Núcleo de Arte Rupestre do Vale da Casa

IPA.00003010
Portugal, Guarda, Vila Nova de Foz Côa, Vila Nova de Foz Côa
 
Sítio pré e proto-histórico. Arte rupestre calcolítica. Gravuras picotadas de motivos antropomórficos esquemáticos. Arte rupestre da Época do Ferro. Gravuras incisas de motivos antropomórficos e zoomórficos semi-esquemáticos e de armas e sinais. Os antropomorfos atribuíveis à Idade do Ferro são de uma tipologia sem paralelo na arte rupestre da Idade do Ferro da Península Ibérica. Os cavalos apresentam um estilo muito semelhante ao dos inúmeros cavalos Ibéricos que surgem pintados nas cerâmicas coevas do mediterrâneo peninsular. Destaca-se também a associação entre as gravuras e uma inscrição em caracteres ibéricos ( BAPTISTA, 1983 ).
Número IPA Antigo: PT010914170037
 
Registo visualizado 70 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Sítio  Sítio pré e proto-histórico  Arte rupestre      

Descrição

Constituído por vinte e sete rochas *1, de xisto, cujos painéis horizontais foram gravadas representando antropomorfos, zoomorfos, armas e sinais, sendo mais de 95% dos motivos incisos e apenas alguns picotados. Estão representandos antropomorfos esquemáticos picotados com capacetes de cornos *1 e a maioria dos zoomorfos figurados são cavalos, gravados de forma semi-esquemática, com longos pescoços, outros apenas indicados pela gravação da linha cérvico-dorsal. Há também alguns cervídeos, representados habitualmente por duas linhas curvas quase paralelas que acentuam a volumetria do corpo e terminam assinalando os membros em perspectiva distorcida. Os canídeos gravados apresentam as caudas afiladas e longos pescoços e as patas em forma de pés de galinha. Os antropomorfos são representados com uma cabeça circular sem face assinalada, alguns com figuração do que parecem ser turbantes ou capacetes e com os membros inferiores extraordinariamente desenvolvidos, alguns apresentando junto aos tornozelos e aos joelhos dois traços paralelos. As armas figuradas são lanças, espadas, falcatas e facas afalcatadas. Alguns destes motivos compõem cenas como na Rocha 23 na qual figura um cavaleiro armado com um dardo que caça um veado auxiliado por caes. Esta cena é ladeada por uma inscrição em caracteres incisos de tipo ibérico *3 ( BAPTISTA, 1983 ).

Acessos

A partir de Vila Nova de Foz Côa em direcção à Vermelhosa, caminho em terra batida até muito próximo da estação. GAUSS: M-183.9, P-548.2 ; Fl.130

Protecção

Em estudo / Incluído no Conjunto dos núcleos de arte rupestre do Vale do Côa (v. PT010914170042)

Enquadramento

Actualmente submerso pelas águas da albufeira do Pocinho, situa-se na margem esq. do rio Douro, no sítio do Vale da Casa ou da Cerva, amplo terraço fluvial virado a N. junto ao nível das águas antes do enchimento da albufeira. Implantação aberta, divisa-se o curso do Douro essencialmente para jusante e as cumeadas fronteiras da Serra do Reboredo.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Privada: pessoa singular *2

Afectação

Época Construção

Pré-história / Proto-história

Arquitecto / Construtor / Autor

Não aplicável

Cronologia

Calcolítico - gravação de antropomorfos esquemáticos picotados; Idade do Bronze - gravação de antropomorfos picotados; Época do Ferro - gravação da maior parte dos motivos incisos representando antropomorfos e zoomorfos semi-esquemáticos, armas e sinais; 1982, Setembro -Outubro - estação estudada numa campanha de levantamento e desenho orientada por António Martinho Baptista; 1983, Janeiro - decorre curta campanha para desenho da Rocha 23 entretanto descoberta. 1990, década - o Vale de Casa foi a primeira estação arqueológica com arte rupestre descoberta no complexo da arte do Côa - Douro; 1994 - 1995, a partir de - identificaram-se outros sítios com gravuras atribuídas à Época do Ferro.

Dados Técnicos

Materiais

Não aplicável

Bibliografia

BAPTISTA, António Martinho, O complexo de gravuras rupestres do Vale da Casa ( Vila Nova de Foz Côa ), Arqueologia, 8, Porto, 1983, p. 57-69; BAPTISTA, António Martinho, Arte Rupestre do Norte de Portugal: uma perspectiva, Portugália, 4/5, Porto, 1983; BAPTISTA, António Martinho, Arte rupestre pós-glaciária. Esquematismo e abstracção, in História da Arte em Portugal. Do Paleolítico à Arte Visigótica, 1, Lisboa, 1986; ZILHÃO, João ( Coord. ), Arte rupestre e pré-história do vale do Côa. Trabalhos de 1995-1996, Lisboa, 1997; CNART ( Centro Nacional de Arte Rupestre ), Inventário da arte rupestre do Vale do Côa, 1999 ( informatizado, não publicado ).

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CNART

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; CNART; Imagens gentilmente cedidas pelo Centro Nacional de Arte Rupestre

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

*1 - Quatro das quais inventariadas em 1996 e vinte e três estudadas em 1982 por António Matrinho Baptista, antes da submersão; *2 - Estes motivos serão da mesma época de uma cista megalítica escavada em 1982, quando foi estudada a estação por António Martinho Baptista a pedido do Serviço Regional de Arqueologia da Zona Norte. A cista, cujo enterramento estn actualmente depositado na sede do PAVC, era constituída por uma caixa pétrea formada por lajes de xisto, e integrava um esqueleto de adulto em posição fetal acompanhado por espólio datável do período calcolítico. Ainda junto às gravuras foi então detectada uma necrópole de cistas cobertas por pequenas mamoas pétreas atribuídas pelos arqueólogos que estudaram o local à Idade do Ferro ( BAPTISTA, 1983 ). Junto às rochas identificadas, foram referenciados algumas gravuras de antropomorfos picotados imperfeitos atribuíveis à idade do Bronze que cobriam rochas já então submersas, o que impediu o seu estudo ( informação de A. Martinho Baptista ). *3 - A inscrição nunca foi lida.

Autor e Data

Alexandra Cerveira 1999

Actualização

 
 
 
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