Colégio de Maria Santíssima Imaculada de Campolide / Colégio de Campolide / Quartel do Batalhão de Caçadores n.º 5 / Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa

IPA.00003138
Portugal, Lisboa, Lisboa, Campolide
 
Arquitectura educativa, ecléctica. Colégio jesuíta composto por igreja (de planta longitudinal) à direita e edifício residencial de planta rectangular de vocabulário plástico simples e austero, de dimensões imponentes e equilibradas que se impõe na paisagem com fachada principal, longa de três pisos, ritmado com janelas aos pares e corpo central destacado por pilastras e frontão curvo; torres circulares de observação colocadas na fachada posterior com grande visibilidade. Interiores com racionalização de espaço e articulação entre serviços de apoio e o corpo principal do edifício traduzindo a estratégia do ensino jesuítico recorrendo ao apoio de salas de aula, de estudo, gabinetes de Física, Museu de Historia Natural e bibliotecas. Escadaria em corpo destacado de gosto eclético e revivalista. Constitui um dos edifícios mais emblemáticos da Companhia de Jesus, em Portugal, traduzindo na sua estrutura arquitectónico os novos conceitos de ensino, no século 19, sobretudo orientado para a educação exclusiva dos filhos da aristocracia e grande burguesia portuguesa. A sua construção, por fases, é resultado de diversas campanhas de obras que se traduzem em ampliações e justaposições aos edifícios pré-existentes da Quinta da Torre. A existência de duas torres circulares, com escadaria em espiral, representa uma importante preocupação da Companhia de Jesus no estudo da Ciência e da técnica. Entre as obras mais notáveis, e que ainda hoje subsistem destaca-se: a escadaria monumental que liga, interiormente, os diversos pisos, obra de arquitectura do ferro e exemplar dos conceitos de decoração de interiores novecentista com aplicações de estuque, bem como a galeria de esgrima e a antiga biblioteca, como um grande salão com passerelle divisória para definição de dois pisos e decoração de estuque com uma pintura alegórica no medalhão central.
Número IPA Antigo: PT031106100092
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Educativo  Colégio religioso  Colégio religioso  Companhia de Jesus - Jesuítas

Descrição

Conjunto composto por um edifício principal de planta rectangular INTERIOR: escadaria de planta rectangular, coberta por abóbada de barrete de clérigo em cujas faces se abrem 4 óculos emoldurados por decoração em estuque, rematada por clarabóia também rectangular. Localizada na zona central do antigo Colégio, une os 3 pisos principais do edifício. É constituída por uma estrutura em madeira que sustenta os vários lanços de degraus, pavimentos e corrimãos no mesmo material, articulada com pilares em ferro.

Acessos

Travessa Estevão Pinto. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,732618, long.: -9,160457

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 129/77, DR, 1.ª série, n.º 226 de 29 setembro 1977 (escadaria) *1

Enquadramento

Urbano, destacado, isolado, sobranceiro ao Vale de Alcântara. A O. a Igreja de Santo António de Campolide (v. PT031106100160) ligando-se, com anexo, ao edifício do antigo colégio da qual fez parte; a E., num plano elevado, o Palácio de Justiça de Lisboa (v. PT031106500573), e a S., a Cadeia Penitenciária de Lisboa (v. PT031106100458).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Educativa: colégio religioso

Utilização Actual

Educativa: faculdade

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Ministério da Ciência, Inovação e Ensino Superior - Universidade Nova de Lisboa

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: Aires Mateus (1978); João Appleton (1978); Vasco d'Orey Bobone (1978).

Cronologia

1858, 21 de Julho. - fundação do Colégio da Companhia de Jesus de Nossa Senhora da Conceição de Campolide pelo padre Carlos Rademaker, na Quinta da Torre, adquirida ao poeta João de Lemos (1818 - 1890) pela quantia de quatro contos de réis, funcionando aí o Instituto de Caridade; 1860 - transferência do Instituto de Caridade para a Casa do Barro, em Torres Vedras (v. PT031113150025); 1861 - inicia-se as obras com a construção, para O., de um corpo com 17 metros para dormitório em forma de galeria com 30 divisões distribuídas por dois pisos; 1865 - construção de um novo corpo para E., onde funcionaram as aulas e, num primeiro andar, os dormitórios, sendo tudo demolido, em 1890 para dar lugar ao corpo central; 1867 - construção da parte junto à igreja, com 10 quartos para os padres; 1871 / 1872 - obra de transformação e ampliação para salas de estudo, refeitório dos alunos e cozinhas; 1874 - foi vendida uma parcela da quinta ao estado português para a construção do edifício da Penitência de Lisboa (v. PT031106100458); 1877 - construção de duas novas alas (com cave e dois pisos) por detrás do edifício principal, para serviço dos padres (sendo acrescentado um terceiro, em 1902); 1878 - com o apoio dos engenheiros responsáveis pela construção da Penitenciária, foi feito um aterro com as terras retiradas das obras, para se construir o recreio dos alunos; 1880 - passa a ser a sede oficial da Província Portuguesa da Companhia de Jesus sendo o seu principal o padre Ficarelli; 1884 - construção da igreja do colégio (actual Igreja de Santo António de Campolide); 1885 - campanha de obras de ampliação definitiva e de construção da nova fachada que durariam até 1900 *2; 1896 - fica concluída a obra da escadaria monumental; 1902 - conclusão do espaço da antiga biblioteca, onde outrora se situava a pequena torre que dava nome à quinta; 1904 - conclusão do edifício principal; 1904 - a 14 de Março visitam o edifício do Colégio o Príncipe Real, D. Luís Filipe e seu irmão, o Infante D. Manuel; 1907 - conclusão das escadas interiores do edifício; o colégio conta então com 290 alunos, 14 padres, 11 escolásticos e 16 irmãos leigos *3; 1910, 8 de Outubro - extinção do colégio, passando o edifício para a posse do Estado; 1916 - cedência do edifício a título precário à Comissão de Hospitalização da Cruzada das Mulheres Portuguesas para aí se instalar um Hospital de Sangue; 1917, 1 de Dezembro - inauguração do Hospital de Sangue; 1921 - cedência declarada sem valor, o edifício volta à posse da Comissão Jurisdicional das Extintas Congregações Religiosas; 1920, finais da década - instalação no antigo colégio do Batalhão de Caçadores nº 5; 1978 - cedida pelo Ministério das Obras Públicas para a instalação de serviços da Universidade Nova; recuperação do imóvel pelo arquitecto João Aplleton e da escadaria por Vasco d'Orey Bobone; 1981 - instalação da Faculdade de Economia da Universidade Nova; 1988 - início das obras de adaptação do edifício a Faculdade; 1989 - a 13 de Dezembro, foi inaugurado, pelo presidente da República, o novo edifício da Faculdade de Economia; 1998 - construção da Reitoria da Universidade Nova, com projecto do atelier Aires Mateus; Novembro - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN; 2002 - o projecto da Reitoria da Universidade Nova ganha o Prémio Valmor: 2011, 25 fevereiro - proposta de fixação de Zona Especial de Proteção conjunta da Penitenciária de Lisboa, Casa Ventura Terra, parte do Bairro Azul e troço do Aqueduto das Águas Livres; 10 outubro - o Conselho Nacional de Cultura pede que sejam estabelecidas Zonas Especiais de Proteção individuais.

Dados Técnicos

Estrutura mista

Materiais

Estrutura em alvenaria mista rebocada, cantarias de calcário, betão armado, portas e janelas em madeira pintada, escadaria em madeira e estuque com estrutura e gradeamentos em ferro fundido, pavimentos de pedra e mosaico, estuque pintado, vidro, azulejos

Bibliografia

Regulamento dos alunos do Colégio de Maria SS. Imaculada em Campolide, Lisboa, Imprensa Nacional, 1875; Colégio de Campolide: 1873-1898: Jubileu da Congregação de Maria SS. Imaculada, Lisboa, Tipografia da Companhia Nacional Editora, 1898;Colégio de Maria Santíssima Imaculada em Campolide, Lisboa, Tipografia Editora de Matos Moreira & Ca., 1879; Comemoração no Colégio de Campolide, Lisboa, Tipografia LaBécarre, 1902; Livro de Ouro dos Alunos do Colégio de Campolide, Lisboa, Colégio de Campolide, 1903; Álbum Commemorativo do 50º aniversário da fundação do Collégio de Campolide (1858-1908), Lisboa, Tipografia do Annuário Commercial, 1908; PINTO, P. Oliveira, O Instituto de Ciências Naturais do Colégio de Campolide, in O Nosso Colégio, nº 6, 1909 / 1910, pp. 143-147; CABRAL, Luís Gonzaga, A história do Colégio de Campolide, in O Nosso Colégio, nº 10, 1913 / 1914, pp. 52-58; GRAINHA, António M. Borges, História do Colégio de Campolide da Companhia de Jesus, Coimbra, 1913; GRAINHA, António M. Borges, Histoire do Collège de Campolide et de la Résidence des Jésuites à Lisbonne, Lisboa, Ed. Limitada, 1914; CANIÇO, Pe. João (org.), Jesuítas em Portugal, 1542-1980, Lisboa, s,d.; SEQUEIRA, Gustavo Matos, Depois do Terramoto. Subsídios para a História dos Bairros Ocidentais de Lisboa, Vol. IV, Lisboa, 1934; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos anos de 1957 e 1958, 1º Volume, Lisboa, 1959; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos Anos de 1959, 1º Volume, Lisboa, 1960; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1961, 1º Vol., Lisboa, 1962; LOPES, António, Roteiro Histórico dos Jesuítas em Lisboa, Braga, 1985; CUSTÓDIO, Jorge, O Colégio de Campolide, Universidade Nova de Lisboa - Faculdade de Economia, Lisboa, 1988; CUSTÓDIO, Jorge, Colégio de Campolide, in SANTANA, Francisco, SUCENA, Eduardo, (dir. de), Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, 1994; OLAIO, Nuno, Carlos João Rademaker (1828-1885): percurso do restaurador da Companhia de Jesus em Portugal, in Lusitânia Sacra, Série 2, Tomo 12, 2000, pp. 65-111;

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSARH, DGEMN/DRMLisboa, DGEMN/DRELisboa/DRC, DGEMN/DSEP/DNISP

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRMLisboa

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco, DGEMN/DSARH, DGEMN/DRMLisboa; CML: Direcção Municipal de Planeamento Urbano.

Intervenção Realizada

DGEMN: 1958 - arranjo das fachadas do edifício principal e beneficiação da cozinha pelos Serviços de Construção e Conservação; 1959 - obras de arranjo de fachadas do edifício principal; 1961 - continuação das obras de conservação e de beneficição geral, pelos Serviços de Contrução e de Conservação; 1988 - inicio das obras de adaptação do edifício para a instalação da Faculdade de Economia; 1989 / 1990 - obras de consolidação da estrutura da escadaria e de restauro da decoração, no contexto das obras de recuperação do antigo colégio.

Observações

*1 - DOF: Edifício do palácio onde está (esteve) instalado o Batalhão de Caçadores n.º 5. *2 - O primeiro lanço, de 52 metros de comprimento, será ocupado em 1890, o restante até à igreja é começado em 1891, sendo a parte central terminada em 1895, e a última em 1900. *3 - De 1900 a 1910 esteve internado no colégio, juntamente com o irmão mais novo, o pintor Almada Negreiros.

Autor e Data

Teresa Vale e Carlos Gomes 1994

Actualização

Luísa Cortesão 2002
 
 
 
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