Azenhas de Dom Prior / Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental

IPA.00003627
Portugal, Viana do Castelo, Viana do Castelo, União das freguesias de Viana do Castelo (Santa Maria Maior e Monserrate) e Meadela
 
Arquitectura agrícola e industrial, oitocentista. Moinhos de maré formado por dois corpos rectangulares dispostos em fiada e com quádruplo canal em arco de volta abatida, posteriormente mecanizados.
Número IPA Antigo: PT011609170041
 
Registo visualizado 109 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Extração, produção e transformação  Moagem    

Descrição

Edifício composto por dois corpos de planta rectangular, confrontantes e organizados em função de um terreiro descoberto que os serve, estando este aberto para o ribeiro de São Vicente. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas. Fachadas em alvenaria de granite aparente, rasgadas por janelas e portas retilíneas, com molduras em cantaria. Fachada principal com dois registos, assimétricos, o mais alongado com porta de acesso de verga recta e janelas retilíneas na base, tendo cornija saliente, em papo de rola, e o mais curto com pilastras nos cunhais e duas janelas retilíneas jacentes. Na fachada posterior conservam-se os quatro arcos, abatidos, em cantaria dos canais de alimentação de água ao engenho *1. Interiormente este corpo apresenta parede divisória em pedra nua com porta de comunicação encimada por vão rectangular a indiciar piso superior aproveitando estreito vão do telhado. Interior com paredes rebocadas e caiadas e piso em saibro, vislumbrando-se ainda zona de armazenamento com paredes divisórias em tabique, e zona de moagem com alguns elementos constituintes dos moinhos. Compartimento anexo conservando unicamente canal de entrada de água, a "adufa", em cantaria, sobreposto por pavimento sobradado, maciço em alvenaria adossado à parede S. *3, e apresentando na parede O. porta de verga recta entaipada. Este compartimento apresenta as fiadas inferiores dos paramentos em cantaria e a parte superior em alvenaria irregular, tendo a parede N. em tijolo. Terreiro em terra batida funcionando como zona de circulação e armazenamento. O corpo anexo tem paredes em alvenaria rebocada e caiada e pavimento em saibro, com janelas e portas de vão rectangular, distinguindo-se ainda chaminé em alvenaria, encimando ampla fornalha *4, adossada à parede E..

Acessos

Rua da Argaçosa

Protecção

Em estudo

Enquadramento

Urbano, flanqueado, implantação harmónica, junto à Praça de Touros. Integra-se no tecido urbano da periferia de Viana do Castelo, em zona de armazéns, junto ao cais da margem direita do Rio Lima, na foz do ribeiro de São Vicente.

Descrição Complementar

Funcionava pela força motriz proporcionada pela água. Esta passava para montante pelo canal mais a O., durante a maré alta, sendo esta armazenada na ampla laguna do ribeiro de São Vicente, sendo o retorno efectuado durante a maré baixa através dos restantes canais, controlando-se o fluxo de água necessário à rotação dos três moinhos pelo accionamento de comportas instaladas à entrada dos canais.

Utilização Inicial

Extração, produção e transformação: moagem

Utilização Actual

Cultural e recreativa: edifício multiusos

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 19 / 21

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Jorge Cavaleiro (2007).

Cronologia

1803 - António Pereira Pinto Araújo, Abade de Lobrigos e Dom Prior da Colegiada de Barcelos, designação que viria a dar o nome às azenhas, solicita autorização à Câmara Municipal de Viana para "fazer todo seu" o terreno pantanoso, "por não ser útil a algum indivíduo" a fim de o drenar e tornar cultivável e assim "assegurar a pública felicidade a todos os viventes desta vila"; 1809 - referências à existência do moinho movido pela força da mare; 1868 - referência ao moinho, com quatro mós, na Carta Cadastral da Cidade de Vianna do Castello; 1877 - na sequência da demolição do matadouro, devido aos trabalhos de construção da linha de caminho de ferro, a Câmara solicita ao Director das Obras Públicas o uso de parte do leito do rio para apoio do matadouro que transferira para as azenhas de D. Prior; séc. 19, finais - data provável da compra das azenhas pelo industrial francês Jules Deveze aos seus anteriores proprietários; o industrial introduz enormes melhoramentos nas azenhas, substituindo todo o maquinismo, que seria de madeira, por outro de metal com um sistema de rodas dentadas e de desmultiplicação do movimento, a que terá anexado uma serração de madeira, igualmente movida pela maré; séc. 20 - compra das azenhas por Leão Fernandes; 1930, década - abandono das azenhas; 1971 - a Direcção Geral dos Serviços Hidráulicos aconselha o aterro da caldeira, justificando que "tal lagoa constitui um autêntico charco ou pântano, grande foco de mosquitos que tanto afligem a vizinhança e só havia o maior interesse e vantagem no seu desaparecimento, até por constituir um extenso terreno dentro da cidade que bem poderia ser aproveitado para fins residenciais..."; 1998, depois - venda das azenhas pelos proprietários, herdeiros de Manuel Sá; 2007 - obras de adaptação das azenhas a centro de monitorização e interpretação ambiental, com projeto do arquiteto Jorge Cavaleiro, e integração das mesmas no novo Parque da Cidade, no âmbito do Programa Polis.

Dados Técnicos

Sistema estrutura de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em cantaria, alvenaria de granito e em tijolo, cobertura em madeira telhada, pavimentos em madeira e em saibro, portas de madeira chapeada, paramentos rebocados, janelas gradeadas, elementos dos engenhos em granito e ferro.

Bibliografia

DIONÍSIO, Santana (dir.), Guia de Portugal. IV Entre Douro e Minho - II Minho, Lisboa, s.d., p. 1012; http://www.cmia-viana-castelo.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=21&Itemid=41, 22 fevereiro 2012; http://cidadefixolas.blogs.sapo.pt/1203.html, 22 fevereiro 2012.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Proprietário: 2007 - obras de restauro e reabilitação de todo o complexo das azenhas, que passaram a integrar um pequeno auditório e uma galeria de exposições.

Observações

*1 - Este estabelecimento era o mais importante fabricante de azeite da região de Viana do Castelo; *2 - Era nesta área que se colocava a azeitona triturada em ceiras de sisal, operação que precedia a prensagem; *3 - Nesta lareira era aquecida grande quantidade de água, elemento fundamental na separação do azeite da "água churra"; *4 - Alguns elementos dos engenhos de moagem encontram-se na posse de um dos proprietários; *5 - As bocas de entrada dos canais, junto à fachada principal, encontram-se encobertos pelo enrocamento de protecção da margem e sobrepostos pelo arruamento da marginal.

Autor e Data

Alexandra Lima e Paulo Amaral 1998

Actualização

 
 
 
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