Liceu Nacional de Faro / Liceu Central de Faro / Liceu João de Deus / Escola Secundária João de Deus

IPA.00020450
Portugal, Faro, Faro, União das freguesias de Faro (Sé e São Pedro)
 
Liceu Nacional projetado e construído na década de 40, no âmbito do "Programa de construções, ampliações e melhoramentos de edifícios liceais", o designado "Plano de 38". Obedece, grosso modo, ao "Programa Geral para a Elaboração dos Projectos dos Liceus", programa base definido pela Junta das Construções do Ensino Técnico e Secundário (JCETS), no qual são estabelecidas as exigências e as características espaciais que os liceus devem observar, definindo a representação espacial da organização curricular, os diferentes grupos de serviços existentes (administrativos, escolares, especiais, de educação física, comunicações e diversos), e as dependências necessárias para cada um, com referência à sua posição relativa, dimensões e materiais a empregar, iluminação e exposição solar, e acessibilidade. Assim, os edifícios liceu desenvolvem-se em dois ou três pisos, consoante a exigência da topografia do terreno. No caso do liceu de faro, a optou-se por um edifício de três pisos. Em termos programáticos os espaços relativos aos serviços escolares encontram-se divididos em dois grandes grupos (um correspondente ao 1.º ciclo, e outro aos 2.º e 3.º ciclos), qualquer um deles com acesso independente a partir do vestíbulo de entrada, o que define, na maioria dos casos, uma opção por uma planta simétrica centralizada em torno deste vestíbulo, envolvido pelas dependências do serviço administrativo (secretaria, reitoria, direção dos ciclos e instalações sanitárias). Os serviços especiais, comuns aos vários graus de ensino (biblioteca, museus, sala de professores) localizam-se, regra geral, no ponto mais central, e nobre, do piso térreo. A distribuição das salas de aula (regulares e especiais, salas de ciências geográfico-naturais, físico-químicas, de trabalhos manuais e de desenho, e instalações para a Mocidade Portuguesa) é feita sobretudo no primeiro piso (ou nos primeiro e segundo pisos), sempre a partir do átrio de entrada seguindo o corredor lateral de distribuição. Nos liceus mistos existe uma diferenciação acentuada dos espaços femininos, onde as alunas devem permanecer durante as pausas letivas, e que devem contemplar sala de estar, vestiário, recreios e instalações sanitárias, localizadas em local recatado, junto do qual fica a Sala de Lavores. Nos topos do imóvel, ou nos pontos de inserção dos corpos com direções perpendiculares, encontram-se as escadas. É exigência do plano de estudos a existência de uma sala de aula por classe, o que faz com que a sala de aula seja a unidade organizadora do espaço, definindo a capacidade do liceu em termos do número de turmas, logo de alunos. Os requisitos apresentados para as salas de aula são: espaço retangular de 6x9 metros, com um pé-direito de 4 metros de altura; iluminação unilateral e segundo a maior dimensão da sala, assegurada por janelas localizadas a 1,20 metros acima do pavimento numa superfície correspondente a 1/5 ou a 1/6 do total do pavimento. As salas de aula regulares e os laboratórios são orientados preferencialmente para S., as salas de desenho e trabalhos manuais e os corredores para N.. O grupo de Educação Física deve assegurar uma igual acessibilidade a todos os grupos, pelo que se encontra, normalmente, numa posição axial em relação ao átrio de entrada, em acesso direto a partir deste, ou no seguimento do corredor, encerrando o circuito interno. Os vestiários devem ficar no trajeto normal dos alunos para o ginásio. Os balneários devem ter o número de chuveiros suficiente para uma turma, o masculino, sendo que para os balneários femininos basta a existência de 10 chuveiros. Destaca-se da restante composição, quer pela sua volumetria, quer pela diferença na abertura dos vãos de iluminação, onde existe uma maior liberdade do que para as restantes salas. O programa base previa ainda a existência de uma entrada independente para este espaço e o contacto direto com os campos de jogos (exteriores) que o complementam e cuja área deve permitir a realização de atletismo, ginástica ao ar livre e jogos de grupo. A organização do espaço exterior do imóvel, localizado dentro de recinto murado, diferencia as zonas de circulação, as áreas ajardinadas e de recreio e os espaços reservados à prática desportiva. Os edifícios construídos ao abrigo deste programa base apresentam um cariz monumentalista, reforçado por elementos historicistas. A fachada principal é revestida a pedra e rematada com frontões. No caso do Liceu de Faro, a fachada principal, que no projeto era sublinhada pela linha contínua da cimalha ostentando um frontão com o escudo de Portugal a encimar o portal principal, foi substituída, no decurso da obra, por um frontão curvo, tipo barroco regional, que releva o brasão nacional adornado com tiras onde se encontra inscrita a divisa do patrono "A ESCOLA NÃO É TORTURA NEM BRINQUEDO É SIM ESTUDO NÃO É CÁRCERE NEM PÁTEO É SIM TEMPLO JOÃO DE DEUS". Esta fachada principal, imponente, sobre escadaria, é o ponto fulcral da nova urbanização, sendo mesmo o caráter exemplar da sua inserção urbanística a principal característica particular de um edifício segue com bastante rigor a tipologia prevista para os liceus do Plano de 1938.
Número IPA Antigo: PT050805050132
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Educativo  Escola  Liceu  Tipo Plano 1938

Descrição

Conjunto de planta composta, poligonal, resultante da articulação de vários corpos de três pisos. O edifício apresenta uma planta modular, retangular, simétrica, organizada em torno de dois grandes pátios. Na sua ala posterior (ala E.) existe, ao centro, um corpo, também retangular, ligeiramente saliente, correspondente ao ginásio; por sua vez, o corpo da fachada principal (ala O.) apresenta um pequeno prolongamento dos seus extremos por dois pequenos corpos de planta quadrangular; nos quatro cantos formados pela ala central, dentro dos pátios, encontram-se corpos de planta quadrada. Cobertura diferenciada em telhado de 4 águas no corpo do ginásio e na ala O., de 2 águas nas restantes alas, sendo articuladas nos ângulos, e nos quatro corpos quadrangulares adossados aos cantos dos pátios. Fachadas rebocadas e pintadas de branco; embasamento, pilares, mainéis e molduras dos vãos em cantaria de pedra calcária. Fachada principal de três pisos, virada a O., simétrica, formada por cinco panos, iguais dois a dois a partir do central. O pano central, destacado, é integralmente revestido a cantaria, sendo rasgado, no primeiro piso por três portas divididas por dois pilares de secção semicircular, ladeadas por dois óculos; os segundo e terceiro pisos são rasgados, por um grupo de três janelas cada, com moldura de alvenaria simples a envolver as três, sendo ainda ladeadas por dois óculos axiais, iguais aos do primeiro piso; este pano é rematado pelo alteamento da empena com os lados em curva e o topo reto, formando um frontão tipo barroco regional, onde se encontra o brasão nacional em pedra envolto por uma fita esvoaçante com a divisa do patrono: "A ESCOLA NÃO É TORTURA NEM BRINQUEDO É SIM ESTUDO NÃO É CÁRCERE NEM PÁTEO É SIM TEMPLO JOÃO DE DEUS". Os dois panos que ladeiam o central são idênticos, com embasamento e remate reto com beirado, três pisos rasgados por quatro conjuntos de três janelas emolduradas por moldura comum de alvenaria simples. Esta fachada termina, a N. e a S. por um pano com parede cega. A fachada esquerda do imóvel, a N., é composta por dois corpos de três pisos e com embasamento e remate reto com beirado. À esquerda da fachada encontra-se ainda, adossado, um compartimento destinado a guardar garrafas de gás, com porta rasgada na fachada ao lado deste (esta estrutura serve de muro de contenção das areias do piso envolvente da parte posterior do edifício, situadas a uma cota mais elevada em relação aos pisos dos espaços envolventes das fachadas N., O, e S). O primeiro corpo da fachada N. apresenta dois panos, um primeiro com parede cega, e o segundo rasgado, ao nível do primeiro piso, por, da esquerda para a direita, uma janela quadrangular com moldura de cantaria, seguida de três largos vãos entaipados rasgados superiormente por janela, sendo a do primeiro vão dividida em três janelas por meio de dois mainéis de secção semicircular; por fim uma porta; nos segundo e terceiro pisos abrem-se uma janela quadrada, em cada, axial à inferior, seguida de três conjuntos de três janelas quadradas com moldura comum. Por último, o extremo direito deste pano da fachada N. faz ângulo com o corpo saliente que prolonga a ala O., este apresenta embasamento e remate reto com beirado e três pisos, com um conjunto de três janelas com moldura comum de alvenaria simples, semelhantes aos da fachada principal, diferenciando-se apenas pelo facto da janela central corresponder a um vão mais largo do que os laterais. A fachada S., paralela à fachada N., apresenta igualmente dois corpos, sendo o primeiro correspondente ao corpo saliente que prolonga a ala O., com pano idêntico ao do corpo oposto da fachada N., e o segundo correspondente à restante fachada N., só que em espelho, exceção feita para, no segundo pano, se encontrar no lugar da porta um janelão que ilumina os três pisos; o entaipamento dos três vãos inferiores dá espaço nesta fachada a três janelas por vão, apresentando uma porta no vão central; a janela inferior das três janelas axiais do extremo E. encontra-se tapada; sobre a porta que situada no extremo E. da fachada, abrem-se ao nível dos segundo e terceiro pisos dois óculos. A fachada posterior, a E., apresenta três corpos, sendo o central mais avançado, correspondendo ao ginásio/salão de festas; este com embasamento e remate reto e beirado, sendo rasgado verticalmente quase até ao remate por três conjuntos de três vãos separados por pilares de secção semicircular, com portas ao nível do pavimento e janelas no preenchimento do resto da altura dos vãos; cada vão é acedido por escadaria; a ladear os vãos pequenas fenestrações; panos laterais idênticos e inversos entre si, com embasamento e remate reto e beirado, apresentando quatro pisos, sendo o primeiro correspondente a uma cave, como se pode observar pela existência de janela jacente posicionada quase ao nível do solo, nos extremos da fachada; no primeiro piso é marcado pela existência de duas portas, uma ao centro e outra junto ao corpo central; os segundo e terceiro pisos apresentam dois conjuntos de janelas em linha, sendo o conjunto dos extremos da fachada situado sobre a janela jacente e idêntico ao conjunto de janelas da fachada N., e o outro conjunto com sete janelas separada pelo mesmo tipo de mainéis e com emolduramento. PÁTIOS: alçados rebocados e pintados de branco, com embasamento envolvente e remate reto com beirado, contituídos por três pisos. Os alçados O. e E. de ambos os pátios idênticos, com três conjuntos de janelas por cada piso; nos restantes alçados o piso inferior apresenta três amplos vãos com janelas, dispondo de porta no vão central; o vão central do alçado N. do pátio S. é ocupado por estrutura saliente em planta triangular correspondendo ao bar; estes vãos são ladeados, no caso do alçado S. do pátio S. e do extremo esquerdo do alçado N. do pátio N., por três janelas quadrangulares axiais; no alçado N. do pátio S. e do extremo direito do alçado N. do pátio N. estes vãos são ladeados por janelões que rasgam verticalmente os três pisos; no alçado S. do pátio N., nos corpos que se erguem nos cantos, janelas jacentes. Pátios com zona ajardinada e arborizada em torno de um centro, dispondo de bancos de jardim. INTERIOR: alçados rebocados e pintados de branco, pavimentos em mármore no átrio, em mosaico nos corredores e madeira nas salas, lambril de azulejos nos corredores e escadarias. O acesso principal ao interior do imóvel é feito pelo corpo central da fachada O., onde se encontra o grande átrio, em torno do qual se distribuem os espaços reservados aos serviços administrativos e a alguns serviços especiais. É deste átrio de entrada, que partem, à esquerda e à direita, os corredores de distribuição lateral que percorrem todas as alas em torno dos pátios. Nos extremos destes corredores encontram-se as caixas de escadas para a circulação vertical. É, também, a partir do átrio que se acede à ala central, que divide os dois pátios, e que culmina nas instalações desportivas. Nesta ala central, ao nível do piso térreo, encontra-se, atualmente uma zona de cafetaria, que era inicialmente reservada ao recreio coberto das alunas. No piso térreo situam-se, para além dos serviços administrativos já referidos, o gabinete médico, o refeitório (ala N.), a cozinha (ala E.), as salas polivalentes e instalações sanitárias; no segundo piso, as salas de aulas normais, a sala de professores (segundo piso, sobre o átrio), anfiteatros, sala de desenho e de trabalhos manuais e; no terceiro piso, encontram-se mais salas de aulas, sala de informática e laboratório de química, destacando-se a biblioteca, ao centro da ala O.. Por último, o corpo mais destacado da fachada O. corresponde ao pavilhão gimnodesportivo dotado de caixa de palco.

Acessos

Avenida Cinco de Outubro, Rotunda Infante Dom Henrique (Rotunda do Liceu), Avenida Dr. Júlio Filipe Almeida Carrapato

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, destacado, no topo da elevação, com fachada principal confrontando a Av. 5 de Outubro, uma das principais artérias da cidade que une o edifício à Baixa de Faro. Integrado num recinto murado e gradeado que o separa de zona verde que o envolve a E. (segunda maior zona verde da cidade) e a N. e a S., estas últimas correspondentes a um parque ajardinado e arborizado, de arranjo recente, que comporta equipamentos necessários à prática desportiva e que é comummente denominado por "Mata do Liceu". Ainda a E. situa-se a Igreja de Santo António do Alto (v. IPA.00004520). A fachada principal é antecedida por larga escadaria, que une de forma perpendicular os três portões de acesso ao recinto com o corpo central da fachada; apresenta ainda uma zona ajardinada e arborizada disposta em socalcos, acompanhando todo o comprimento da fachada e o desnível do terreno; na parte posterior do imóvel, a uma cota mais elevada do terreno, os campos desportivos resguardados por vedação alta; a N. o edifício do Aditório; a S. espaços destinados a práticas desportivas. Coord.: lat. 37º 01'14'' N. ; long. 7º 55' 15,1''O. (carta militar nº 611, 1980).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Educativa: liceu

Utilização Actual

Educativa: escola secundária

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Ministério da Educação e Ciência

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: José Costa e Silva (1942-1948); ENGENHEIRO: Gabriel Ribeiro de Matos (1942-1948), Pedro Rodrigues (1942-1948) e António Carvalho Lopes Monteiro (1942-1948).

Cronologia

1836, 17 novembro - é aprovado o Plano dos Liceus Nacionais (decreto da Reforma da Instrução Secundária, publicado no DG n.º 275, de 19 novembro 1836), incluído no vasto programa de reforma dos vários graus de ensino preconizado por Passos Manuel, reconhece a importância da instrução secundária e determina a abertura de um liceu em cada capital de distrito e dois em Lisboa; no entanto, a difícil conjuntura económica e social da época e, consequentemente, a incapacidade do governo setembrista em investir avultadas verbas, quer na construção de um vasto parque escolar, quer na formação de docentes, conduz a que este plano fique, em grande parte, por concretizar; em Faro, pequena cidade provinciana e de diminuto interesse cultural, o ensino continua a ser veiculado, sobretudo, pelo clero, limitando-se às disciplinas de Gramática Portuguesa e Latinidade, Aritmética, Oratória e História; 1844, 20 setembro - o "Decreto acerca da Instrução Pública" (DG, 28 set. 1844, n.º 220) publicado pelo governo de Costa Cabral, institui importantes alterações curriculares, entre as quais, a introdução de novas disciplinas a lecionar especificamente em cada liceu, como é o caso da Economia Industrial e da Escrituração a ministrar no Liceu de Faro; 1849, 3 agosto - em relatório desse ano é referida a realização de exames finais neste estabelecimento de ensino; o liceu, embora ainda não esteja formalmente instituído, dispõe, então, de dois professores, Luís António Piedade, que leciona Gramática Latina, Latinidade e Oratória, a um total de 35 alunos e Abílio Cunha, responsável pelo ensino de Oratória, Poética, Literatura Clássica e Geografia, Cronologia e História, a sete alunos; Aritmética e Filosofia estão vagas devido à transferência do professor, António Ferreiras Tavares; vagas continuam, igualmente, as cadeiras de Economia Industrial e de Escrituração; 1851, 3 janeiro - por decreto da rainha D. Maria II é criado, oficialmente, o Liceu Nacional do Distrito de Faro; 21 janeiro - o Conselho Superior de Instrução Pública procede à instalação definitiva do liceu algarvio e nomeia o seu primeiro reitor, um médico de Albufeira, Miguel Rodrigues de Sousa Piedade (reitor entre 1851-1873); apesar de formalmente instituído o liceu não dispõe de instalações próprias, passando a funcionar no antigo seminário episcopal (cf. IPA.00004522), que o albergará por 57 anos; ocupa então quatro salas de aula normal, localizadas na ala do seminário construída no séc. 18, segundo o risco de Francisco Xavier de Fabri (1761-1817), e adaptadas para o efeito; dispondo, ainda, na mesma ala do seminário, de espaços reservados para secretaria e gabinete do reitor; o número de alunos a frequentar o liceu é, até ao final do séc. 19, muito diminuto, não ultrapassando os cinquenta por ano; instituído como liceu misto, só no final do século surge a primeira referência a uma aluna; 1900-1910 - a população estudantil do liceu algarvio oscila entre os 200-300 alunos; 1989-1890 - o comboio chega à cidade e com ele o número de alunos deslocados; o governo, por intermédio do reitor, aluga então dois espaços a particulares com o objetivo de angariar mais salas de aula e, simultaneamente, alojamento aos alunos deslocados; 1903 - o crescente número de alunos matriculados no liceu e a pressão camarária levam a que o Governo envie à cidade de Faro o engenheiro responsável pelas Construções Escolares a fim de procurar um local adequado à construção de raiz de um edifício para o albergar; a escolha recaiu sobre um talhão situado entre o então Passeio Vasco da Gama (atual Alameda João de Deus) e a Rua da Trindade; 1908-1909 - passadas várias vicissitudes que atrasam a construção, é inaugurado o novo edifício do liceu (atual Escola Secundária Tomás Cabreira, v. IPA.00022301), com risco atribuído ao arquiteto Adães Bermudes (1864-1948); embora o edifício seja novo, o seu espaço continua a ser diminuto (dispondo apenas de seis salas de aula normal e de uma central, destinada a ginásio e sala dos atos solenes) e o ensino passa a fazer-se por turnos; 1910-1911 - o liceu dispõe de cinco classes, com um total de 290 alunos matriculados, agrupados em nove turmas; as turmas são mistas, no entanto, o total de alunas inscritas não ultrapassa a dezena; 1911-1912 - o liceu é elevado ao estatuto de Liceu Central, o que lhe permite lecionar também o curso complementar (e não apenas o regular), aumentando assim o número de alunos e com eles agravando a questão da falta de espaço; 1912 - os alunos propõem o nome do poeta algarvio João de Deus para patrono do estabelecimento de ensino ao Conselho Escolar; a proposta é, por sua vez, apresentada pelo também algarvio, ministro do Interior, Silvestre Falcão (1866-1927), ao presidente da República, Manuel de Arriaga (1840-1917), que a retifica, alterando, assim, o nome da escola para Liceu João de Deus; 1921 - por ação direta do então reitor, Ernesto Adolfo Teixeira Guedes (reitor entre 1912-1927) procede-se a obras de ampliação do liceu, duplicando o número de salas de aula; mais tarde, ainda no mesmo reitorado, são feitas novas obras de ampliação, construindo-se um segundo piso sobre a sala central; 1931 - o então reitor, José Júlio Rodrigues (reitor entre 1931-1932), queixa-se da falta de condições do edifício para o fim a que se destina, considerando-o "mesquinho" e "acanhado" (cf. NÓVOA, SANTA-CLARA; 2003, p. 290) para os 745 alunos de ambos os sexos que aí estavam inscritos; 1938, 21 abril - é fixado o "Plano de 38", com a aprovação do programa das novas construções, ampliações e melhoramentos dos edifícios liceais e respetivos encargos (Decreto-lei n.º 28604/1938, DG, I série, n.º 91), que previa a construção de raiz de 11 novos edifícios para o ensino liceal e a realização de obras de melhoramentos e ampliações em outros 13, a sua execução fica a cargo da Junta das Construções do Ensino Técnico e Secundário (JCETS)*1; no referido plano é prevista a construção de raiz, em terreno cedido pela Câmara Municipal de Faro (no Campo de São Luís), de um liceu misto com capacidade para 23 turmas (cerca de 800 alunos), destinando-se para o efeito a quantia de 5.000.000$00; 1940 - por ocasião das Comemorações dos Centenários, o ministro das Obras Públicas, engenheiro Duarte Pacheco (1900-1943), em visita ao Algarve, altera a localização prevista para a construção do liceu, optando pela área ainda não urbanizada, mas de urbanização prevista, de Santo António do Alto; a amplitude do terreno (c. de 23000 m2) e a sua localização numa cota mais elevada do que a cidade antiga a que ficava ligado por uma grande avenida (Avenida 5 de Outubro, atual Avenida do Liceu) conferiam-lhe a posição de destaque requerida a um edifício destinado à formação de uma elite social do país; no entanto, esta opção por deslocar o liceu para fora dos então limites da cidade gera polémica; 1941 - inicia-se a urbanização de Santo António do Alto, enquadrada pela capela barroca aí existente; 1942, março - é aprovado o projeto do liceu, elaborado na secção de Estudos da JCETS, pelo arquiteto José Costa Silva e pelos engenheiros Gabriel Ribeiro de Matos, Pedro Rodrigues e António Carvalho Lopes Monteiro; 1942, 18 dezembro - é adjudicada a empreitada por 4.000.000$00; 1943 - iniciam-se as obras para a edificação do liceu e é aprovada a sua zona de proteção; 1947, 17 setembro - é promulgado o "Estatuto do Ensino Liceal" (Decreto n.º 36.508, publicado no DG, 1.ª série, n.º 216) que reorganiza todo o ensino dos liceus; de acordo com este decreto, o novo estabelecimento de ensino toma a designação de Liceu de Faro (por ser o único nesta localidade), é considerado um liceu nacional (o que significa que a sua manutenção fica a cargo do poder central), sendo nele ministrados os três ciclos do ensino liceal, é considerado de frequência mista, contendo uma secção feminina (o que implica que não haja lugar a desdobramento no que concerne aos serviços administrativos e de secretaria, mas que tenha um corpo docente próprio, permitindo o funcionamento em separado das as aulas em separado); 1948, 28 abril - terminada a obra esta é entregue com todo o mobiliário, adornos e demais pertences com que o Ministério das Obras Públicas, através da JCETS, a havia dotado à Direção Geral da Fazenda Pública, que, por sua vez, os cede, a título precário, ao Ministério da Educação Nacional (Decreto-lei n.º 24 489/1934, publicado no DG, n.º 216, 1.ª série, 13 setembro 1934, que estabelece o Regime Jurídico do Património Imobiliário Público); a entrega, de que se lavrou auto, decorreu em cerimónia solene, realizada no ginásio do novo estabelecimento de ensino, e que contou com as presenças do ministro da Educação Nacional, Fernando Andrade Pires de Lima (1883-1970), do subsecretário de Estado das Obras Públicas, Luís José Avelar Machado Veiga da Cunha (1905-1999), o administrador delegado da JCETS, José de Lencastre e Távora, o diretor de Finanças do Distrito de Faro, Marçal Moreira de Freitas, o reitor do Liceu Nacional de Faro, José Ascenso (reitor entre 1946-1968), para além de numerosos alunos e familiares; a construção, que teve um custo final de 10.610.555$00 (mobiliário e restante equipamento incluído) foi largamente elogiada na imprensa local; 1948-1949 - decorre o primeiro ano letivo nas novas instalações; 1966 - por proposta do corpo docente, o liceu volta a adotar a designação de Liceu João de Deus, e a comemorar a 8 de março (data em que se assinala o nascimento do poeta e pedagogo) o dia do patrono; 1978, 27 de abril - passa a designar-se Escola Secundária João de Deus (Decreto-lei n.º 80/78, publicado no DR, 1.ª série, n.º 97, termina com a distinção entre liceus e escolas técnicas, uniformizando as designações do ensino secundário); 1990 - em resultado da promulgação da Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei n.º 46/86, publicada no DR, 14 out. 1986, 1.ª série, n.º 237), que estabelece o ensino básico, obrigatório, universal e gratuito até ao 9.º ano, organizando-o em três ciclos, a Escola Secundária João de Deus passa a lecionar apenas os 10.º, 11.º e 12.º anos; 2001 - decorrem as cerimónias das comemorações do 150.º Aniversário da Criação do Liceu; 2003 - construção do auditório aproveitando as antigas estruturas de um depósito de água desativado, que já aí se encontrava antes da construção do liceu; 2006, 24 agosto - o edifício está em vias de classificação, nos termos do Regime Transitório previsto no n.º 1 do Artigo 1.º do Decreto-Lei n.º 173/2006, DR, 1.ª série, n.º 16, tendo esta caducado, visto o procedimento não ter sido concluído no prazo fixado pelo Artigo 24.º da Lei n.º 107/2001, DR, 1.º série A, n.º 209 de 08 setembro 2001; 2009 - encontram-se previstas obras de requalificação das instalações a realizar pela empresa pública Parque Escolar, E.P.E., no âmbito da execução da terceira fase do Programa de Modernização Modernização das Escolas do Ensino Secundário afetas ao Ministério da Educação; o projeto, da autoria do arquiteto João Paciência, procura respeitar a lógica funcional anterior, para o que propõe diferentes linhas de atuação, a recuperação e a remodelação dos espaços existentes, maioritariamente destinados a salas de aulas e espaços administrativos, a ampliação da área reservada à restauração e a construção de novos blocos para a biblioteca e laboratórios, assim como um novo polidesportivo coberto; a escola ficaria com uma capacidade de 36 turmas; 2010, 10 setembro - arranca formalmente a terceira fase do Programa de Modernização Modernização das Escolas do Ensino Secundário afetas ao Ministério da Educação, na qual se insere a reabilitação da Escola Secundária João de Deus, as obras são adjudicadas; 2011 - iniciam-se as obras; 2011, agosto - por decisão do ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato (1952- ), é suspenso o Programa de Modernização Modernização das Escolas do Ensino Secundário afetas ao Ministério da Educação, a intervenção de requalificação da Escola Secundária João de Deus é, assim, suspensa, ficando, parte das aulas a decorrer em pavilhões prefabricados; 2013 - é criado o mega Agrupamento de Escolas João de Deus de Faro, que congrega a Secundária João de Deus à Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos de Santo António e às escolas básicas do 1.º ciclo de Areal Gordo e N.º 4 de Faro; 2014, 25 setembro - a empresa pública Parque Escolar E.P.E. recebe do empreiteiro as treze salas de aulas que se encontram prontas a funcionar, o que permite que se deixe de lecionar em pavilhões prefabricados; 2015 - prevê-se para este ano a conclusão da remodelação da escola.se deixe de lecionar em pavilhões prefabricados; 2015 - prevê-se para este ano a conclusão da remodelação da escola.

Dados Técnicos

Estrutura mista.

Materiais

Estrutura em betão armado e alvenaria de tijolo, rebocada e pintada; coberturas em telhado de telha cerâmica sobre estrutura de madeira formada por escoramentos apoiados no teto de betão, pavimentos em mosaico, madeira e mármore, labril de azulejos em corredores e escadarias, cantaria no embasamento, molduras de vão, pilares, mainéis e revestimento do corpo central da fachada principal; portas, janelas e caixilharias em madeira e alumínio; vidro.

Bibliografia

ALEGRE, Alexandra; HEITOR, Teresa (coord.) - Liceus, Escolas Técnicas e Secundárias. Lisboa: Parque Escolar, EPE/Argumentum - Edições, Estudos e Realizações, 2010; ALEGRE, Maria Alexandra de Lacerda Nave - A Arquitectura Escolar: O Edifício Liceu em Portugal (1882-1978). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian/Fundação para a Ciência e Tecnologia, 2012 (Textos Universitários de Ciências Sociais e Humanas); BARREIRAS, Maria Elisa - “Liceu João de Deus, em Faro”. In NÓVOA, António (coord.); SANTA-CLARA, Ana Teresa (coord.) - Liceus de Portugal: Histórias, Arquivos, Memórias. Lisboa: Asa, 2003, pp. 281-298; MARQUES, Fernando Moreira - Os liceus do Estado Novo. Arquitectura, currículo e poder. Lisboa: EDUCA, 2003; Relatório da Actividade do Ministério no Triénio de 1947 a 1949. Lisboa: MOP/JCETS, 1950; Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1952. Lisboa: MOP/JCETS, 1953; Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1959. Lisboa: MOP/JCETS, 1960, vol. 1; www.aejdf.pt [acedido em maio 2015]; www.parque-escolar.pt [acedido em maio 2015]; www.in-faro.com [acedido em maio 2015].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN:DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, Arquivo Pessoal Manuel Laginha ML NP 975. Arquivo da Biblioteca da Escola Secundária João de Deus

Documentação Administrativa

Arquivo da Biblioteca da Escola Secundária João de Deus

Intervenção Realizada

DGEMN: 1959 - Construção de 6 salas em pavilhão prefabricado, pelos Serviços de Construção e Conservação, em conjugação com a Junta de Construções para o Ensino Técnico e Secundária; Ministério da Educação: 1960, inícios - criação de 3 salas no 3º piso da ala central, adossadas ao alçado voltado para o pátio S.; 2000 - instalação de elevador em caixa exterior que se situa no alçado S. do pátio N.; Parque Escolar: 2006-2011 - inscritas na terceira fase do Programa de Modernização Modernização das Escolas do Ensino Secundário afetas ao Ministério da Educação encontram-se previstas as obras de requalificação das instalações com projeto da autoria do arquiteto João Paciência.

Observações

Autor e Data

Daniel Giebels 2005 / Paula Tereno 2015

Actualização

 
 
 
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