Palacete na Rua Dr. Alexandre Braga, n.º 6

IPA.00003121
Portugal, Lisboa, Odivelas, Odivelas
 
Palacerte setecentista e neoclássica de planta retangular simples, evoluindo em dois pisos, com aproveitamento do sótão, iluminado por cinco trapeiras e uma mansarda na fachada posterior. Fachadas rasgadas por vãos em arco abatido, de disposição simétrica e regular, os virados exteriores com pilastras toscanas no piso inferior e molduras recortadas no superior, estas com sacadas de guardas metálicas vazadas, flanqueadas por cunhais apilastrados, com os pisos definidos por friso e remates em friso e cornija. Interior com vestíbulo e escadas de acesso ao piso superior, onde se rasgam os salões nobres com decoração pintada neoclássica. Logradouro com acesso por portão com pilares em silharia fendida e encimados por urnas, datáveis do séc. 19, de acesso ao logradouro, ostentando várias fontes e banco de espaldar e com acesso ao jardim, pontuado por chafariz do tipo centralizado no eixo do edifício. O edifício é estruturalmente simples, apresentando elementos eruditos e mais elaborados na decoração dos vãos virados ao exterior, destacando-se as janelas de sacada do piso superior com molduras recortadas e a forma como estas se interligam com os vãos do piso inferior. No conjunto, destaca-se o logradouro, ainda que de pequenas dimensões, segue a tendência de criar um espaço de lazer e aberto à natureza, pontuado por fontes de embrechados e decoração concheada, com reminiscências seiscentistas e barrocas. As pinturas interiores são neoclássicas, predominando motivos pompeianos, característicos do séc. 19, marcados por uma extrema elegância nas linhas dos frisos de folhas e flores, laçarias e medalhões.
Número IPA Antigo: PT031116030006
 
Registo visualizado 458 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa  Palacete  

Descrição

Planta retangular regular, de volume único e cobertura homogénea em telhado a quatro águas, com remate em beirada, evoluindo em dois pisos. Estrutura em alvenaria de pedra calcária, com as fachadas rebocadas e pintadas de rosa vivo, percorridas por soco em cantaria de calcário e flanqueadas por cunhais apilastrados, com os pisos definidos por friso e rematadas em friso e cornija. Fachada principal virada a S., com os vãos dispostos de forma simétrica, todos em arco abatido, os do piso inferior flanqueados por pilastras toscanas, ostentando pequenas mísulas que sustentam as seis janelas de sacada do piso superior, com guardas metálicas vazadas, formando elementos volutados, para onde abrem portas-janelas com molduras recortadas e com caixilharias de madeira pintada de branco e verde, com vidros simples. No piso inferior, duas portas centrais, com duas folhas de madeira almofadadas e pintadas de verde, encimadas por bandeira, ladeadas por quatro janelas de peitoril, com molduras que se prolongam inferiormente formando falsos brincos, com caixilharias em guilhotina, pintadas de branco e com vidro simples. Todos os vãos do piso inferior se encontram entaipados por alvenaria de tijolo perfurado. Sobre a cobertura, quatro trapeiras com coberturas em canhão e janelas de duas folhas e portadas interiores. Fachada lateral esquerda, virada E., com seis vãos semelhantes aos da fachada principal, com três janelas de peitoril no piso inferior e três de sacada no superior. Fachada lateral direita, virada a O., com dois vãos em arco abatido em cada piso, com molduras simples em cantaria, duas portas no inferior e duas janelas de peitoril no superior. Sobre a cobertura, uma chaminé paralelepipédica. Fachada posterior rasgada no primeiro piso por duas portas de verga recta e quatro janelas de peitoril rectilíneas, com moldura simples em cantaria, protegidas por folha metálica. No piso superior, seis janelas de peitoril em arco abatido, com moldura simples que se prolongam inferiormente formando falsos brincos. No lado esquerdo, mansarda com cobertura a três águas, ladeada por trapeira semelhante às da fachada principal. INTERIOR com vestíbulo que acede a escadaria e ao piso superior, onde se ergue a zona nobre, composta por amplo salões com as paredes e sobreportas pintadas com frisos, grinaldas e ramos de flores, laçarias e medalhões com aves. No lado direito da fachada principal, portão ladeado por dois pilares em silharia fendida, encimado por urnas, que sustentam portão em ferro. Dá acesso a LOGRADOURO com três fontes de espaldar, uma delas mais elaborada, com espaldar com remate concheado e vaso de flores. As restantes possuem diversos motivos de embrechados. No topo do logradouro, murete com banco de espaldar ornado por azulejos de figura avulsa. Abre para o JARDIM na fachada posterior, contendo chafariz central, em cantaria de calcário, de planta circular e muro galbado, encoberto de vegetação espontânea; junto a este, uma mesa circular em cantaria. O jardim está coberto por vegetação profusa, onde se distinguem duas árvores de grande porte.

Acessos

Rua Dr. Alexandre Braga, n.º 6 a 6-A. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,787873, long.: -9,182775

Protecção

Categoria: IM - Interesse Municipal, Decreto n.º 2/96, DR, 1.ª série-B, n.º 56 de 06 março 1996

Enquadramento

Urbano, isolado, implantado numa zona baixa da cidade, junto à via pública pavimentada a asfalto e de que se separa por um estreito passeio pavimentado a calçada. Surge sobre a margem da Ribeira de Odivelas, que corre à sua esquerda, separado dela por amplo paredão de betão, e junto à Ponte dos Caldas, designação popular para a ponte que atravessa a Ribeira de Odivelas. Encontra-se rodeado por muro em alvenaria, rebocado e pintado de rosa vivo. Na margem oposta ergue-se uma casa setecentista na Rua Augusto Gil (v. PT031116030024).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 18 (conjetural) / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 18, final - época provável de construção; séc. 19 - o edifício integra a Quinta do Espírito Santo, ligada à Quinta do Espanhol, assim denominada por pertencer a António Maria Bravo, que a adquiriu em 1849; remodelação do interior, com pintura das salas; 1858 - falecimento no local de António Maria Bravo, sénior; séc. 19, final - funciona no palácio uma escola, financiada pelo proprietário; 1887 - no inventário do Mosteiro de Odivelas, refere que a Quinta é propriedade do Mosteiro; séc. 20 - o edifício faz parte integrante do Instituto de Odivelas; 1967 - atingido pelas cheias, tendo tido água no primeiro piso até ao topo das molduras das janelas; séc. 21 - aquisição do imóvel pelo município; 2023 - menção honrosa nos prémios Imobiliário, categoria Reabilitação e Reconstrução (2022).

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de calcário, rebocada e pintada; modinaturas, escadas, mesa, chafarizes, banco, pilastras, cunhais, frisos, cornijas, pilares e urnas em cantaria de calcário liós; embrechados cerâmicos e azulejos tradicionais; portas em madeira e janelas com caixilharias de madeira e vidro simples; entaipamentos em alvenaria de tijolo perfurado; guardas e portão em ferro; cobertura em telha de canudo.

Bibliografia

AAVV, Património Cultural Construído. Concelho de Loures, Loures, 1986; FERREIRA, Manuela, Toponímia da Freguesia de Odivelas, Odivelas, Junta de Freguesia de Odivelas, 2005; Odivelas - um Concelho a descobrir, Odivelas, Câmara Municipal de Odivelas, 2005. URL: http://odivelas.com/2010/03/26/quinta-do-espanhol-e-quinta-do-espirito-santoas-duas-quintas/; "Os melhores projetos do ano", Expresso, 31 de outubro 2023; https://www.cm-odivelas.pt/conhecer-odivelas/locais-de-interesse/poi/quinta-do-espirito-santo-palacete-do-seculo-xviii [visualizado em 14 novembro de 2023].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, SIPA; CMOdivelas

Documentação Administrativa

Administrativa: DGARQ/TT: AHMF - Conventos Extintos, Convento de São Dionísio de Odivelas (cx. 1996, capilha 11); CMOdivelas

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: séc. 20 - remodelação da cobertura.

Observações

*1 - DOF: Palacete e logradouro, na Rua Dr. Alexandre Braga, n.º 6 a 6-A.

Autor e Data

Paula Noé 1991 / Paula Figueiredo (IHRU) 2010 (no âmbito da parceria IHRU / CMOdivelas)

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login