Casa da Quinta de Santo António de Contumil

IPA.00027407
Portugal, Porto, Porto, Campanhã
 
Quinta e capela de origem seiscentista, guardando deste período a capela, pavimentos, fontes, esculturas de pedra, e inscrições em brancos de jardim, e capela. Capela de planta longitudinal, com alpendre, sacristia e corpo rectangular, que amplia o espaço de culto. A O. existia uma torre ameada, que foi parcialmente demolida. A casa de habitação foi ampliada nos anos trinta do século vinte, mantendo-se desde então original ao projecto. Planta rectangular com rés-do-chão e dois pisos, desenvolvendo-se no primeiro zonas de estar e comer e no segundo zonas de dormir. No rés-do-chão foi destinado a apoio à produção agrícola. Jardins de inspiração romântica, denunciada pela presença de árvores exóticas, grutas artificiais, lagos, terraços, passeios e canteiros serpenteados.
Número IPA Antigo: PT011312030482
 
Registo visualizado 988 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa    

Descrição

Quinta composta por área de exploração agrícola, mata, jardins, várias zonas de fresco, fontes, lagos e grutas artificiais, casas, piscina e dependências agrícolas, distribuídas em patamares ao longo da encosta. Portal principal, voltado a N., de verga recta encimado por cornija e cruz latina decorada no plano inferior por volutas, ladeada por plintos piramidais, apresentando no lintel azulejos com a inscrição "QTA STO ANTONIO DE CONTUMIL". Conduz este portão para um recinto pavimentado que conduz a toda a área da quinta por meio de trilhos e caminhos pavimentados. Do lado esquerdo do pátio encontram-se as antigas cavalariças, actualmente transformadas em habitação secundária. CASA de habitação localizada em socalco a uma cota relativamente inferior à rua de Santo António de Contumil, composta por corpo rectangular com cobertura de quatro águas, rés-do-chão e dois pisos, fachadas rebocadas, pintadas de cor de rosa, com vãos destacados por molduras recortadas, salientes, e pintadas de tonalidade diferente. Alçado principal orientado a E., de dois pisos delimitados por friso saliente, rasgado simetricamente por vãos de verga recta. Ao nível do primeiro piso, apresenta porta e telheiro ao centro, ladeada por dois vãos de janelas de cada lado; no segundo piso, três composições de vãos de janela, sendo a central formada por três vãos unidos pela mesma moldura, e as laterais por dois vãos também unidos por uma só moldura. Os restantes alçados de linguagem idêntica, denunciam a existência de tês pisos, apresentando o posterior ao centro, um corpo avançado, onde se rasgam ao nível do primeiro piso grandes vãos em arco de volta perfeita, ao nível do segundo e terceiro varandas de sacada, sendo a última transformada em marquise. A CAPELA*1 localizada fora dos muros da quinta, excepto o alçado S. e parte do O., apresenta proporções modestas, sendo constituída por nave, galilé, sacristia e um corpo adossado a S. com a função de ampliar o espaço de culto. Volumes escalonados de dominante horizontal, com coberturas diferenciadas em telhados de duas e três águas. Alçados em aparelho de granito irregular, rematados por cornija saliente. Alçado principal orientado a E., em empena triangular, com cruz e plintos piramidais nos vértices, rasgado por porta central de verga recta, rematada por cornija e nicho com escultura de Santo António em pedra, apresentando no lintel a seguinte inscrição "ESTA CAPELA DE SANTO ANTÓNIO FES ANTÓNIO DE CARVALHO CIDADÃO DA CIDADE DO PORTO PARA SI E SEUS HERDEIROS. ANO DO S.OR DE 1634". Ladeiam a porta principal, dois pequenos vãos de janela engradados, um de cada lado. A anteceder o alçado principal, surge galilé mais baixa e estreita, com duas colunas dóricas a ladear a entrada, actualmente fechada por postas e janelas de alumínio. Alçado N. rasgado ao nível da Sacristia por porta de verga recta, apresentando no correspondente à nave, sino. Alçado S., apenas visível pela quinta, rasgado por porta ao nível da nave e janela no acrescento lateral, actualmente emparedadas. Alçado posterior cego, parcialmente encoberto pela torre medieval ameada, destruída no inicio do século vinte e reconstruída até à altura da capela. No INTERIOR apresenta nave simples, paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento de pedra alcatifado, tecto de maceira pintado de cinzento, pontuado por filetes dourados. Na parede fundeira apresenta retábulo maneirista, de talha dourada e pintada, de planta recta. Lateralmente surgem imagens sobre peanhas fixas na parede. Do lado esquerdo, ascendente, surge a uma cota relativamente superior, vencida por cindo degraus de cantaria, corpo lateral, com pavimento de tijoleira, que amplia o espaço de culto na zona de celebração. Do lado direito, porta de acesso à sacristia. JARDIM caracterizado por uma botânica diversificada e densa, como palmeiras, camélias, magnólias, tílias, eucaliptos, bananeiras, cedros, ciprestes, latadas, canteiros de buxo, duas sequóias gigantes e diversas árvores de fruto. Na extremidade S. localiza-se uma grande parcela dedicada à exploração hortícola. Próximo da capela, surgem várias cruzes de granito, representando os passos da paixão, integradas no pavimento; descendo pelo trilho empedrado, surge banco de jardim em alvenaria de granito com espaldar circunscrito por pilastras e remates em volutas, terminado em fragmento de cornija encimado por atlante ao centro e três esferas sobrepostas de cada lado. No espaldar sobre placa de bronze apresenta a seguinte inscrição: "1833 NESSA LUCTA FRATRICIDA QUE ENSANGUENTOU A NAÇÃO TRIUMPHOU A LIBERDADE ESMAGANDO A REAÇÃO"; no assento, gravada na pedra, surge "XI-V-MDC. LOGAR CHEIO DE SAUDADE!... VISTEME CRIANÇA SIMPLES...LSA". Em direcção à casa, encontra-se um grande tanque de granito com espaldar, com bica redonda jorrando água. Ao centro, no espaldar, abre-se nicho em arco de volta perfeita que alberga imagem de pedra. Já próximo do alçado O. da habitação, surge fonte de espaldar de planta rectangular, de cantaria de granito, implantada a um nível inferior ao piso de circulação, com acesso ao interior localizado a E. por degrau. Pavimento em lajes de granito com as juntas consolidadas a cimento, percorrido a N. e S. por blocos de granito que se adossam ao muro de delimitação. Ao centro apresenta mesa rectangular. Espaldar definido por pilastras toscanas, rematado por friso e cornija encimada por frontão curvo interrompido integrando ao centro cruz latina sobre peanha. Lateralmente estende-se composição ornamental de volutas seguida de plinto piramidal de cada lado. Ao centro apresenta ninho em arco de volta perfeita, albergando a imagem de santo António esculpida em pedra. Num plano inferior, próximo da base, tem bica carranca de forma quadrangular e taça ovalada integrada no pavimento. No restante espaço da quinta, são ainda visíveis outras fontes e chafarizes, minas de água, miradouros, lagos e grutas artificiais.

Acessos

Rua de Santo António de Contumil. WGS84: lat. 41º10'13.79"N., long. 8º34'47.66"O.

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado. Quinta implantada numa zona ainda pouco povoada, em terreno de pendente relativamente acentuado, formando pequena encosta, disposta em patamares. Encontra-se delimitada a N. pela Rua de Santo António de Contumil, a E. e S. por arruamentos recentes, resultantes dos arranjos urbanísticos realizados no âmbito do Euro 2004, que implicaram a expropriação de uma parcela da quinta. A envolvente é marcada por grandes áreas de exploração agrícola pontuadas por habitações unifamiliares, com excepção de um prédio multifamiliar de sete andares, localizado a O. próximo da capela. A quinta, inicialmente definida por grandes muros de granito, conserva actualmente apenas os existentes na Rua de Santo António de Contumil, que deixam de fora a Capela. Oferece umas vistas surpreendentes, sendo possível de vários pontos da quinta vislumbrar o Rio Douro e Vila Nova de Gaia.

Descrição Complementar

Retábulo maneirista de talha relevada, de planta recta com três eixos divididos por colunas decoradas por folhas de acanto, com capitéis jónicos. Ao centro apresenta nicho rematado por arco de volta perfeita, decorado por volumosas folhas de acanto, albergando imaginária. Nos eixos laterais apresenta pintura sobre madeira, represento a do lado esquerdo S. Joaquim e a do lado direito Santa Ana. Remate superior com tabela rectangular preenchida por pintura em mau estado de conservação, representado a anunciação.

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Residencial: casa

Propriedade

Privada

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

PROJECTISTA: Eng. Mário José Filgueiras (1930); MESTRE DE OBRAS: Albino Francisco Soares.

Cronologia

1634 - Data gravada sobre a porta principal da capela que corresponde provavelmente à data em que António Carvalho, cidadão do Porto, a construiu para si e seus herdeiros; 1673 - um documento refere a Quinta, dizendo que quem possuir a Quinta de Contumil, que foi de António Mandes de Carvalho, o Carvalhinho de alcunha, tem obrigação de fabricar a capela que está na dita quinta; nesta data era proprietário da quinta António Carvalho de Amorim; 1743 - pertencia a uma família de nome Araújo Guimarães, que em menos de três meses perdeu três meses perdeu três membros, faleceu António de Araújo Guimarães, sua esposa e um dos seus filhos, passando a quinta para José de Araújo Guimarães, único herdeiro; 1748, 14 de Maio - veio a falecer José de Araújo Guimarães; 1786 - pertencia a quinta a uma senhora viúva, D. Mariana Teresa; 1930, 20 de Junho - pedido de Licença para ampliação da casa de habitação, sendo nesta data Luís dos Santos Monteiro o proprietário, deixando-a à sua morte para o filho Luís Sid Monteiro; 1936, 03 de Novembro - Pedido de licença para reparação da casa e capela da Quinta de Santo António de Contumil, 1975 - a quinta foi vendida a Martinho Ramos de Assunção, ficando fora da venda a capela que continua a pertencer à Família Cid Monteiro; 1976 - compra a propriedade Adão Ferreira de Pinho que apesar de não ser o proprietário da capela, é quem assegura a sua manutenção; 2002 - expropriação de uma parcela a S., por parte da Câmara Municipal do Porto, para abertura de uma estrada*2.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes

Materiais

Muros, paredes estruturais das habitações, fontes, tanques, bancos, pavimentos exteriores, trilhos, pombal, pináculos, e cruzes em cantaria de granito; paredes da habitação principal em perpeanho rebocado e pintado; pavimentos interiores de madeira, tectos de madeira na capela e estuque na habitação; retábulo de madeira entalhada, pavimento da capela com alcatifa; caixilharias do alpendre em alumínio com vidro simples; grades de ferro; cobertura em telha cerâmica.

Bibliografia

FREITAS, Eugénio Andrea da Cunha e, Toponímia Portuense, Porto, Contemporânea Editora, 1999.

Documentação Gráfica

CMP-AH: Processos de obras - 1032/1930 D-CMP/9 (582) f. 211-219

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA

Documentação Administrativa

CMP-AH: Processos de obras - 1032/1930 D-CMP/9 (582) f. 211-219

Intervenção Realizada

1930 - Ampliação da casa de habitação, que sofreu alterações ao nível do rés-do-chão, demolição de uns pequenos torreões anexos ao edifício e acrescento de um andar; 1936, 03 de Novembro - Obras de reparação na casa e capela da Quinta.

Observações

*1 - A capela encontra-se aberta ao culto todos os domingos de manhã. *2 - Expropriada para melhorar os acessos ao Estádio do Dragão, no âmbito do Campeonato Europeu de Futebol em 2004, realizado em Portugal.

Autor e Data

Ana Filipe 2009

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login