Jardim do Palácio Vale Flor

IPA.00035301
Portugal, Lisboa, Lisboa, Alcântara
 
Espaço verde de recreio. Jardim de inspiração romântica presente no traçado orgânico do seu desenho que recria os diversos elementos da paisagem natural, adotando um caracter mais formal nas situações de enquadramento do palácio.Constitui um espaço privilegiado tanto pela sua dimensão como pela variedade de espécies que alberga, proporcionando ambientes distintos que , juntamente com a presença do palácio, nos remete para outras épocas.
 
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Registo

 
Espaço verde  Jardim  Jardim      

Descrição

Jardim de planta irregular que pode ser dividido em duas zonas, o jardim que enquadra a fachada frontal do palácio, mais formal, e o jardim que se desenvolve nas traseiras do mesmo. Os jardins, palácio e os dois edifícios de carácter mais recente, que albergam os quartos do hotel, formam um conjunto murado que define um quarteirão de forma pentagonal irregular. O palácio de planta quadrangular encontra-se implantado na zona S. da propriedade, central e paralelamente ao limite SE. que é definido por um muro de pedra calcária com balaustrada, onde se situam dois portões em ferro para acesso automóvel, ladeados por outros dois portões para peões. Estes abrem para a lateral SO. do palácio, onde se encontra a sua entrada principal, para um LARGO em calçada portuguesa com desenhos geométricos. No canto S. do largo encontra-se um canteiro de planta triangular cujo centro é marcado com uma fonte em pedra calcária composta por uma figura feminina com um vaso, emoldurada por cachos de uvas. Esta é enquadrada por cipreste (Cupressus sp.), milefólio (Achillea millefolium) e santolina (Santolina chamaecyparissus). O pavimento do largo estende-se, de forma semicircular, pela fachada posterior do palácio até à sua fachada NE. Das fachadas laterais partem duas passagens envidraçadas sobrelevadas, que ligam o palácio às duas novas alas de quartos. Adjacentemente ao largo, entre a fachada frontal do palácio e o muro com balaustrada, situa-se um JARDIM DE BUXO, entre caminhos de calçada e saibro, que se estende até ao limite NE. Este é composto por canteiros de forma orgânica delimitados por sebes de buxo e o seu interior é ocupado por araucária (Araucaria columnaris), cipreste-comum (cupressus sempervirens sempervirens), cica (Cycas revoluta), franco (Platycladus orientalis), roseiras (Rosa sp.) e tradescância (Tradescantia zebrina) entre outros. Na fachada posterior uma escadaria abre para o JARDIM que se estende desta até ao limite NO., sendo confinado pelas duas alas de quartos que se desenvolvem ao longo dos limites SO. e NE. da propriedade. Implantado numa encosta de declives suaves orientada a N., apresenta uma planta aproximadamente pentagonal. A transição entre o palácio e o jardim é feita pela área semicircular em calçada, que é delimitada por sebe de buxo talhado, onde têm inicio os quatro caminhos em calçada que levam ao interior do jardim, um para SO., dois para NE. e um para NO. Junto ao início dos caminhos, entre a vegetação, estão dispostas quatro ESTÁTUAS de figuras femininas representando as quatro estações do ano. No interior dos canteiros definidos por buxo (Buxus sempervirens), encontram-se brincos-de-princesa (Fuchsia sp.), hibisco (Hibiscus rosa-sinensis), oficial-de-sala (Asclepias curassavica), roseira (Rosa sp.), cana-da-Índia (Canna indica), pelargónio (Pelargonium graveolens), perila (Perilla frutescens) e tradescância (Tradescantia zebrina). O caminho NO. define um eixo central de direção SE.-NO. com início na escadaria do palácio, a partir do qual se desenvolve o desenho do jardim, que é definido por um caminho central com cerca de 60m em calçada, ladeado por sebe de buxo, palmeira-das-canárias (Phoenix canariensis), cica (Cycas revoluta), hibisco (Hibiscus rosa-sinensis), cana-da-Índia (Canna indica), estrelícia (Strelitzia reginae), girassol (Helianthus annuus), malmequer (Chrysanthemum sp.) e pelargónio (Pelargonium graveolens), que leva à CASA DO LAGO, um pavilhão de estilo oriental onde funciona um bar-restaurante. Os caminhos de traçado orgânico permitem superar o desnível do terreno, estendendo-se a todo o espaço ao mesmo tempo que criam pontos de interesse e dão acesso às diferentes alas do hotel. Entre eles, canteiros plantados com vegetação de diferentes estratos oferecem ao utilizador diferentes ambientes, os quais se podem usufruir dos bancos de madeira pontualmente implantados. A zona SO. é uma área mais aberta onde predominam os relvados pontuados por espécies de porte arbóreo como as palmeiras-das-canarias (Phoenix canariensis), destacando-se o exemplar de grande porte de ficus (Ficus microcarpa) e o exemplar notável de palmeira-das-vassouras (Chamaerops humilis). A SO. da Casa do Lago, junto à ala SO. encontra-se uma zona onde predominam as plantas xerófitas, encontrando-se entre as palmeiras-das-canarias (Phoenix canariensis), exemplares de agave (Agave americana marginata e Agave atrovirens), yuca (Yucca aloifolia e Yucca gloriosa); aloé-do-natal (Aloe arborescens), cato-do-peru (Cereus peruvianus) e figueira-da-india (Opuntia ficus indica).A N. desta, no extremo NO. do jardim, os canteiros são maioritariamente ocupados por bambu (Phyllostachys sp.), encontrando-se também exemplares de cedro-do-líbano (Cedrus libani), incenso (Pittosporum undulatum), clivia (Clivea mineata), árvore-do-papel-de-arroz (Tetrapanax papyrifer) e linho-da-Nova-Zelândia (Phormium tenax). Aqui encontra-se também uma zona relvada delimitada por uma sebe de pitósporo (Pittosporum tobira) destinada a espreguiçadeiras. A E. desta, entre a ala NE. e a Casa do Lago, na zona mais baixa do jardim, situa-se a PISCINA de planta oval e o seu QUIOSQUE de apoio. Delimitada por lajes de pedra calcária, é envolvida a SE. por um muro de suporte em betão e sobre este encontram-se plantados exemplares de figueira-da-índia (Ficus benjamina e Ficus benjamina variegata), palmeira-elegante (Archontophoenix cunninghamiana), palmeira-rainha (Syagrus romanzoffiana), estrelícia (Strelitzia nicolai) e banana-de-macaco (Philodendron selloum) que avançam sobre a piscina. Nas zonas relvadas envolventes destacam-se ainda exemplares de estrelícia (Strelitzia nicolai) e um exemplar de araucária colunar (Araucaria columnaris). A SO. a piscina tem como pano de fundo cinco arcos em betão que abrem para uma galeria de acesso aos balneários, sendo também acessível por dois lances de escadas, um em cada extremidade. Sobre os arcos, como que assente num maciço de banana-de-macaco (Philodendron selloum) surge a Casa do Lago. Na zona NE. do jardim as plantações são mais densas, proporcionando um ambiente mais fresco e sombrio, onde se destaca uma casa de pássaros em madeira. Aqui encontram-se diversas espécies de diferentes estratos, nomeadamente castanheiro-da-índia (Aesculus hippocastanum), feto-arbóreo-da-Tasmânia (Dicksonia antarctica), incenso (Pittosporum undulatum), tamareira-miniatura (Phoenix roebelenii), tília-prateada (Tilia tomentosa), arália (Fatsia japónica), cameleira (Camellia japónica), hortênsia (Hydrangea macrophylla), louro-do-japão (Aucuba japonica), roseiras (Rosa sp.), couve-de-jardim (Bergenia crassifolia), conteira (Hedychium gardnerianum), jarro (Zantedeschia aethiopica), erva-da-fortuna (Tradescantia fluminensis), hera (Hedera helix) e petasite (Petasites japonicus).

Acessos

Rua Jau, n.º 45 - 49; Calçada de Santo Amaro, n.º 176 - 176 A; Rua Soares de Passos; Rua João de Barros n.º 50 - 62; Travessa dos Moinhos

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 67/97, DR, 1.ª série-B, n.º 301 de 31 dezembro 1997 *1

Enquadramento

Urbano. Situa-se na área urbana de Alcântara (v. IPA.00034138) no Alto de Santo Amaro e encontra-se implantado numa zona de encosta o que permite de certos pontos desfrutar de vista sobre a ponte e o rio. O jardim constitui o espaço de recreio do Palácio Vale Flor (v. IPA.00002624), atual Pestana Carlton Palace Hotel. Na sua envolvente destaca-se a SE. o edifico das cocheiras, pertencente ao palácio, a E. o Jardim Avelar Brotero (v. IPA.00027052), a S. o Jardim da Condessa de Beauregard (v. IPA.0002145) e a SO. um palácio e respetivos jardins (v. IPA.00024279).

Descrição Complementar

A CASA DO LAGO é um pavilhão de planta retangular com fachadas envidraçadas, envolvido por uma varanda pavimentada e delimitada por gradeamento em ferro. Duas escadarias em pedra dispostas simetricamente, uma a SE. e outra a NO. dão acesso à varanda que alberga no lado NE. a esplanada com vista sobre a piscina. No extremo N., a um nível inferior situa-se um pequeno terraço também pavimentado, no qual se estende a esplanada.

Utilização Inicial

Recreativa: jardim

Utilização Actual

Recreativa: jardim

Propriedade

Privada: Pessoa coletiva

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Nicola Bigaglia (1904-1908); José Ferreira da Costa (1908); Ventura Terra (1908); Manuel Taínha (1996-2000). ARQUITETO PAISAGISTA: Júlio Moreira (2000).

Cronologia

1904 - José Constantino Dias, ordenado Marquês Valle-Flôr pelo Rei D. Carlos I, manda edificar o palácio com um projeto de autoria de Nicola Bigaglia; 1908 - com a morte de Nicola Bigaglia o projeto é entregue ao arquiteto José Ferreira da Costa que conta com a colaboração do arquiteto Ventura Terra; 1992 - o palácio é adquirido pelo Grupo Pestana com o intuito de o transformar numa unidade hoteleira; 1997, 31 abril - o Palácio Vale Flor é classificado como Monumento Nacional; 2000 - depois de um moroso processo de aprovação do projeto, da autoria de Manuel Taínha, o palácio é recuperado para ser convertido em hotel, sendo construídos dois novos edifícios destinados a quartos, um a E. e outro a O. do jardim que também foi recuperado pelo arquiteto paisagista Júlio Moreira.

Dados Técnicos

A criação de muros de suporte permite vencer o desnível da encosta, possibilitando a regularização das áreas em que se implanta o palácio e a piscina.

Materiais

INERTES: pavimento em calçada portuguesa, lajes de pedra calcária, azulejo e saibro; muros e muretes em alvenaria, pedra calcária e betão; elementos escultóricos em pedra calcária; candeeiros em metal; sinalética em acrílico e PVC. VEGETAL: árvores - ameixoeira-de-jardim (Prunus cerasifera pissardii), araucária colunar (Araucaria columnaris), castanheiro-da-índia (Aesculus hippocastanum), cedro-do-líbano (Cedrus libani), cica (Cycas revoluta), fiteira (Cordyline australis), cipreste (Cupressus sp.), cipreste-comum (cupressus sempervirens sempervirens), feto-arbóreo-da-Tasmânia (Dicksonia antarctica), ficus (Ficus microcarpa), figueira-da-índia (Ficus benjamina e Ficus benjamina variegata), franco (Platycladus orientalis), incenso (Pittosporum undulatum), jacarandá (Jancaranda mimosifolia), laranjeira (Citrus sinensis), magnólia (Magnolia grandiflora), oliveira (Olea europaea), palmeira-das-canárias (Phoenix canariensis), palmeira-das-vassouras (Chamaerops humilis), palmeira-do-méxico (Washingtonia robusta), palmeira-elegante (Archontophoenix cunninghamiana), palmeira-rainha (Syagrus romanzoffiana), pata-de-elefante (Beaucarnea recurvata), pimenteira-bastarda (Schinus molle), tamareira-miniatura (Phoenix roebelenii), tília-prateada (Tilia tomentosa); arbustos - agave (Agave americana marginata e Agave atrovirens), arália (Fatsia japónica), árvore-do-papel-de-arroz (Tetrapanax papyrifer), bambu (Phyllostachys sp.), banana-de-macaco (Philodendron selloum), brassaia (Schefflera actinophylla), brincos-de-princesa (Fuchsia sp.), buxo (Buxus sempervirens), cameleira (Camellia japónica), cestrum (Cestrum elegans) hibisco (Hibiscus rosa-sinensis), hortênsia (Hydrangea macrophylla), louro-do-japão (Aucuba japonica), oficial-de-sala (Asclepias curassavica), pitósporo (Pittosporum tobira), roseira (Rosa sp.), yuca (Yucca aloifolia e Yucca gloriosa); herbáceas - aloé-do-natal (Aloe arborescens), bromélia (Aechmea fasciata purpurea), cana-da-Índia (Canna indica), cato-do-peru (Cereus peruvianus), clivia (Clivea mineata), clorófito (Chlorophytum comosum), conteira (Hedychium gardnerianum), couve-de-jardim (Bergenia crassifolia), erva-carneira (Festuca arundinacea), erva-da-fortuna (Tradescantia fluminensis), espargo (Asparagus densiflorus 'sprengeri' e Asparagus densiflorus 'myers'), estrelícia (Strelitzia nicolai e Strelitzia reginae), figueira-da-india (Opuntia ficus indica), girassol (Helianthus annuus), jarro (Zantedeschia aethiopica), linho-da-Nova-Zelândia (Phormium tenax), malmequer (Chrysanthemum sp.), milefólio (Achillea millefolium), pelargónio (Pelargonium graveolens), perila (Perilla frutescens), petasite (Petasites japonicus), santolina (Santolina chamaecyparissus), tradescância (Tradescantia zebrina); trepadeiras - hera (Hedera helix), costela-de-adão (Monstera deliciosa).

Bibliografia

ARAÚJO, Norberto de - Peregrinações em Lisboa. Lisboa: Vega, 1992, vol. IX; ATAÍDE, M. Maia - Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa: Concelho de Lisboa. Lisboa: Assembleia Distrital, 1988, 5º vol. 3º t.; COSTA, Mário - O Sítio de Santo Amaro. Lisboa: Amigos de Lisboa, 1957; Palácio Vale Flor (conjunto) in DGPA, (http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/71202), consultado em 4 setembro 2014; Palácio Vale Flor in Câmara Municipal de Lisboa, (http://www.cm-lisboa.pt/equipamentos/equipamento/info/palacio-vale-flor-hotel-carlton-pestana-palace-1), consultado em 4 setembro 2014.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Proprietário: 2000 - obras de renovação do palácio, construção de dois novos edifícios e recuperação do jardim.

Observações

*1- DOF: "Palácio Vale-Flor incluindo o palácio, Casa da França, Lavandaria, Cocheira e Garagem, e todo o jardim murado e as construções decorativas que o integram". *2 - com exceção de grande parte das palmeiras-das-canárias que foram afetadas pelo escaravelho das palmeiras.

Autor e Data

Mafalda Jácome 2014 (no âmbito da parceria do IHRU / APAP)

Actualização

 
 
 
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