Igreja Paroquial de Sarzeda / Igreja de Santa Luzia

IPA.00003798
Portugal, Viseu, Sernancelhe, União das freguesias de Sernancelhe e Sarzeda
 
Igreja paroquial maneirista e barroca, de planta retangular composta por nave, capela-mor ligeiramente mais estreita, sacristia no lado esquerdo e campanário adossado ao direito. Fachada principal em empena, com vãos rasgados em eixo composto por portal em arco de volta perfeita e janela em capialço, semelhante à Igreja do Seixo, na mesma freguesia, e às de Ferreira de Aves (v. PT021817040009) e de Mioma, em Sátão (v. PT021817060038). Fachadas com cunhais simples, remates em cornija e, as laterais, com janelas quadrangulares e portais confrontantes em arco de volta perfeita. Campanário com dois registos, o inferior cego e, acima da cornija divisória, duas sineiras. Interior com coberturas de madeira facetadas, assentes em cornija, a da capela-mor com caixotões de talha. Púlpito no lado do Evangelho e retábulo-mor de talha dourada, do barroco nacional. Capela lateral vazada no muro, com talha de estilo nacional e, junto a esta, o púlpito, cujas escadas são decoradas na face exterior com almofadados. A pia baptismal deve ser a original, a qual se acrescentou nova base, em pilar facetado. Mantém pinturas murais na parede fundeira, presumivelmente dos séc. 16 / 17.
Número IPA Antigo: PT011818150012
 
Registo visualizado 288 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal composta por nave, capela-mor ligeiramente mais estreita, sacristia rectangular adossada à fachada lateral esquerda e campanário no lado oposto. Os volumes são articulados e apresentam uma disposição horizontalista, com coberturas diferenciadas em telhados de uma e duas águas. Fachadas em cantaria aparente, em aparelho isódomo, algumas com diferentes tipos de pedra, com juntas preenchidas a cimento, com cunhais simples e remates em cornija. Fachada principal virada a SO., com portal em arco de volta perfeita, com moldura superior formada pelas aduelas, encimado por fenestração quadrangular em capialço, moldurada e gradeada. No pano murário, estão insculpidas várias cruzes que assinalam passos da Via Sacra, três no lado esquerdo e uma do lado direito. Alguns dos silhares que ladeiam o portal possuem inscrições ilegíveis, a data "1693" e várias siglas. Campanário ligeiramente mais recuado, com dois registos divididos por cornija, o inferior cego e o superior com dois vãos de volta perfeita com sinos, assentes em impostas marcadas e remate em dupla cornija com friso intermédio, cruz e pináculos. A fachada NO. possui uma porta idêntica à da frontaria, para o acesso à nave, e, no volume da sacristia, outra porta de verga recta, acompanhada de fenestração moldurada quadrangular, também gradeada. Em diferentes pontos do muro, existência de algumas cruzes insculpidas. Fachada SE. com duas fenestrações rectangulares gradeadas, uma na cabeceira e outra na nave, esta moldurada e com maiores dimensões. À esquerda desta, porta idêntica e confrontante à da fachada anterior. Cruzes insculpidas no muro, constituindo passos de uma Via Sacra. A fachada posterior é constituída pela sacristia, cujo alçado se rasga por janela moldurada e pela capela-mor com remate em empena. INTERIOR em cantaria aparente, em aparelho ciclópico, lambril de madeira, cobertura de madeira em cinco panos, assente em cornija com tirantes de metal, tudo pintado de castanho, e pavimento de madeira. Coro-alto em cimento forrado a madeira, com guarda em ferro e acesso pelo lado do do Evangelho, onde também surge um púlpito quadrangular, em granito e guarda em talha dourada e policromada, imitando marmoreados. Sobre este, baldaquino de perfil ondulante, também em talha dourada e policromada. Acesso por escada de granito com estradorso lavrado. Sob este, pia de água benta, em forma de taça concheada, assente em pilar. À direita do púlpito, retábulo em talha dourada dedicado a Santo António, inserido em vão recto, rasgado na caixa murária. No lado da Epístola, em vão reentrante, pia baptismal de granito, composta por pé facetado e taça lisa com rebordo boleado. Arco triunfal moldurado, em cantaria de granita, assente em impostas, acede à capela-mor com altar de pedra e retábulo em talha dourada que ocupa toda a parede fundeira. É de planta recta e de três eixos, com tribuna central com trono e baldaquino, tendo o interior apainelado, ladeado por mísulas e colunas pseudo-salomónicas, que se prolongam em arquivoltas unidas no sentido do raio, formando painéis decorados com acantos. Por detrás do retábulo, dois painéis de pintura mural, representando santos, detectando-se outro painel no centro. Cobertura de madeira em masseira, dividida em caixotões, decorada com florões e pintada com marmoreados fingidos. No lado do Evangelho, porta de acesso à sacristia, com tecto de madeira pintado de castanho e lavabo com taça hemisférica e espaldar encimado por cornija curva. do lado da Epístola, fenestração rectangular e pia baptismal.

Acessos

Pela EN 229, entra-se na povoação e segue-se pela Avenida Principal, até ao Largo Professor Dr. João Fraga de Azevedo

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 5/2002, DR, 1.ª série-B, n.º 42 de 19 fevereiro 2002

Enquadramento

Urbano, situado em superfície plana, destacado no aglomerado de casario rústico que se concentra em seu redor, num ponto de confluência de várias artérias da povoação.

Descrição Complementar

Painéis de pintura mural com cerca de 1,5 m. de altura e 1 m. de largura, acima de uma faixa horizontal geometrizada, interrompida pelo altar. Representam, do lado do Evangelho, São Bartolomeu e, no oposto, alguns Santos Mártires. Ao centro, o painel que está encoberto pelo retábulo apresenta decoração geométrica. Retábulo lateral com nicho assente em predela, flanqueado por colunas espiraladas e remate em arco de volta perfeita, coroado por três cabeças de anjo. Possui pequena ara de altar em ressalto.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Lamego)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 (conjectural)

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 16 - presumível constituição da paróquia; séc. 16 / 17 - provável construção do actual imóvel, talvez sobre pré-existência românica, de que teriam sobrevivido os portais laterais, pelo comendador da Ordem de Malta e execução das pinturas murais *1; 1693 - data na fachada principal; séc. 18 - segundo as Memórias Paroquiais, Sarzeda era, na época, uma das dez freguesias de Sernancelhe sujeita à Comenda de Malta, que tinha o direito de apresentação do pároco; séc. 19 / 20 - construção da cobertura da capela; 1979 - descoberta dos frescos na parede fundeira da capela-mor por João Luís Vaz; 1986, Maio - despacho de classificação como IIP.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Granito na estrutura, em aparelho isódomo no exterior e ciclópico no interior, nas molduras, cornijas, cruzes, escadas de acesso ao púlpito, pia baptismal, pias de água benta e lavabo da sacristia; madeira nas portas, lambril interior, pavimentos, púlpito, retábulos, imaginária, coberturas e revestimento do coro-alto, este com estrutura de betão; ferro na guarda do acesso à sineira, tirantes da cobertura da nave, grades das janelas; vidro simples nas janelas e telha de aba e canudo.

Bibliografia

MOREIRA,, Vasco, Terras da Beira, Cernancelhe e o seu Alfoz, Porto, 1929; ALVES, M., Sarzeda, in Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, 16.º vol., Lisboa, 1974, col. 1508; CORREIA, Alberto e SILVA, Celso Tavares da, OS "Frescos" da Matriz de Sarzeda, in Beira Alta, vol. XL, fasc. 2, Viseu, 1981, pp. 329-339; SILVA, Isabel [dir.], Sarzeda, in Dicionário Enciclopédico das Freguesias, 2.º vol., Matosinhos, 1997, pp. 673-374; CORREIA, Alberto, Sernancelhe. Roteiro Turístico, s.l., 1998.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEM/DSID

Documentação Administrativa

Câmara Municipal de Sernancelhe

Intervenção Realizada

Séc. 20, década de 40 - restauro do interior, com novo coro-alto, aplicação de lambril de madeira nas paredes *2; década de 50 - eliminação do acesso exterior à sineira e consequente abertura de uma porta para ligar ao coro-alto; levantamento do arco triunfal cerca de um metro; década de 60 - restauro e douramento da talha do retábulo-mor, substituição da tribuna e construção de um altar; 1994 - execução das portas em madeira.

Observações

*1 - Vasco Moreira conjecturou uma eventual origem românica do templo, baseando-se na estrutura do portal axial, ideia que Alberto Correia e Celso Tavares da Silva reforçariam, baseando-se na existência de três pedras sigladas visíveis no exterior da caixa murária; o registo de "1693" apontaria para uma obra de arranjo arquitectónico. *2 - Alberto Correia e Celso Tavares apresentam a data de 1950 para essa intervenção.

Autor e Data

João Carvalho 1996 / Marisa Costa 2001

Actualização

 
 
 
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