Santuário Rupestre de Campelo

IPA.00035782
Portugal, Vila Real, Mondim de Basto, São Cristóvão de Mondim de Basto
 
Santuário rupestre composto por dois conjuntos de afloramentos de granito, afastados entre si cerca de 100m, e de volumetrias, posicionamentos e motivos decorativos de temática geométrica diferenciada, gravados por picotagem e abrasão, relacionados com os ciclos solar/lunar e o monte onde se implanta. O conjunto principal, junto da pedreira de Campelo e designado de núcleo 1, integra 3 rochas, destacando-se a Rocha 1 pelas suas grandes dimensões e motivos, a qual assumiria posição hierárquica no santuário, visto ser a primeira rocha do conjunto a ser iluminada quando o sol nasce no topo do monte, com o qual tem visibilidade exclusiva. Nesta rocha gravaram-se proeminências de forma subcónica, com motivos de grandes dimensões, num processo de longa duração representado por diversas sobreposições e adições (DINIS: p. 25). A rocha 1 apresenta volumetria arredondada, com a superfície bastante irregular pontuada por protuberâncias e fendas, possuindo 130 gravuras, distribuídas por quase toda a face superior, integrando os acidentes da rocha na própria configuração dos motivos. Possui organização compositiva bastante complexa, representando uma meia lua, na fase minguante (quando vista de nascente), meandros, paletes quadrangulares e circulares, reticulados, covinhas, círculos simples, círculos concêntricos e espirais, por vezes com traços radiais (DINIS: pp. 15-16). Realce para uma gravura de grandes dimensões, sobre uma protuberância suave de forma cónica, configurando uma espiral destrógira, de cinco voltas com curvatura irregular e covinha central, segmentada por onze traços radiais, quatro deles direcionados segundo os pontos cardeais e desenvolvendo-se em meandro até outras gravuras (DINIS: p. 17). No limite poente, a rocha eleva-se e cria uma pendente verticalizada para norte, rematando numa protuberância, muito marcada, totalmente gravada com uma sequência de círculos que parecem representar uma espiral, gravura que se ilumina, em primeiro lugar, quando o sol nasce (DINIS: p. 17). A rocha 2, localizada a cerca de 20m para norte-noroeste da anterior e atualmente desaparecida, tinha forma longitudinal, de pequenas dimensões e pouco saliente no terreno; era preenchida numa das extremidades por quatro círculos concêntricos com covinha central, desenvolvendo-se a partir desta um sulco ondulado, orientado longitudinalmente e terminando na extremidade oposta em ângulo (DINIS: p. 18). A Rocha 3 localiza-se para nordeste no prolongamento da rocha 1, tendo largura reduzida, topo aplanado, orientando-se, longitudinalmente, de nascente para poente. Possui gravados retângulos, losangos, paletes tendencialmente quadrangulares e covinhas, sendo a composição mais simples do conjunto. O segundo conjunto, designado núcleo 2, situa-se na Fraguinha a menos de 100 m para sul do núcleo 1, e inclui, igualmente, 3 rochas. Destaca-se a rocha 1, pela extensão e diversidade das gravuras, surgindo rente ao solo, com superfície muito aplanada e ligeiramente inclinada para sul, estando marcada por muitos estalamentos que afetaram a área gravada. Possui representado, maioritariamente, covinhas, genericamente subcirculares, com diferentes diâmetros e profundidades, que se desenvolvem no quadrante sul-poente, agrupadas e alinhadas. No lado norte, identificam-se alguns motivos de cariz geométrico, configurando círculos e reticulados. (DINIS: p. 19). A rocha 2, contíguo à anterior, a norte, possui características semelhantes e tem um único sulco, longitudinal e bastante comprido, largo mas pouco profundo, de feitura irregular, terminando em linha curva na extremidade sul (DINIS: p. 19). A rocha 3, contígua às rochas anteriores, a poente, destaca-se no terreno, e tem no topo uma covinha sub-circular e uma cruz, gravada com sulco profundo, sugerindo este motivo a apropriação cristã do antigo local. Do espólio recolhido nas escavações arqueológicas, contam-se fragmentos de cerâmica, lisa, atribuíveis à Idade do Bronze, alguns líticos e ecofactos (DINIS: p. 24).
 
Registo visualizado 407 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Estrutura  Religioso  Santuário rupestre    

Descrição

Acessos

Estrada que liga o lugar de Cainha ao campo de aterragem de parapentes, na subida para o Santuário de Nossa Senhora da Graça, tomando o caminho de terra batida, que desce para o vale, a partir da pedreira da Granibasto

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Rural, isolado. Localiza-se na vertente poente do monte da Senhora da Graça, a cerca de 420 de altitude, numa plataforma estreita que se desenvolve em anfiteatro para sul, encaixada entre vertente pronunciada do monte Farinha e um conjunto de pequenos outeiros que a rodeiam de noroeste a sudoeste, cobertos por pinheiros e eucaliptos. O sítio arqueológico é atravessado por uma linha de água que drena para a ribeira do Ramilo e, junto do núcleo 1, há uma nascente, atualmente explorada por um dos proprietários da tapada. A acompanhar a curva de nível, do lado nascente, existe um caleiro de pedra que recolhe a água da vertente e a conduz para o vale (DINIS: p. 14). A cerca de 150 m do núcleo 2 de gravuras, para sul, localiza-se o povoado fortificado do Crastoeiro (v. IPA.00014062). Na envolvente próxima, existem pedreiras.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: santuário rupestre

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Afectação

Época Construção

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

1990, final - descoberta do sítio com arte rupestre de Campelo; 1998 - 1999 - António Dinis com Josefa Rey Castiñeira e Maria José Soto-Barreiro procedem a um primeiro levantamento das gravuras das rochas 1 e 2, do núcleo 1 (p. 12); 2000 - desaparecimento da rocha 2 do núcleo 1, quando o local foi coberto com inertes provenientes de uma pedreira (DINIS: p. 18); 2008 - 2009 - realização de trabalhos arqueológicos, com prospeções de campo, levantamento integral de todos os motivos gravados, sondagens arqueogeofísicas por georadar, escavações arqueológicas na área adjacente às rochas 1 e 3 do núcleo 1, e limpeza do sítio, coberto de inertes depositados pela pedreira existente nas imediações (DINIS: p. 12); os trabalhos integraram-se no projeto "Estudo e Valorização do Património Arqueológico da vertente Oeste do Monte da Senhora da Graça, Mondim de Basto (Norte de Portugal)", aprovado e financiado pelo IPA/IGESPAR e pela Câmara Municipal de Mondim de Basto e coordenado por António Pereira Dinis (DINIS: p. 12).

Dados Técnicos

Materiais

Bibliografia

DINIS, António Pereira - «O Santuário rupestre de Campelo, Mondim de Basto (Norte de Portugal)», p. 11-26 (https://www.cm-lousada.pt/cmlousada/uploads/document/file/1564/1581_original.pdf), [consultado em 04 fevereiro 2022].

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

EM ESTUDO

Autor e Data

Paula Noé 2022

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login