Estação Ferroviária do Fratel

IPA.00027662
Portugal, Castelo Branco, Vila Velha de Ródão, Fratel
 
Estação ferroviária da Linha da Beira Baixa, construída em finais do séc. 19, conservando ainda o edifício de passageiros (EP), o das antigas instalações sanitárias públicas (WC), a norte, e o cais coberto, servido por cais descoberto, a sul, todos com implantação lateral, paralela às linhas férreas, gabarito de carga, lampistaria (arrecadação), depósito de água, dois edifícios de habitação, depósito de água, antena rádio solo comboio, tendo ainda outros elementos caraterísticos da paisagem ferroviária, como as linhas férreas, plataformas de passageiros, candeeiros de iluminação e vedações do recinto. A estação tornou-se, rapidamente, uma dos mais importantes da linha, devido à movimentação de mercadorias, justificando assim o grande número de construções para pessoal, também explicável devido à grande distância a que se encontra da povoação que serve. O edifício de passageiros, disposto do lado esquerdo da linha (sentido ascendente), tem linhas depuradas e segue a tipologia dos edifícios de passageiros de 3.ª classe. Apresenta planta retangular, composta por três corpos, o central de dois pisos e ligeiramente avançado e os laterais de apenas um, regularmente dispostos, com volumes escalonados e coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas, no corpo central e de três nos laterais, em telha cerâmica vermelha, o corpo esquerdo sobreposto por chaminé. As fachadas são rebocadas e pintadas de branco, percorridas por soco de cantaria, com cunhais apilastrados e remates em friso e cornija, atualmente pintados de ocre, e platibanda plena, de alvenaria, pintada de branco. Na primeira metade do séc. 20, foram valorizadas com silhar de azulejos, de padrão monocromo, com molduras em azul, tendo o da fachada posterior sido removido entre 2009 e 2017. A fachada principal, virada a poente, e a posterior, às linhas, são semelhantes, surgindo rasgadas, ao nível do piso térreo, por portas em arco abatido, com molduras de cantaria, três no corpo central e uma nos laterais; no segundo piso do corpo central, abrem-se janelas de peitoril, de igual modinatura. Todos os vãos têm caixilharias de alumínio lacado de cor cinzenta, com vidro simples e portas metálicas pintadas de cinza. Sobre a porta central da fachada posterior existe painel de azulejos, com a toponímia da estação e, lateralmente, relógio de parede da plataforma, de dupla face, moderno, tendo o antigo sido apeado recentemente. As fachadas laterais são cegas e têm igualmente, no piso térreo, toponímia da estação, em painéis de azulejos. Interiormente o piso térreo possui vestíbulo e sala de espera central, com as paredes rebocadas e pintadas de branco, tetos planos e pavimento em ladrilho cerâmico, tendo à direita a bilheteira e o gabinete do chefe da estação. As instalações sanitárias públicas mantêm-se inalteradas, apresentando planta retangular simples e cobertura de duas águas, terminadas em abas corridas de madeira, possuindo no interior dois cubículos adossados, um por sexo, com acessos em fachadas opostas, e urinóis laterais, com as portas de ambos os lados protegidas por anteparo, revestido a azulejos iguais aos do edifício de passageiros. As fachadas têm soco, cunhais e friso do remate em cantaria, sendo revestidas a azulejos iguais aos do edifício de passageiros, a virada à linha integrando inscrições alusivas e as do topo norte e sul terminadas em empena, com a zona superior revestida a madeira. O cais coberto, no extremo oposto da estação, possui planta retangular simples, com massa disposta na horizontal e cobertura em telhado de duas águas, com revestimento em telha de barro vermelho, em muito mau estado e que se prolonga em abas laterais, sobre estrutura de madeira. As fachadas são rebocadas e pintadas de branco, as viradas à linha e à via, abertas superiormente, formando um respiradouro, e com portas de correr, de grande dimensão, e as dos topos terminadas em empena; a do topo norte, com toponímia, é rasgada por porta larga, de verga abatida e moldura de cantaria, acedido pelo cais descoberto, e a do topo sul por duas janelas de peitoril retilíneas, igualmente molduradas. Na aba da fachada nascente, conserva-se gabarito de carga. Junto ao cais coberto ergue-se pequena lampistaria, de planta circular, com volume simples e cobertura em telhado cónico, revestida a telha cerâmica vermelha. O corpo possui soco de cantaria e fachadas rebocadas e pintadas de branco, com acesso por porta de verga reta. Junto às instalações sanitárias, dispõe-se depósito de água aéreo, de grandes dimensões, em betão armado, de planta circular e depósito emoldurado a cantaria e com a inscrição a negro "FRATEL", assente em seis pilares, reforçadas por travessas. No lado oposto, existe o depósito primitivo, de planta circular e cobertura cónica, com as paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por faixa cinza e com porta de verga reta e moldura simples de cantaria. Junto às instalações sanitárias ergue-se ainda uma casa de habitação, térrea, de planta retangular e cobertura de duas águas, sobreposta por chaminé central. A fachada principal surge virada a nascente e à linha, rasgada por duas portas e duas janelas de peitoril, todas retilíneas e com molduras de cantaria, atualmente entaipadas. As fachadas laterais são em empena cega. Posterior às instalações sanitárias, ergue-se o antigo edifício de dormitório, de planta retangular e cobertura em telhados de duas águas. As fachadas evoluem em dois pisos, o superior com acesso por escadas exteriores, adossadas à fachada posterior e o inferior com acesso frontal. A fachada principal, também virada a nascente, possui duas portas de verga reta, molduradas a cantaria, com acesso por escadas do mesmo material, ladeadas por três janelas de peitoril, com molduras, nos extremos, encontrando-se atualmente emparedados; no segundo piso, abrem-se cinco janelas de peitoril semelhantes, com caixilharias de madeira, pintada de verde, e vidro simples, alguns partidos. A fachada posterior tem porta de verga reta e janelas de peitoril, sendo as laterais em empenas cegas. No interior forma quatro fogos, o do lado esquerdo de menores dimensões, com três dependências, correspondendo a uma cozinha, um quarto e uma sala, sendo o oposto maior, com mais uma dependência. Em termos de arranjos exteriores, a plataforma do edifício de passageiros está revestida com lajetas antiderrapantes e provida de faixa de segurança e bordadura em betão liso, tendo candeeiros de iluminação pública; a plataforma lateral de passageiros tem cobertura parcial. Nas restantes áreas da estação, existem postes de catenária, vários tipos de vedação de delimitação do domínio ferroviário, um dos quais em cimento armado com desenho da Divisão de Via e Obras da CP, antena radio solo comboio a sul do edifício de passageiros e sinalética específica para passageiros.
Número IPA Antigo: PT020511010044
 
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Registo

 
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Descrição

Acessos

Fratel, Lugar da Estação, Rua da Estação, 6030-012 Fratel; Linha da Beira Baixa - Ponto quilométrico 56,796 (PK). WGS84 (graus decimais) lat.: 39,613988; long.: -7,715863

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Rural, isolado, no exterior da povoação. Implanta-se numa plataforma plana, a 90 m de altitude, rodeado de montanhas e paralela ao Rio Tejo, na sua margem direita. O largo da estação é amplo e pavimentado a alcatrão, estando rodeado de vegetação espontânea.

Descrição Complementar

Nas fachadas laterais do edifício de passageiros, ao nível do primeiro piso, bem como sobre a porta central da fachada posterior, existem painéis de azulejos brancos, com moldura e letras a azul, da toponímica da estação "FRATEL". Nas instalações sanitárias, na fachada virada à linha, surgem as inscrições "RETRETES", "SENHORAS" e "HOMENS", também em azulejo.

Utilização Inicial

Transportes: estação ferroviária

Utilização Actual

Transportes: estação ferroviária

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Infraestruturas de Portugal (conforme do artigo 6º, nº 2 e 5, e artigo 11º, n.º 1, ambos do DL 91/2015, e com a regras definidas pelo regime jurídico do Domínio Público Ferroviário que constam do DL 276/2003)

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

PROJETISTA: Divisão de Via e Obras da CP (séc. 20).

Cronologia

1883, 07 novembro - adjudicação da construção da Linha da Beira Baixa à Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses; 1885, final - início da construção do troço entre Abrantes e Covilhã, no qual se insere a estação de Fratel (TORRES: 1958, p. 63); 1891, 06 setembro - inauguração do troço da Linha da Beira Baixa entre Abrantes e Covilhã (TORRES: 1958, p. 63); 1935, novembro - diagrama da estação, composta por edifício de passageiros, instalações sanitárias públicas, separadas por jardim, cais coberto servido por cais descoberto, todos paralelos à linha, arrecadação de material de via, grua, dormitório, habitação do fogueiro da locomóvel, casa tipo, reservatório de betão armado com capacidade de 200 m3, poço e casa da bomba, forno e outra estruturas; dezembro - planta do edifício de passageiros, instalações sanitárias públicas, Casa A, B e C, barraca D e dormitório do pessoal graduado; 1952, 13 agosto - desenho relativo à criação de cantina no edifício e passageiros; séc. 20, final - arranjo do edifício de passageiros, com tratamento de rebocos e pinturas, substituição de caixilharia e portas e remodelação do interior; colocação de um novo relógio; limpeza dos azulejos e tratamento das madeiras das instalações sanitárias; pintura dos frisos e cornijas; 2009 - 2017 - remoção do silhar de azulejos na fachada posterior do edifício de passageiros, bem como o relógio de plataforma de dupla face, pintado de azul, sobre mísula volutada, que o sobrepunha e então já se encontrava desativado; entaipamento dos vãos do piso térreo do antigo dormitório.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de granito e betão, rebocada e pintada; cunhais, soco, frisos, cornijas em cantaria de granito; coberturas de betão, rebocadas e pintadas; silhar de azulejos azuis e brancos; pavimento em ladrilho cerâmico e em betão nos cais; aba corrida de madeira; coberturas em telha; depósito em betão; caixilharias em alumínio lacado e vidro simples no edifício de passageiros, sendo de madeira e vidro simples nos edifícios desativados.

Bibliografia

CALADO, Rafael Salinas, ALMEIDA, Pedro Vieira de - Aspectos Azulejares na Arquitectura Ferroviária Portuguesa. [Lisboa]: Caminhos de Ferro Portugueses, EP, 2001; FINO, Gaspar Correia - Legislação e disposições regulamentares sobre caminhos de ferro. Lisboa: Imprensa Nacional, 1903; 1908; FRAILE, Eduardo Gonzalez - Las primeras estaciones de ferrocarril: su tipologia; GOMES, Gilberto - «Ao longo dos rios, a caminho do mar. Notas sobre a estação ferroviária da Covilhã na linha da Beira Baixa». In Monumentos. Lisboa: Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, 2009, n.º 29; HUMBERT, Georges-Charles - Traité Complet des Chemins de Fer. Paris: Baudry, 1891; LOPEZ GARCIA, Mercedes Lopez, MZA - Historia de sus estaciones. Coleccion de ciências, humanis y enginieria, n.º 2). Madrid: Ediciones Turner, S.A., 1986; PEVSNER, Nicolaus - Historia de las tipologias arquitectónicas; PIRES, António Pinto - Linha da Beira Baixa. 2016; PEREIRA, Hugo Silveira - «Caminhos-de-ferro da Beira (1845-1893)». In Revista de História da Sociedade e da Cultura. 2011.TORRES, Carlos Manitto - «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário». In Gazeta dos Caminhos de Ferro. Lisboa: 16 janeiro 1958, n.º 70 (1682), pp. 61-64.

Documentação Gráfica

Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt)

Documentação Fotográfica

DGPC: SIPA; Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt)

Documentação Administrativa

Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt); Arquivo Histórico da CP-Comboios de Portugal

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Paula Figueiredo 2002 / 2009

Actualização

Paula Azevedo e Ana Sousa 2021 (no âmbito do Protocolo de colaboração DGPC / Infraestruturas de Portugal)
 
 
 
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