Edifício dos Correios, Telégrafos e Telefones, CTT, de Valença

IPA.00021107
Portugal, Viana do Castelo, Valença, União das freguesias de Valença, Cristelo Covo e Arão
 
Estação de correios construída no séc. 20, do tipo III, com 600 a 1400 assinantes telefónicos, segundo a definição da Delegação para os novos edifícios dos CTT *2. Possui planta poligonal irregular e fachadas de três pisos, o primeiro para os serviços telégrafo postais, o segundo para os serviços telefónicos e o terceiro para a residência do chefe da estação, inserindo-se de gaveto na malha urbana. Destaca-se pela articulação de volumes geométricos, acentuados pelo retilíneo dos vãos, alguns assumidamente horizontais e outros mais verticais, em paredes opostas, destacando-se como nitidamente diferentes e mais tradicionais os vãos da casa do chefe da estação, com janela de sacada central na fachada principal entre janelas com moldura terminada em pequena cornija, e na fachada lateral direita formando brincos retos. As fachadas são rasgadas por vãos retilíneos: janelas de peitoril e algumas jacentes, com molduras de cantaria, na maioria dos casos de molduras comuns, sendo mais amplas as que marcam a zona de atendimento ao público e a residência do chefe da estação, e as demais rasgadas em zona elevada e de menores dimensões. Na fachada principal a zona de atendimento ao público evidencia-se por alpendre fechado, disposto no lado esquerdo, todo em cantaria, ao contrário do resto do edifício, marcado por pilares e colunas suportando arcos, no interior dos quais se abrem janelas, sendo acedida lateralmente por porta de verga reta precedida de dois lanços, por escada, por onde se acede também à casa de habitação, encimada no pano recuado por terraço com guarda plena. Conserva ainda ladeando a porta principal a antiga caixa de correio, embutida na parede, com moldura de cantaria inferiormente denticulada.
Número IPA Antigo: PT011608150119
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Comunicações  Estação de correios (CTT)    

Descrição

Planta poligonal irregular com corpo retangular adossado no ângulo esquerdo da fachada principal, formando vários volumes escalonados, de disposição verticalista e coberturas diferenciadas em telhados de três e quatro águas, rematadas em beirada simples, e em terraço. As fachadas são de dois, três ou quatro pisos, rebocadas e pintadas de branco, com o primeiro piso revestido a cantaria, com silhares de cantaria nos cunhais colocados em ritmo ocasional mas regular, e terminadas em cornija. Fachada principal virada a sul, de dois corpos e três panos de diferente volumetria, o disposto no ângulo esquerdo formando alpendre, em cantaria de granito e saliente da caixa murária, de dois panos, terminados em empena truncada; o pano da esquerda é mais largo, ritmado por quatro pilares salientes, encimados por fragmentos de colunas semi-embebidas suportando arcos de volta perfeita, no intervalo dos quais se rasgam, inferiormente, três janelas retangulares jacentes, de dois lumes, gradeadas, e, superiormente três janelas adaptadas ao perfil do arco e com caixilharia integrando bandeira; ladeando a janela central surgem nos seguintes duas falsas mísulas e superiormente a inscrição em cantaria relevada "CORREIO"; o pano da direita, sensivelmente recuado, é rasgado por janela retangular e a meia empena assenta em modilhões, possuindo a nascente escadas de acesso à sala de atendimento público, em L, com guarda plena de cantaria com rodamão saliente e curvo ao centro; neste mesmo lado, abre-se a porta de acesso, de verga reta, ladeada por três caixas de correio: uma embutida na caixa murária, com moldura em cantaria de perfil inferior denticulado e encimada pela inscrição relevada, em ferro, "CARTAS", e duas outras recentes, para correio normal e correio azul. Os dois outros panos da fachada principal apresentam igual largura, mas o da esquerda é mais baixo, terminado terraço com guarda plena de alvenaria rebocada e pintada, capeada a cantaria, possuindo quatro gárgulas ao nível do pavimento e sendo rasgado por duas janelas retilíneas, molduradas a cantaria; o pano da direita possui no segundo piso duas janelas retangulares, interligadas pelas molduras, no terceiro, três janelas iguais, com caixilharia integrando bandeira e no último piso duas janelas de peitoril com moldura terminada em pequena cornija ladeando janela de sacada, assente em duas mísulas e com igual moldura. Fachada lateral esquerda formada por quatro panos, o da direita correspondente ao alpendre, todo em cantaria, o seguinte terminado em terraço, com guarda em alvenaria rebocada e capeada a cantaria, rasgada no primeiro piso por três vãos retangulares estreitos geminados e com moldura inferior de capialço, no segundo e terceiro por três vãos retangulares geminados e de moldura comum, sendo as do último piso mais estreitas; no pano seguinte, o mais elevado, rasga-se no primeiro piso porta de verga reta e nos três pisos superiores duas janelas geminadas de moldura comum, sobrepostas e interligadas por frisos verticais; no pano extremo esquerdo, terminado em terraço, rasga-se igualmente no primeiro piso porta de verga reta e, no segundo, janela retangular moldurada. A fachada lateral direita possui quatro pisos, o inferior rasgado por uma porta e uma janela, dispostas descentradamente, o segundo por três janelas retangulares geminadas e interligadas pelas molduras, no terceiro semelhantes, mas sensivelmente maiores e com caixilharia de bandeira e no quarto três janelas de peitoril com moldura terminada em pequena cornija e formando brincos retos. INTERIOR: com paredes rebocadas e pintadas de branco possuindo pequeno vestíbulo com silhar alto de mármore cinzento e pavimento cerâmico, separado da sala de atendimento público por porta de madeira envidraçada de duas folhas.

Acessos

Valença, Largo de São Teotónio; Travessa do Eirado; Rua Maestro Sousa Morais

Protecção

Incluído na Zona Especial de Proteção das Fortificações da Praça de Valença do Minho (v. IPA.00003527)

Enquadramento

Urbano, disposto de gaveto no interior da Praça de Valença, dentro do antigo perímetro medieval muralhado, em terreno plano, adossado posteriormente a outras construções de cércea mais baixa. Fronteiro, ergue-se o Tribunal Judicial (v. IPA.00015948) e lateralmente a Casa do Eirado (v. IPA.00015529).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Comunicações: estação de correios (CTT)

Utilização Actual

Comunicações: estação de correios (CTT)

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Adelino Alves Nunes (1903-1948). EMPREITEIRO: Augusto Cristino (1934-1944).

Cronologia

1854, 25 abril - nomeado diretor dos correios de Valença José Maria Veríssimo de Morais; 1857 - Governo do Duque de Loulé manda estabelecer a linha telegráfica do Porto até Valença, com postos em Braga, Viana e Caminha; 1872, setembro - determinação para que a estação telegráfica de Valença fosse de "serviço completo", passando a fechar às 21H00; 1911, setembro - tornando-se conhecido que a estação de telégrafo e postal da vila, considerada de 1ª classe, passaria, pela nova reforma, a 2ª classe, surgem protestos públicos; novembro - a estação postal passa a 2ª classe mas, devido ao grande movimento, continua a fechar às 21H00; 1912, abril - o serviço telegráfico da vila passa a ser limitado e aos domingos só estava aberto até às 13H00; 1918, novembro - pela nova organização dos serviços telégrafo-postais, a estação da vila é elevada a 1ª classe; 1924, dezembro - incêndio num dos andares do edifício onde estava instalado a estação telégrafo-postal; 1930, 20 agosto - inauguração do serviço telefónico nacional do posto de Valença pelo Presidente do Conselho e Ministro do Interior, da Justiça e do Comércio; 1931 - solicitada a aprovação da Administração-Geral de um conjunto de seis projetos-tipo, elaborados pela Direção dos Serviços de Estudos, Construção e Conservação-CTT; os projetos são submetidos à apreciação da DGEMN que, achando ser da sua competência a elaboração dos planos, encarrega um arquiteto de elaborar três estações-tipo: Tipo I, Tipo III e Tipo 3 - região granítica; durante a elaboração destes projetos não existem quaisquer contactos entre os CTT e a DGEMN, para avaliar quais as reais necessidades dos técnicos daquela instituição; 1932, 22 setembro - Duarte Pacheco refere que é necessário e mais vantajoso construir os edifícios dos CTT, em vez de se proceder a arrendamento, ficando a DGEMN encarregue de elaborar os projetos e ver as necessidades de cada região; envio de um inquérito aos Chefes das Secções Eletrotécnicas, solicitando informações sobre instalações, pessoal, tráfego e cálculo de necessidades relativas às áreas de serviço; 1933 - segundo um relatório de Couto dos Santos, administrador-geral dos CTT, empossado nesse ano, existem 665 edifícios dos Correios, de que detinham a propriedade de apenas 92, sendo 28 do Estado, 82 cedidos gratuitamente e 463 arrendados, com o que se despendia anualmente 650.000$00; 1933 - 1934 - numa vistoria, conclui-se que apenas 16 edifícios se encontram em bom estado; 1934, 03 abril - Couto dos Santos exige um inquérito mais detalhado que o de 1932; 16 novembro - Duarte Pacheco reconhece que os projetos-tipo de 1931 não se coadunam às necessidades reais e cria uma comissão para estudar os futuros projetos, composta por um delegado da Administração-Geral dos CTT, o engenheiro Duarte Calheiros, um delegado da DGEMN, engenheiro Roberto Espregueira Mendes, e o arquiteto Adelino Nunes; 1936, 02 abril - a Comissão elabora o seu relatório final com seis projetos-tipo, considerando o tráfego e pessoal existentes, bem como o seu aumento a curto prazo; previa que se utilizassem estruturas de alvenaria de tijolo ou metal distendido nas divisórias interiores, pavimentos em betão armado, que poderiam ser deslocados se necessário; nesse mesmo ano, os planos são aprovados pelo Conselho Superior das Obras Públicas; 09 agosto - Couto dos Santos refere a necessidade de substituir todo o mobiliário das estações; as Oficinas Gerais são encarregadas de delinear tipos de mobiliário, optando-se por um de linhas simples, em madeira de macacauba, mogno, nogueira, carvalho e castanho; 1937, 03 agosto - publicação da lei n.º 1959, referente ao programa geral de Remodelação Financeira, do Material e Instalações da Administração Geral dos CTT, baseada em vários estudos iniciados em 1932-33, visando o Plano Geral de Construção de Redes Telefónicas e Telegráficas, a cumprir no prazo de 15 anos, Plano Geral de Edificações, no prazo de 5 anos e o Plano de Aquisição de Material, no prazo de 5 anos, para o que foi criada a Delegação dos Novos Edifícios para os CTT *1; 1939, 18 janeiro - ofício da Administração Geral dos Correios, Telégrafos e telefones à Câmara de Valença informando ter sido escolhido o terreno para a construção da estação dos serviços na vila, na Praça Marquês de Pombal; para tal, tornava-se necessário a expropriação de três parcelas, uma pertencente ao Ministério da Guerra, outra ao Dr. Morais Cabral e outra a José António Brandão Veiga, que o oficiante promoveria se a Câmara suportasse os respetivos encargos; a Câmara responde que, em princípio, aprovava a escolha do local, ficando a aguardar saber o valor das expropriações para se pronunciar em definitivo; assumia de imediato a aquisição e cedência da parcela de terreno do Ministério da Guerra; 08 fevereiro - ofício da Administração Geral dos C.T.T., respondendo à Câmara e mostrando-se disposta a fazer à sua custa as expropriações, uma vez que a Câmara se propunha indemnizá-la das respetivas despesas; 1939, março - visita de um engenheiro a Valença para avaliar os prédios a expropriar no Largo do Eirado, para se construir o edifício dos Correios; os prédios são avaliados em 17.074$69; 29 março - ofício da Secção de Obras da Circunscrição Técnica dos C.T.T. do Porto, fornecendo elementos para as expropriações das parcelas do terreno necessário à construção; abril - a Câmara responde a um ofício do Chefe da Repartição de Edifícios e Mobiliário da administração Geral dos C.T.T. que: se a base da indemnização ao Ministério da Guerra, pelo terreno que lhe pertencia, não atingir os dois contos, estava disposta a comparticipar ainda com mais cinco contos para a expropriação dos dois terrenos; os sete contos, no entanto, só seriam entregues depois de inscrita em orçamento suplementar; e que a Câmara estava disposta a verificar se os proprietários estavam dispostos a vender amigavelmente os prédios, o de José António Brandão Veiga por 6.672$00, e os herdeiros de José Maria Veríssimo de Morais, por 4.700$00; bem como o preço pretendido, caso a resposta fosse negativa; 16 setembro - a Administração Geral dos C.T.T. solicita a cedência de mais uma parcela de terreno, pertencente à Câmara; 01 novembro - esta responde ceder gratuitamente a parcela do terreno no Largo Marquês de Pombal, com 55 m2, confrontando a norte com o antigo prédio militar n.º 19, designado "Armazém de Atafona", e nos restantes pontos cardeais com o dito largo; 03 outubro - abertura de propostas na Administração Geral para a construção do novo edifício dos C.T.T., sendo adjudicada a Augusto Cristino, de Arcos de Valdevez, por 348.000$000; 1940, fevereiro - é posta a concurso a condução do correio desde a Estação de Caminho de Ferro até à estação dos correios, por meio de um carro de cavalos; demolição do edifício militar da Atafona e também as casas expropriadas próximas, para construção do edifício; 20 março - a Câmara recebe da Administração Geral dos C.T.T. minuta da escritura de cedência do terreno destinado à construção; março - durante a abertura dos alicerces do edifício dos CTT, são encontradas várias mós; 1942, outubro - notícia de que as obras teriam recomeçado, indicando que elas estiveram paradas, estando a nova empreitada bastante adiantada; 1944, 25 novembro - inauguração do edifício; 1966 - o largo fronteiro aos Correios volta a designar-se por Largo do Eirado.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes autónomas.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; elementos estruturais, soco, revestimento do primeiro piso, molduras dos vãos, cornijas e frisos em cantaria de granito; grades de ferro; vidros simples e foscos no primeiro piso; caixilharia e portas de alumínio ou de madeira; cobertura de telha.

Bibliografia

BÁRTOLO, Carlos Humberto Mateus de Sousa - Desenho de Equipamento no Estado Novo: As Estações de Correio do Plano Geral de Edificações. Dissertação de Mestrado em Design Industrial apresentada à Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. Porto: texto policopiado, 1998; MOP - Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1951. Lisboa: Ministério das Obras Públicas, 1952; MOP - Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1952. Lisboa: Ministério das Obras Públicas, 1953; MOP - Relatório da Actividade do Ministério nos Anos de 1959, Lisboa: Ministério das Obras Públicas, 1960, vol. 1; NEVES, Augusto Pinto - Valença. Das origens aos nossos dias. Valença: Rotary Clube, 1997; NEVES, Augusto Pinto - Valença entre a História e o Sonho. Valença: Rotary Clube, 2003.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

Câmara Municipal de Valença

Intervenção Realizada

DGEMN: 1959 - Obras de conservação, pela Delegação dos Edifícios para os Serviços dos CTT.

Observações

*1 - O Plano de Construções dos Novos Edifícios para os CTT, foi em grande parte, realizado durante o período de subida de preço dos materiais e mão-de-obra, mercê das circunstâncias devidas à Segunda Guerra Mundial, o que veio a prejudicar o andamento previsto do referido plano. Em 1951, o Plano de Construções dos Novos Edifícios para os CTT, sofreu um abrandamento em virtude de ser revisto pelos Serviços da Administração Geral dos CTT; Decreto-Lei n.º 38454 pelo qual se extinguiu a Delegação e determinou que as respetivas atribuições transitassem para a DGEMN. *2 - O projeto previa uma sala de público central, com duas salas, uma para o correio e outra para o telégrafo, todas em contacto direto com a sala do estacionamento do pessoal menor; na parte posterior, o gabinete do chefe, escadas, refeitório, vestiários e instalações sanitárias; surgindo ainda o arquivo. A ala do público tinha acesso por dois alpendres, tendo balcão com 4 guichets; tinha cofre; três cabines telefónicas; duas entradas de serviço; casa do chefe com sala comum, 3 quartos, cozinha, despensa e instalações sanitárias; em localidades frias, a estação teria aquecimento central ou salamandras. No logradouro existente na fachada posterior, localizar-se-ia um telheiro para a guarda dos postes.

Autor e Data

Paula Noé 2006

Actualização

 
 
 
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