Capela de Nossa Senhora da Ribeira / Santuário de Nossa Senhora da Ribeira

IPA.00002662
Portugal, Bragança, Bragança, Quintanilha
 
Arquitetura religiosa, quinhentista, seiscentista e barroca. Capela de planta retangular composta por três naves, de seis tramos cada nave, e capela-mor, mais baixa e estreita, tendo adossado à fachada lateral esquerda sacristia e alpendre, interiormente pouco iluminada por frestas unilaterais e coberturas de madeira. Fachada principal do tipo fachada-campanário, terminada em empena truncada por dupla sineira, e rasgada por portal em arco apontado de modinatura goticizante. Fachadas laterais rasgadas por portas travessas em arco de volta perfeita, de aduelas largas, de modinatura quinhentista, a direita com frestas e janelas de capialço. A fachada posterior termina em empena reta. Interior com pavimento rebaixado e inclinado em direção à capela-mor e coberturas de madeira, em vigamento na nave e em gamela na capela-mor. Possui púlpito de cantaria seiscentista sobre coluna balaústre, retábulos colaterais barrocos, de talha pintada e dourada, dispostos de ângulo, enquadrando arco triunfal apontado sobre impostas, e retábulo-mor barroco, de estrutura nacional, de planta reta e três eixos. Na sacristia existe lavabo de espaldar recortado com carranca, do séc. 17 / 18. Santuário formado por capela de grandes dimensões, de construção inicial medieval, mas muito alterada e ampliada ao longo dos séc. 16 e 17 e do 19 e 20, explicando-se assim a separação das naves ser feita simultaneamente por colunas e pilares. Segundo Marta Arriscado de Oliveira e José Ferrão Afonso, integra-se no tipo de igreja colunária, igreja arquitetural algo arcaica, com cobertura leve de madeira, sobre colunas e estruturas murarias. Estruturalmente, a capela é larga, longa e baixa, sóbria e compacta, contudo as colunas finas, com capitéis anelares oitavados, e os pilares que suportam a armação de madeira à vista, conferem-lhe certa leveza. Possui vãos de modinaturas diferentes, o portal da fachada principal em arco apontado sobre colunelos e os laterais, não confrontantes, de volta perfeita e de feitura mais tardia, tal como as frestas e janelas. No interior, a cobertura da nave tem tirantes entalhados e pintados com motivos vegetalistas, e é percorrido por bailéus, na nave e capela-mor, os primeiros mais altos no lado da Epístola, devido ao declive no terreno, também visível nas diferentes alturas dos plintos que suportam as colunas e pilares. A nave da Epístola assentava em rocha viva, mais alta, antes de ter sido nivelada pelas outras duas naves, obrigando a que os plintos das colunas fossem então calçados sobre maciços, mantendo contudo ainda uma pendente que se acentua na porta travessa. Conserva o antigo pavimento de seixos rolados e alvenaria de xisto, formando uma composição de quadros e, na sacristia, uma estrela e flor estilizada. Junto ao portal axial existem várias mísulas de sustentação do antigo coro-alto, que se deveria prolongar até aos primeiros pilares, que surgem truncados e acrescentados superiormente. O retábulo colateral do Evangelho tem estrutura anacrónica de estilo nacional, e o da Epístola é em barroco mais tardio, mas ambos com reformas estruturais e decorativas datáveis do séc. 20. O retábulo-mor tem no fecho cartela com os atributos de São Pedro, antigo tutelar do retábulo que, por esta razão, não terá sido concebido para esta capela, como é visível, aliás, no seu remate, com arquivoltas distintas e truncado, e com elementos diferentes reaproveitados lateralmente; os atlantes joaninos do sotobanco, de bom talhe, foram também reaproveitados. Destaque para as pinturas murais na parede testeira e lateralmente, as primeiras organizadas em painéis com temática mariana e cristológica, datáveis do séc. 15V, sendo a da parede do Evangelho particularmente interessante, representando uma "Anunciação" quinhentista, de aparente boa qualidade, com algumas afinidades, nomeadamente no tratamento dos cabelos, com a oficina do Mestre de Sardoal. A capela-mor termina em beirada múltipla, de caráter popular, e a sacristia tem planta irregular, com parede O. de grande espessura, ambas reforçadas por contrafortes escalonados a N..
Número IPA Antigo: PT010402320029
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta retangular composta por três naves e capela-mor, mais alta e mais estreita, tendo adossado à fachada lateral esquerda sacristia quadrangular e alpendre retangular. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na igreja, de três na capela-mor e de uma na sacristia e alpendre, rematadas em beirada. Fachadas rebocadas e pintadas de branco com embasamento em cimento encarapinhado, pintado de cinzento, e cunhais em cantaria. Fachada principal virada a O., terminada em empena truncada por dupla sineira, em cantaria aparente, assente em cornija e rematada igualmente em empena, com vãos em arco de volta perfeita, albergando sinos, e coroada por cruz latina, de braços quadrangulares. É rasgada por portal em arco apontado, de quatro arquivoltas, a exterior moldurada, apoiadas em impostas salientes, dispostas sobre três colunelos, de bases marcadas. Fachada lateral N. composta pelo alpendre, sustentado por seis pilares, em granito polido, apoiados em muro baixo, rebocado e pintado de branco, capeado a cantaria, interrompido a meio, criando interiormente falso bailéu, e sustentando o entablamento. Porta travessa precedida de escada, com arco de volta perfeita, de aduelas largas, biseladas e moldura saliente exterior, assentes em longas impostas molduradas. A sacristia é cega e tem, sensivelmente a meio, gárgula de meia cana para despejo da água do lavabo A fachada S. possui a nave rasgada por portal de arco abatido, com aduelas largas e moldura exterior saliente sobre impostas, atualmente entaipado, e por três frestas de capialço, uma delas ligeiramente mais larga, moldurada e com gradeamento exterior. Sobre a cobertura, surgem vestígios dos degraus de acesso às sineiras. A capela-mor, rematada em beirada múltipla, é rasgada por uma janela de capialço, de perfil abatido, gradeada, e pequena fresta. Fachada posterior da capela-mor cega e terminada em empena reta e sacristia em meia empena e rasgada por duas frestas sobrepostas; no cunhal direito a capela-mor apresenta contraforte escalonado. INTERIOR de três naves escalonadas, as laterais mais estreitas, divididas por seis colunas (três de cada lado), com capitéis anelares oitavados, e por quatro pilares, biselados, dois deles com capitel e inscrições no fuste, formando seis tramos em cada nave; assentam em plintos quadrangulares, os do lado da Epístola de duas ordens sobrepostas, com as juntas pintadas de branco, sobre outros maiores, rebocados e pintados de branco. Apresentam pavimento rebaixado relativamente ao exterior e inclinado em direção à capela-mor, em jogas, formando painéis retilíneos, e cobertura de madeira, de dois panos na nave central, com tirantes de madeira ostentando decoração fitomórfica pintada, sobre mísulas entalhadas, e de um pano nas laterais. As paredes são rebocadas e pintadas de branco, possuindo junto ao portal axial as mísulas que serviam de apoio ao antigo coro-alto. Lateralmente, as naves são percorridas por bailéus, o do lado da Epístola, muito elevado devido ao acentuado declive do pavimento, e a partir do qual se desenvolvem as escadas de acesso ao púlpito. Este é de cantaria, com bacia quadrangular, assente em coluna balaústre, de fuste estriado e capitel fitomórfico, com guarda plena, formando almofadados, alguns com motivos fitomórficos. Às colunas que enquadram a porta do lado do Evangelho, encostam-se duas pias de água-benta, uma cilíndrica sobre pé do mesmo perfil, atualmente transformada em floreira, e outra quadrangular, de faces almofadadas, sobre pé paralelepipédico e encimada por espaldar com moldura em arco de volta perfeita sobreposta por cruz latina. Arco triunfal em amplo arco apontado, de uma arquivolta com moldura exterior, assente em impostas salientes, tendo pé-direito diminuto. É ladeado por retábulos colaterais, dispostos em ângulo, de talha pintada a marmoreados fingidos e elementos decorativos dourados, dedicados a Nossa Senhora do Carmo, no lado do Evangelho, e à Santíssima Trindade, no da Epístola. Capela-mor com paredes rebocadas e pintadas de branco, igualmente percorridas por bailéu, cobertura de madeira em gamela, pintada de azul claro, contendo ao centro resplendor, e pavimento em jogas, dispostas em fiadas diagonais. Sobre supedâneo acedido por três degraus laterais, surge o retábulo-mor, de talha dourada, de planta reta e três eixos, definidos por seis colunas torsas decoradas com pâmpanos e aves, as exteriores assentes em plintos paralelepipédicos e as interiores grupadas em plinto único, ornados de acantos, e de capitéis coríntios. Ao centro, tribuna de perfil curvo, interiormente pintada com fores, falso tímpano em talha com acantos relevados e cobertura em abóbada de berço, com frisos de acantos, albergando tribuna galbada sustentando imaginária. Os eixos laterais possuem apainelados, pintados com flores, contendo imaginária. A estrutura remata em entablamento nos eixos laterais, com friso de acantos e querubins, tendo ao centro duas arquivoltas, que prolongam as colunas centrais, a interior torsa, ornada de pâmpanos e anjos, e a exterior com acantos relevados, unidas por aduelas, sobrepostas ao centro por cartela com uma cruz e duas chaves em aspa; lateralmente surgem apainelados de talha, truncados, ostentando anjos tenentes e acantos. Sotobanco com portas de acesso à tribuna, pintadas com flores, e quatro atlantes que sustentam o banco, integrando ao centro sacrário embutido, rematado em cornija com lambrequim e drapeados a abrir em boca de cena, ladeado por anjos ladeado, tendo na porta cruz enlaçada por videira. Altar paralelepipédico, com frontal seccionado e pintado de vermelho com flores. A ladear o retábulo-mor, surgem pinturas murais envolvidas por estruturas arquitetónicas, onde se vislumbram frisos rendilhados, de gramática gótica, e pináculos piramidais, surgindo vários painéis de acantos e drapeados a abrir em boca de cena. Organizam-se em quatro painéis, alguns de difícil identificação pelo seu elevado grau de deterioração, os do Evangelho com a representação dos "Esponsais da Virgem" e uma possível "Visitação", surgindo, no lado oposto, uma "Apresentação do Menino no Templo". Na parede do Evangelho, aparece uma "Anunciação". Ara de altar destacada, assente em pé, dourado. No lado do Evangelho abre-se porta em arco de volta perfeita de ligação à sacristia. Esta desenvolve-se numa cota bastante rebaixada, acedida por três degraus, apresentando paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento de jogas, formando uma flor central e estrela, e com cobertura em betão. Possui um lavabo de espaldar recortado, com carranca, sobreposta por torneira, encimada por reservatório concheado e remate alteado com o monograma "IHS" e cruz relevada; frontalmente tem bacia concheada.

Acessos

Caminho a partir da EN 218-1

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Portaria n.º 443/2006, DR, 2.ª série, n.º 49 de 09 março 2006

Enquadramento

Rural, isolado, a meia encosta e sobranceiro a uma ribeira, adaptado ao declive do terreno e construído sobre uma veiga. Implanta-se em ampla área arborizada, com várias árvores de grande porte, e ajardinada, formando adro, delimitado por muro, rebocado e pintado de branco, e com zonas de lazer. Largos corredores, pavimentados a paralelos, acedem aos portais axial e lateral N., neste com largos degraus, vencendo o declive do terreno. Sob o alpendre lateral possui duas mesas de cimento e bancos e, em frente da torneira afixada à fachada lateral da sacristia, dispõe-se a pia batismal que ladeava a porta travessa da Epístola. A cerca de 1,5 Km fica a fronteira entre Portugal e Espanha, separadas por ponte, e junto à qual se ergue a Estação Fronteiriça de Quintanilha (v. PT010402320059).

Descrição Complementar

Junto ao cunhal esquerdo da fachada principal surge uma lápide, em mármore, com a inscrição: "1282 - 1940 ENTRADA DA RAINHA SANTA PELA PRIMEIRA VEZ EM PORTUGAL". Nos pilares da nave, surgem três inscrições: "1901 / 15 DE MAIO / VIZITA DE / EMYGDIO / AUGUSTO / GARCIA / PIRES"; "1901 / 15 DE MAIO / VIZITA DO COMMEN / DADOR / ANTONIO / DO CARMO / PIRES" e "1922 / CORO MA / NDADO FA / ZER POR / D: JULIA / DE MAGA / LHENS FE / NANDES / QUINTA / NILHA". Retábulo colateral do Evangelho em talha pintada a marmoreados fingidos de vermelho e azul, com elementos decorativos dourados, de planta reta e três eixos; estes são definidos por quatro colunas de fuste liso, decoradas com acantos, enrolamentos e concheados, assentes em plintos paralelepipédicos, ornados de acantos e enrolamentos, e em consolas, e de capitéis coríntios, e por duas pilastras exteriores, com almofadas contendo concheados e acantos, assentes em dupla ordem de plintos, com a mesma decoração. Ao centro possui painel pintado com flores e uma moldura curva, sobreposta por concheados, enquadrando imaginária, sobre mísula; nos eixos laterais surge apainelado marcado com moldura de perfil curvo, enquadrando imaginária sobre mísula e encimada por baldaquino. Remate de três arquivoltas, duas torsas e uma planta, e apainelado intermédio, decorados por acantos e concheados, unidas por aduelas, e tímpano central, com acantos e volutados, sobreposto por resplendor. Banco com apainelados almofadados contendo elementos vegetalistas e concheados e sotobanco de apainelados pintados com elementos fitomórficos. Altar em forma de urna, ornado com acantos, concheados e enrolamentos, que formam cartela central. O retábulo colateral da Epístola, em talha pintada a marmoreados fingidos vermelhos e azul, tem corpo de planta convexa e um eixo, definido por quatro pilastras almofadadas e ornadas de elementos vegetalistas, as exteriores sobrepostas por mísula, assentes em plintos com motivos fitomórficos, e por duas colunas de fuste ornado por elementos vegetalistas, sobre mísulas e com capitéis de interpretação coríntia. Ao centro abre-se nicho longilíneo, de perfil curvo, interiormente pintado de azul e com flores, contendo mísula com imaginária. Remate em espaldar contracurvo, com cornija, decorado com elementos fitomórficos e circunscrito por mísulas coroadas por pináculos vegetalistas vazados. Altar em forma de urna, com frontal decorado com motivos fitomórficos a dourado.

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Religiosa: santuário

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Bragança - Miranda)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 13 / 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

A. Leite de Azevedo (oficina de Braga).

Cronologia

1220 - cedência das terras do Outeiro à Coroa, até aí pertencente aos abades beneditinos de Castro de Avelãs; 1258 - referência a Quintanilha nas Inquirições de D. Afonso III, como "Quinteela de Rivulo de Masanis" (Quintela de Rio Maçãs), dando-se conta de alguns interesses que os frades do convento leonês de Moreirola aí tinham; séc. 13, 2.º quartel - construção de um templo e subsequente decoração, concretizada com as ofertas de muitos devotos, na sequência do milagroso aparecimento, no local, de Nossa Senhora a uma pastora *1; 1282 - notícia da existência de uma ermida, que albergava uma imagem milagrosa; julho - reconstrução do templo, provavelmente por ordem da rainha Santa Isabel, que por aqui passa aquando da sua entrada em Portugal; a mesma designa algumas rendas para a fábrica da capela, obtidas de foros pagos à Coroa em vários lugares da vila de Outeiro; séc. 15 - 16 - execução das pinturas murais da capela-mor; 1514, 11 novembro - D. Manuel I concede foral a Quintanilha; séc. 16, 2.º quartel - o Cabido da Sé de Miranda retira os bens e as rendas da capela de Nossa Senhora da Ribeira, por doação régia; época provável da ampliação da estrutura e execução da pintura mural; séc. 17 - a capela é considerada uma das maiores ermidas do país e a imagem, com altura superior a 80 cm, é de vestir; séc. 18, início - tem um capelão, clérigo, apresentado pelo bispo de Miranda, e uma Irmandade cujos, mordomos, eleitos anualmente, organizam romaria no dia dos Prazeres - segunda feira de Pascoela; todos os mordomos são portugueses à exceção de um que é sempre espanhol; segundo frei Agostinho de Santa Maria, o santuário é o centro de peregrinação mais concorrido da província de Trás-os-Montes e a festa dos Prazeres coincide com uma grande feira franca, frequentada por portugueses e espanhóis; 1758, 2 maio - segundo o cura António de Morais Osório nas Memórias Paroquiais da freguesia, a capela da Senhora da Ribeira fica fora do lugar e a ela acodem quatro vezes no ano em romaria: a 8 de setembro, a 25 de março, no dia dos Prazeres e dia da Santíssima Trindade; em cada um destes dias de romaria faz-se junto à capela uma feira franca, de um dia; 1889, 16 junho - em ata de sessão da confraria, refere-se que António do Carmo Pires, residente no Brasil, enviara 1:000$000 para se proceder a obras de reparação no templo, que ameaçava ruína eminente; 1900, 1 janeiro - em ata de sessão da confraria indica-se que as obras de reparação já se tinham iniciado e, segundo desejo do benemérito, construída uma casa para despacho e sessões, bem como os muros para vedação do terreno; 1901, 15 maio - visita do comendador António do Carmo Pires e de Emigdo Augusto Garcia Pires; 17 maio - em ata de sessão, menciona-se nova doação de António do Carmo Pires, entretanto promovido a Comendador, no montante de 20 libras em ouro, pelo que se propõe a colocação de uma lápide comemorativa; 1922 - construção do coro-alto, por D. Júlia de Magalhães Fernandes, de Quintanilha; 1956 - carta de D. Júlia, de Quintanilha, à DGEMN solicitando a visita de um técnico ao local para verificar se o imóvel é suscetível de classificação; 11 outubro - após a deslocação de um técnico à capela da Ribeira, a DGEMN informa que a igreja "não reune as condições indispensáveis para se lhe atribuir qualquer classificação" (TXT.00110036), referindo-se ainda que os restauros levados a cabo há mais de 60 anos modificaram profundamente o seu traçado primitivo; nesta data, a capela tem cobertura em mau estado e precisa de grandes obras de reparação; 1957 - ofício da DGEMN informando que, apesar da igreja não ser classificada, e porque, de fato, são "necessários conhecimentos especiais para um caso desta natureza", a Direção "muito gostosamente", poderá proceder à orientação e acompanhamento da execução dos respetivos trabalhos, "no sentido de conseguir a manutenção das características da obra, dado o interesse de louvar, na consulta pela entidade proprietária "(TXT.00110038); 17 julho - despacho do Ministro das Obras Públicas, Engenheiro Arantes e Oliveira", concordando com o apoio da DGEMN às obras de restauro da capela; sugere-se a classificação da capela como Valor Concelhio; 1960, década - demolição das casas de habitação e estábulos localizadas a E., próximo da cabeceira e do acesso ao adro; construção do alpendre em betão substituindo um outro; 1978 / 1979 - descoberta do primitivo portal S., na sequência de obras empreendidas nessa fachada, decidindo-se deixar à vista a modinatura do mesmo; descoberta das pinturas murais ladeando o retábulo-mor; 1979, 8 junho - relatório sobre a capela elaborado pela Diretora do Museu Abade Baçal, Maria Alcina Afonso dos Santos *2; o púlpito está adossado à segunda coluna a contar do arco triunfal, do lado da Epístola; 1980, 8 setembro - despacho de classificação da capela da Ribeira.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em cantaria de granito rebocada e pintada; sineiras, cunhais, molduras dos vãos, cruzes, colunas e pilares internos, pias de água benta, mísulas, supedâneo, púlpito e lavabo da sacristia em cantaria de granito; portas de madeira chapeadas; janelas com vidros simples; grades e gatos de ferro; pilares do alpendre e teto da sacristia em betão; lápides de mármore; pavimento em alvenaria de xisto e jogas; coberturas em madeira, com traves pintadas; retábulos em talha pintada e dourada; cimento nas juntas; cobertura de telha de aba e canudo.

Bibliografia

ALVES, Francisco Manuel - Memórias arqueológico-históricas do distrito de Bragança. Bragança: 1982; CAPELA, José Viriato, BORRALHEIRO, Rogério, MATOS, Henrique, As Freguesias do Distrito de Bragança nas Memórias Paroquiais de 1758. Memórias, História e Património. Braga: José Viriato Capela, 2007; CUNHA, Arlindo de Magalhães Ribeiro da [coord.] - Caminhos portugueses de peregrinação a Santiago. Itinerários portugueses. s.l.: 1999; FERNANDES, Armando, RODRIGUES, Luís Alexandre, Monografia das Freguesias do Concelho de Bragança. Bragança: Câmara Municipal de Bragança, 2004; LEAL, Augusto Soares de Azevedo Barbosa de Pinho - Portugal Antigo e Moderno. Lisboa: Livraria Editora de Mattos Moreira & companhia, 1875, vol. 6, pp. 358-359; NETO, Joaquim Maria - O Leste do território bracarense. Torres Vedras: A União, 1975; Notícia histórica da fundação do templo e Confraria de Nossa Senhora da Ribeira. s.l.: s.d.; OLIVEIRA, Marta M. Peters Arriscado de Oliveira, AFONSO, José Ferrão Afonso - "Igrejas colunárias com tectos de madeira", in Revista Monumentos. Lisboa: Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, dezembro 2011, nº 32, pp. 96-107; RODRIGUES, Dalila - "A pintura mural portuguesa na região Norte. Exemplares dos séculos XV e XVI", in A colecção de pintura do Museu Alberto de Sampaio, Séc. XVI - XVIII. Lisboa: Instituto Português de Museus, 1996, pp. 41-60; VASCONCELOS, João - Romarias. Um Inventário dos Santuários de Portugal. Lisboa: OLHAPIM, 1998, vol. 1.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DREMN/DM

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, SIPA, DGEMN/DREMN, "Arquivo da "Mural da História"; Associação de Reitores dos Santuários de Portugal / Paulinas

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

Proprietário: 1889 / 1890 / 1891 / 1892 / 1893 / 1894 / 1895 / 1896 / 1897 / 1898 / 1899 / 1900 - obras profundas de recuperação na capela, modificando consideravelmente o seu traçado primitivo; 1906 - chegada do Visconde Senhora da Ribeira a Bragança que, com a fortuna adquirida no Brasil, contribuiu na feitura de algumas obras da capela; 1956 - obras financiadas por um particular; 1960, década - afastamento do retábulo-mor da parede testeira; 1978 / 1979 - nivelamento do pavimento na zona de uma fraga; deslocação do púlpito para a nave lateral da Epístola, encostando-o à parede; 1998 / 1999 - substituição das vigas apodrecidas da cobertura da nave, aplicação de gatos de ferro e colocação de telha nova na cobertura do corpo da capela.

Observações

*1 - A invocação da capela como Nossa Senhora da Ribeira tem origem no facto do mesmo se localizar junto de uma ribeira, afluente do rio Maçãs, que separa Portugal de Espanha. Segundo a tradição local, a imagem foi encontrada num descampado por uma jovem pastora muda, a quem a Virgem concedeu a fala para que pedisse aos aldeões de Quintanilha para lhe construírem nesse local uma ermida, pedido que eles terão cumprido. Ao longo dos tempos, a romaria anual na capela foi alterada várias vezes, realizando-se inicialmente na festa litúrgica da Senhora dos Prazeres (08 de abril ou na segunda-feira de Pascoela), passando a fazer-se na festa da Anunciação (25 de março), mais tarde na quinta-feira da Ascensão (40 dias após o domingo de Páscoa), e, mais recentemente, no último domingo de maio. A imagem da Senhora é de roca. *2 - No relatório elaborado em junho de 1979, a Diretora do Museu Abade Baçal, Maria Alcina Afonso dos Santos, refere que a parte medieval do imóvel está documentada pela existência, na fachada S., de uma entrada, então obstruída por enchimento de pedras, de arco românico, e pelo arco triunfal, em arco apontado, idêntico à da frontaria. Por detrás do altar-mor situam-se dois painéis de frescos, respetivamente do lado esquerdo e do direito, talvez do séc. 16. Estão em mau estado, em grande parte cobertos por cal e outras camadas de pintura; porém as partes que se encontram já a descoberto revelam a existência de uma pintura estilizada, de grande riqueza cromática, concebida em quadros, separados por temas, alguns já identificados, como por exemplo a Anunciação.

Autor e Data

Ernesto Jana 1994 / Marisa Costa 2001

Actualização

 
 
 
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