao encerramento do teatro; 1998 - Câmara Municipal de Santarém adquire o Teatro Sá da Bandeira; 2004 - depois de extensas obras de recuperação e remodelação o Teatro Sá da Bandeira é inaugurado e aberto ao público;

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes

Materiais

Estrutura em alvenaria de pedra, cantaria em molduras; cobertura em telha zincada assente sobre vigamento de madeira; portas e janelas em madeira, vidro e ferro; sacada em ferro forjado.

Bibliografia

ARRUDA, Virgílio, O Sá da Bandeira e os seus antecedentes, Correio do Ribatejo, Santarém, 21/5/1976, p. 4; ARRUDA, Virgílio, O Salão Ideal e a sua orquestra, Correio do Ribatejo, Santarém, 28/5/1976, p. 4; ARRUDA, Virgílio, O Sá da Bandeira. Suas metamorfoses e projecção social, Correio do Ribatejo, Santarém, 30/7/1976, p. 4; ARRUDA, Virgílio, O Sá da Bandeira no contexto político e social de há meio século para cá, Correio do Ribatejo, Santarém, 6/8/1976, p. 4; BRAZ, José Campos, Santarém raízes e memórias - páginas da minha agenda, Santarém, Santa Casa da Misericórdia de Santarém, 2000; Boletim Municipal, Santarém, Abril de 1992, p. 10; CARNEIRO, Luís Soares, Teatros Portugueses de Raiz Italiana, 2 vols, Porto, 2002 [dissertação de doutoramento apresentada à Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, exemplar policopiado]; CUSTÓDIO, Jorge, O Património Monumental de Santarém: fases da sua destruição, Santarém, 1979; CUSTÓDIO, Jorge, coord., Património Monumental de Santarém. Inventário, Estudos Descritivos, Santarém, 1996; CUSTÓDIO, Jorge, coord., Santarém, Cidade do Mundo, Santarém, 1996; MENDES, Octávio Paes, Guia do Concelho de Santarém, Santarém, 1997; FERREIRA, António, coord., Cine-Teatros. Lisboa e Vale do Tejo. Valorização Cultural, Reabilitação do Património, s.l. 2002; LEAL, Augusto Soares de Azevedo Barbosa de Pinho e FERREIRA, Pedro Augusto, Portugal Antigo e Moderno. Diccionario Geographico, Estatistico, chorografico, Heraldico, Archeologico, Historico, Biographico e Etymologico de todas as cidades, villas e freguezias de Portugal e de grande numero de aldeias..., Lisboa, 1990, vol. VIII.; O "novo" Sá da Bandeira, Boletim Informativo. Câmara Municipal de Santarém, Santarém, Dez. 1989, p. 7.

Documentação Gráfica

CMS: Núcleo do Centro Histórico

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

CMSantarém: Séc. 20, anos 90 - obras de emergência na cobertura do edifício.

Observações

Autor e Data

Isabel Mendonça 1997 / Madalena Ribeiro 2005

Actualização

 
 
 
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