Casa da Quinta da Cerca / Quinta do Bem-Viver / Solar da Quinta da Cerca

IPA.00002575
Portugal, Viseu, Mangualde, União das freguesias de Tavares (Chãs, Várzea e Travanca)
 
Arquitectura residencial, maneirista. Casa de quinta com linhas arquitectónicas simples, desprovidas de ornamentos. Vãos de molduras inexistentes ou rectangulares simples. Retábulo de talha maneirista.
Número IPA Antigo: PT021806030011
 
Registo visualizado 414 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Agrícola e florestal  Quinta  Casa nobre  

Descrição

Planta irregular, que se desenvolve de N. para S. em socalcos, acompanhando a inclinação natural do terreno em que está implantada, composta por jardim, várias dependências, área agricultada e a casa. Num dos extremos propriedade, situa-se a casa de habitação com capela, tendo jardim a E., dependências agrícolas a O., que comunicam com o pátio da casa através de um portão em arco abatido; o terreno lavrado estende-se por toda a área a S. do Solar; a SO., existem algumas construções arruinadas, uma delas com escassos vestígios de pinturas murais no interior. CASA de planta em T, de haste oblíqua, composta por dois corpos articulados, justapostos, voltados a NE. - SO. e E. - O., que englobam habitação, capela e armazéns, de massas horizontalistas e coberturas diferenciadas em telhados de duas e três águas, unidas na zona de intercepção dos corpos. Fachadas em alvenaria rebocada e pintada e branco, percorridos por embasamento de alvenaria aparente de granito, contendo algumas frestas de arejamento. Fachada principal voltada a SE. composta por dois panos, correspondentes à entrada da zona residencial e à capela, no lado esquerdo, ambos de piso único. O pano da direita é rasgado por três janelas rectangulares de guilhotina, com portal de acesso na face NE., de verga recta e moldura simples de cantaria. O pano da capela é recuado formando um ângulo de 90º com a parede anterior, permitindo a formação de um alpendre sustentado por um pilar facetado, assente em plinto paralelepipédico, com pavimento em lajeado de granito e cobertura em vigamento de madeira, com acesso por dois degraus. O acesso à capela processa-se por portal de verga recta e moldura simples, encimado por cornija e, acima do alpendre, uma cruz de Cristo; no lado direito, rasga-se uma janela rectangular com moldura de cantaria e gradeada. No ângulo, cunhal de cantaria ostentando pedra de armas. Formando ângulo, a fachada SO., de um piso, rasgada por janelas de guilhotina. Na fachada posterior da capela, a NE., há uma pilastra que suporta um arco rebaixado com campanário, à direita. A fachada NO. tem dois pisos, pelo desnível do terreno. Junto ao chão, três pequenas janelas gradeadas e, no segundo registo, quatro maiores, de guilhotina. A fachada N. possui três janelas no primeiro piso, uma delas gradeada, e duas no piso superior, havendo outra maior, à esquerda, num nível intermédio. As duas fachadas formam ângulo obtuso que é ocupado por pátio com poço central de bordos polilobados. A fachada do topo O. é marcada por porta de serviço entre duas janelas, no andar térreo, e outras duas no segundo piso. A fachada S. é a mais extensa: no andar inferior, duas portas e quatro janelas ( algumas desniveladas ) e, no superior, seis janelas grandes e uma pequena. Defronte da fachada, há um terraço com mesas e bancos de pedra e, no extremo, uma escada que ascende ao pátio da entrada e à fachada E., com uma janelinha gradeada, e N. com duas janelas de guilhotina, ambas de piso único. No INTERIOR, destaca-se o vestíbulo rectangular, com cobertura de madeira em masseira, decorada, no centro, por pedra de armas, invertida relativamente à da capela. Esta é de planta rectangular simples, de espaço único, rebocada e pintada de branco, com pavimento em lajeado de granito e cobertura de madeira em masseira com trompas de ângulo que lhe dão forma octogonal. No lado do Evangelho, um arcosólio de volta perfeita, contendo a arca tumular de Francisco João Henriques Martins, sustentada por três leões e com inscrição, a que se segue um púlpito quadrangular, sobre plinto galbado e guarda plena de granito. Sobre supedâneo de dois degraus, retábulo-mor de talha pintada de branco e dourado, de planta recta e dois andares definidos por friso de querubins e cornija, com três eixos formados por colunas com o terço inferior do fuste marcado e totalmente ornado por acantos e querubins, no inferior, e por quarteirões no superior, flanqueados por orelhas recortadas; cada um dos eixos integra pinturas e o retábulo remata em cornija, acantos e, ao centro, a pomba do Espírito Santo e dois "putti". Altar paralelepipédico, quadripartido, formando painéis pintados a imitar brocados, e com sanefa. No pavimento, há uma sepultura em campa rasa do Padre Teodoro do Amaral. O JARDIM é composto por canteiros rectangulares, delimitados por arbustos de buxo, e árvores de várias espécies, sobretudo cameleiras. Numa reentrância do muro há um tanque rectangular, ladeado por dois bancos corridos de pedra. A água provém de um vão em arco recto, emoldurado de meias esferas e pedra de fecho saliente, sobre o qual duas mísulas servem de apoio a um nicho vazio que, outrora, albergou uma imagem de São João. Existem ainda mesas e bancos de pedra e um pequeno alpendre poligonal no canto NE., com telhado de três águas apoiado em pilares facetados. Existem várias dependências térreas para animais e alfaias agrícolas e pequenas casas de dois pisos para pessoal, praticamente todas em estado de ruína. O terreno lavrado desenvolve-se em amplos socalcos providos de muros de pedra, totalmente plantado de vinha. Destaca-se uma eira lajeada de granito e sete tanques para rega, sendo um de grandes dimensões e profundidade, com escada de acesso, e outro, no cimo da quinta, provido de alpendre. Num ângulo do muro, a SE., existe um pequeno edifício de planta rectangular, denominado "pombal", que se encontra destelhado, com dois pisos e dois lanços de escadas de acesso ao andar nobre de portas e janelas de vão rectangular. A SO. existem algumas construções arruinadas, uma delas com escassos vestígios de pintura parietal no interior.

Acessos

Em Guimarães de Tavares, na Rua Gil Vicente e Largo de Santa Marinha

Protecção

Categoria: IM - Interesse Municipal, Decreto n.º 2/96, DR, 1.ª série-B, n.º 56 de 06 março 1996

Enquadramento

Rural, a meia encosta, num declive virado a S., em terra de aluvião, ordenada em socalcos. Harmonizada com o ambiente circundante, composto por casario, terrenos de lavoura e pequenas matas de pinheiros e carvalhos. A casa encontra-se destacada, com jardim a E. e zona de cultivo a S., rodeada de pátios, sendo todo o perímetro cercado por muro de pedra.

Descrição Complementar

A pedra-de-armas do cunhal da capela representa um brasão partido meio cortado: no 1 Henriques, no 2 Amaral, no 3 Cabral; elmo com paquife; timbre: leão rompante.

Utilização Inicial

Agrícola e florestal: quinta

Utilização Actual

Agrícola e florestal: quinta

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 16 - Afonso Martins e sua mulher D. Catarina Henriques são os primeiros possuidores da Casa da Cerca de que há notícia, seguindo-se-lhes Francisco João Henriques Martins, o Sardo, casado com Maria João; 1600 - data inscrita no túmulo da capela, de Francisco João Henriques e Martins, Fidalgo da Casa Real, casado com D. Catarina do Amaral Cabral. Esta data está incorrecta, uma vez que em 1662, este casal instituiu o vínculo de Guimarães, com capela sob a invocação de São Bernardo, em seu filho Manuel Martins Henriques do Amaral Cabral, Cavaleiro da Ordem de Cristo, Fidalgo da Casa Real, Capitão-mor e Juiz dos Orfãos de Concelho de Tavares ( morreu em 1703 ). A capela foi aumentada por seus irmãos Domingos de Amaral Cabral, Abade de Vila Flor e Padre Henrique Cabral, Abade de Tabuaças; séc. 19 - desmoronamento parcial da ala oriental e reconstrução da mesma; 1990, Agosto - despacho de classificação como Imóvel de Interesse Público; 1991 / 1992 - Plantação da vinha em duas fases sucessivas.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de granito, algumas com reboco, cobertura externa de telha; cobertura interna de madeira.

Bibliografia

COELHO, José, Memórias de Viseu, Viseu, 1941, p. 407; ABRANCHES, Silvério, Qinta do Bem-Viver, Hoje Quinta da Cerca in Beira Alta, vol. XX, Viseu, 1961, pp. 315-334; ALBERGARIA, João José Cabral Soares, Casa da Quinta da Cerca, Guimarães de Tavares, Anotações para proposta de classificação, 1990.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Lina Marques 1995

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login