Casa da Quinta do Cardal

IPA.00022217
Portugal, Coimbra, Montemor-o-Velho, Tentúgal
 
Casa barroca de planta rectangular, desenvolvida em dois pisos e de volumetria horizontal, com capela adossada; fachada principal de pano único, extensa, de composição ritmada pela abertura regular de vãos.
Número IPA Antigo: PT020610110023
 
Registo visualizado 141 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa    

Descrição

Planta rectangular, composta pelo edifício principal e capela mais baixa adossada à direita, de disposição horizontal, coberturas diferenciadas em telhados de duas águas. Fachada principal, rematada por friso e cornija, dividida em dois pisos rasgados por 18 vãos rectilíneos em eixo, tendo no piso inferior duas portas 6 janelas e uma fresta transversal, no superior 9 janelas de sacada de duplo batente com bandeira e varandas com guardas em ferro. INTERIOR, ruiu. CAPELA, ligeiramente recuada com acesso por alguns degraus em cantaria; fachada principal, circunscrita por pilastras em cantaria, com dois registos, no inferior abre-se portal rectilíneo*1 de duplo batente, ladeado à direita por janela entaipada por alvenaria, com remate em cornija, no registo superior sobre o portal surge um nicho de pequenos colunelos, com um registo de azulejos figurativos, representando a Senhora da Conceição, de monocromia azul sobre fundo branco, à sua direita abre-se janela circular com moldura em cantaria, remate em friso e cornija; sobre a cobertura uma pequena sineira em arco de volta perfeita, ladeado por pilastras com remate esférico, finalizada por cruz pétrea. INTERIOR, com porta de ligação ao Edifício principal, mantém o arco cruzeiro e cobertura em masseira, paredes revestidas por paneis de azulejo figurativo.

Acessos

Rua Nova

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, implantado em terreno ligeiramente inclinado, faz a ligação entre o centro histórico e os campos do Mondego.

Descrição Complementar

Interior da capela com paredes revestidas por painéis de azulejo de composição figurativa; de monocromia azul cobalto sobre fundo branco; historiados, com cenas da vida de Santo António (Sermão aos peixes, Santo António livrando o pai da forca, Milagre, Tomada do hábito franciscano, e uma cena não identificada); com guarnição ornamentada por concheados e motivos arquitectónicos, sobre rodapé de dois azulejos de altura, marmoreados com bicromia verde e roxa*2.

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Pública: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

Séc. 17 - época a que pertence o arco cruzeiro; Séc. 18 - a Quinta do Cardal, foi residência da família Macedo Pereira, mandada construir pelo Dr. António de Macedo Pereira, cavaleiro do hábito de Cristo e familiar do Santo Ofício, juiz de fora de Vila Franca, Ouvidor de Aviz, superintendente dos tabacos do Alentejo, desembargador do Porto; 1770/1780 - data dos azulejos que revestem as paredes da capela; Séc. 19 - época a que pertencem os tectos em masseira da capela*3; 1930 - restauro da capela; 1940 - o solar pertencia a Adriano de Nazaré Barbosa; 1999 - foi assaltada tendo sido desmontados parte dos painéis de azulejos; 2001 - os azulejos foram recuperados e os painéis montados de forma a comprovar-se que se encontram na sua totalidade; 2002 - o interior do solar ruiu por completo.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura de pedra; paredes de alvenaria; pavimento da capela em pedra.

Bibliografia

CONCEIÇÃO, A. Santos, Terras de Montemor-o-Velho, Montemor-o-Velho, Câmara Municipal, 1992 (re-ed.); GÓIS, A. Correia, Concelho de Montemor-o-Velho. A terra e a gente, Montemor-o-Velho, 1995; LOPES, Sandra, "A Quinta do cardal de Verride. Concelho de Montemor-o-Velho", Independente de Cantanhede, Janeiro/2000.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

*1 Sobre portal estiveram as armas dos Macedos; no portão subsistem as iniciais: JSP; *2 No período pombalino, recorreu-se frequentemente aos azulejos chamados "de pedra torta", com pintura marmoreada, de vários tons (amarelo, roxo, azul, verde), utilizados sobretudo em rodapés ou a servir de base a outros painéis. A Escola de Coimbra notabilizou-se na arte do azulejo, nesta altura, devido à prolixidade decorativa e à ingenuidade da concepção, tornando-se o segundo centro produtor do país. *3 A família Macedo Pereira destacou-se na figura de Manuel Maria de Macedo Pereira Coutinho Vasques da Cunha Portugal e Menezes, de grande relevo no panorama artístico nacional (nasceu a 1 de Maio de 1839, em Verride e foi representante dos títulos de Morgado da Quinta do Cardal (8º Morgado) e administrador do Vínculo da Capela de Santo António, era irmão mais velho de Henrique, Conde de Macedo, e de Júlia, Viscondessa de Alenquer, todos filhos do 7º Morgado do Cardal e Par do Reino, António de Macedo Pereira Coutinho de Menezes. Inicialmente, era uma família muito opulenta, tendo depois passado por algumas dificuldades após as guerras liberais, o que fez com que o primogénito decidisse granjear o seu sustento com o desenho, para o qual tinha bastante vocação. Assim, retomou os seus estudos artísticos e transferiu-se para o Porto, onde foi aluno do aguarelista inglês Howell. Aqui viveu, com grandes dificuldades, subsistindo graças às vendas que fazia de pequenos álbuns com desenhos humorísticos e de aguarelas sobre costumes populares, sobretudo aos estrangeiros que passavam pela cidade; deslocou-se depois para Coimbra, onde estudou pintura na Universidade. Um cenógrafo italiano, Eugénio Lucini, deu-lhe grandes ensinamentos e, assim, Manuel de Macedo fez os seus primeiros cenários teatrais. Finalmente, mudou-se para Lisboa e, durante vários anos, dedicou-se à cenografia. Desenhou, entre outros, para os teatros do Príncipe Real e D. Maria II, o cenário de A Viagem à Lua, Opereta Phantastica, cuja representação ocorreu no Teatro da Trindade, em Lisboa. Depressa o seu talento se evidenciou em relação aos outros artistas da época, pela inovação que operou nos processos em voga, produzindo muitas decorações que contribuíram decisivamente para o sucesso das encenações a que se destinaram. No entanto, não descurou o desenho e a pintura, continuando a compor belos álbuns, um dos quais foi adquirido pelo Rei D. Fernando II; 1872 - Manuel Maria de Macedo Pereira Coutinho Vasques da Cunha Portugal e Menezes, foi convidado a participar numa publicação ilustrada, esta experiência entusiasmou-o de tal maneira que abandonou a cenografia por completo, modificando profundamente a sua carreira; 1878 - foi fundador da revista "O Ocidente", na qual desempenhou as funções de director artístico e ilustrador. Executou muitos desenhos e gravuras para esta e outras revistas e livros, além de obter sucessivos êxitos em diversas exposições. Usou vários pseudónimos: Spectator, Pin-sel, P. S. Os seus dotes abrangiam também uma vasta cultura literária e linguística, o que permitiu que traduzisse para português várias obras inglesas, francesas e alemãs. Foi um artista de charneira entre duas escolas, imprimindo à sua época um sinal de evidente inquietação e exercendo um olhar crítico e moderno sobre tudo o se passa em Portugal na disciplina das artes, denunciando as fraquezas do ensino, a falta de rigor dos artistas, a acomodação ao mais fácil e mais tradicional. Aos 45 anos de idade foi vítima de uma fatalidade: atacado por uma doença de olhos, viu-se impossibilitado de desenhar. 1884 - ocupou o lugar de conservador do Museu de Belas-Artes e passou a exercer actividades de ensino teórico do seu ofício. Foi colaborador da revista Arte Portuguesa, que surgiu em Janeiro de 1895, sendo autor de vários textos, sob pseudónimo: "Nacionalisação dos Estylos", "Deterioração das Pinturas a Oleo ", "Museu Nacional de Bellas-Artes", "Pão Pittoresco", " Arte Moderna", "Exposição Techina - Congresso de Pintura", " As Artes Decorativas no Fim do Seculo" , "Bonequinhos de Barro ", "A Segunda Geração da Renascença", "Pintura Decorativa - os diversos processos de tempera"; 1915, 20 de Outubro - faleceu em Lisboa, deixando a viúva e dois filhos.

Autor e Data

Sandra Lopes 2003 / Margarida Silva 2004

Actualização

 
 
 
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