Edifício dos Correios, Telégrafos e Telefones, CTT, de Valença
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Portugal, Viana do Castelo, Valença, União das freguesias de Valença, Cristelo Covo e Arão |
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Estação de correios construída no séc. 20, do tipo III, com 600 a 1400 assinantes telefónicos, segundo a definição da Delegação para os novos edifícios dos CTT *2. Possui planta poligonal irregular e fachadas de três pisos, o primeiro para os serviços telégrafo postais, o segundo para os serviços telefónicos e o terceiro para a residência do chefe da estação, inserindo-se de gaveto na malha urbana. Destaca-se pela articulação de volumes geométricos, acentuados pelo retilíneo dos vãos, alguns assumidamente horizontais e outros mais verticais, em paredes opostas, destacando-se como nitidamente diferentes e mais tradicionais os vãos da casa do chefe da estação, com janela de sacada central na fachada principal entre janelas com moldura terminada em pequena cornija, e na fachada lateral direita formando brincos retos. As fachadas são rasgadas por vãos retilíneos: janelas de peitoril e algumas jacentes, com molduras de cantaria, na maioria dos casos de molduras comuns, sendo mais amplas as que marcam a zona de atendimento ao público e a residência do chefe da estação, e as demais rasgadas em zona elevada e de menores dimensões. Na fachada principal a zona de atendimento ao público evidencia-se por alpendre fechado, disposto no lado esquerdo, todo em cantaria, ao contrário do resto do edifício, marcado por pilares e colunas suportando arcos, no interior dos quais se abrem janelas, sendo acedida lateralmente por porta de verga reta precedida de dois lanços, por escada, por onde se acede também à casa de habitação, encimada no pano recuado por terraço com guarda plena. Conserva ainda ladeando a porta principal a antiga caixa de correio, embutida na parede, com moldura de cantaria inferiormente denticulada. |
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Número IPA Antigo: PT011608150119 |
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Registo visualizado 131 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Comunicações Estação de correios (CTT)
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Descrição
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Planta poligonal irregular com corpo retangular adossado no ângulo esquerdo da fachada principal, formando vários volumes escalonados, de disposição verticalista e coberturas diferenciadas em telhados de três e quatro águas, rematadas em beirada simples, e em terraço. As fachadas são de dois, três ou quatro pisos, rebocadas e pintadas de branco, com o primeiro piso revestido a cantaria, com silhares de cantaria nos cunhais colocados em ritmo ocasional mas regular, e terminadas em cornija. Fachada principal virada a sul, de dois corpos e três panos de diferente volumetria, o disposto no ângulo esquerdo formando alpendre, em cantaria de granito e saliente da caixa murária, de dois panos, terminados em empena truncada; o pano da esquerda é mais largo, ritmado por quatro pilares salientes, encimados por fragmentos de colunas semi-embebidas suportando arcos de volta perfeita, no intervalo dos quais se rasgam, inferiormente, três janelas retangulares jacentes, de dois lumes, gradeadas, e, superiormente três janelas adaptadas ao perfil do arco e com caixilharia integrando bandeira; ladeando a janela central surgem nos seguintes duas falsas mísulas e superiormente a inscrição em cantaria relevada "CORREIO"; o pano da direita, sensivelmente recuado, é rasgado por janela retangular e a meia empena assenta em modilhões, possuindo a nascente escadas de acesso à sala de atendimento público, em L, com guarda plena de cantaria com rodamão saliente e curvo ao centro; neste mesmo lado, abre-se a porta de acesso, de verga reta, ladeada por três caixas de correio: uma embutida na caixa murária, com moldura em cantaria de perfil inferior denticulado e encimada pela inscrição relevada, em ferro, "CARTAS", e duas outras recentes, para correio normal e correio azul. Os dois outros panos da fachada principal apresentam igual largura, mas o da esquerda é mais baixo, terminado terraço com guarda plena de alvenaria rebocada e pintada, capeada a cantaria, possuindo quatro gárgulas ao nível do pavimento e sendo rasgado por duas janelas retilíneas, molduradas a cantaria; o pano da direita possui no segundo piso duas janelas retangulares, interligadas pelas molduras, no terceiro, três janelas iguais, com caixilharia integrando bandeira e no último piso duas janelas de peitoril com moldura terminada em pequena cornija ladeando janela de sacada, assente em duas mísulas e com igual moldura. Fachada lateral esquerda formada por quatro panos, o da direita correspondente ao alpendre, todo em cantaria, o seguinte terminado em terraço, com guarda em alvenaria rebocada e capeada a cantaria, rasgada no primeiro piso por três vãos retangulares estreitos geminados e com moldura inferior de capialço, no segundo e terceiro por três vãos retangulares geminados e de moldura comum, sendo as do último piso mais estreitas; no pano seguinte, o mais elevado, rasga-se no primeiro piso porta de verga reta e nos três pisos superiores duas janelas geminadas de moldura comum, sobrepostas e interligadas por frisos verticais; no pano extremo esquerdo, terminado em terraço, rasga-se igualmente no primeiro piso porta de verga reta e, no segundo, janela retangular moldurada. A fachada lateral direita possui quatro pisos, o inferior rasgado por uma porta e uma janela, dispostas descentradamente, o segundo por três janelas retangulares geminadas e interligadas pelas molduras, no terceiro semelhantes, mas sensivelmente maiores e com caixilharia de bandeira e no quarto três janelas de peitoril com moldura terminada em pequena cornija e formando brincos retos. INTERIOR: com paredes rebocadas e pintadas de branco possuindo pequeno vestíbulo com silhar alto de mármore cinzento e pavimento cerâmico, separado da sala de atendimento público por porta de madeira envidraçada de duas folhas. |
Acessos
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Valença, Largo de São Teotónio; Travessa do Eirado; Rua Maestro Sousa Morais |
Protecção
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Incluído na Zona Especial de Proteção das Fortificações da Praça de Valença do Minho (v. IPA.00003527) |
Enquadramento
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Urbano, disposto de gaveto no interior da Praça de Valença, dentro do antigo perímetro medieval muralhado, em terreno plano, adossado posteriormente a outras construções de cércea mais baixa. Fronteiro, ergue-se o Tribunal Judicial (v. IPA.00015948) e lateralmente a Casa do Eirado (v. IPA.00015529). |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Comunicações: estação de correios (CTT) |
Utilização Actual
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Comunicações: estação de correios (CTT) |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITETO: Adelino Alves Nunes (1903-1948). EMPREITEIRO: Augusto Cristino (1934-1944). |
Cronologia
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1854, 25 abril - nomeado diretor dos correios de Valença José Maria Veríssimo de Morais; 1857 - Governo do Duque de Loulé manda estabelecer a linha telegráfica do Porto até Valença, com postos em Braga, Viana e Caminha; 1872, setembro - determinação para que a estação telegráfica de Valença fosse de "serviço completo", passando a fechar às 21H00; 1911, setembro - tornando-se conhecido que a estação de telégrafo e postal da vila, considerada de 1ª classe, passaria, pela nova reforma, a 2ª classe, surgem protestos públicos; novembro - a estação postal passa a 2ª classe mas, devido ao grande movimento, continua a fechar às 21H00; 1912, abril - o serviço telegráfico da vila passa a ser limitado e aos domingos só estava aberto até às 13H00; 1918, novembro - pela nova organização dos serviços telégrafo-postais, a estação da vila é elevada a 1ª classe; 1924, dezembro - incêndio num dos andares do edifício onde estava instalado a estação telégrafo-postal; 1930, 20 agosto - inauguração do serviço telefónico nacional do posto de Valença pelo Presidente do Conselho e Ministro do Interior, da Justiça e do Comércio; 1931 - solicitada a aprovação da Administração-Geral de um conjunto de seis projetos-tipo, elaborados pela Direção dos Serviços de Estudos, Construção e Conservação-CTT; os projetos são submetidos à apreciação da DGEMN que, achando ser da sua competência a elaboração dos planos, encarrega um arquiteto de elaborar três estações-tipo: Tipo I, Tipo III e Tipo 3 - região granítica; durante a elaboração destes projetos não existem quaisquer contactos entre os CTT e a DGEMN, para avaliar quais as reais necessidades dos técnicos daquela instituição; 1932, 22 setembro - Duarte Pacheco refere que é necessário e mais vantajoso construir os edifícios dos CTT, em vez de se proceder a arrendamento, ficando a DGEMN encarregue de elaborar os projetos e ver as necessidades de cada região; envio de um inquérito aos Chefes das Secções Eletrotécnicas, solicitando informações sobre instalações, pessoal, tráfego e cálculo de necessidades relativas às áreas de serviço; 1933 - segundo um relatório de Couto dos Santos, administrador-geral dos CTT, empossado nesse ano, existem 665 edifícios dos Correios, de que detinham a propriedade de apenas 92, sendo 28 do Estado, 82 cedidos gratuitamente e 463 arrendados, com o que se despendia anualmente 650.000$00; 1933 - 1934 - numa vistoria, conclui-se que apenas 16 edifícios se encontram em bom estado; 1934, 03 abril - Couto dos Santos exige um inquérito mais detalhado que o de 1932; 16 novembro - Duarte Pacheco reconhece que os projetos-tipo de 1931 não se coadunam às necessidades reais e cria uma comissão para estudar os futuros projetos, composta por um delegado da Administração-Geral dos CTT, o engenheiro Duarte Calheiros, um delegado da DGEMN, engenheiro Roberto Espregueira Mendes, e o arquiteto Adelino Nunes; 1936, 02 abril - a Comissão elabora o seu relatório final com seis projetos-tipo, considerando o tráfego e pessoal existentes, bem como o seu aumento a curto prazo; previa que se utilizassem estruturas de alvenaria de tijolo ou metal distendido nas divisórias interiores, pavimentos em betão armado, que poderiam ser deslocados se necessário; nesse mesmo ano, os planos são aprovados pelo Conselho Superior das Obras Públicas; 09 agosto - Couto dos Santos refere a necessidade de substituir todo o mobiliário das estações; as Oficinas Gerais são encarregadas de delinear tipos de mobiliário, optando-se por um de linhas simples, em madeira de macacauba, mogno, nogueira, carvalho e castanho; 1937, 03 agosto - publicação da lei n.º 1959, referente ao programa geral de Remodelação Financeira, do Material e Instalações da Administração Geral dos CTT, baseada em vários estudos iniciados em 1932-33, visando o Plano Geral de Construção de Redes Telefónicas e Telegráficas, a cumprir no prazo de 15 anos, Plano Geral de Edificações, no prazo de 5 anos e o Plano de Aquisição de Material, no prazo de 5 anos, para o que foi criada a Delegação dos Novos Edifícios para os CTT *1; 1939, 18 janeiro - ofício da Administração Geral dos Correios, Telégrafos e telefones à Câmara de Valença informando ter sido escolhido o terreno para a construção da estação dos serviços na vila, na Praça Marquês de Pombal; para tal, tornava-se necessário a expropriação de três parcelas, uma pertencente ao Ministério da Guerra, outra ao Dr. Morais Cabral e outra a José António Brandão Veiga, que o oficiante promoveria se a Câmara suportasse os respetivos encargos; a Câmara responde que, em princípio, aprovava a escolha do local, ficando a aguardar saber o valor das expropriações para se pronunciar em definitivo; assumia de imediato a aquisição e cedência da parcela de terreno do Ministério da Guerra; 08 fevereiro - ofício da Administração Geral dos C.T.T., respondendo à Câmara e mostrando-se disposta a fazer à sua custa as expropriações, uma vez que a Câmara se propunha indemnizá-la das respetivas despesas; 1939, março - visita de um engenheiro a Valença para avaliar os prédios a expropriar no Largo do Eirado, para se construir o edifício dos Correios; os prédios são avaliados em 17.074$69; 29 março - ofício da Secção de Obras da Circunscrição Técnica dos C.T.T. do Porto, fornecendo elementos para as expropriações das parcelas do terreno necessário à construção; abril - a Câmara responde a um ofício do Chefe da Repartição de Edifícios e Mobiliário da administração Geral dos C.T.T. que: se a base da indemnização ao Ministério da Guerra, pelo terreno que lhe pertencia, não atingir os dois contos, estava disposta a comparticipar ainda com mais cinco contos para a expropriação dos dois terrenos; os sete contos, no entanto, só seriam entregues depois de inscrita em orçamento suplementar; e que a Câmara estava disposta a verificar se os proprietários estavam dispostos a vender amigavelmente os prédios, o de José António Brandão Veiga por 6.672$00, e os herdeiros de José Maria Veríssimo de Morais, por 4.700$00; bem como o preço pretendido, caso a resposta fosse negativa; 16 setembro - a Administração Geral dos C.T.T. solicita a cedência de mais uma parcela de terreno, pertencente à Câmara; 01 novembro - esta responde ceder gratuitamente a parcela do terreno no Largo Marquês de Pombal, com 55 m2, confrontando a norte com o antigo prédio militar n.º 19, designado "Armazém de Atafona", e nos restantes pontos cardeais com o dito largo; 03 outubro - abertura de propostas na Administração Geral para a construção do novo edifício dos C.T.T., sendo adjudicada a Augusto Cristino, de Arcos de Valdevez, por 348.000$000; 1940, fevereiro - é posta a concurso a condução do correio desde a Estação de Caminho de Ferro até à estação dos correios, por meio de um carro de cavalos; demolição do edifício militar da Atafona e também as casas expropriadas próximas, para construção do edifício; 20 março - a Câmara recebe da Administração Geral dos C.T.T. minuta da escritura de cedência do terreno destinado à construção; março - durante a abertura dos alicerces do edifício dos CTT, são encontradas várias mós; 1942, outubro - notícia de que as obras teriam recomeçado, indicando que elas estiveram paradas, estando a nova empreitada bastante adiantada; 1944, 25 novembro - inauguração do edifício; 1966 - o largo fronteiro aos Correios volta a designar-se por Largo do Eirado. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes autónomas. |
Materiais
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Estrutura rebocada e pintada; elementos estruturais, soco, revestimento do primeiro piso, molduras dos vãos, cornijas e frisos em cantaria de granito; grades de ferro; vidros simples e foscos no primeiro piso; caixilharia e portas de alumínio ou de madeira; cobertura de telha. |
Bibliografia
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BÁRTOLO, Carlos Humberto Mateus de Sousa - Desenho de Equipamento no Estado Novo: As Estações de Correio do Plano Geral de Edificações. Dissertação de Mestrado em Design Industrial apresentada à Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. Porto: texto policopiado, 1998; MOP - Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1951. Lisboa: Ministério das Obras Públicas, 1952; MOP - Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1952. Lisboa: Ministério das Obras Públicas, 1953; MOP - Relatório da Actividade do Ministério nos Anos de 1959, Lisboa: Ministério das Obras Públicas, 1960, vol. 1; NEVES, Augusto Pinto - Valença. Das origens aos nossos dias. Valença: Rotary Clube, 1997; NEVES, Augusto Pinto - Valença entre a História e o Sonho. Valença: Rotary Clube, 2003. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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DGPC: DGEMN:DSID |
Documentação Administrativa
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Câmara Municipal de Valença |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1959 - Obras de conservação, pela Delegação dos Edifícios para os Serviços dos CTT. |
Observações
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*1 - O Plano de Construções dos Novos Edifícios para os CTT, foi em grande parte, realizado durante o período de subida de preço dos materiais e mão-de-obra, mercê das circunstâncias devidas à Segunda Guerra Mundial, o que veio a prejudicar o andamento previsto do referido plano. Em 1951, o Plano de Construções dos Novos Edifícios para os CTT, sofreu um abrandamento em virtude de ser revisto pelos Serviços da Administração Geral dos CTT; Decreto-Lei n.º 38454 pelo qual se extinguiu a Delegação e determinou que as respetivas atribuições transitassem para a DGEMN. *2 - O projeto previa uma sala de público central, com duas salas, uma para o correio e outra para o telégrafo, todas em contacto direto com a sala do estacionamento do pessoal menor; na parte posterior, o gabinete do chefe, escadas, refeitório, vestiários e instalações sanitárias; surgindo ainda o arquivo. A ala do público tinha acesso por dois alpendres, tendo balcão com 4 guichets; tinha cofre; três cabines telefónicas; duas entradas de serviço; casa do chefe com sala comum, 3 quartos, cozinha, despensa e instalações sanitárias; em localidades frias, a estação teria aquecimento central ou salamandras. No logradouro existente na fachada posterior, localizar-se-ia um telheiro para a guarda dos postes. |
Autor e Data
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Paula Noé 2006 |
Actualização
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