Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Vimieiro

IPA.00003827
Portugal, Évora, Arraiolos, Vimieiro
 
Arquitectura religiosa, vernacular, maneirista e barroca. Igreja da Misericórdia quinhentista, de planta longitudinal composta por nave e capela-mor, mais baixa, estreita e contrafortada, fachada principal, orientada, terminada em empena, de friso e cornija, com portal de verga recta, de moldura rematada em cornija contracurvada, encimada por representação da "Mater Omnium". Fachadas laterais rematadas em friso e cornija, tendo na virada a N., sineira sobre o beiral da nave e janela na capela-mor. Interior com púlpito na nave, capela-mor revestida a azulejos de padrão e retábulo-mor de talha dourada e policroma barroca. Igreja da Misericórdia de médias dimensões, implantada numa antiga sede de concelho, de carácter vernacular, conferido pelas linhas exteriores simples e despojadas, rematadas por beirais e cunhais pintados de ocre. Possui os volumes da nave, capela-mor e anexo terminados em empenas escalonadas, ainda que a capela-mor tenha a cornija sensivelmente à mesma altura da da nave; aquela tem amplo arco de ressalva a N. e os cunhais têm contrafortes, em ângulo. No interior, o revestimento azulejar, que na nave apenas moldura o arco triunfal, o que poderá indiciar faltas de verba para a extensão da obra ao resto do espaço ou então a sua posterior remoção, data da segunda metade do séc. 17 e é de padrão "massaroca de pintinhas", com uma das cercaduras de acantos mais frequentes em todo o país, conforme estudo de Santos Simões. O púlpito, semicircular, com base e guarda em cantaria, implanta-se no lado da Epístola, com acesso por porta. O retábulo-mor e o portal correspondem a uma campanha de melhoramentos do séc. 18, em estilo barroco, sendo o primeiro de transição, possuindo estrutura nacional mas já com decoração joanina, nas colunas salomónicas e anjos do ático. A "Mater Omnium" sobre o portal, numa excelente representação em azulejos de origem espanhola, de finais do séc. 18, foi concebida como uma bandeira; possui inferiormente franjado, figurando a Virgem num plano superior, sobre nuvens, com anjos segurando o manto esvoaçante que protege a representação bipartidada da sociedade, não faltando mesmo o menino pedinte entre os grupos; sob o frade Trinitário tem com o monograma "FMA", e os azulejos dos braços do papa e figura lateral foram mal colocados. As telas das bandeiras, com cenas da Paixão de Cristo, parecem ser todas de mãos diferentes, em estilo maneirista, algumas muito repintadas, e o "Ecce Homo" é barroco, de grande qualidade; a da "Visitação" deveria pertencer ao retábulo-mor, do séc 16.
Número IPA Antigo: PT040702060011
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja de Confraria / Irmandade  Misericórdia

Descrição

Planta longitudinal composta por nave e capela-mor, mais estreita e mais baixa, com contrafortes de alvenaria nos cunhais, postos de ângulo e com beiral, tendo anexo, de um piso, adossado à fachada lateral direita, prolongando-se para a cabeceira e um outro, muito estreito, a N. da capela-mor. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas, em telhados de duas águas. Fachadas em alvenaria rebocada e pintada de branco, a nave com cunhais marcados a ocre e percorrida por embasamento de cantaria. Fachada principal orientada a O., terminada em empena, constituída por frisos, o inferior curvo e pintado de ocre, e cornija de alvenaria moldurada com beiral saliente, rematada por cruz. Portal, em mármore, de verga recta, com moldura formando lateralmente orelhas e superiormente contracurvada, rasgada ao centro por óculo oval deitado entre almofadas relevadas, encimado por cornija com o mesmo recorte. Encima-o registo de azulejos, de 10 x 8, entre moldura saliente de alvenaria rebocada e pintada de ocre, figurando a "Mater Omnium". Fachadas laterais terminadas em cornija de alvenaria moldurada com beiral saliente; as da nave são cegas, e sobre o cunhal da virada a N., ergue-se sineira, com sino, de arco pleno terminada em frontão triangular; a capela-mor, tem a N. arco pleno de ressalva saliente, no centro do qual se abre janela gradeada. O anexo possui cunhais de alvenaria muito salientes e com beiral. Posteriormente, todos os corpos terminam em empena, simples. INTERIOR: Nave com guarda-vento, de madeira, sem portas laterais, e, no lado da Epístola, púlpito semicircular, sobre base em meia esfera e guarda em cantaria decorada por almofadas rectangulares, molduradas, acedido por porta de verga recta; paredes percorridas por cornija moldurada, e tendo dispostas várias telas figurando: "Visitação", de recorte superior semicircular, "Cristo perante Caifás", "Flagelação", "Ecce Homo", " Cristo a caminho do Calvário", e uma outra com anjo segurando Cristo morto, rodeado por símbolos da Paixão. Arco triunfal pleno, moldurado e com chave em voluta, sobre pilastras, rodeado por moldura de azulejos constituída por cercadura de acantos ( C2 ) e padrão de "massaroca de pintinhas" ( P-101 ). Capela-mor com paredes forradas a azulejos do mesmo tipo, numa altura de 32 azulejos, tendo no lado da Epístola porta de acesso à sacristia. Sobre supedâneo, retábulo-mor de talha policroma verde, marmoreada em certas zonas, e dourada, de planta recta, e um só eixo, com colunas salomónicas, decoradas por espira fitomórfica, assentes em consolas, intercaladas por pilastras, que se prolongam no ático em arquivoltas, decoradas por volutas, folhas de acanto, rosetas e anjos que seguram escudo real; ao centro, tribuna, dividida em apanelados, decorados por folhas de acanto, repetidos nos caixotões da abóbada que a cobre, com sacrário e trono coroado por Cristo na cruz. Pavimento de madeira e cobertura em falsa abóbada de berço, em estuque. Sacristia simples.

Acessos

Rua da Misericórdia, nº 1

Protecção

Categoria: IM - Interesse Municipal, Decreto n.º 67/97, DR, 1.ª série-B, n.º 301 de 31 dezembro 1997

Enquadramento

Urbano, em planície, em gaveto, junto a uma das principais ruas da povoação, tendo adossado a S. construções e a E. quintal vedado por alto muro.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: igreja de confraria / irmandade

Utilização Actual

Religiosa: igreja de confraria / irmandade / Funerária: capela mortuária

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1550 - Instituição da Irmandade de Nossa Senhora da Misericórdia em Arraiolos, sob instâncias do 4º donatário da vila, D. Francisco de Faro e Noronha, e de outros habitantes, fundindo-se e substituindo a Confraria medieval do Santo Espírito; séc. 16 - construção da igreja, a expensas de Jacinto de Faria Barreto, onde instituiu missa quotidiana e seria sepultado; séc. 17, meados - revestimento de azulejos no interior; séc. 17 / 18 - feitura das bandeiras; séc. 18 - execução do portal e retábulo-mor; séc. 18, finais - feitura e colocação do registo de azulejos sobre o portal; séc. 19 - notícia do hospital ter rendas muito diminutas; 1855, 24 Outubro - extinsão do concelho de Vimieiro; 1897, cerca - a Misericórdia possuía 690$000 de receita e 9:700$000 de capital nominal e 861$000 de capital mutuado; 1990, 3 Agosto - Despacho determina a sua classificação como Valor Concelhio.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura de alvenaria rebocada, silharia granítica, cantaria de mármore no portal,, revestimento de azulejos, portas, guarda-vento e pavimento de madeira, retábulo de talha policroma, marmoreada e dourada, gradeamento de ferro e cobertura de telha.

Bibliografia

GOODOLPHIM, Costa, As Misericórdias, Lisboa, 1998 ( 1º ed. 1897 ); ESPANCA, Túlio, Distrito de Évora, Concelho de Arraiolos, in Inventário Artístico de Portugal, VIII, SNBA, 1975; SIMÕES, J. M. dos Santos, Corpus da Azulejaria Portuguesa. Azulejaria em Portugal, vol. 1 e 2, Lisboa, 1997.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID; Arquivo da Santa Casa da Misericórdia do Vimieiro

Intervenção Realizada

Observações

A Misericórdia do Vimieiro integrava hospital.

Autor e Data

Manuel Branco e Castro Nunes 1994 / Paula Noé 2002

Actualização

 
 
 
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