Mosteiro de São Bento

IPA.00003513
Portugal, Viana do Castelo, Viana do Castelo, União das freguesias de Viana do Castelo (Santa Maria Maior e Monserrate) e Meadela
 
Arquitectura religiosa, quinhentista, maneirista e barroca. Mosteiro feminino da Ordem Beneditina, com igreja longitudinal de nave única e capela-mor, interiormente mais baixa e estreita, cobertas por tectos de madeira entalhados formando caixotões pintados, com marcação dos coros, ante-sacristia, sacristia e ala do claustro, bastante reformados. Fachada principal terminada em empena, coroada por imagem de Cristo Pantocrator e anjos músicos sobre os cunhais apilastrados, rasgada por portal em arco de volta perfeita inserido em duplo alfiz com pilastras almofadadas e capitéis vegetalistas, encimado por janelão quadrangular e óculo, ambos com grelhagem. Fachada lateral esquerda terminada em beirada, rasgada por portal semelhante, ladeado por frestas de capialço e vários outros vãos, jacentes. No interior, tem paredes da nave revestidas a azulejos de padrão 4x4, maneiristas, assinalando a separação dos coros por arco de madeira, com púlpito joanino todo em talha dourada, encimado por baldaquino, quatro retábulos laterais, de talha dourada, em barroco nacional, com planta recta e corpo côncavo e de um eixo, um outro retábulo lateral neoclássico, de planta recta e um eixo, arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras almofadadas e tecto em caixotões com pinturas alusivas à vida de São Bento. Capela-mor com decoração em barroco nacional, com paredes revestidas a azulejos alusivos ao orago integrados no chamado "ciclo dos mestres", e painéis pintados, tecto de caixotões entalhados e dourados, e painéis pintados com acantos simétricos e afrontados, e retábulo-mor de talha dourada de planta côncava e um eixo, seguindo o modelo da Escola de Braga / Barcelos. Lavabo maneirista de espaldar com duas penas e claustro de dois pisos, de que conserva uma ala, tendo no primeiro arcada maneirista, com arcos de volta perfeita sobre colunas toscanas com capitel encimado por motivos fitomórficos. Antigo mosteiro feminino beneditino de que conserva apenas a igreja, sacristia e ala do claustro, muito reformado devido à demolição de grande parte das estruturas monacais. A igreja conserva parte do espaço dos coros, devidamente marcados a nível das paredes, por um arco, e tecto, onde os caixotões são lisos, os quais foram truncados para construção do mercado municipal em frente, posteriormente demolido. Com este corte procedeu-se à rotação da fachada principal, que se transferiu de N. para O., onde se tapou as duas frestas de capialço do coro-baixo para abrir portal com estrutura e decoração semelhante ao portal principal existente a N.. Apesar disso, reproduziu-se o remate que a fachada já apresentava em finais do séc. 19, em empena coroada por imagens escultóricas, e recolocaram-se o vão quadrangular flanqueado por pilastras sobre querubins e o óculo circular, também com querubins na moldura, ambos com decoração em grelhagem. Esta grelhagem, com linguagem revivalista neogótica precoce, e o amplo vão deve ter sido executada na reforma após a queda do raio, em Maio de 1779, que, entrando pelo óculo, muito danificou aquela fachada. No antigo portal principal apeou-se os elementos do remate, nomeadamente o brasão que possuía, e acrescentou-se, no séc. 19 / 20, os actuais fragmentos de cornija, as insígnias da Ordem e outros elementos decorativos, estes entretanto desaparecidos. No interior, os azulejos da nave, segundo Santos Simões, são de produção lisboeta e de cerca de 1660 / 1670. O púlpito, disposto no lado do Evangelho, era inicialmente acedido por escada rasgada no intradorso da caixa murária, tal como acontece no Mosteiro de Santa Ana, na mesma cidade e da mesma Ordem (v. PT011609310121), tendo-se no séc. 19 aberto e revestido o vão a cantaria; o púlpito data da década de 1730, visto a decoração joanina já introduzir elementos rocaille. O retábulo lateral do Evangelho apresenta remate muito simples e certamente truncado, devido à sua recente colocação no vão da antiga porta principal. Os quatro retábulos laterais, de estrutura semelhante, à excepção de um, onde se retiraram duas colunas e respectiva arquivolta para colocação de nicho envidraçado, são demasiado estreitos para o espaço das capelas e possuem os raios do ático sobrepostos por anjos e figuras híbridas. Apenas um retábulo possui frontal de altar antigo, rococó muito repintado. Azulejos da capela-mor, assinados por Teotónio dos Santos, datados de cerca de 1715, com composição figurativa alusiva à vida de São Bento, bastante singelos e algo incipientes, característicos do início da actividade do pintor, com cercaduras de acantos, contrastando com as composições inferiores, de acentuada volumetria, revelando a influência mais nítida da escola dos Bernardes. Retábulo-mor de estilo nacional, mas de transição para o joanino, com um eixo, defindio por colunas intercaladas por nichos com imaginária. Os tectos da nave e capela-mor reproduzem os da igreja do Mosteiro de Santa Ana, permitindo assim, graças às afinidades estilísticas, datá-los. Em ambos os mosteiros possuem a mesma estrutura e esquema decorativo; o da nave reproduz o de Santa Ana, executado em 1671 pelo entalhador António de Araújo, possivelmente da conhecida família de entalhadores de Braga, e com ciclo pictórico figurativo pintado em 1677 por António Luís, variando apenas o número de caixotões e as cenas representadas alusivas a cada um dos oragos, tal como acontece com o da capela-mor, atribuível ao ensamblador Manuel de Azevedo e onde os motivos são completamente iguais. Provavelmente da mesma mão e data (séc. 17 / 18), serão os cadeirais existentes nas naves, variando essencialmente o programa iconográfico dos espaldares, o da Igreja de São Bento, com painéis representando o ciclo dos meses do ano, actualmente incompleto, e o de Santa Ana com as Obras da Misericórdia.
Número IPA Antigo: PT011609310061
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro feminino  Ordem de São Bento - Beneditinas

Descrição

Igreja de planta longitudinal, composta por nave e capela-mor, interiormente mais estreita e baixa, volumetricamente indistintas, tendo adossado a S., à fachada lateral direita, corpos que integram a ante-sacristia e sacristia, rectangulares, ala e parte da quadra do claustro. Volumes escalonados, com cobertura homogénea em telhado de duas águas na igreja, de uma na ala do claustro, e de duas, dispostas transversalmente nos corpos adossados às fachadas principal e posterior. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com cunhais apilastrados e terminadas em friso e cornija. Fachada principal orientada a O., com embasamento de cantaria, terminada em empena, com friso, ritmado por três argolas de ferro, e cornija, coroada pela figura de Cristo Pantocrator, em cantaria, e as pilastras dos cunhais por figuras de vulto, em cantaria, de anjos músicos, sobre plintos. É rasgada por portal em arco de volta perfeita, de perfil côncavo e moldurado, com chave saliente em folha de acanto, enquadrado por duplo alfiz, sobreposto, ambos definidos por pilastras com capitéis de inspiração coríntia sustentando cornija, encimado por janelão quadrangular moldurado e enquadrado por pilastras sobre querubins, suportando cornija recta, fechado por círculos rendilhados, entrecortados, sobreposto por óculo circular, com moldura interiormente decorada com querubins e fechado com motivos iguais aos do janelão. Sobre a cobertura da fachada lateral direita, ergue-se sineira, em cantaria de silharia fendida, com dois vãos em arco de volta perfeita sobre pilares, albergando sino, terminada em frontão triangular com círculo lavrado no tímpano, coroada por cruz latina de ferro. O corpo adossado à igreja, que integra a ala e parte do claustro, possui fachada de dois pisos, terminada em friso e cornija sobreposta por beirada simples, com o cunhal esquerdo apilastrado; é rasgado por três vãos rectilíneos sobrepostos, de molduras simples, abrindo-se no piso térreo portas e, no segundo, janelas de peitoril. Fachada lateral N. com faixa pintada de beje, rasgada, sensivelmente a meio, por portal, idêntico ao da fachada principal, com a data de 1549 inscrita na pedra de fecho, encimado por fragmentos de cornija criando falso frontão recortado com dois pináculos laterais; entre as duas pilastras do alfiz, do lado direito, foi integrado silhar com cruz relevada. A nave é rasgada por duas frestas de capialço, ladeando o portal, e quatro janelas rectangulares jacentes, com moldura de capialço, gradeadas, sobrepostas, que iluminavam os antigos coros, e a capela-mor por duas amplas janelas de capialço e, ao centro, junto à cornija, por vão mais pequeno, entaipado; no corpo adossado, abre-se janelo sem moldura e, inferiormente, vão rectangular, gradeado, interiormente revestido a azulejos de padrão policromo e albergando imagem de São Bento, ladeado por dois outros jacentes de capialço. Fachada posterior terminada em empena, com cornija, coroada por pináculos piramidais de bola sobre plintos paralelepipédicos e, ao centro, cruz latina sobre acrotério, rasgada por janelão rectangular, gradeado. O corpo adossado tem dois pisos, separados por friso, e termina em friso e cornija sobreposta por beirada, rasgando-se no primeiro porta de verga recta e duas janelas de peitoril gradeadas e, no segundo, três janelas rectilíneas com moldura formando brincos rectos. INTERIOR com a nave de paredes revestidas a azulejo policromo, tipo tapete, com 52 azulejos de altura, do padrão P-421, com barra B-31 e friso F-1 emoldurando os elementos estruturais e vãos, pavimento em soalho de madeira e cobertura em falsa abóbada de berço, formando 60 caixotões, com molduras entalhadas e pintadas, contendo florões de talha nos encontros, tendo os 20 painéis sobre o coro a branco, não decorados, e os restantes 40 pintados com cenas alusivas à vida de São Bento e Santa Escolástica; assenta sobre friso e cornija igualmente decorada e possui tirantes de ferro. Coro-alto de madeira, com guarda em balaustrada, acedido a partir do lado da Epístola; a zona do coro, delimitada por pilastras toscanas e arco abatido, de madeira, apresenta as paredes rebocadas e pintadas de branco, no sub-coro com silhar de cantaria e de azulejos de padrão, recente; guarda-vento de madeira, com vãos de vidros policromos; no lado da Epístola, abre-se porta de ligação ao claustro, ladeada por pia de água benta gomada. No lado do Evangelho surge púlpito, de bacia rectangular, sobre mísula tipo pingente, decorada com acantos, e guarda plena em talha dourada, ornada de cartela envolvida por motivos fitomórficos, tendo espaldar igualmente em talha, com apainelado em arco bilobado, pintado com flores e moldura recortada, sobreposta de elementos vegetalistas, encimado por sanefa contracurvada, com espaldar recortado, decorado com concheados e com lambrequim; o púlpito tem acesso por escada de pedra, com guarda em balaústres de talha dourada, paralela à parede, tendo a zona de passagem côncava, revestida a cantaria. No vão do antigo portal principal, em arco abatido, insere-se actualmente um retábulo lateral, em talha policroma, dedicado a Nossa Senhora de Fátima, de planta recta e um eixo. Sucede-lhe pia de água benta com largas caneluras, encimada por nicho em arco de volta perfeita e sobrepujada por lápide quadrangular, inscrita. No lado da Epístola, dispõe-se restos do antigo cadeiral do coro, com espaldar ritmado por duplas pilastras, suportando entablamento, pintado, sobre madeira, com sete das doze Alegorias aos meses do ano (Abril a Outubro), devidamente identificadas por inscrições inseridas em cartelas; pés torneados de madeira. No topo da nave, dispõem-se quatro retábulos laterais, dois de cada lado, confrontantes, e de estrutura semelhante, em talha dourada, de planta recta e um eixo, os do lado do Evangelho dedicados ao Sagrado Coração de Jesus e Imaculada Conceição e os do lado oposto a São Domingos e à Nossa Senhora das Graças. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras, ambos almofadados, com parede envolvente igualmente revestida a azulejos. Capela-mor com tecto de perfil curvo, formado por 35 caixotões entalhados e pintados, com florões nos encontros, e de painéis pintados com acantos simétricos e afrontados, assente num friso de acantos e cornija, ritmada por mísulas equidistantes. Apresenta as paredes laterais revestidas a azulejos historiados, monocromos azuis sobre fundo branco, com painéis figurativos alusivos à vida de São Bento, dois deles representando a morte de São Bento e enterro de São Bento, e tendo um painel assinado por Teotónio dos Santos; são rasgadas por portal central de verga recta, moldurado, encimado por sanefa de talha, o do lado do Evangelho entaipado e com vão albergando imaginária, e o do lado da Epístola de acesso à ante-sacristia, e duas janelas laterais, as do lado da Epístola, falsas, enquadrando amplos painéis pintados, a óleo, com moldura em tallha, decorada com acantos enrolados e cartelas, figurando a Virgem a apresentar o Menino a Santa Escolástica e a Santa Ângela Merici e, A Aprovação da Regra. Sobre o supedâneo, com frontais almofadados e acedido por cinco degraus centrais, assenta o retábulo-mor em talha dourada, de planta côncava e um eixo, definido por seis colunas torsas, decoradas com pâmpanos, aves e anjos encarnados, tendo entre as segundas interiores nichos integrando imaginária, assentes em mísulas volutadas com anjos atlantes e com capitéis coríntios, que se prolongam em quatro arquivoltas no ático, três torsas e uma plana, com a mesma decoração e querubins encarnados, unidas no sentido do raio, igualmente sobrepostos por cartelas e querubins; no fecho possui cartela com as insígnias da Ordem de São Bento: a torre, sol, rio, leão com báculo e mitra abacial e a inscrição Bndo Nicolau José Barbosa fecit, envolta em acantos recortados; ao centro, abre-se tribuna em arco de volta perfeita, interiormente com apainelados de acantos e tecto de caixotões, decorados com acantos relevados, albergando trono expositivo de vários degraus, o superior galbado, e imaginária; banco de apainelados de acantos, integrando ao centro sacrário tipo templete, decorado com Cristo Redentor, relevado na porta, e acantos relevados, querubins, cartela e anjos; sotobanco com plintos paralelepipédicos almofadados. Altar paralelepipédico com frontal contendo elementos fitomórficos, duas cruzes laterais e, ao centro, o monograma IHS. Junto ao retábulo existem dois anjos tocheiros. Ante-sacristia com lavabo de espaldar rectangular, disposto na vertical, composto por dois elementos rectangulares terminados em cornija, o inferior contendo duas bicas carrancas antropomórficas inseridas em almofadas, e o superior constituindo o reservatório, com nicho em arco de volta perfeita; bacia rectangular. Sacristia com arcaz, tendo as gavetas ornadas com rendilhado metálico, encimado por nicho. Subsiste a ala S. do claustro, marcada por seis arcos de volta perfeita assentes em colunas de capitel fitomórfico, com pavimento em lajes e cimento, e tecto de betão conservando as mísulas de cantaria; na face N. abre-se nicho rectangular, envolvido por volutas estilizadas, em betão, com porta gradeada, e no topo O. e SO. da ala, conserva dois amplos arcos de volta perfeita, o segundo argamassado e parcialmente fechado.

Acessos

Praça Gonçalo Velho, Rua do Gontim e Rua Nova de S. Bento. WGS84 (graus decimais) lat.: 41,694734; long.: -8,824052

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, adossado, no limite E. do centro histórico de Viana, delimitado a N. e a E. pela linha do caminho de ferro. Ergue-se paralelo ao rio, integrado num quarteirão, formando frente de rua, possuindo junto a três das fachadas vias pavimentadas a paralelos de granito com passeios separadores; em frente da fachada principal, o passeio é mais largo e forma meia lua, limitado por um gradeamento de ferro.

Descrição Complementar

O retábulo lateral do Evangelho de Nossa Senhora de Fátima possui planta recta e um eixo definido por duas pilastras exteriores, de fuste seccionado em três almofadas sobrepostas, ornadas de motivos fitomórficos, sobre duas ordens de plintos, os superiores com florão e os inferiores, recuados, decorados com motivos vegetalistas, e duas colunas, de fuste estriado, com o terço inferior marcado por largo anel fitomórfico, sobre plintos com elementos fitomórficos, e de capitéis coríntios; ao centro, possui painel de perfil curvo, moldurado, tendo à frente imaginária, enquadrado superiormente por florões nos seguintes; ático em cornija com friso denticulado, rematado, ao centro, por amplo acanto vasado e urnas, no alinhamento das colunas; banco com apainelado ornado de festões e motivos vegetalistas entrelaçados. Altar paralelepipédico de frontal almofadado contendo motivos fitomórficos enrolados. Entre este retábulo e o sequencial, sobre pia de água benta, surge lápide tumular com a inscrição, em 7 regras, avivada a preto: AQUI JAZ O IRMITAO FREI HIERONIMO QUE'DIFICOV. ESTA IRMIDA DE SÃO BENTO EM QUE SE FVNDOV. ESTE MOSTEIRO E FALECEO A NO DIA 1538. Retábulos laterais de planta recta e corpo côncavo, de um eixo definidos por duas pilastras largas, decoradas de acantos enrolados e anjos encarnados, assentes em quarteirões pouco desenvolvidos com acantos, e quatro colunas torsas, decoradas de pâmpanos, aves e anjos, encarnados, assentes em mísulas com anjos atlantes e de capitéis coríntios, prolongadas no ático em três arquivoltas de igual modinatura, unidas no sentido do raio, sobreposto por anjos e figuras híbridas, possuindo no fecho cartela envolta em acantos enrolados encimada por ave; ao centro possui painel pintado com flores sobreposto por mísula com imaginária; o retábulo de Nossa Senhora das Chagas possui apenas duas colunas e duas arquivoltas respectivamente, e, ao centro, nicho de perfil curvo, moldurado e envidraçado; banco de apainelados com acantos enrolados e querubins. Altares paralelepipédicos encimados por sacrário tipo templete ornado de acantos enrolados e querubins, contendo na porta cruz com sudário. Três dos altares laterais têm frontal recente, ornados de cartela central com resplendor sobreposto por coração inflameado (o 1º do Evangelho), Cruz e livro aberto (o 2º do Evangelho) ou cruz (o 1º da Epístola), envolto em elementos lineares e vieiras; o frontal do retábulo da Senhora das Chagas posui marcação de sanefa e é decorado com cartelas recortadas e concheados.

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro feminino

Utilização Actual

Religiosa: igreja

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

CARPINTEIROS: Bartolomeu Araújo Lima (1729), João Domingos (1549), Pero Carvalhinho (1549). ENGENHEIRO: Manuel Pinto de Vilalobos (1713), Manuel Fernandes da Silva. ENSAMBLADOR: Manuel de Azevedo (1707 - atr.). ENTALHADOR: Baltazar Moreira (1596-1599), Nicolau José Barbosa (séc. 18), . MESTRES: António da Silva (1713), António Franco (1713), António de Araújo (1671 - atr.), Bartolomeu Lima (1713), Francisco Gonçalves Valinha (1713), Domingos Afonso Bamba (1713), José Dias Felgueiras (1891), Manuel Alves da Costa (1713), Manuel Fernandes da Silva (1713), Manuel de Oliveira (1713), Manuel Pinho (1713). PEDREIROS: Fernão Pires (1548); João Gonçalves Canhota (1615). PINTOR DE AZULEJOS: Teotónio dos Santos (séc. 18).

Cronologia

1508, 6 Junho - provisão do bispo de Ceuta a favor de Ana Martins e duas outras mulheres, autorizando o recolhimento anexo à ermida de São Bento, construída nos arrabaldes da vila para abrigo dos peregrinos que pretendiam atravessar o rio Minho; 1545, 28 Abril - instituição do mosteiro de São Bento por um grupo de vianenses, reunidos nas casas de Nossa Senhora da Misericórdia, o qual deveria ser construído no local da ermida do mesmo nome; aprovada a fundação pelo Arcebispo de Braga, as religiosas recolheram-se nas casas da ermida, sendo assistidas espiritualmente por Frei Jerónimo; a requerimento dos padroeiros, o Arcebispo de Braga anexou a Igreja de Santa Leocádia de Tamel; 1548, Maio - anexação da Igreja de São Martinho de Outeiro; 10 Maio - bula de Paulo III confirmando a fundação; 1549 - chegada a Viana da bula papal; início das obras de construção do mosteiro, cuja data figura no antigo portal principal, a N., com os 60$000 que cada um dos 31 padroeiros deram, totalizando três contos, e com os bens com que dotaram o mosteiro; construção da igreja e dormitório, sobre estacaria, devido o terreno ser muito alagadiço, pelo pedreiro Fernão Pires, de Viana, e pelos carpinteiros João Domingos e Pero Carvalhinho; a primeira abadessa foi D. Filipa de Melo, filha de D. Rodrigo de Melo, abade do Mosteiro de Pombeiro e neta do primeiro Visconde de Vila Nova de Cerveira; 1563 - inscrição de 53 freiras na Confraria dos Mareantes, mediante o pagamento de uma jóia de entrada; 1573, 6 Julho - visitador refere o coro-baixo sem cadeira alguma e ainda por forrar; nas crastas estavam por fazer três partes e a existente estava por forrar; a sala do capítulo não estava ladrilhada nem forrada e não tinha assentos; a horta ocupava o local da segunda crastra; não tinha água própria; a parede sobre a horta e a que era das madres, chamada casa nova, tinha uma fenda de alto a baixo e não parecia segura; no refeitório as traves estavam escoradas por terem quebrado; a chaminé da cozinha tinha defeito; a casa da abadessa estava por forrar; a enfermaria não tinha botica; a casa do lavor era de telha vã e tinha poucos bancos; das varandas (do claustro) só estava feito um ângulo e ainda assim por forrar; havia dois dormitórios, mas eram pequenos para o número de freiras; a casa do celeiro era pequena; o parlatório não tinha lajes nem forro; não havia casa para receber as famílias das freiras; na casa do forno, coro-baixo e crasta entrava a maré, a igreja não tinha retábulo; 1587 - conclusão do dormitório, refeitório, escadas, portão e armário para livros; séc. 16 - demandas entre as freiras, os padroeiros e seus herdeiros, os quais não tendo filhas, metiam no mosteiro pessoas estranhas que cobravam determinada quantia privando as freiras do dote de religiosas; em consequência, os padroeiros começaram a desinteressar-se pelo mosteiro e respectivas obras, o qual entrou em decadência; séc. 16, finais - anexação das igrejas de Santa Eulália de Gondomar, São Pedro Fins de Parada e a de Vila Mou, para prover e aumentar as rendas do mosteiro, dado o desinteresse dos seus padroeiros; 1596, 12 Agosto - contrato com o entalhador Baltazar Moreira para feitura do retábulo-mor, que então recebeu 30$000 por conta da obra, sendo o trabalho de pedreiro e os pedestais do altar para baixo com as respectivas molduras feitas pelo mosteiro; o retábulo devia ter 6 painéis e 4 anjos, 2 destes junto ao sacrário como que a sustentá-lo; deveria medir (sem os vãos das molduras) 22 palmos de largura e 34 de altura; a obra devia estar concluída na Páscoa de 1599; 1615, 19 Fevereiro - obra das paredes do mosteiro pelo pedreiro João Gonçalves Canhoto; 1647 - construção de um cruzeiro no largo pela abadessa D. Natália de Jesus; 1671, cerca - feitura do tecto da nave provavelmente pelo entalhador António de Araújo; 1699, 4 Julho - reedificação do mosteiro, conforme é referido nas Actas da Câmara; séc. 17, finais - revestimento da nave em azulejos de tapete; 1703, 26 Março - referência à reconstrução do mosteiro nas Actas da Câmara; 1704, cerca - no caso de uma intervenção no mosteiro, Manuel Fernandes deveria submeter à aprovação do engenheiro Manuel Pinto Vilalobos o rascunho resultante da sua vistoria; 1706, 13 Janeiro - as religiosas pedem ao Arcebispo de Braga autorização para executarem o retábulo de São João Baptista para onde estava na igreja o jazigo de Martim da Rocha de Almeida (lado do evangelho); grandes danos no mosteiro devido às cheias do rio Lima; 1707, 9 Abril - início das obras, durante as quais se transferiu a lápide sepulcral de Frei Jerónimo de junto do segundo altar lateral para junto da antiga porta principal, a N.; feitura do tecto da capela-mor provavelmente pelo ensamblador Manuel de Azevedo; 1708, 2 Maio - o mosteiro estava em ruína e precisava de obras urgentes no dormitório e no cais; 1708 / 1713 - início das obras durante o triénio da abadessa D. Ana de São Marçal, filha de Dr. Jácome de Vilas Boas Casado, reedificando-se o mosteiro: todo o dormitório que ia da R. Nova de São Bento até ao rio, todo o dormitório desde as casas do Brasil até ao mirante e o mirante até aos peitoris das primeiras janelas, o qual não ficou concluído; para as obras contribuíram ainda parentes das freiras; 1713, 5 Outubro - escritura para construção da capela-mor desde os alicerces, com dinheiro doado por Manuel Barbosa Teixeira, morador na Baía, e pelo seu irmão Manuel Barbosa Teixeira, irmãos da Madre Elena de Santo António, e feitura de jazigo para sua sepultura, no lado da Epístola; as obras somaram 10:933$975 pagos aos mestres Manuel Fernandes da Silva, Bartolomeu Lima, Manuel Alves da Costa, Francisco Gonçalves Valinha, Manuel de Oliveira, Manuel Pinho, António da Silva, António Franco e Domingos Afonso Bamba; a obra de pedreiro custou 3:373$344, a de carpinteiro e madeiras 641$455, a de trolha e rebocos 2:802$943, a de serralharia e outra 1:056$903; pagou-se a Domingos Fernandes de Lanheses por tijolo e telha e respectivo transporte 2$890, a António Gonçalves Larangeira e Manuel de Carvalho também por tijolo e telha 58$040; as medições foram feitas pelo eng. Manuel Pinto Vilalobos; 1715 - colocação do retábulo-mor e dos 4 retábulos colaterais, o mor executado por Nicolau José Barbosa; 11 Junho - transferência do Santíssimo Sacramento do coro para o sacrário do novo retábulo-mor, pelo Arcebispo de Braga; 1716 - colocação do brasão de Moura Teles no portal principal, benfeitor do mosteiro; 1725 / 1730 - colocação dos azulejos figurativos na capela-mor da autoria de Teodósio dos Santos; 1728, 13 Abril - construção dos muros do mosteiro; 28 Abril - as religiosas pedem ao rei para ampliarem a cerca; 1729, 8 Setembro - a Câmara protesta com o alargamento da cerca, que atingia a estrada real e uma das portas da vila; 1736, 9 Dezembro - adjudicação do fim da obra de carpintaria por Domingos Meira, João Miranda, Domingos da Costa, Manuel Afonso Trigo e Ventura Álvares, que fora iniciada por Bartolomeu Araújo Lima, entretanto falecido; 1753, 6 Fevereiro - as religiosas pedem um anel de água dos chafarizes públicos; 1773, 24 Março - demolição do paredão de São Bento, sem autorização da Câmara e religiosas; 1779, 26 Maio - queda de um raio sobre a imagem do Salvador, correndo internamente a fachada da igreja, entrando para o coro-alto pelo vidro do óculo, derrubando no oratório sobre a cadeira da madre abadessa a imagem da Senhora da Encarnação, ficando o Menino no seu lugar, passando depois para o coro-baixo; na sequência, a imagem do nicho passou a designar-se de Senhora do Milagre; 1834, 28 Maio - extinção das Ordens religiosas; 1851 - fundação da Confraria do Santíssimo e Imaculado Coração de Maria; 1857, 20 Junho - elaboração do Inventário dos bens do mosteiro, os de raiz avaliados em 17:000$000 e os objectos preciosos em 531$500; o rendimento anual não chegava a 2:000$00; 1874 - ainda era habitado por duas freiras; construção do largo junto ao mosteiro, entulhando a zona até onde chegava o rio; 1879, 22 Março - alvará aprovando estatutos da confraria do Santíssimo e Imaculado Coração de Maria; 1888, Julho - a Junta da Paróquia de Santa Maria Maior pediu ao Governo os paramentos e alfaias do mosteiro quando esse fosse extinto pelo falecimento da última freira; alegava que a Ordem Terceira de São Domingos tinha todos os paramentos e alfaias necessárias às suas festividades, rendimentos próprios para custear as despesas necessárias, enquanto a Junta não tinha rendimentos, e a fábrica da igreja Matriz, onde se fazia todas as festividades, particulares e oficiais, estava completamente desprovida, tendo de recorrer ao empréstimo ou aluguer de alfaias e paramentos; acrescia que a Junta não podia recorrer a demanda pelos paroquianos, devido à sobrecarga com os reparos do templo, que excederam a cinco contos de reis; assim, a Junta pedia ao rei que, pela Repartição dos Próprios Nacionais, mandasse dar à fábrica da Matriz o órgão, paramentos, alfaias, custódia, cálices e mais objectos, que formavam a fábrica do mosteiro; 30 Julho - Mesários da Confraria do Santíssimo e Imaculado Coração de Maria pedem a cedência da igreja e alfaias, vasos sagrados e paramentos após a morte da última freira; 1889, 3 Janeiro - decreto declarando de utilidade pública e urgente expropriação a casa do consistório da Ordem Terceira Dominicana, no Lg. de São Domingos; 21 Fevereiro - despacho do Rei concedendo provisoriamente à Ordem Terceira de São Domingos a igreja do mosteiro de São Bento e respectivos paramentos, devendo tomar posse dela depois da morte da última freira, prescindindo da indemnização que pela expropriação tinha de receber da Câmara; a Ordem Terceira comprometia-se a conservar na igreja a Confraria do Coração de Maria, podendo usar as alfaias e paramentos nas suas festividades, a manter o culto, guardar e conservar tudo o que se lhe desse posse e de reverter para a fazenda do edifício cedido com quaisquer benfeitorias sem direito a indemnização quando deixarem de ser cumpridas as disposições mencionadas ou o Estado entendesse conveniente; 1 Março - publicação em Diário de Governo da cedência da igreja e paramentos à Ordem Terceira de São Domingos; esta trouxe para o mosteiro imaginária, nomeadamente o Senhor do Triunfo, exposto no retábulo-mor, alfaias (cálice de Frei Bartolomeu dos Mártires), paramentos e outros; 11 Abril - portaria do Arcebispo consentindo a ocupação da igreja pela Ordem Terceira de São Domingos; 1890, 29 Maio - decreto de expropriação pela Câmara do mirante e dormitório; 28 Agosto - expropriação de parte da cerca para construção do mercado, por 50$000, com a obrigação da Câmara construir a fachada do mosteiro a O. e frente ao mercado; 10 Outubro - falecimento da madre D. Maria Emília da Anunciação Malheiro; 1891, 25 Março - morte da última freira; 1 Abril - Auto de Posse e Inventário do Mosteiro; 5 Abril - Misericórdia de Viana solicita ao Governo parte do mosteiro (parte do claustro ligado ao coro-alto) para instalação do Recolhimento de São Tiago, para órfãos e senhoras desvalidas; 10 Abril - planta com divisão do mosteiro em lotes para venda; 11 Abril - apesar da Ordem Terceira de São Domingos já estar instalada na igreja, bem como a confraria do Coração de Maria, a Ordem requereu ao Governo a posse da igreja; 12 Abril - saída das últimas púpilas e criadas do convento continuando guardado para evitar extravio dos bens; 28 Abril - Ordem Terceira requereu a posse dos coros, guarnecidos de madeira, junto das paredes, torre e corredor ao longo da igreja, compreendendo a capela do capítulo (lado N.), por serem dependências da igreja e indispensáveis ao culto; não pediu o órgão do coro por julgar integrado na concessão, mas sabendo que ele foi incluído no Inventário para ser arrematado, solicitou-o também, visto ser necessário ao culto e porque a sua remoção exigia obras na parede; a Ordem Terceira solicitou ao Governo a concessão de uma pequena faixa de terreno a N. do mosteiro e S. da Igreja para lhe dar serviço à torre e casa do capítulo, isolando a igreja de outros prédios, tudo isto marcado na planta que anexa à representação da Câmara de 23 de Abril, em que pedia também um terreno para lavadouro público; o Governo deferiu e vendeu o mosteiro e cerca em lotes reservando os terrenos pedidos; 26 Junho - termo de entrega dos livros do mosteiro à Inspecção-Geral das Bibliotecas e Arquivos Públicos; 6 Julho - Mariana Josefa da Costa, em nome da superiora do Colégio da Visitação de Santa Maria Maior, na R. de Vilar, no Porto, nº. 85, solicita as cadeiras do coro-baixo, avaliadas em 36$000, e o órgão do coro-alto, em 13$500; 11 Julho - despacho ministerial autorizando a cedência; 27 Julho - termo de entrega provisória ao Reverendo Abade de Santa Maria Maior da cidade, Pedro Afonso Ribeiro, como representante do Arcebispo, da igreja, alfaias, vasos sagrados, imagens e objectos pertencentes ao culto do mosteiro; foi encarregado da feitura do inventário do mosteiro Jacinto Pinto d’Araújo Correia e Pascoal Lima de Quintanilha e Mendonça; 2 Agosto - termo de arrematação dos móveis e objectos pertencentes ao mosteiro, excepto os que foram cedidas ao Museu Nacional, ao Arcebispo Primaz, ao Colégio da Visitação de Santa Maior, na Rua do Vilar, e as cadeiras do coro-alto, sendo pregoeiro dos leilões José Luis, pela quantia de 402$090, de que se deduziu ainda 9$735 das despesas da praça; 5 Agosto - relação dos objectos do mosteiro escolhidos pela Academia para o Museu de Belas Artes e Arqueologia, de que faziam parte: relógio antigo de coluna com caixa de charão velho (1$200); cadeira Abadessal com talha e pés torneadas ($600); baixo relevo pequeno antigo ($300); 6 Agosto - envio do auto de posse das cadeiras do coro-baixo e do órgão do coro-alto, que foram entregues à pessoa encarregada pela directora do Colégio da Visitação de Santa Maria Maior; 14 Agosto - despesa de 31$810 com o mestre José Dias Felgueiras e salários com deslocação dos móveis do pavimento superior do mosteiro para o piso térreo e terreiro, para exposição e venda em hasta pública e colocação das alfaias, imagens e paramentos no coro-alto quando foram entregues ao depositário nomeado pelo Arcebispo; 8 Setembro - falecimento da madre abadessa D. Rosa Cândida da Conceição; 23 Setembro - termo de entrega ao empregado da Academia Real das Belas Artes de Lisboa, Manuel Nicolau da Costa, dos objectos do espólio do mosteiro; 14 Outubro - ofício da Direcção-Geral dos Próprios Nacionais à Ordem Terceira determinando a entrega do coro-alto e baixo, torre, 10 sinos, e a capela do capítulo do lado N.; 3 Novembro - a Repartição da Fazenda Distrital de Viana do Castelo, achou legítimo o pedido da Ordem Terceira e autorizou a cedência dos coros, torre e corredor; Dezembro - nova avaliação do mosteiro e cerca, em conformidade com a nova planta levantada com o prolongamento da R. de São Bento; 1892, 5 Fevereiro - arrombamento do portão da cerca, que comunicava com o pátio do mosteiro, solicitando-se mandar vigiá-lo por dois policiais para evitar o roubo de objectos; 17 Agosto - arrematação no Ministério da Fazenda dos bens pertencentes ao mosteiro e da água do uso doméstico, nascida na serra de Santa Luzia e conduzida por canalização de pedra, esta última por 9.000$00; 1893, 25 Abril - António José Rodrigues Lima arremata a água que vinha do lugar da Abelheira em condutas de pedra; 1893, 31 Maio - portaria concedendo provisoriamente à Ordem Terceira uma facha de terreno que constituia o lote nº. 30 do mosteiro, para isolamento da igreja, incluindo-se a sacristia; 1894 - obras de reconstrução de parte da parede e de todo o cunhal nordeste da igreja pela Ordem Terceira de São Domingos; construção do actual portal principal da igreja; 1896 - José Pinto de Araújo Correia compra aos rendeiros de António José Rodrigues Lima, a água do mosteiro que vinha da Abelheira, sendo preciso reparar as condutas; séc. 20, meados - sobre o portal lateral, inserido no falso frontão, existia cartela circular relevada com as armas da Ordem de São Bento e outros elementos; colocação do retábulo lateral de Nossa Senhora de Fátima no vão do antigo portal principal; 2006, 17 fevereiro - despacho de abertura do processo de classificação da igreja; 2009, 23 outubro - caduca o processo de classificação conforme o Artigo n.º 78 do Decreto-Lei n.º 309/2009, DR, 1.ª série, n.º 206, alterado pelo Decreto.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; elementos estruturais, embasamento, pilastras, friso e cornija, molduras dos vãos, figuras escultóricas da fachada principal, lavabo, colunas, arcos e mísulas do claustro em cantaria de granito; revestimento da nave e silhar de azulejos policromos e monocromos azuis sobre fundo branco; retábulos e púlpito de talha dourada; algerozes metálicos; guarda-vento, coro-alto em madeira; cadeiral e tectos em madeira entalhada e pintada; telas pintadas; pavimento em soalho de madeira, lajes de granito, cerâmico e em cimento; grades de ferro; cobertura de telha.

Bibliografia

VALE, Manuel, Algumas notas para a história do extinto convento de São Bento de Viana, in Boletim Cultural do Centro de Estudos Regionais, nº 3, Viana do Castelo, pp. 33-56; IDEM Algumas notas para a história do extinto convento de São Bento de Viana, in Boletim Cultural do Centro de Estudos Regionais, nº 4, Viana do Castelo. 1987, pp. 19-31; MECO, José. O Azulejo em Portugal, Lisboa, 1989; CALDAS, João Vieira e GOMES, Paulo Varela, Viana do Castelo, Lisboa 1990; FERNANDES, Francisco José Carneiro, Viana Monumental e Artística. Espaço Urbano e Património de Viana do Castelo, Viana do Castelo, 1990; REIS, António Matos, A Arte sob a égide de D. Rodrigo de Moura Teles (1704 - 1728), In Actas do Congresso Internacional sobre o IX Centenário da dedicação da Sé de Braga, vol. 2, Braga, 1990; SOROMENHO, Miguel Conceição Silva, Manuel Pinto de Vilalobos da engenharia militar à arquitectura (dissertação de mestrado em História da Arte Moderna), UNL, Lisboa, 1991; MOREIRA, Manuel António Fernandes, Os Mareantes de Viana e a Construção da Atlantidade, Viana do Castelo, 1995; SIMÕES, J. M. dos Santos, Azulejaria em Portugal no século XVII, tomo I e II, Lisboa, 1997; SERRÃO, Vítor, André de Padilha e a pintura quinhentista entre o Minho e a Galiza, Lisboa, 1998; CARDONA, Paula Cristina Machado, A actividade mecenática das confrarias nas Matrizes do Vale do Lima nos séc. XVII a XIX, Tese de Doutoramento, vol. 3, Porto (Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Departamento de Ciências e Técnicas do Património), 2004; NOÉ, Paula, Os Mestres da Sé revisitados no Mosteiro de Santa Ana, Revista Monumentos, nº 22, Lisboa, Março 2005, pp.144-165.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; IAN/TT: Arquivo do Ministério das Finanças, Conventos extintos, caixa 2053

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IAN/TT: Arquivo do Ministério das Finanças, Conventos extintos, caixa 2053; Biblioteca Nacional da Ajuda: BA 51-IX-39, fls. 80vº e 81, 119vº e 133; e BA 51-IX-40, fl. 165v

Intervenção Realizada

Observações

*1 - Segundo o documento de instituição do mosteiro, ali deveriam viver 50 freiras, podendo ser admitidas outras desde que dessem 10$000 de renda perpétua ou 15$000 de renda em sua vida. Neste número, não entrariam as que os instituidores trouxessem no momento e outras excepções. *2 - Segundo o Inventário do mosteiro, datado de 1891, o edifício estava em mau estado de conservação; junto à Igreja, confrontava a N. com a R. de São Bento, a S. com a R. Lima, a E. com a cerca e a O. com a Praça Principal, e foi avaliado em 15.000$00. A cerca confrontava a N. com a R. de São Bento, a S. com o Rio Lima, a E. com os matadouros e a O. com o mosteiro; era cultivada por conta do mosteiro, tinha quatro penas de água, rendia 50$000 e foi avaliada em 2.000$000. A Igreja tinha as paredes forradas a azulejos, tendo cravadas dois quadros. No altar-mor tinha estante, missal, sacras, duas banquetas de castiçais de madeira de talha dourada, crucifixo, 6 jarras com ramos de flores artificiais, e nos nichos duas imagens, sendo uma de São Bento, e outra de Santa Escolástica. No supedâneo, existia credência, quatro mochos com respectivas almofadas e cobertas de damasco, e dois serafins grandes com tocheiras. Na nave existiam quatro altares laterais, todos com retábulos de talha antiga, trono e púlpito, da mesma talha. No primeiro altar do lado N., com a invocação de Nossa Senhora da Lapa, tinha a imagem odo orago, as de Santa Rita, São Sibório, São João Marcos; no segundo deste lado, com invocação de Santo António, tinha a imagem do Santo, as de Santa Úrsula, São João, Santo André. No primeiro altar do lado S., o frontal pertencia ao extinto mosteiro, e o restante à Irmandade do Santíssimo Coração de Maria; no segundo altar deste lado, com invocação de São Bento, tinha imagem do santo, as de Nossa Senhora da Soledade, São Lourenço, São João Evangelista; os três altares tinham Crucifixo, entre quatro castiçais de madeira de talha dourada, e sacra. No lado S. existia ainda um pequeno altar ou nicho, onde se venerava a imagem de São Bento, com hábito de veludo preto, resplendor e mitra de prata, tendo esta imagem mais três hábitos de veludo preto; no seu altar tinha quatro castiçais de metal e três jarras com ramos de flores artificiais. Em todos os altares da igreja tinham pedras de ara e, em frente, grade de pau preto. A sacristia tinha um arcaz de pau preto com nove gavetões, um crucifixo, e as imagens de São João, Nossa Senhora, São Miguel, um armário, dois caixões, dois espelhos muito deteriorados, oito bancos velhos, duas estantes grandes, sendo uma de ferro e outra de madeira, uma dúzia de castiçais de madeira dourada, oito castiçais grandes, oito pintados de preto, um púlpito preto portátil, cinco pares de sacras vazadas, dois missais, quatro estantes de altar, etc.. *3 - Segundo o Auto de Posse e Inventário do Mosteiro, no role das alfaias, constavam roupas e outros elementos para as imagens: de Nossa Senhora do Bom Despacho, de Nossa senhora da Conceição, Menino Jesus, deitado, Senhora de Salvação, imagem de vestir de São José, imagem do Senhor Preso, de Nossa Senhora da Soledade. O mosteiro tinha as imagens do Senhor dos Passos, de São João Evangelista, uma pequena do Senhor Preso; de São Francisco; uma imagem grande da Senhora da Conceição; do Senhor da Ressurreição, de São Miguel, de Santa Gertrudes, imagem em jaspe, quebrada, de São Bartolomeu, uma imagem de São Caetano, de José e escultura, 7 crucifixos. De vasos sagrados e pratas, pertencentes ao serviço da igreja tinha: uma custódia de prata dourada, com raios, circular, e meia lua, cravejada de pedras, faltando nos raios (21.235$000); um turíbulo, naveta e colher de prata (43$500); um cálice com pé de prata lavrado (24$000); um resplendor e mitra de prata, da imagem de São Bento (7$500). Tinha os seguintes móveis: um armário na parede dentro da portaria ($400); um armário e um nicho ou oratório ($160); um oratório composto de diversas peças de talha com duas imagens (22$500); um altar, retábulo de talha e azulejo ($500) da capela das Almas (18$500); um altar, retábulo, talha e azulejo ($800) da capela do Baptismo (23$300); um oratório velho de talha (1$500); o altar e retábulo da capela, tecto e azulejo da capela do Bom Despacho (34$200); um altar do lado N. e O. do capítulo (15$000); um altar e retábulo do lado N. e E. do capítulo (18$000), um outro do lado S. e E. do capítulo (18$000); um altar e retábulo S. e O. dentro do capítulo (13$500); um altar e retábulo de Nossa Senhora do Rosário dentro do capítulo, grade de pau-preto (4$000) dentro do mesmo, o tecto (4$000) de madeira do mesmo capítulo e grade ($400) que fechava o mesmo (53$900); um oratório ou quadro de Nossa Senhora dos Mares ($500); um baldaquino ($400); uma peanha de madeira, dourada e com talha (1$000); um altar portátil de pinho, com castiçais de madeira ($300); um oratório com um quadro de Santa Luzia ($300); um oratório de Nossa Senhora do Livramento ($200); um oratório com vidros dos lados ($160); um oratório com quatro vidros na frente ($100); um oratório com um só vidro pequeno ($040) e dois outros ainda mais pequenos ($040 e $030); um oratório com um só vidro, ainda mais pequeno); três pares de serafins de madeira (cada par avaliado em 1$400); um pequeno retábulo, com dois serafins (2$500); um oratório com talha dourada (3$000); três outros oratórios com talha dourada (um 3$500 e os outros 3$000 cada); um oratório fixo na frente do coro-baixo (1$000); um órgão movível no coro-baixo (4$000); os assentos e encostos de madeira de talha no coro-baixo (36$000); os assentos e encostos de madeira no coro-alto (6$000); os azulejos existentes nas paredes interiores da portaria (15$000); os azulejos existentes nas grades ($500); um órgão fixo no coro-alto (13$500); uma cadeira abacial, com talha, braços e pés torneados ($600); um chafariz de pedra, no claustro (18$000); um pequeno lagar aparelhado (1$500). Tinha os seguintes quadros: no refeitório, representando a ceia ($600); um de São Bento ($160); um de Santa Escolástica ($160); quadro de um nicho em madeira, pintado, com duas portas ($080); um quadro de Santa Marta ($080); um quadro em relevo pequeno ($300); um de Nossa Senhora e o Menino ($100); um representando no anverso São Pedro e no reverso São Cristóvão ($060); um de Santo com crucifixo na mão ($080); um em madeira de São Bento ($200); um quadro composto de seis estampas diversas ($140); um quadro em madeira de Nossa Senhora a fiar ($400); um representando a Fuga ($050); um de Nossa Senhora com o Senhor Morto ($080); um do Menino, vestido de Bom Pastor ($060); um de São Bento ($300); um de Nossa Senhora com o Senhor Morto ($060); um com São Jerónimo e São Francisco de Borja ($010); um representando uma Santa ($060); um Santo António ($050); um representando uma mulher tocando piano ($100); uma Nossa Senhora das Dores ($100); um Menino Jesus ($100); uma pintura em madeira ($160); uma Nossa Senhora do Patrocínio ($120); um Senhor Preso ($080); uma Nossa Senhora dando de comer ao Menino ($050); um São Gonçalo ($040); um Santa Úrsula ($040); uma Senhora da Piedade ($050); uma Anunciação ($040); um São Francisco de Borja e São Jerónimo ($200); uma Nossa Senhora com Senhor Morto ($100); uma Nossa Senhora do Amparo ($160); um Cristo a caminho do Calvário ($060); Oração no Horto ($100); um Santo Agostinho ($120); um representando um Pontífice ($060); um Santo António ($040); uma Nossa Senhora da Piedade ($060); uma Nossa Senhora ($200); uma Ascensão ($200); um quadro da parede do capítulo (15$200); um Cristo Preso ($040); uma Ressurreição ($240); um Santíssimo Coração de Jesus ($200); uma Santa Ana ($600); um São José ($100); uma Santa Bárbara ($200); um São João ($200); outro de Santa Bárbara ($020); um São Bento ($020); uma Santa Escolástica e Santa Gertrudes ($060); uma Nossa Senhora do Carmo ($060); uma Nossa Senhora, São Bernardo e São João ($100); um São José ($020); um São Bento e mais dois Santos ($020); uma Nossa Senhora do Rosário ($020); uma Santa Luzia ($040); um baixo-relevo, representando Anunciação (3$000); um lote de quadros sem importância ($200); um quadro de madeira de São Bento e mais dois Santos ($600); um outro de madeira representando a Adoração (1$200); um São Bento ($300); uma Santa Escolástica ($300); uma Nossa Senhora com o Menino ($300); e uma Senhora da Boa Morte (1$000). *4 - Segundo gravuras e fotografias de finais do séc. 19, a fachada O. da Igreja era rasgada, sob o vão quadrangular rendilhado, por duas frestas de capialço para iluminação do coro-baixo, local, onde se abre o actual portal principal. A esta fachada, adossava-se a casa do capelão, com loggia de colunelos no segundo piso, com acesso por escada; em plano recuado, tinha torre sineira.

Autor e Data

Alexandra Lima e Miguel Rodrigues 1998 / Paula Noé 2008

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