Igreja Paroquial de Vilar Maior / Igreja de São Pedro

IPA.00002965
Portugal, Guarda, Sabugal, União das freguesias de Aldeia da Ribeira, Vilar Maior e Badamalos
 
Igreja paroquial de fundação medieval, de que subsistirá a torre, de planta quadrada, com vãos de volta perfeita e acesso por arco apontado, já de feitura tardia, com abóbada de berço no primeiro piso, que sofreu profundas remodelações seiscentistas, com a introdução de portais de verga reta, ladeados por pilastras emolduradas com capitel coríntio e encimados por duplo friso e ornatos lineares curvilíneos, as janelas em capialço e o arco triunfal, redecorada em setecentos, altura em que surgem as pinturas rococó da cobertura da capela-mor, com algumas obras que lhe removeram parte do património integrado no séc. 20. É de planta retangular composta por nave, capela-mor e torre sineira adossada ao lado direito, com coberturas interiores em falsas abóbadas de berço e uniformemente iluminada por janelas laterais em capialço. Fachada principal rematada em empena, com os vãos rasgados em eixo composto por portal de verga reta e com decoração maneirista, encimado por nicho em abóbada de concha e óculo circular. Fachadas flanqueadas por cunhais apilastrados, rematadas em frisos e cornijas, as laterais com portas travessas, uma delas, desativada. Interior com coro-alto de feitura recente, com marca das antigas capelas laterais, dos púlpitos tardo-barrocos, confrontantes. Arco triunfal de volta perfeita e pilastras toscanas, com decoração de marmoreados e elementos de gramática decorativa rococó no intradorso. Capela-mor com retábulo de talha rococó, de excelente qualidade, proveniente de um edifício conventual. No interior, mantém uma pia batismal antiga, supostamente da época visigótica, originária da Igreja de Santa Maria do Castelo (v. IPA.00002959).
Número IPA Antigo: PT020911400012
 
Registo visualizado 805 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta retangular composta por nave, capela-mor e torre sineira adossada ao lado direito, de volumes articulados e escalonados, com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, rematadas em beiradas duplas, sendo em coruchéu piramidal de betão, na torre sineira. Fachadas em alvenaria de granito aparente, sendo em cantaria nos corpos da capela-mor e da torre, percorridas por socos de cantaria, flanqueadas por cunhais apilastrados, firmados por pináculos piramidais com bola, e rematadas em frisos e cornijas. Fachada principal virada a oeste, rematada em empena, alteada relativamente ao nível primitivo, com cruz latina sobre plinto paralelepipédico no vértice. É rasgada por portal de verga reta, ladeado por pilastras de fustes almofadados e de capitéis coríntios, por duplo friso e nicho em arco pleno com abóbada de concha, envolvido por aletas; está encimado por óculo oval. Fachada lateral esquerda tem, no corpo da nave, porta travessa entaipada, de verga reta, com pilastras emolduradas e encimado por duplo friso e ornatos curvilíneos, e janela em capialço; no corpo da capela-mor, duas janelas retilíneas, também em capialço. Fachada lateral direita semelhante à anterior no corpo da nave, estando a porta travessa a funcionar; ao corpo da capela-mor, rasgado por duas janelas em capialço, uma delas parcialmente tapada pela torre, adossa-se a torre sineira. Esta evolui em três registos separados por cornijas, a inferior integrando algumas gárgulas de canhão, o primeiro com janelas em duas das faces e porta em arco de volta perfeita com a moldura formada pelas aduelas e de arestas biseladas, estando o segundo rasgado por arcos plenos, correspondentes às ventanas e o terceiro cego. A torre remata em falsos merlões. Fachada posterior cega e rematada em empena. INTERIOR com as paredes em alvenaria de granito aparente, com as juntas pintadas de branco, com coberturas em falsas abóbadas de berço, a da nave rebocada e pintada de branco e assente em frisos e cornijas pintadas de marmoreados fingidos; pavimento em lajeado. Coro-alto sustentado por quatro pilares graníticos, os dois centrais integrando pias de água benta, com a zona central convexa, de madeira, guarda balaustrada e acesso por escadas no lado da Epístola. Junto ao nicho colateral da Epístola, surge a antiga pia batismal, em cantaria de granito formada pela taça em forma de cálice, decorada com círculos concêntricos e quadrifólios. Confrontantes, surgem quatro nichos de volta perfeita, contendo mísulas de cantaria, e confessionários embutidos na parede. Ainda confrontantes, os púlpitos quadrangulares, com bacia em cantaria e assente em consola, com guarda plena de talha pintada de branco, marmoreados fingidos e dourado, com acessos por portas rasgadas nos muros laterais; as cantarias apresentam vestígios de marmoreados fingidos. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, pintadas de marmoreados fingidos e motivos decorativos, compostos por plintos galbados, açafates de flores, concheados, acantos enrolados e flores, ladeado por dois nichos de volta perfeita. Capela-mor com cobertura em falsa abóbada de berço de madeira, pintada e reforçada por tirante metálico. Junto ao arco triunfal, a mesa de altar em cantaria de granito, composta por pilar troncopiramidal invertido e por tampo. Sobre supedâneo de cantaria, o retábulo-mor, de talha pintada de marmoreados fingidos e dourada, com corpo côncavo e um eixo definido por seis colunas e seis pilastras em paraestática, as colunas exteriores grupadas, assentes em duas ordens de suportes, as superiores na forma de plintos paralelepipédicos e os inferiores na forma de consolas, todos profusamente decorados com rocalhas, acantos, cartelas e enrolamentos. Nos intercolúnios, mísulas com imaginária. Ao centro, tribuna de perfil contracurvo e remate saliente, contendo trono expositivo de cinco degraus, com o interior pintado de apainelados e com elementos decorativos cenográficos, formando drapeados a abrir em boca de cena, e com cobertura em abóbada de concha. A estrutura remata em cornija, a central contracurva, de perfil borromínico, encimada por elementos vegetalistas. Altar paralelepipédico, com o frontal marmorado, contendo glória de querubins que envolve uma cruz e, por seu turno, rodeada por resplendor. No lado da Epístola, porta de verga reta, rematada por friso e cornija contracurva, com a moldura pintada de marmoreados fingidos, de acesso à sacristia, no piso inferior da torre, com cobertura em abóbada de berço e pavimento lajeado; integra o corpo circular da caixa de escadas.

Acessos

Vilar Maior, Rua do Muro

Protecção

Categoria: IM - Interesse Municipal, Decreto n.º 28/82, DR, 1.ª série, n.º 47 de 26 fevereiro 1982 *1

Enquadramento

Urbano, isolado, implantado a meia encosta, onde foi criada uma pequena plataforma artificial, que forma um pequeno adro no lado direito, fechado por muro e por portão metálico, flanqueado por pilares almofadados, encimados por pináculos cónicos. O adro está pavimentado com lajes sepulcrais e a fachada principal abre diretamente para a via pública, pavimentada a cubos de granito. Encontra-se nas imediações de algumas casas rústicas abandonadas, outras descaracterizadas e da antiga Casa da Câmara, Tribunal e Cadeia, atual Museu (v. IPA.00023145).

Descrição Complementar

A COBERTURA DA CAPELA-MOR está pintada sobre tábua, com o fundo azul e formada por moldura de acantos e pequenas flores, tendo, nos ângulos, cornucópias de flores, que centram um painel recortado, composto por fragmentos de cornija, onde se enrolam acantos, concheados e folhagem variada.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese da Guarda)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 13 / 14 / 17 (conjetural) / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 13 - hipotética construção da torre e da primitiva igreja, dedicada a São Pedro; 1320, 23 maio - bula do Papa João XXII concedendo a D. Dinis, por três anos, para subsídio de guerra contra os mouros, a décima de todas as rendas eclesiásticas do reino, sendo a igreja taxada em 40 libras; integra o termo de Vilar Maior e o bispado de Ciiudad Rodrigo; séc. 17, final - possível reconstrução da igreja, cuja nave interceta alguns vãos da torre; o pároco é da apresentação do Convento de São Vicente de Fora em Lisboa; 1706 - o Padre Carvalho da Costa refere que a freguesia pertence ao alcaide-mor António de Miranda, senhor da Vila de Carapito; a paróquia é da invocação de São Pedro, uma reitoria da apresentação do bispo de Lamego e comenda da Ordem de Cristo; a paróquia tem 120 vizinhos; 1758, 26 maio - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo cura Francisco Antunes, é referido que a igreja se encontrava no interior da povoação, tendo anexas a Quinta das Batocas, com Capela de Santo Antão, Quinta das Batoquinhas, do alcaide-mor da vila, Santa Margarida, Quinta de São Pedro, com capela, pertencente a José da Costa Teles, do lugar do Freixo, em Castelo Mendo, e a Quinta do Faleiro; o orago eé São Pedro e tem cinco altares, o mor, os dois colaterais sem santos, mas nos quais se celebrava missa, um no lado direito, também sem santo, e a Capela de Nossa Senhora do Ó, administrada por Francisco Bote, morador em Vilar Maior; no lado esquerdo, a Capela de Santo António, padroeiro da irmandade das Almas; o pároco é vigário, assistindo em Malhada Sorda e tem cura anual, com 44$000, 5 alqueires de trigo e dois almudes de vinho, pagos pelo rendeiro da Comenda; séc. 18, final - feitura do retábulo-mor para o Convento de São Francisco da Guarda (v. IPA.00005238), posteriormente transferido para o templo; pintura da cobertura da capela-mor; 1950 - 1958 - acrescento de um registo em betão na torre; colocação de placa de betão na cobertura; 1970, 11 março - uma carta de Delfina Magalhães Cruz, faz queixa relativamente ao facto do pároco ter mandado remover os retábulos colaterais; 1973, 12 novembro - um parecer da Direção Regional do Centro afirma que o edifício não reúne condições para ser classificado com património nacional; 1992 - o retábulo-mor está pintado de branco.

Dados Técnicos

Sistema estrutural misto.

Materiais

Estrutura em alvenaria e cantaria de granito; modinaturas, pilastras, cunhais, frisos, cornijas, bacia dos púlpitos, mesa de altar, pia batismal, degraus, pavimentos e colunas em cantaria de granito; coberturas e coruchéu da torre em betão; cobertura da capela-mor, portas, folhas dos confessionários e mobiliário de madeira; púlpitos e retábulo-mor de talha pintada e dourada; coberturas em telha cerâmica, de aba e canudo.

Bibliografia

BIGOTTE, Quelhas - O Culto de Nossa Senhora na Diocese da Guarda. Lisboa: s.n., 1948; CASTRO, José Osório da Gama e - Diocese e Distrito da Guarda. Porto: Typographia Universal, 1902; CORREIA, Joaquim Manuel - Terras de Riba-Côa, Memórias sobre o Concelho do Sabugal. Lisboa: Federação dos Municípios da Beira - Serra, 1946; COSTA, Padre Carvalho da - Corografia Portuguesa..., Lisboa: Officina de Valentim da Costa Deslandes, 1708, vol. II; DIAS, Mário Simões - Vilar Maior - História, Monumentos e Lendas. Sabugal: Associação Cultural, Desportiva e Desenvolvimento Social, 1996; JORGE, Carlos Henrique Gonçalves - O Concelho de Vilar Maior em 1758 - Memórias Paroquiais. Forcalhos: Associação Recreativa e Cultural de Forcalhos, 1991; LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de Pinho - Portugal Antigo e Moderno. Lisboa: Livraria Editora de Tavares Cardoso & Irmão, 1886, vol. 11; Plano da Área Territorial da Guarda, Património Histórico-cultural, Concelho do Sabugal. Lisboa: Direção-Geral do Planeamento Urbanístico, 1984.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, SIPA; Diocese da Guarda: Departamento do Património Cultural

Documentação Administrativa

IHRU: PT DGEMN: DSID-001/009-004-1064/3

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1990 - execução de obras, em que os rebocos interiores e exteriores foram picados, deixando à vista a alvenaria, cujas juntas foram cimentadas e pintadas de branco; apeamento do pavimento lajeado e substituição por outro de granito serrado, introdução de madeiras recentes no retábulo-mor.

Observações

*1 - DOF: Igreja Matriz e Torre anexa, em Sabugal.

Autor e Data

Joana Pereira e Paula Figueiredo 2015 (no âmbito da parceira IHRU / Diocese da Guarda)

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login