Capela de São João da Corujeira

IPA.00026788
Portugal, Portalegre, Elvas, Caia, São Pedro e Alcáçova
 
Capela construída no séc. 18, mas fundada na Idade Média, pela Ordem Hospitalária, reconstruída após o terramoto de 1840, que lhe reduziu as dimensões da nave, que ocupava todo o adro. Aberta ao culto em 1871, apresenta planta poligonal, composta por nave retangular, larga e pouco profunda, e capela-mor quadrangular, com diferentes espessuras dos muros e certo desalinhamento, resultante da sua origem medieval e da reconstrução, tendo interiormente cobertura em duas águas e abóbada de aresta, respetivamente, e iluminação axial. Possui linhas muito sóbrias, com a fachada principal em empena, rasgada por portal, de verga reta, com friso e cornija, encimado por janela rematada em espaldar formado de aletas e com a cruz da Ordem de Malta, datado de 1728, entre pináculos e sobreposto por cruz sobre monte, decoração que se repete nas janelas que ladeiam o portal. Sobre a empena surge sineira, de feitura oitocentista, tal como a modinatura das pilastras dos cunhais e respetivos remates. No interior possui duas capelas laterais confrontantes e retábulo-mor, de alvenaria.
Número IPA Antigo: PT041207020149
 
Registo visualizado 314 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta retangular composta por nave e capela-mor, tendo adossada à fachada lateral esquerda sacristia e anexo retangulares. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na nave e capela-mor, esta última mais alta, e de uma nos corpos adossados, rematadas em beirada simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, a principal, virada a sul, com faixa pintada de ocre, pilastras almofadadas nos cunhais, coroadas por plintos paralelepipédicos, também almofadados, e terminada em empena, com friso e cornija, pintada de ocre. Sobre a empena surge sineira, com ventana em arco, moldurado, e definida por pilastras almofadadas, suportando cornija, encimada por espaldar volutado, coroado por cruz latina em ferro, assente em acrotério, entre pináculos. Na fachada abre-se portal de verga reta, com moldura terminada em cornija, encimada por friso e cornija, e, superiormente, janela retangular, gradeada, encimada por cornija e espaldar, definido por aletas, contendo cruz de Malta relevada, e remate em cruz latina sobre monte, entre pináculos laterais. Ladeia o portal duas janelas retilíneas, gradeadas, com moldura encimada por decoração semelhante. As fachadas laterais são cegas, tal como a posterior, que apresenta talude. No INTERIOR a nave, coberta por telhado com forro de madeira, possui duas capelas laterais confrontantes, de alvenaria, com arco de volta perfeita, sobre pilastras almofadadas e fecho relevado, albergando retábulos, também de alvenaria, com nicho central, rematado em cornija contracurva, entre apainelados, e com altar tipo urna. Arco triunfal de volta perfeita, sobre pilastras almofadadas, e capela-mor coberta por abóbada de arestas, sobre colunelos dispostos nos ângulos, e bocete decorado ao centro. A parede testeira é ocupada pela estrutura retabular, de alvenaria, com tribuna em arco, moldurada a cantaria, tendo inferiormente apainelados relevados. Nas paredes laterais existe janela e porta de ligação à sacristia, que tem lavabo com espaldar quadrangular, encimado por entablamento e decoração volutada e vegetalista, em massa, rematada por cruz; frontalmente, pia retangular, baixa.

Acessos

Alcáçova, Rua de São João da Corujeira; Rua dos Quartéis da Corujeira. WGS84 (graus décimais) lat.: 38,883049; long.: -7,161525

Protecção

Incluído no Núcleo urbano da cidade de Elvas / Cidade Fronteiriça e de Guarnição de Elvas (v. IPA.00001839) e na Zona de Proteção da Fortaleza de Elvas (v. IPA.00035956)

Enquadramento

Urbano, isolado, no interior da praça de Elvas, no extremo nordeste da mesma, na gola do baluarte da Corujeira, no bairro com o mesmo nome *1. Implanta-se adaptado ao declive acentuado do terreno, possuindo junto à fachada esquerda, numa cota mais elevada, portal de acesso ao terrapleno do baluarte, onde de desenvolve o Cemitério dos Ingleses, ajardinado *2. Aí estão sepultados cinco militares britânicos, mortos na Batalha de La Albuera, na província de Badajoz, em representação dos milhares de soldados aliados que perderam a vida nessa batalha. À volta da capela, existe faixa pavimentada a cantaria e, frontalmente possui amplo largo pavimentado a paralelos. Nas imediações, ergue-se a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco (v. IPA.00001608) e o Quartel de São João da Corujeira (v. IPA.00035789).

Descrição Complementar

No espaldar da janela sobre o portal surge inscrita a data "1728", com dígitos enquadrando a cruz de Malta.

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Religiosa: capela

Propriedade

Privada: pessoa coletiva (Ordem Militar)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ALVANEIRO: João Franco (1790). ARQUITETO: Vitor Pinto Rei (2005). PEDREIRO: José Lobo (1790).

Cronologia

1228, cerca - segundo o cónego Aires Varela, no Theatro das Antiguidades, aquando da conquista de Elvas aos mouros, o Prior da Ordem do Hospital, D. Rodrigo, com os seus cavaleiros e alguma gente que se lhe juntou, "pelo sítio, que combatião, forte, e áspero, entrarão a Villa, e levantarão altar onde agora (1654+-) está a hermida de S. João Baptista seo Padroeyro, e conforme o edeficio, he o mesmo, que com pouca deferência hoje se vê" *3; 1324 - a Ordem obtém a comenda de Montoito, no distrito de Évora, por confirmação de uma carta de troca pelo lugar do Eixo, celebrada anos antes entre D Garcia Martins, grã-comendador da Ordem, e o Conde D. Pedro (filho de D. Dinis) e D. Branca, sua mulher; séc. 15, finais / séc. 16, início - a ermida de São João com a de Montoito passam a ser cabeça de uma só comenda da Ordem de Malta, que possuía no concelho de Elvas a herdade da Vinagreira; 1576- é comendador da capela Fr. Domingos Fernandes de Almeida, fidalgo da Casa Real; 1637- é comendador João Brandão, filho de Luís Brandão, cavaleiro da Ordem de Cristo; 1708 - segundo o Padre Carvalho, rende 4 mil cruzados e paga de responsão anual 132$371; 1728 - data inscrita na janela sobre o portal da fachada principal; 1734 - tem o rendimento de 1.800 cruzados e paga 132$391 pelo responsão e 26$691 de imposto; 1767 - no Livro do Subsídio militar da Décima o nome de bairro de São João substitui o da Corujeira; 1772 - a comenda rende dez moios, vinte alqueires e um terço de trigo, três moios e dez almudes de cevada, 10$503, 31 galinhas, 18 frangos e 2 almudes de vinho; pagam foro à comenda as herdades de D. Isabel, Úbela e Vinagreira, a quinta de Valongo, a horte do Mouro, o serrado de Gil Vaz, a tapada do Penedo, a horta e o olival juntos, um moinho no sítio da Fonte Santa, 4 ferragiais, 22 olivais e 17 moradas de casas, tudo na área do concelho de Elvas; é então procurador da comenda Manuel de Queirós Teixeira; 1777, 14 junho - após a sua visitação à igreja, o prior de Santa Maria de Alcobaça tenta obter a sua posse, o que leva João d'Oliveira Leite de Barros a remeter ofício ao provisor de Montoito; 1790, 22 abril - pagamento de 50$000 da pedraria para a capela que veio de Estremoz, feita por José Lobo; junho - pagamento de 50$675 pela re-edificação da capela-mor, pelo alvaneiro João Franco e 5$190 da obra de carpintaria; 1834 - após a extinção das Ordens Religiosas, a imagem de São Diogo do convento de São Francisco é transferida para a capela; 1838, 12 fevereiro - segundo documento, na Vereação "compareceu o reverendo padre João da Silva do Carmo como administrador que foi da capela de S. Gregório erecta em a igreja de S. João no sítio da Corujeira e apresentou as suas contas"; 1840, 09 fevereiro - terramoto de pequena intensidade mas, segundo uma memória, "sem que tivesse apresentado ruína inculcante de sua queda, saindo do prumo repentinamente tombou sobre a Igreja de que demoliu metade"; como a fachada principal da igreja e a lateral esquerda ficam profundamente fendidas e ameaçassem cair, decide-se derrubá-las; 13 fevereiro - já se trabalha na reconstrução da igreja, visto que a Vereação diz para "que se prestasse ao ilustríssimo administrador do concelho a importância da féria que ha de findar no dia 15 do corrente, para os trabalhadores empregados na igreja de S. João da Corujeira"; contudo as suas dimensões são reduzidas a metade e dá-se-lhe a configuração atual; durante as obras as imagens de São João, São Gregório, Santa Justa e São Diogo são transferidas para a Igreja das Domínicas; 1866 - a fim de se procederem a algumas reparações, conduz-se processionalmente a imagem de São João para a Igreja das Dominicais, bem como as demais do templo; 1871 - inauguração da capela e regresso das imagens após a conclusão das obras; 1924, 27 fevereiro - Portaria 3 922 encerra ao culto o templo; 2010, 24 junho - dedicação da capela ao culto.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; molduras dos vãos em cantaria; porta de madeira; grades de ferro; cobertura de telha.

Bibliografia

AA.VV - Elvas Duas Décadas de Poder Local. Elvas: Câmara Municipal de Elvas, 2013; GAMA, Eurico - Roteiro Antigo de Elvas. Vila Viçosa: Gráfica Caliponense, 1972; KEIL, Luís - Inventário Artístico do Distrito de Portalegre. Lisboa: Academia Nacional de Belas Artes, 1943; RODRIGUES, Jorge, PEREIRA, Mário - Elvas. Lisboa: Editorial Presença, 1996; VALLA, Margarida - «A praça-forte de Elvas: a cidade e o território». In Monumentos. Lisboa: Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, dezembro 2008, n.º 28, pp. 34-43.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1774 / 1775 - obras de restauro na igreja por 13$370; 1797 - reparação dos telhados por 7$915; 1866 / 1867 / 1868 / 1869 / 1870 / 1871- obras de restauro na igreja; 2005 - início das obras de recuperação da capela, orçadas em cerca de 100 mil euros, com projeto do arquiteto Vítor Pinto Rei, as quais tiveram apoio da Associação dos Amigos do Cemitério Britânico de Elvas e da Assembleia dos Cavaleiros Portugueses da Ordem Soberana Militar de Malta.

Observações

EM ESTUDO. *1 - Segundo documentos antigos, a denominação do bairro da Corujeira tem a ver com o facto de, por ser um local despovoado, "se abrigarem nelle muitas corujas". Por elisão, é muitas vezes nomeado "da Corujeira". *2 - Sobre o muro do quintal contíguo à capela, existia uma pedra com a Cruz de Malta, relevada, e com a inscrição "A M I O S", como lembrança "per omnis saecula saeculorum", encontrando-se atualmente no Museu Municipal. *3 - Segundo o Dr. Santa Clara, nos seus apontamentos manuscritos, citados por Eurico Gama, os hospitalários que participaram no cerco de Elvas "eram os que estacam em Albuquerque, e como ficassem padroeiros da igreja de S. João Baptista da Corujeira, e reconheciam por chefe espiritual o bispo de Badajoz", também a igreja de Elvas dependia dessa cidade espanhola. *4 - Na capela decorriam grandes festividades pelo São João, na véspera e no dia do santo patrono, com missas cantadas e sermões, procissão, e arraiais populares com música e fogo de artifício. Segundo a tradição, era costume antigo as jovens casadoiras morderem as grades das janelas laterais.

Autor e Data

Paula Noé 2017

Actualização

 
 
 
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