Mosteiro de Crasto / Igreja Paroquial de Crasto / Igreja de São Martinho

IPA.00002191
Portugal, Viana do Castelo, Ponte da Barca, União das freguesias de Crasto, Ruivos e Grovelas
 
Arquitectura religiosa, românica. Igreja conventual românica da 2ª fase do românico português, do foco do Alto Minho e, mais particularmente, do tipo de construção da Ribeira Lima, tendo planta longitudinal de nave única precedida por torre quadrangular e com capela-mor quadrada. A talha dourada dos retábulos e a pintura do tecto alusiva ao orago, é barroca. Possui disposição invulgar em relação às construções românicas devido às alterações, mas conserva ainda, por exemplo, parte do friso enxaquetado que corria a nave, 2 frestas e o pingadouro do lado N., o esquema geral dos portais e o da cornija enxaquetada sobre cachorros. Estes apresentam ornatos diversos - folhagens, esferas, roelas, etc., e virtudes e vícios: a gula, a avareza e estúcia (macaco), a vaidade (mulher dançando), a eternidade (2 serpentes), alusão a Jesus (peixe), etc.
Número IPA Antigo: PT011606050009
 
Registo visualizado 903 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro masculino  Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho

Descrição

Igreja de planta longitudinal, composta por nave única precedida por torre sineira quadrangular, capela-mor rectangular e sacristia adossada a S. Volumes articulados, com coberturas diferenciadas de telhados a 2 e 4 águas. A torre sineira, construída num plano mais elevado, junta-se à fachada O., onde existe pórtico de ligação, a esta e à igreja enquanto que o que existia a N. e dava para o exterior foi entaipado. Fachada lateral N. com 2 pórticos, 1 deles de dupla arquivolta e impostas boleadas e cruz vazada no tímpano. Fachada S. com 2 portais de disposição semelhante, mas ambos entaipados. Igreja percorrida por cornija enxaquetada sobre cachorros lisos e esculpidos, vendo-se também a N., junto à torre, um capitel. Interior com vestígios do friso enxaquetado que corria ambos os lados e hoje está, em grande parte, pintado; púlpito de talha no lado do Evangelho e vão de uma porta entaipada aproveitado para altar, no da Epístola; 2 altares laterais postos em ângulo, com talha dourada ligando-se à que reveste o arco triunfal. Tecto curvo de madeira pintada; iluminação por frestas e 3 óculos no lado do Evangelho e janelas no da Epístola. Capela-mor com algumas pedras lanceoladas reaproveitadas no lado do Evangelho, retábulo de talha dourada e tecto de masseira em caixotões. No interior da torre sineira, escada de pedra dá acesso ao 2º piso.

Acessos

EN. 101, ao Km 30

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto nº 2/96, DR, 1.ª série-B, n.º 56 de 06 março 1996 (igreja)

Enquadramento

Rural, isolada. Implanta-se sob um pendor acentuado, na ladeira do monte do antigo castelo, virada a E. num plano mais baixo à estrada Camarária que passa a O., tendo a fachada S vedada por muros e a N., onde se implantava o claustro, com largo, à volta do qual se ergueram algumas casas.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Viana do Castelo)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 12 / 16 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1136 - Fundação; Nicolau de Santa Maria refere pedra com a seguinte inscrição: "ERA MCLXXIIII, XVI Kalendar MAII Caepta est opera ista" que se pode traduzir "Em 16 de Abril de 1174 / 1136 era cristã), começou esta obra"; A crónica dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho atribui a fundação do mosteiro a Onerico Soeiro, Senhor do lugar de Crasto, e cujo padroado legou aos Cónegos Regrantes de Stº Agostinho; 1142 - confirmada a doação pelo Arcebispo de Braga, D. João Peculiar; 1182 - Seu sucessor, D. Godinho, sagra igreja depois de a ter ampliado, nela se colocando o Santíssimo Sacramento e os fiéis ali instituiram Confraria dedicada a promover o culto; 1190 - o seu património foi amplamente enriquecido com a doação das igrejas de Oleiros, Santa-Eulália, Sampriz e Bravães; 1191 / 1193 - delegados do Papa proferiram sentença contra o Prior do Mosteiro, obrigando-o a obedecer ao Arcebispo de Braga; 1457 - organizou-se um compromisso ou estatutos para governo da Confraria, os quais foram sucessivamente reformados em 1543, 1678, 1727 e 1849; séc. 16 - ampliação do corpo da igreja para ocidente e construção da torre; 1615 - por bula de Clemente VII, é incorporado com todos os seus bens no mosteiro de Stª Cruz de Coimbra, depois de ter passado, a partir do séc. 15, por mãos de comendatários que gastavam as rendas; séc. 18 - aprofundamento da capela-mor para albergar retábulo; 1996, 13 maio - publicação de retificação de erro na denominação do imóvel no decreto de classificação do mesmo em Declaração de Retificação n.º 10-E/96, DR, I Série-B, n.º 127.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Granito, betão (torre), madeira pintada, talha. Pavimento de ladrilho vermelho e cobertura de telha.

Bibliografia

ABREU, João Gomes de, Terra da Nóbrega (2ª parte) in O Instítuto, vol. 57, nº 7, Coimbra, 1910, p. 430 - 437; BARREIROS, Padre Manuel de Aguiar, Egrejas e Capelas, Românicas da Ribeira Lima, Porto, 1926; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, Primeiras Impressões sobre a Arquitectura Românica Portuguesa in Revista da Faculdade de Letras, vol. 2, Porto, 1971, p. 65 - 116; Comissão de Planeamento da Região Norte, Inventário Artístico da Região Norte-II, Série: Estudos Regionais, nº 3, Ponte da Barca, 1973; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, Alto Minho, Lisboa, 1987, ALVES, Lourenço, Arquitectura Religiosa do Alto Minho, Viana do Castelo, 1987; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, O Românico in História da Arte em Portugal, vol. 3, Lisboa, 1988.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

Segundo Carlos Ferreira de Almeida, no início do séc. 16 a nave foi acrescentada para poente o que é bem visivel na irregularidade da pedra na zona de união, bem como um certo abaulamento do muro. O friso enxaquetado que continua sobre esse prolongamento será, portanto, uma reprodução da época ou posterior. Os lanceolados dispersos na parede N. da capela-mor devem ter pertencido ao arco triunfal, como vemos na igreja de Vila Nova de Muia, com a qual mantem grandes afinidades; o capitel utilizado como cachorro junto à torre pode ter pertencido ao portal. O cruzeiro ergue-se ao centro da praça antes ocupada pelo claustro.

Autor e Data

Paula Noé 1992

Actualização

 
 
 
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