Casa Nobre do Morgado / Solar dos Ornelas ou Nápoles e Capela de Santo António

IPA.00002634
Portugal, Coimbra, Montemor-o-Velho, União das freguesias de Abrunheira, Verride e Vila Nova da Barca
 
Casa nobre barroca, de planta rectangular, desenvolvida em dois pisos e de volumetria horizontal, com capela adossada e coberturas em telhado; fachada de pano único, extensa, de composição simétrica, ritmada pela abertura regular de vãos de verga curva emoldurados a cantaria, com caixilharias de guilhotina, e entrada centralizada, no piso térreo, recaindo no portal a decoração mais elaborada - sobre duas pilastras laterais assenta frontão interrompido para receber no tímpano a pedra de armas. A sequência rítmica das janelas conflui no motivo central de toda a fachada, o portal brasonado, também de verga curva, com frontão interrompido e rematado por um brasão de armas. Este elemento que pela sua altura corta a horizontalidade básica do edifício tem um efeito vertical para o qual também contribuem as pilastras lisas dos cunhais sendo, no entanto, contrariado pelo emprego da barra horizontal que corta a fachada.
Número IPA Antigo: PT020610010016
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre    

Descrição

Planta rectangular, composta pelo edifício principal (casa de habitação) e capela adossada à esquerda, com disposição horizontal, cobertura diferenciada em telhado de quatro águas no edifício principal e em duas na capela. Fachada principal voltada a E., de embasamento saliente com pano único limitado pelos cunhais em pedra, dois pisos definidos por friso, tendo no inferior na parte central, portal com porta de duplo batente almofadada com ferragens da época de construção, moldura recortada, com pendentes, verga curva encimada por frontão interrompido com brasão esquartelado*1; a ladear o portal dispõem-se simetricamente seis janelas de guilhotina, de moldura em cantaria recortada e verga curva, com quebra-águas saliente; no piso superior nove janelas idênticas às do inferior mas mais altas e mais recortadas; remate em cornija com beiral saliente; No alçado N. surge um portão de acesso ao interior do jardim da casa localizado a O.. Fachada da esquerda voltada a S., é cega. INTERIOR (não observado) *2; CAPELA DE SANTO ANTÓNIO, Adossada à fachada esquerda do edifício principal, num plano mais recuado e elevado, antecedia de pequeno terraço com acesso por oito degraus, de planta quadrangular, com alçados mais baixos que os da casa de habitação; fachada principal, voltada a E., com pano único, delimitado pelos cunhais apilastrados de silharia regular e aparente, finalizados por pináculos piramidais, com portal de verga recta e pequena janela em capialço, ambos em cantaria. INTERIOR, dá acesso à habitação; com espaço diferenciado entre a capela e o piso de acesso à habitação, nave única, cobertura abobadada com uma imagem da Virgem pintada ao centro, nas paredes surge um friso saliente a meia altura; piso superior ocupado por uma tribuna de balaustrada com genuflexórios e um pequeno oratório; no plano inferior da nave, salienta-se o retábulo barroco e algumas imagens de vulto.

Acessos

Rua de Santo António, n.º 29 a 31

Protecção

Categoria: IM - Interesse Municipal, Edital da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho de 6 agosto 2004

Enquadramento

Urbano, na rua principal da localidade, flanqueado por casario.

Descrição Complementar

Na capela, retábulo barroco de talha dourada do séc. 18

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Residencial: casa

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 17, último quartel - data da afectação do morgadio a D. Maria Marques, viúva do Capitão António Rodrigues Pinto, que permite e edificação da casa e capela, autorizada a fundação religiosa pelo Bispo de Coimbra, D. João Manuel. Entre os bens vinculados figuram as termas da Amieira e do Bicanho. Um dos vinculatários, o Dr. João Rodrigues Pinto, foi reitor do Colégio de S. Paulo da Universidade de Coimbra, deputado do Santo Ofício e cónego doutoral da Sé de Viseu, está enterrado na Capela de São Pedro, em Verride, em cuja pedra se gravaram as suas armas: no 1º quartel, cinco crescentes (Pintos), no 2º cinco flores de liz (Rodrigues), elmo e, como timbre, um leão; uma neta ou bisneta da vinculatária casou com um Ornelas; séc. 18 - época a que pertence o retábulo barroco da capela; o último senhor do vínculo foi o Dr. José Ornelas da Fonseca Nápoles, formado em Direito e colaborador de muitos jornais e revistas, foi o autor do folheto de versos "O Boletim Postal", da "Canção da Padeirinha" e de outras poesias que passaram ao folclore popular e sustentou grandes polémicas com vários escritores, entre eles Trindade Coelho; nasceu na Abrunheira e faleceu na Figueira da Foz. Ernesto da Costa Ornelas, deputado e par do Reino, foi o último proprietário directo da casa, mantendo a sua posse até meados do séc. 20; 1944 - proprietário da casa é José António de Ornelas Gama Regalão *3; 1985 - Inicio do Processo de classificação no IPPC; 1992, 13 de fevereiro - despacho de abertura do Presidente do IPPC; 2002, 26 de setembro - parecer do Conselho Consultivo do IPPAR a propor a não atribuição de uma classificação de âmbito nacional e o envio do processo á autarquia; 1 outubro - Despacho de concordância do Presidente do IPPAR; 2008, 26 maio - Despacho de encerramento do processo de classificação do director do IGESPAR.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura de pedra; paredes de alvenaria; coberturas interiores de madeira; janelas de vidro; pavimento da capela em calcário; pavimento da casa em madeira.

Bibliografia

CONCEIÇÃO Santos, Terras de Montemor-o-Velho, Montemor-o-Velho, 1944; CORREIA, Virgílio, GONÇALVES, A. Nogueira, Inventário Artístico de Portugal, Distrito de Coimbra, Lisboa, 1952, CONCEIÇÃO A. Santos, Terras de Montemor-o-Velho, Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, 1992 (re-de.); GOIS, A. Correia, Concelho de Montemor-o-Velho, A terra e a Gente, Montemor-o-Velho, 1995; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/155786 [consultado em 23 agosto 2016].

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

*1 - Com as armas dos Ornelas no 1º quartel, dos Abreus (cinco asas) no 2º, dos Fonsecas (cinco estrelas) no 3º e dos Mouras (sete torres) no 4º, enfeita-as uma coroa. Estas armas foram sobrepostas às dos fundadores e provêm de Ornelas. *2 - Não foi possível o acesso ao interior da casa, uma vez que os proprietários não se encontravam presentes; é uma casa de ocupação sazonal (Verão). *3 - Em determinadas ocasiões, nomeadamente no dia de Santo António, dia de grande devoção local, a capela é aberta ao culto, celebrando-se missa e organizando-se a secular procissão, cuja tradição cresceu, em particular, pela protecção atribuída ao orago aquando das invasões francesas.

Autor e Data

Maria Bonina / Fernando Grilo 1996 / Sandra Lopes 2003 / Margarida Silva 2004

Actualização

 
 
 
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