Capela de Santa Catarina
| IPA.00002381 |
Portugal, Ilha da Madeira (Madeira), Funchal, Funchal (Sé) |
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Arquitectura religiosa, maneirista. Pequena capela alpendrada, mantendo ainda elementos da construção dos inícios do séc. 16, com planta longitudinal, composta por nave, capela-mor e sacristia adossada ao alçado lateral esquerdo. Frontispício rasgado por portal de volta perfeita, com friso e cornija e remate em empena de ângulo acentuado, possuindo, no lado direito, pequena sineira. Porta travessa no alçado lateral direito, surgindo fenestrações de ambos os lados a iluminar o interior, que possui retábulo de talha barroco e coberturas em falsa abóbada de berço abatida, de madeira. |
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Número IPA Antigo: PT062203100033 |
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Registo visualizado 990 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Capela / Ermida
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Descrição
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Planta longitudinal composta de alpendre quadrado, nave e capela-mor, à qual se encosta para O. uma pequena sacristia. Volumes articulados com coberturas diferenciadas, de 3 e 2 águas, sendo a da sacristia prolongamento da da capela-mor, com beirais duplos nas fachadas laterais e simples no alpendre. Fachada principal virada a S., terminada em empena aguda, encimada por Cruz de Cristo, com campanário de cantaria colorida de Cabo Girão assente a E. e constituído por arco de volta perfeita com cimalha de balanço sob a qual assentam 2 aletas e um espigão encimado por pelouro; alpendre murado rematado a cantaria e com bancos corridos no interior, de ambos os lados, onde assentam 6 grossas colunas da mesma cantaria, de secção quadrada e com bases e capitéis, suportando barrotes de madeira articulados; portão de ferro com grades encimado por espigões. Portal na mesma cantaria, com arco de volta perfeita e lintel de balanço, pilastras com capitéis e astrágalo, assentes em altas bases e degrau saliente; portadas de madeira com almofadas rebaixadas e postigos. Do lado direito da mesma, pia de água benta em cantaria, esculpida elicoidalmente, com remate de cordão, laço pendente, uma espada, uma roda de navalhas, florões e um bucete como remate inferior. Fachada O. cega, tendo a sacristia porta de moldura de cantaria boleada sobre 2 degraus, virada a S. e janela gradeada virada a O.. Fachada N. cega e E., com janelão com moldura de cantaria gradeada na capela-mor e porta na nave, também com moldura de cantaria e 2 degraus. Interior simples, lajeado a cantaria e coberto por travejamento de madeira à vista, com arco triunfal de volta perfeita em cantaria, assente sobre degrau; iluminação apenas na capela-mor, através de janelão, bastante fundo. A capela-mor é lajeada, com estrado de madeira para suporte do altar e cobertura em barrotes de madeira articulados; altar de madeira pintada, com nicho assente em alta predela e 2 pares de pilastras laterais, com "trompe l'oeil" a fingirem nichos com bases e baldaquinos enquadrando pinturas de São João Baptista e São Pedro, com entablamento e frontão curvo interrompido por lanços profundos; frontal pintado por decalque, a imitar tecido de brocado e armários de apoio laterais pintados a marmoreado; imagem em vulto do orago; banco confessionário em madeira. Sacristia com acesso por porta com moldura de cantaria e pequena pia de água benta em cantaria rija insular, quase semiesférica, à esquerda. O interior é simples, com armário paramenteiro de carvalho, sobre o qual existe vitrina com "imagem de roca", mesa de apoio, lavabo de "folha de Flandres" assente em base de madeira e toalheiro de ferro com braço de madeira. |
Acessos
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Funchal (Sé), Parque de Santa Catarina |
Protecção
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Categoria: VCR - Valor Cultural Regional, Resolução do Presidente do Governo Regional n.º 484/91, JORAM, 1.ª série, nº 56 de 06 maio 1991 |
Enquadramento
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Urbano, isolado, erguendo-se sobre degraus de cantaria e em amplo campo lajeado e gradeado sobre a cidade e o porto, na base do parque da cidade, sendo ladeada pela estátua de Cristóvão Colombo e tendo ao alto do relvado, a O., a estátua do "Semeador" de Francisco Franco. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Religiosa: capela |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: galeria de exposições |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica (Diocese do Funchal) |
Afectação
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Direcção Regional dos Assuntos Culturais |
Época Construção
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Séc. 15 / 16 / 17 / 18 / 19 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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1421 / 1425 - data provável da instalação de João Gonçalves Zarco e família nos arrifes de Santa Catarina; 1425 - data abusiva mandada gravar no pórtico do sécs. 17 / 18; 1471, 27 Julho - primeira referência camarária a Santa Catarina, então limite da vila; 1484, 22 Abril - instituição da "mercearia" pela "senhora Constança Rodrigues, dona viúva do capitão João Gonçalves Zarco" com o aforamento de "umas terras que possuía em Santa Catarina" a João de Canha, escudeiro do duque D. Manuel, estabelecendo a pensão de 5000 réis a favor de cinco recolhidas; 1488, 9 Setembro - primeira referência à utilização das casas de Santa Catarina para hospital de empestados; 20 Setembro - primeira referência à sua utilização como limite da área de quarentena (naquele caso, vintena: 20 dias); 1496, 20 Abr. - primeira referência como área de degredo; séc. 16, inícios - data provável da pia de água benta da entrada da capela; 1512, 25 Julho - ordem de D. Manuel à CMF para instalar uma gafaria em Santa Catarina; 1515, 21 Agosto - nova carta do Rei perguntando à CMF se concordava com a anterior ordem; 1563 - referência a existirem junto à capela "seis casas térreas e telhadas, cinco para cinco velhas e uma para o ermitão, quando o houver"; 1567 - planta com a localização da capela e das casas anexas; séc. 17 - reconstrução segundo nova orientação pelos condes donatários, com "capela e alpendre"; 1766, 9 Set. - extinção da capitania do Funchal, mas ficando a capela nos bens dos futuros marqueses de Castelo Melhor; sécs. 18 / 19 - reformulação do interior e construção de novo altar; 1818 - referência à existência ainda de cinco mulheres, "pobres, mercenárias", assistidas "nas casinhas de Santa Catarina" pela casa de Castelo Melhor com "5 000 réis", "1 000 réis para cada pobre"; 1942, cerca - expropriação da área para construção do parque da cidade, com demolição das casas anexas, que tinham servido de "mercearia"; 1960, cerca - entrega da capela à Sé pela então família proprietária, os Blandy; 1989 - entrega da capela pela Sé à guarda da DRAC, para actividades culturais. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Cantaria mole e rígida regional aparente, alvenaria de cantaria regional rebocada, madeira ( carvalho e outras ), amarrações mistas de tirantes de madeira e de ferro, talha dourada e pintada, folha de Flandres, vidro e telha de meio canudo. |
Bibliografia
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ALCOFORADO, Francisco, Relação do Descobrimento..., Epanaphora Amorosa, Braga, 1975; CARITA, Rui, História da Madeira, vol. 1, Funchal, 1989; CARITA, Rui e TRUEVA, José Manuel de Sainz, Itinerário Cultural do Funchal, Funchal, 1997; CORDEIRO, padre António, História Insulana..., Lisboa, 1717, Ponta Delgada, 1981; COSTA, José Pereira da, Vereações da Câmara do Funchal, século XV, Funchal, 1995, pp. 20, 208, 210 e 461; FRUTUOSO, Gaspar, Saudades da Terra, Livro II, anotado por Álvaro Rodrigues de Azevedo, Funchal, 1873; LEITE, Jerónimo Dias, Descobrimento da Ilha da Madeira..., Coimbra, 1947; MACEDO, Cidália Abreu Costa, O contributo dos moradores do Funchal para as obras de ampliação da gafaria de S. Lázaro no séc. XVIII, trabalho no âmbito do Mestrado em História da UMa, Funchal, 1996; NORONHA, Henrique Henriques de, Genealogia... Ilha da Madeira, ano de 1700, São Paulo, Brasil, 1948; IDEM, Memórias Seculares e Eclesiásticas...1722, Funchal, 1997, pp. 317 e 318; SILVA, Padre Fernando Augusto da, Moradias de Zarco, V Centenário do Descobrimento da Madeira, Dez. 1922; Das Artes e da História da Madeira, nº 34, 1964, pp. 29 e 30; IDEM, Elucidário Madeirense, 3 vols., Funchal, 1945; Arquivo Histórico da Madeira, vol. IV, pp. 101 a 103; SOUSA, Carlos, Santa Catarina, The park and the chapel, Madeira Holidays, nº 4, Funchal, Outono de 1987, pp. 218 a 224; SOUSA, João José de, As propriedades de Zarco no Funchal, Islenha, nº 3, Funchal, 1988, pp. 35 a 45; TOMÁS, Manuel, Insulana, Anvers, 1632; VERÍSSIMO, Nelson e TRUEVA, José Manuel de Sainz, Inventário de Escultura da Região Autónoma da Madeira, Funchal, 1998. |
Documentação Gráfica
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Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro ( planta do Funchal de Mateus Fernandes, 1567 ); mapoteca do IGC ( planta do Funchal de Reinaldo Oudinot, 1804 ), Lisboa; gravuras e litografias de viagem várias ( Casa-Museu Dr. Frederico de Freitas, Museu da Quinta das Cruzes e col. particulares ); GEAEM ( Arma de Engenharia ), Lisboa; GR / Equipamento Social e DRAC, Funchal; IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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Museu Vicentes Photographos e DRAC, Funchal; IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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IAN/TT, Convento de Santa Clara; BNLisboa, Reservados, Resíduos e Capelas da Madeira, ARM, CMF, Juízo dos Resíduos e Capelas; Arquivo da Casa Blandy, Funchal |
Intervenção Realizada
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JG do Funchal: 1942 / 1960 - recuperação geral; DRAC: 1989 - recuperação geral. |
Observações
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Como se pode observar pela planta de 1567, a capela era então uma construção articulada segundo o eixo O. / E., com pequena sacristia adossada à capela-mor para N. e com amplo adro (?) para S., ou seja para o lado do mar, ocupando toda a nave da capela. As casas da "mercearia" desenvolviam-se então no sentido N. / S., paralelas à entrada da capela e ao adro. Os terrenos para O. são então indicados como "terras de pão". A reconstrução do Séc. 17, conforme a planta de 1804, parece ter utilizado o antigo adro para implantar a nova "capela com alpendre" e passou a antiga para residências das "merceeiras". Quando da sua entrega pela Diocese à DRAC em 1989 foi feito levantamento sumário da existência, tendo recolhido ao Paço Episcopal uma "imagem de roca", sem base, e uma caixa de esmolas com fechadura de 3 chaves. |
Autor e Data
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Rui Carita 1998 |
Actualização
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Paula Figueiredo 2001 |
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