Muralha da vila de Cascais / Castelo de Cascais

IPA.00002551
Portugal, Lisboa, Cascais, União das freguesias de Cascais e Estoril
 
Arquitectura militar, da época moderna. Cerca da vila de planta irregular, com as muralhas protegidas por quatro cubelos semicirculares, sete torres, sendo as do lado nascente circulares, barbacã junto à praia, com uma só porta, e com as casas do conde no interior. A porta, ladeada por cubelo é de planta quadrangular, coroada por merlões quadrangulares e rasgada por troneiras, denotando uma reconstrução posterior e a adaptação do castelo à introdução da artilharia. A edificação do donatário constitui um palácio de planta rectangular desenvolvido em torno de pátio interno, evoluindo em dois pisos. Composto por quatro alas e torres angulares salientes, rasgadas por vãos rectilíneos. No lado esquerdo, corpo adossado e, no lado direito, um pátio murado, com acesso por vão num muro exterior, a antiga porta da vila. Vestígios da antiga cerca da vila, integrada no casario e de que subsistem visíveis dois panos de muralha, pontuados por troneiras inscritas em rectângulos, mantendo uma porta, em arco abatido, e dois cubelos quadrangulares com merlões marcados por seteiras.
Número IPA Antigo: PT031105030016
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Cerca urbana    

Descrição

Vestígios da antiga muralha, de planta irregular, em alvenaria mista, de pedra e tijolo, rebocada e pintada de amarelo. No arranque da Rua Marques Leal Pancada, subsiste um pano de muralha, contendo um nicho irregular, encimado por uma troneira cruzetada, inscrita num rectângulo. Junto a esta, vestígios de um cubelo com vários merlões e integrando uma segunda troneira cruzetada, disposta em ângulo. A muralha é interrompida por casa de habitação, a qual integra estruturas do antigo castelo, surgindo um segundo pano, rasgado por uma porta em arco de volta perfeita e moldura em cantaria de calcário com silhares irregulares e de arestas biseladas, com o interior profundo e de perfil abatido, sobre o qual se visualizam vestígios do adarve. Nesta, surge uma lápide com inscrição. No lado esquerdo, um cubelo, com merlões incluindo seteiras e ostentando num dos cunhais vestígios de revestimento a cantaria. Em cada uma das faces exteriores, uma troneira, surgindo, na virada a SO., a pedra de armas dos Castro encimado por esfera armilar.

Acessos

Rua Marques Leal Pancada (antiga Calçada da Assunção). WGS84 (graus decimais) lat.: 38,696271, long.: -9,420873

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 129/77, DR, 1.ª série, n.º 226 de 29 setembro 1977 *1

Enquadramento

Urbano, adossado a várias casas de habitação, implantado em zona em declive, numa das principais artérias do antigo núcleo urbano. No interior do seu perímetro encontra-se a Casa do Castelo (v. PT031105030311) e a Casa na Rua Marques Leal Pancada, n.º 13 (v. PT031105030313). Fronteira à porta que subsiste da estrutura, uma Casa seiscentista (v. PT031105030315). Adossado à muralha, um chafariz de calcário liós, setecentista, composto por espaldar recortado, flanqueado por peixes, rematando em cornija recortada, integrando um querubim, que envolvem a bica em forma de carranca, a qual verte para taça em forma de concha, sustentada por pilar circular.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Militar: cerca urbana

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 14 / 16 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1154, 09 Janeiro - D. Afonso Henriques doa foral a Sintra, povoação a que pertencia Cascais; 1189 - confirmação do foral por D. Sancho I; 1282 - existe o cargo de alcaide do mar; 1300 - a povoação pertence a São Pedro de Penaferrim; 1364, 07 Junho - D. Pedro I eleva a povoação a vila, separando-a de Sintra, em virtude do crescimento demográfico da zona e na sequência de um pedido dos moradores para se emanciparem do domínio daquela; a povoação passa a pagar mais 200 libras anuais à Coroa; tinha cerca de 700 habitantes; 1370, 08 Abril - doação da vila a Gomes Lourenço de Avelar, por D. Fernando I; provável início da construção do castelo para defender a vila de ataques corsários; edificação de uma igreja no interior de invocação mariana; criação do concelho de Cascais e definição dos seus limites; o concelho tem 2 vereadores, 1 procurador, 1 alcaide e vintineiros (representantes das demais freguesias), 1 almoxarife e 2 tabeliães; a vereação reune-se na porta do Castelo; 1371 - provável construção do palácio dos Castro e Noronhas; 1372 - a povoação é atacada pelas tropas castelhanas; 1372, 22 Agosto - D. Fernando confirma a doação do senhorio de Cascais a Gomes Lourenço de Avelar, mas atribuindo ao concelho os poderes civil e judicial; 1373 - a povoação é atacada pelas tropas castelhanas, tendo sido tentada a defesa por D. Álvares Pires de Castro; Fevereiro - o exército castelhano, chefiado pelo Conde Guigon, Don Alariço, toma e saqueia Cascais; na sequência, foi expulso de Portugal Gomes Lourenço do Avelar; 07 Junho - é designado Senhor de Cascais D. Henrique Manuel de Vilhena, Conde de Seia; 1377 - nomeação de um alvazil na vila, indicando a existência de uma organização concelhia e um juiz; é alcaide do castelo Nuno Rodrigues, nomeado por D. Henrique Manuel de Vilhena; 1380, 03 Agosto - D. Fernando concede regalias aos besteiros de Cascais; 1383 - os castelhanos invadem a povoação, sendo apoiados pelo senhor do local; a guarnição militar é composta por um anadel, um coudel e 7 vintaneiros; os réditos são cobrados por um almoxarife; existência de 2 tabeliães; 1384, 17 Julho - chega a Cascais uma frota de socorro; 20 Setembro - D. João I doa o senhorio de Cascais a Sancho Gomes de Avelar, descendente do primeiro donatário; 1385, 05 Setembro - pela morte do anterior, sem descendência, a povoação é doado a Henrique de Vilhena; 20 Novembro - D. João I concede aos moradores o privilégio de não entrarem nas galés; 1386, 13 Julho - D. João I isenta os habitantes de Cascais do pagamento da jugada; 14 Novembro - o senhorio de Cascais é dado a João das Regras; 1389, 04 Janeiro - D. João I dá o privilégio aos pescadores de Cascais de não servirem nas galés; 1393, 10 Abril - D. João I extingue, a pedido de João das Regras, o cargo de alcaide do mar; 1397, 08 Maio - D. Branca, filha do anterior, torna-se donatária da vila; 1423 - D. João I isenta os pescadores de embarcar nas galés, para a povoação não ficar despovoada; isenção do imposto sobre pão e vinho; 1436, 30 Maio - após a morte da donatária, a povoação passa para a Coroa; D. Duarte doa o senhorio de Cascais a D. Isabel da Cunha, que casaria dois dias depois com D. Álvaro de Castro, nomeado 1.º Conde de Monsanto em 1460; 1439 - existência do palácio dos senhores de Cascais; 1496, 18 Maio - D. Manuel I dá couto à vila de Cascais; séc. 16 - abertura de uma porta, permitindo aos moradores saírem para a Rua dos Navegantes; diminui a importância estratégica do castelo, que começa a ter casas adossadas; 1504 - um forte sismo abala a vila e destrói parte das habitações; 1508, Setembro - o rei D. Manuel I autoriza a donatária a nomear um juiz de órfãos de 3 em 3 anos; 1514, 15 Novembro - doação de foral por D. Manuel I; é donatária D. Joana de Castro; os moradores pagam aos donatários a jugada de pão e vinho; 1522, 12 Maio - Vasco Fernandes é nomeado feitor da alfândega de Lisboa em Cascais, para fiscalizar a entrada de mercadorias na vila; 1527 - Cascais faz parte do termo de Lisboa; tem 172 fogos; 1572 - gravura de castelo de Georgius Branius na obra "Civitates Urbius Terrarum", mostrando a vila envolvida por muralha de forma ovalada composta por uma torre circular no lado SE., junto à qual surgem habitações, as primitivas casas do senhor da vila, dois cubelos circulares, um no lado S. e outro a NE, surgindo, a O. e a NO., três cubelos rectangulares; a porta, virada a E., é flanqueada por torres circulares; a torre junto à praia é reforçada por uma barbacã; no ângulo SE., casa de planta em L, certamente a residência do senhor da vila; 1580, 28 Julho - Cascais foi atacado pelas tropas do Duque de Alba, tendo resistido, mas sem sucesso; o comandante das tropas, D. Diogo de Meneses é executado; 1581, 28 Setembro - D. Filipe I visita Cascais; 1587, 19 Maio - o Almirante Drake, apoiante do Prior do Crato ataca a vila, tendo-a arruinado parcialmente; 1588 - novos confrontos entre os apoiantes do Prior do Crato e os espanhóis; 1589, Junho - fuga da população para o monte, com a chegada de Drake com 200 velas, a apoiar a causa de D. António; 20 Maio - chegada do Prior do Crato, com 15 mil ingleses, que devastaram a vila; 18 Junho - o exército inglês abandona a povoação; 1590 - plantas de Frei Vicenzo Casale (Códice Cadaval) e Jacomo Valliaro (Descrição do Reino de Portugal de Alessandro Massai, 1621, p. 93) mostram o Palácio dos Senhores da Vila, ligados à cerca, trapezoidal, com torres nos ângulos; o palácio é quadrangular, com pátio interno ladeado por colunatas; 17 Dezembro - concessão de 2 juizes, um da vila e outro do termo, eleitos anualmente pelos moradores; 1594 - planta da vila de Cascais, existente no Arquivo Geral de Simancas, mostrando as muralhas e a existência de quatro cubelos circulares, sete torres, sendo as do lado nascente circulares, barbacã junto à praia, com uma só porta, e com as casas do conde no interior; mostra um amplo palácio, composto por quatro alas e torres angulares salientes; a estrutura evolui em dois pisos, rasgado por vãos rectilíneos; no lado esquerdo, corpo adossado e, no lado direito, um pátio murado, com acesso por vão num muro exterior, a antiga porta da vila; 1595 - data no brasão dos Castro que existia no palácio; 1598 - reconstrução do palácio dos Condes do Monsanto, conforme inscrição que tinha numa das portas "1598" e "Pintus - Facibet", sacrificando parte da muralha e obrigando à demolição da barbacã; séc. 17 - colocação da coroa sobre o escudo dos Marqueses; 1604 - mencionado, pela primeira vez, o corregedor da Comarca; 1605 - o senhorio de Cascais passa para a Coroa ainda em vida do 5.º Conde do Monsanto, D. Luís de Castro, a quem dá o reguengo de Oeiras; 1620 - Frei Nicolau de Oliveira refere que a povoação tem 400 vizinhos, repartidos por duas freguesias, a Assunção e a Ressurreição; 1640, 10 Dezembro - Cascais entrega-se às forças portuguesas sem resistência; 1643, 19 Novembro - D. Álvaro Pires de Castro recebe o título de Marquês de Cascais, de D. João IV; 1681 - obras nas muralhas da vila; séc. 18 - o concelho tem tribunal com juiz ordinário e cadeia, pertencente à Comarca de Alenquer; por morte do Marquês de Cascais, o rei D. João V assume o senhorio da vila e doa-o a D. Maria José da Graça, casada com o Marquês do Louriçal; 1755 - existência de um juiz do mar e outro de terra; existiam 3 tribunais, o ordinário, o do mar e o dos órfãos, todos sujeitos ao Corregedor e ao Provedor da Comarca, pertencendo a Torres Vedras, passando depois para Sintra; 1 Novembro - na sequência do terramoto, Frei António Espírito Santo diz que caiu a denominada Torre do Relógio, sendo as outras absorvidas pelo casario; várias pessoas que ficaram sem habitação refugiaram-se no Castelo; morte da donatário, ficando a vila para a filha; 1758 - o castelo já não é o principal ponto da defesa de Cascais, sendo zona residencial; nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco Marçal da Silveira, é referido que o castelo não tem qualquer serventia, mas mantendo várias ameias na zona ligada ao Palácio dos Marqueses de Cascais; segundo o padre Costa Godinho, pároco da freguesia da Ressurreição, possui uma torre alta, que serve à Câmara para localização do relógio; a vila possui dois juízes, o do mar e o de terra, um Corregedor, um Provedor da Comarca, Tribunais Superiores da corte; tem tribunal dos órfãos com escrivão, um juiz dos direitos reais, o ouvidor do Marquês; 1762, 02 Setembro - morte da última donatária, com apenas 10 anos, D. Maria José Maria da Graça de Meneses e Castro; 09 Outubro - os bens foram incorporados na Coroa; 1764, 05 Abril - nomeação do primeiro juiz de fora, tornando-se juridicamente independente do antigo Reguengo de Oeiras; o concelho tem 3 vereadores, 2 da vila e um das restantes povoações; séc. 19, 1.ª década - planta de Weyrothes mostra-o já sem a torre-porta e com uma outra porta para Rua Marques Leal Pancada e um rompimento na muralha para actual Avenida D.Carlos; 1807, 30 Novembro - as tropas francesas chefiadas pelo General Maurin ocuparam o Paço e a vila; 1831 - ocupado pelas tropas portugueses; 1837 - vendidos vários materiais do local do Castelo; séc. 19, meados - demolição das ruínas do Paço do Castelo pelo Visconde da Gandarinha; 1870 - segundo um relato de D. Julieta Vedras, as ruínas do Palácio eram visíveis, tendo acesso por uma passagem abobadada, que desembocava num pátio interno, para o qual davam vários balcões com guardas balaustradas; 1898 - concessão do título de Conde de Cascais a D. Manuel Domingos Xavier Francisco Pio Eugénio Teles da Gama, filho dos Marqueses de Nisa; venda da Casa dos Marqueses pelo Marquês de Nisa a José Carlos Mardel, seguindo-se a venda a José Maria Eugénio de Almeida, ao arquitecto Evaristo, ao Visconde da Gandarinha, que o manda demolir; tem entrada principal a N., com vestígios de escadarias, salas, varandas, terraços, capela, abóbadas e cozinhas, com cerca de 900m2 de implantação; 1899 - o concelho pertence à comarca de Sintra; 1900 - o concelho é incorporado na comarca de Lisboa; séc. 20, década de 60 - demolição de uma torre; 1962, Maio - D. António Castelo Branco, aquando da demolição de edifício na Rua Marquês Leal Pancada, descobre restos da torre que estava dissimulada, não conseguindo evitar a sua destruição; 1963, 13 Julho - pelo Decreto n.º 45.184, foi instituída a Comarca de Cascais, ficando a prisão situada em Sintra; 31 Outubro - começa a funcionar a Comarca; 1992 - 1999 - escavações na Rua Marques Leal Pancada põem a descoberto uma estrutura romana de salga de peixe, sendo encontradas várias ânforas e um capitel toscano; chafariz junto ao Castelo, em mármore de Sintra, vindo da zona antiga e aqui colocado quando a zona foi ajardinada.

Dados Técnicos

Sistema estrutural autónomo.

Materiais

Estrutura em cantaria de calcário, rebocada e pintada; porta e cunhais revestidos a cantaria de calcário.

Bibliografia

ANDRADE, Ferreira de, Cascais - Vila da Corte - oito séculos de história, Cascais, Câmara Municipal de Cascais, 1964; BARRUNCHO, Pedro Lourenço de Seixas Borges, Apontamentos para a história da Villa e Concelho de Cascais, Lisboa, Typographia Universal, 1879; CARDOSO, Guilherme e CABRAL, João Pedro, Apontamento sobre os vestígios do Antigo Castelo de Cascais in Arquivo de Cascais, nº 7, s.l., 1988, p. 77 - 90; Cascais em 1755 - do terramoto à reconstrução, Cascais, Câmara Municipal de Cascais, 2005; COSTA, António José Pereira da, Cidadela de Cascais (pedras, homens e armas), Lisboa, Estado-Maior do Exército Direcção de documentação e História Militar, 2003; ENCARNAÇÃO, José de, Cascais - Guia para uma visita, Cascais, Câmara Municipal de Cascais, 1983; ENCARNAÇÃO; José de, Cascais e os seus cantinhos, Lisboa / Cascais, Edições Colibri / Câmara Municipal de Cascais, 2002; Exposição Patrimónios de Cascais, Cascais, Câmara Municipal de Cascais, 2003; HENRIQUES, João Miguel, História da Freguesia de Cascais: 1870-1908 (uma proposta de estudo), Lisboa / Cascais, Edições Colibri / Câmara Municipal de Cascais, 2004; JUSTINO, Ana Clara, Cascais, um centro histórico vocacionado para o turismo cultural, in II Fórum Ibérico sobre Centros Históricos, Cascais, Câmara Municipal de Cascais, 2005, pp., 133-149; MARQUES, A.H. de Oliveira, Para a História do Concelho de Cascais na Idade Média, in Arquivo de Cascais, n.º 7, Cascais, Câmara Municipal de Cascais, 1988, pp. 37-46; Monografia de Cascais, Cascais, Câmara Municipal de Cascais, 1969; MOREIRA, Rafael, Do Rigor Teórico à Urgência Prática: A Arquitectura Militar in História da Arte em Portugal, vol. 8, Lisboa, 1986, pp. 66 - 85; RAMALHO, Margarida de Magalhães, Uma Corte à beira-mar - 1870-1910, Lisboa / Cascais, Quetzal Editores/Bertrand Editora, Lda. / Câmara Municipal de Cascais, 2003; RAMALHO. Margarida de Magalhães, A defesa de Cascais, in Monumentos, n.º 31, Lisboa, Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, 2011, pp. 34-45; Um olhar sobre Cascais através do seu património, vol. III, Cascais, Câmara Municipal de Cascais / Associação Cultural de Cascais, 1989.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, SIPA

Documentação Administrativa

Arquivo Geral de Simancas

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: séc. 20 - tratamento de rebocos e pinturas; consolidação da estrutura.

Observações

*1 - Troços ainda existentes da antiga muralha da vila de Cascais.

Autor e Data

Paula Noé 1991 / Paula Figueiredo 2010

Actualização

 
 
 
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