Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Pereira e Casa do Despacho

IPA.00002590
Portugal, Coimbra, Montemor-o-Velho, Pereira
 
Igreja da Misericórdia barroca e rococó, ao lado de uma antiga capela com Irmandade medieval que, na centúria de quinhentos, obteve os direitos de Misericórdia, construída em setecentos, com grande uniformidade estilística. É de planta poligonal, composta por nave única e capela-mor, mais baixa e estreita, com edifício da Casa do Despacho e sacristia adossado à fachada lateral direita. Fachada principal terminada em frontão triangular e rasgada por portal de verga recta enquadrado por colunas suportando entablamento com frontão interrompido por tabela, seguindo o esquema comum das igrejas de misericórdia, surgindo o portal encimado por imagem da Virgem, que seguindo a tendência do distrito se traduz num relevo, com a Mater Omnium, aqui ladeado por duas imagens de Virtudes (a Caridade e a Esperança), e brasão nacional, ambos profusamente decorados; lateralmente rasgam-se duas janelas molduradas e com friso. Junto à fachada lateral esquerda, ergue-se possante torre sineira, elemento que normalmente só aparece nas Misericórdias barrocas, e do lado oposto o edifício da casa do despacho, de dois pisos, terminado em cornija e beiral, com fachada principal virada a S., terminada em empena contracurvada de inspiração borromínica, tendo, no primeiro piso, janelas jacentes e, no segundo, janelas de sacada encimadas por friso e cornija; os portais apresentam decoração semelhante mais de finais do séc. 18. A fachada lateral da casa do Despacho apresenta fenestração regular com molduras mais sóbrias. Interior com paramentos percorridos por painéis de azulejos rococós, formando silhar, com composições figurativas alusivas à vida de Jesus (nave) e da Virgem (capela-mor), com pequenos espaços preenchidos por paisagens e atributos marianos, respectivamente. Apresentam alguns aspectos pouco comuns, em termos de iconografia e de disposição. Isto porque, uma das cenas da vida da Virgem - a Visitação - surge na capela-mor e depois na nave, no início do ciclo da vida de Cristo que, ao contrário do que é comum, se inicia no lado da Epístola. O coro-alto apoia-se em colunas que integram entre o fuste canelado e os plintos decorados, pias de água benta concheadas. O púlpito, no lado do Evangelho, com guarda plena tardo-barroca, de inícios do séc. 19, tal como a teia do presbitério, era primitivamente acedido pelo exterior da nave, por porta de verga recta, tendo-se, em data desconhecida, destruído a dependência que ali se anexava, e construído a escada. No lado oposto tribuna da ordem jónica em plano elevado, comunicando com a Sala do Despacho, dois retábulos colaterais em talha dourada joanina e o retábulo-mor em barroco de nacional. Os retábulos colaterais de talha dourada são joaninos, sendo a cartela e o espaldar do remate posteriores, de feitura tardo-barroca; destaque para o plinto das imagens e para a forma e decoração do banco, mais rica que a decoração do ático. O retábulo-mor, de talha de estilo nacional, mantém a policromia no fundo da tribuna e possui os apainelados do ático com pouco relevo e tendo apenas um acanto em cada um e não geminados, ao contrário do que é comum. Cobertura de madeira em masseira na nave, formando caixotões, e em falsa abóbada de berço, de estuque na capela-mor. O tecto da actual sacristia, e que deveria corresponder à antiga capela da Piedade, apresenta-se pintado com grutescos, do séc. 17; o nicho em pedra de Ançã, com um pequeno Calvário, poderá ter pertencido a alguma estrutura retabular da antiga capela. Quer o frontal do supedâneo da capela-mor, quer o lavabo, têm decoração de acantos muito relevada. O painel com a Visitação da sala do Despacho é envolvido por moldura de talha barroca de estilo nacional.
Número IPA Antigo: PT020610080009
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja de Confraria / Irmandade  Misericórdia

Descrição

Planta longitudinal composta por nave única e capela-mor, mais baixa e estreita, tendo adossado a N. torre sineira quadrada e a S. edifício integrando átrio, sala do lavabo e sacristia, no primeiro piso, e tribuna e sala do Despacho, no segundo. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com pilastras nos cunhais, sobre bases altas, as da fachada principal da igreja coroadas por pináculos altos e esguios terminados em bola. Fachada principal virada a O., com igreja terminada em frontão triangular, de ângulos inferiores formando volutas abertas e superiormente interrompido por cruz pétrea; esta, tem braços com remates trilobados, é decorada por coroa de espinho e pregos, assente num globo com elementos vegetalistas relevados sobre plinto com volutas, acantos e caveira central. Portal de verga recta moldurada, ladeado por duplas colunas de capitel coríntio, assente em plinto rectangular único, suportando entablamento com várias molduras, friso ornado de acantos e frontão de volutas, todo ele ornado de acantos e formando inferiormente concheado, interrompido por relevo da Mater Omnium; sobre o frontão, sentam-se as Virtudes da Caridade, à esquerda, e da Esperança, à direita; ao centro, surge tabela rectangular vertical, com pilastras sobrepostas por drapeados, ladeadas por frisos de acantos, suportando entablamento rematado por enrolamentos; na tabela, o relevo da Mater Omnium surge protegido por baldaquino. No seu alinhamento, mas já no tímpano, brasão real encimado por coroa, fechada, segura por dois anjos, envolvida por elementos fitomórficos e carranca. Ladeia o portal duas janelas rectangulares estreitas, gradeadas, molduradas a cantaria e encimadas por friso também de cantaria. À esquerda, dispõe-se sensivelmente recuada a torre sineira de três registos, separados por cornija; no primeiro, abre-se portal de verga abatida, encimado por friso, com fecho saliente, e cornija, ambos com o mesmo perfil, e possuindo lateralmente aletas e grinaldas, sobrepujado por óculo quadrilobado, moldurado a cantaria; o segundo registo, frontalmente em cantaria, é ornado por almofadas sobrepostas rectangulares e circulares e no terceiro abre-se sineira, de arco de volta perfeita, com avental e brincos terminados em borlas. Remate em friso e cornija, inferiormente denticulada, com fogaréus a coroar os cunhais, e coberta por cúpula bolbosa, integrando, em cada uma das faces, relógio circular com a inscrição "M. Cousinha / Almada". Fachada da casa do Despacho também sensivelmente recuada, de dois pisos, terminada em cornija sobreposta por beiral, que ao centro forma empena triangular sobrelevada. É rasgada no primeiro piso por portal de verga curva, moldurada e recortada, de fecho saliente, ladeado por colunas com capitel de interpretação jónica, suportando plintos e a sacada da janela que a encima, de verga abatida dupla, moldurada, também recortada, ornada por brincos e volutas, coroada por cornija contracurvada de inspiração borromínica; a janela possui bandeira e guardas de ferro. Fachada lateral esquerda com nave rasgada por porta travessa de verga recta, com cornija do mesmo perfil, e por uma janela com capialço, e por uma outra na capela-mor. Fachada lateral direita correspondente à Casa do Despacho, de dois pisos, terminada em cornija sobreposta por beiral. É rasgada no primeiro piso por três janelas rectangulares jacentes, centrais, com moldura de cantaria e capialço e gradeadas, e, no segundo, por cinco janelas de sacada, sobre mísulas, com vão de verga recta encimado por friso e cornija, a qual se sobrepõe à que remata a fachada, e com guardas em ferro. INTERIOR de paramentos rebocados e pintados de branco, com azulejos formando silhar recortado; os da nave policromos, com composição figurativa, com cenas da vida de Jesus, no lado da Epístola ligadas à sua infância e no Evangelho ao seu ministério público, interligados por alguns painéis com composição paisagística. Coro-alto de madeira, com arquitrave de cantaria, guarda de balaústres de madeira assentes em quatro colunas dóricas, sobre plintos decorados por almofadas com elementos geométricos, as laterais semi-embebidas nos paramentos e as centrais assentes em pias de água benta circulares de exterior concheado, sobre plintos com volutas em cada uma das faces. No coro-alto, órgão positivo, com teclado na face posterior, caixa com apainelados almofadados, tubos de fachada enquadrados por moldura fitomórfica dourada e remate em cornija. No sub-coro, guarda-vento de madeira, tendo frontalmente frontão de volutas interrompido por monograma "AM". No lado do Evangelho, dispõe-se, sensivelmente a meio, púlpito rectangular, policromado a branco, sobre ampla mísula com volutas e pingente, guarda de madeira plena decorada com acantos e cartela dourada, sendo acedido por escada de pedra com balaustrada de madeira, mas tendo a antiga porta de acesso, de verga recta encimada por friso e cornija, sobreposta por registo de azulejos policromos, tal como acontece com a janela que se lhe segue. No lado da Epístola, abre-se tribuna dos Mesários, estabelecendo comunicação entre a nave e Sala do Despacho, com arquitrave suportada por colunas jónicas e com balaustrada de madeira. A nave possui pilastras toscanas pouco depois do coro e a marcar o presbitério, sendo este fechado por teia de balaústres de madeira pintada a marmoreados, coroada por urnas, tendo nos cantos dois confessionários giratórios, e, ao centro, porta de duas folhas em apainelados vazados. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras toscanas, ladeado por dois retábulos de talha dourada, de planta recta e um eixo. Cobertura de madeira, em masseira, formando caixotões, pintados de verde, com tirantes de ferro. Capela-mor com azulejos monocromos azuis sobre fundo branco sobre alto rodapé policromo, formando silhar, com composições figurativas alusivas à vida da Virgem, intercalados por painéis com atributos marianos inseridos em cartelas recortadas. Sobre supedâneo, com frontais e ângulos de cantaria ornados com acantos e fénices bastante relevados, assenta retábulo-mor, de talha dourada de planta recta e três eixos, definidos por seis colunas torsas decoradas por pâmpanos e com capitéis coríntios, duplas ladeando o eixo central, sobre plintos paralelepipédicos com volutas e quarteirões, prolongando-se no ático em três arquivoltas, unidas no sentido do raio e formando apainelados com decoração de acantos pouco relevada; ao centro, possui escudo nacional policromo, com coroa fechada e rematada por cruz, envolto em concheados, flanquado por dois anjos e sobrepondo-se a cartela com um lírio. No eixo central, com as colunas interiores sensivelmente recuadas, possuindo no intercolúnio mísulas suportando anjos tocheiros, abre-se tribuna, de arco de volta perfeita com interior apainelado, formando, lateralmente e na cobertura, caixotões ornados de florões relevados e com fundo pintado com motivos vegetalistas policromos; alberga maquineta de talha, com cunhais apilastrados e faces abertas por arcos trilobados, rematada em cornija, sendo integralmente decorada de acantos, tendo no interior Pietá, e sendo encimada por trono de três degraus. Os eixos laterais apresentam painéis, de arco de volta perfeita e fecho saliente, enquadrando imaginária sobre mísulas. Altar tipo urna, policromado a branco e dourado, com frontal decorado com palmas e cruz dourada, encimada por três querubins policromos. Cobertura em falsa abóbada de berço assente em cornija de cantaria, centrada por cartela circular com resplendor integrando o delta luminoso e querubins. Da porta de verga recta encimada por friso e cornija, que se abre no lado da Epístola, comunica-se ao edifício anexo, pela sala do lavabo, com pavimento de granito, janela rectangular na parede testeira, entaipada, e grande lavabo, designado de Santo António, com espaldar rectangular ornado por duas carrancas, volutas e elementos palmiformes e enrolados, encimado por frontão curvo, interrompido por cruz sobre globo ornado e plinto, tendo de cada lado do tímpano dois florões relevados e cornija interior denticulada; bacia rectangular assente em mísula com ornatos vegetalistas. Tecto de madeira, plano, formando caixotões. Esta sala é precedida pela sacristia, ambas comunicantes, com amplo arcaz encimado por Cristo na cruz, e possuindo tecto de madeira pintado com grutescos e tendo ao centro caixotão saliente com brasão real. Na parede fundeira, possui pequeno nicho rectangular em pedra, com figuração do Calvário, e vestígios de policromia. Na mesma parede, abre-se porta de verga recta para o átrio, que apresenta escada de caracol para o segundo piso, em cantaria, com guarda plena também de cantaria e arranque em coluna toscana, que suporta o pavimento do piso superior. No topo do patamar do segundo piso, onde se expõem várias bandeiras, abre-se porta para o coro-alto e outra para a sala do Despacho; esta tem pavimento de madeira, tecto também de madeira, pintado de beje, formando caixotões, tendo na parede testeira tela com representação da Visitação, enquadrada por moldura de talha ornada de acantos, fénices, querubins e ladeada por aletas volutadas. Segue-se a sala do Cartório, com cofre da Irmandade embutido na parede e tendo a inscrição "CARTORIO ANNO 1724".

Acessos

Rua da Misericórdia, Rua dos Açougues

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 95/78, DR, 1ª série, n.º 210 de 12 setembro 1978

Enquadramento

Peri-urbano, destacado, na confluência de duas ruas, frente a espaço urbano, tendo a fachada posterior adossada a outros edifícios, um deles com verga decorada por motivos fitomórficos. A fachada principal apresenta adro frontal, formado por três semicículos, intercomunicantes, vedado por gradeamento, intercalado por plintos esguios encimados pequenos pináculos e, frente à igreja, por fogaréus. Fronteiro à fachada lateral da Casa do Despacho, ergue-se o antigo hospital da Misericórdia (v. PT020610080037).

Descrição Complementar

Sobre o portal principal da igreja, surge tabela com relevo da Mater Omnium. A Virgem é retratada com cabelos compridos, soltos pelos ombros, coroada, com dois anjos segurando o seu manto protector; do lado esquerdo, tem quatro figuras religiosas e do direito quatro nobres, todos ajoelhados, possuindo sob os pés três querubins, mitra e cruz papal. Os painéis de composição figurativa da nave representam cenas da vida de Cristo dispondo-se por ordem cronológica a partir da parede testeira para a fundeira, começando no lado da Epístola e passando depois para o do Evangelho; no lado do da Epístola surgem cenas ligadas à sua infância e no oposto ao seu ministério público, fugindo à regra apenas o painel do presbitério, junto aos retábulos colaterais. Assim, temos as seguintes cenas: Visitação, no presbitério; Adoração dos pastores; Adoração dos Reis Magos; Circuncisão; Apresentação de Jesus no Templo; Matança dos Inocentes; Fuga para o Egipto; Sagrada Família. No lado do Evangelho: Baptismo de Jesus; Jesus orando no horto; Jesus perante Caifás; identificação de Pedro no pátio do sumo-sacerdote; Jesus a caminho do Calvário. Na capela-mor, as cenas da vida da Virgem retratam: Alusão ao nascimento da Virgem, mas integrando a Sagrada Família, e Apresentação da Virgem no Templo, do lado do Evangelho, e Anunciação e Visitação, no lado da Epístola. Retábulos colaterais de estrutura idêntica, com planta recta e um eixo, definido por colunas torsas e capitel coríntio, assentes em consolas com anjos atlantes, e pilastras ornadas de acantos e anjos, assentes em plintos. Ao centro, nicho de volta perfeita, decorado com festão e drapeados, com pequeno painel pintado envolvido por ampla moldura de acantos e com o intradorso formado por caixotões com rosetas bastante relevadas; no interior, plinto decorado com querubins e acantos com imaginária. Sobre friso de querubins e cornija, o remate em fragmentos de concheados sobre os quais surgem anjos de vulto, querubins e cornija encimada por espaldar recortado com acantos e motivos fitomórficos. A cornija é interrompida por cartela recortada e decorada por acantos, enrolamentos e concheados. Na base do nicho, banco profusamente decorado, de perfil contracurvado, ornado com anjos, querubins e acantos em alto relevo. Altares tipo urna, policromados a branco e dourado, com frontais ornados de motivos fitomórficos e enrolamentos.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja de confraria / irmandade

Utilização Actual

Religiosa: igreja de confraria / irmandade

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Gaspar Ferreira; construtor: Félix Carvalho Pimentel. CARPINTEIROS: Manuel João Seco, de Santo Varão; José dos Santos Paixão. DOURADORES: Domingos Correia; Manuel Pereira. ENTALHADOR: Jerónimo Ferreira de Araújo. ESTUCADOR: Isidoro de Freitas Santos. PEDREIROS: António Gonçalves; Matias de Andrade; Pedro Girão Diamantino; PINTORES: José da Conceição; António Dinis Carvalho Coimbra; Domingos Corrreia e Manuel Pereira ambos de Coimbra.

Cronologia

1496, 13 Agosto - Pereira pertencia aos bens da Coroa, recebendo o Duque de Bragança em compensação os dízimos novos de Buarcos e Montemor; 1498 - o juiz e membros da Confraria de Nossa Senhora da Piedade existente na vila, e cuja data de fundação se desconhece, solicitam ao rei D. Manuel I "Privilágio de Misericórdia"; 1501 - Pereira pertencia a Coimbra; 1552 - Duque de Aveiro mandou o seu contador Simão de Oliveira com Gaspar Teixeira, juiz de fora de Montemor, tomar posse das rendas e jurisdição do crime e do cível de Pereira; 1553, 25 Outubro - D. Manuel confirma que o senhorio da vila pertencia a Coimbra; pouco depois passou por determinação régia para a casa duque de Aveiro; 1574 - mercê concedendo autorização para a Confraria de Nossa Senhora da Piedade se transformar em Irmandade da Misericórdia, atribuindo-se Compromisso; a Confraria era governada por um juiz, escrivão, mordomos, procurador, tesoureiro, pedidores, albergueiro e capelão que dizia missa quotidiana, e a quem pagavam 16 mil reis anuais com a obrigação de dar cera, vinho e hóstias; a Confraria possuía, para além da capela, uma casa de sessões, torre do Despacho e albergaria para acolher passageiros e peregrinos; a Confraria usava hábitos brancos com marcas roxas, tinha esquife para conduzir os mortos à sepultura e tinha por objectivo cuidar dos miseráveis da freguesia, que eram visitados e socorridos por todas as famílas; a transformação para Irmandade originou alterações na nomenclatura: Confraria em Irmandade, juiz em Provedor, cruz em bandeira; era constituída por 80 Irmãos (40 nobres e 40 oficiais) e instalou-se na Capela de Nossa Senhora da Piedade, que possuía honras de capela real, localizada onde hoje se encontra a casa do lavatório, junto à actual sacristia, nela ficando a imagem seiscentista da padroeira; 1631 - já possuía um hospital; 1636, 28 Fevereiro - sepultamento de António Viegas na Capela de Nossa Senhora da Piedade; 1648, 30 Julho - sepultamento de José Pereira; 1674, a partir - começaram a chegar a Pereira, provenientes da cidade de Manila, através das Mesas das Santas Casas da Misericórdia de Lisboa e Coimbra, avultadas somas doadas por Manuel Soares de Oliveira, natural de Pereira e Assessor do Governo de Manila; 1721 - segundo o Prior Francisco Xavier de Madureira, que escreveu as Informações Paroquiais, não havia em Pereira Mosteiro ou Recolhimento, mas apenas a Misericórdia com casa para se recolherem os pobres; 1724 - data do cartório, sala do segundo piso; 1726 - reuniram-se na vila de Pereira um grupo de nobres que contribuiram para a construção de uma igreja para a Irmandade, destacando-se o capelão-mor Bento Amado da Cunha Vasconcelos, o capitão-mor Félix de Carvalho Pimentel, o capitão António Pinheiro Pimentel, os Padres António Girão e António Meneses e os Doutores Bernardo António Amado de Vasconcelos e Francisco Marques Corduras; convidaram o Arq. Gaspar Ferreira para elaborar "riscos e apontamentos" da igreja com demolição da capelinha e mudança para o celeiro da Imagem da Senhora; 1727, 2 Janeiro - o empreiteiro, construtor e pedreiro António Gonçalves inicia a obra; 1730, 27 Maio - estavam concluídas as "paredes, madeiramentos e telhados"; as cantarias e alvenarias, cal e tijolos, ladrilhos e madeiras, foram em grande parte oferecidos pelo povo da vila e "vizinhanças", devido "...à particular devoção que nutriam pela Senhora da Piedade..."; pessoas de todas as classes sociais, sexo e idade ocorriam na prestação de "serviços a Nossa Senhora, orientados pelo construtor e Provedor Félix Carvalho Pimentel; 1731 - estava concluído o retábulo-mor; 1738 - estavam concluídos os retábulos colaterais; foram executados pelo mestre entalhador Jerónimo Ferreira de Araújo, auxiliado por seus irmãos "simples alimpadores de talha"; 1742 - remodelação da botica; 1744 - execução do arcaz da sacristia, pelo mestre carpinteiro de Santo Varão, Manuel João Seco; 1748 - douramento dos retábulos, pintura do tecto, cruzeiro e tecto da sacristia pelos pintores de Coimbra Domingos Corrreia e Manuel Pereira; 31 Janeiro - sepultamento na nave da benemérita Luísa Mateus, viúva de Francisco Soares Branco; 17 Julho - data do novo Compromisso; 1748 - 1749, entre - Matias de Andrade, pedreiro de Ançã, remata a frontaria; 1750, 1 Outubro - sepultamento de Henrique Ferreira na nave; 1757 - construção da torre sineira; 1758 - data sob o relógio de sol na torre; 1760, 22 Janeiro - sepultamento do Capitão Félix Carvalho Pimentel, Provedor entre 1727 - 1753; 1770 - 1785 - época da feitura dos azulejos do silhar da igreja, de fabrico coimbrão; 1786 - Bula de indulgências de Pio VI; data do sino; 1795 - data numa das Bandeiras pintadas, assinada por José da Conceição; 1834, 6 Abril - pintura das grades, porta de ferro e pilastras por António Dinis Carvalho Coimbra; 1861, 25 Março - data do novo Compromisso; 1870, 20 Fevereiro - data do novo Compromisso; 1889, 24 Fevereiro - arranjo do estuque do estuque da Capela por Isidoro de Freitas Santos; 10 Março - pintura da capela-mor; 1 Setembro - arranjo do telhado da capela-mor por Pedro Girão Diamantino; 1889, 24 Fevereiro - arranjo do estuque da capela por Isidoro de Freitas Santos; 10 Março - pintura da capela-mor; 1 Setembro - arranjo do telhado da capela-mor por Pedro Girão Diamantino; 1889 - segundo Costa Goodolphim, a Misericórdia aplicava anualmente 50$000 rs dos seus rendimentos para dundo do banco agrícola; 1892, 27 Março - trabalhos de carpintaria e pintura na casa do lavabo por José dos Santos Paixão; 1896 - a Misericórdia tinha como rendimento anual 577$000 rs, provenientes do capital nominal de 22:100$000 rs e 1:864$000 rs em capital mutuado; possuía ainda um banco agrícola para apoio aos agricultores; 1901, 17 Novembro - obras de carpintaria no tecto da capela-mor igualmente por José dos Santos Paixão, nas paredes e caiação da mesma; 1906, 24 Junho - obras na tribuna, coro, sala de sessões e anjos lampadários por Isidoro de Freitas Santos; 1913, 22 Agosto - data dos novos estatutos; 1950, década - descoberta do relevo do Calvário sobre o arco da capela-mor aquando das obras de restauro; 1999 - cheias inundam a igreja; 2004 - elaboração de proposta relativa aos trabalhos a realizar nas obras de conservação e restauro do revestimento azulejar, as quais não foram executadas; 2005 - elaboração de proposta relativa ao restauro dos retábulos em talha dourada e do tecto em madeira pintada da sacristia, as quais não foram executadas.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; elementos estruturais, molduras dos vãos, pilastras, cornijas, colunas, nicho em pedra de Ançã; portas e caixilharias de madeira; vidros simples; pavimento de lajes e em madeira; tectos de estuque e de madeira, alguns pintados; silhares de azulejos; retábulos em talha dourada; púlpito, teia em madeira policromada; teia do coro e da tribuna e guarda-vento em madeira; pintura sobre tela; gradeamentos de ferro; cobertura exterior em telha cerâmica.

Bibliografia

GOODOLPHIM, Costa, As Misericórdias, Lisboa, 1898 (1ª edição); CONCEIÇÃO, Augusto dos Santos, Terras de Montemor-o-Velho, Coimbra, 1944; CORREIA, Virgílio, GONÇALVES, Nogueira, Inventário Artístico de Portugal, Distrito de Coimbra, Lisboa, 1952; NUNES, Mário, GÓIS, Correia, Vila de Pereira, Coimbra, 1992; MORNA, Teresa Freitas, A Nossa Senhora da Misericórdia na Escultura da Renascença, in Mater Misericordiae, Lisboa, 1995, p. 68 - 85; BANDEIRA, Ana Maria (Cord.), Recenseamento dos Arquivos Locais. Câmaras Municipais e Misericórdias, vol. 7, s.l., 1997; TOJAL, Alexandre Arménio, PINTO, Paulo Campos, Bandeiras das Misericórdias, Lisboa, 2002; PAIVA, José Pedro (coordenação científica), Portugaliae Monumenta Misericordiarum, vol. 4, Lisboa, 2005; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/3761015 [consultado em 23 agosto 2016].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID; Santa Casa da Misericórdia de Pereira (datas extremas: 1584 - 1950)

Intervenção Realizada

DGEMN: 1996 - Obras de beneficiação e reparação exterior; 1998 - obras de conservação de interiores e exteriores: pequenas obras de consolidação de elementos da torre, execução de novos rebocos e respectiva pintura; pintura de portas de madeira; remodelação da instalação eléctrica; conservação de dois painéis de azulejos; 1999 / 2000 - continuação das obras de consolidação e recuperação; 2001 - obras de conservação e reparação: arranjo das coberturas exteriores e interiores, picagem de rebocos exteriores e interiores e nova aplicação de rebocos; reparação e substituição de madeiramentos; reparação de vãos, paredes interiores, silhares, porta, janelas e substituição de ferragens; restauro e conservação do arcaz; 2002 - conservação e restauro da talha e revestimento azulejar.

Observações

*1 - DOF... incluindo os Retábulos de talha, painéis de azulejo e tecto pintado. *2 - Na vila de Pereira ainda se realiza a procissão dos Passos, no quarto domingo da Quaresma, com saída e recolha na Igreja da Misericórdia. Depois do Sermão do Pretório, abre-se a tribuna em frente do altar-mor, preparada para a ocasião, mostrando o Senhor dos Passos, vestido de túnica roxa, carregando a cruz, acompanhado de dois anjos e de Verónica. Inicia-se a procissão, que abre com o pendão roxo da Misericórdia, seguido dos Irmãos da Irmandade do Santíssimo Sacramento e os da Misericórdia com opas e círios nas mãos, das crianças da Cruzada Eucarística com o estandarte, Verónica, dos dois anjos, o andor com a imagem do Senhor dos Passos levado por homens com opas roxas e ladeado por lanternas acesas empunhadas por Irmãos da Confraria. Segue-se o palio, abrigando os sacerdotes e o santo Lenho, transportado pelas autoridades civis e entidades representativas da vila, igualmente ladeado por lanternas. No fim da procissão, vai a banda e os fiéis. A procissão corre as ruas do trajecto e, chegando ao largo da Feira, realiza-se o sermão do Encontro; retomando, dirige-se à Igreja Paroquial, onde se faz no seu interior o sermão do Calvário. De seguida, cobre-se a imagem do Senhor dos Passos e, outra imagem, simbolizando o corpo morto tirado da cruz, é dirigida para a Igreja da Misericórdia, onde fica em exposição no esquife.

Autor e Data

João Cravo e Horácio Bonifácio 1992 / Paula Noé 2004

Actualização

 
 
 
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