Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Tancos

IPA.00001967
Portugal, Santarém, Vila Nova da Barquinha, Tancos
 
Igreja da Misericórdia maneirista, pertencente ao antigo concelho, remodelada, sobretudo no interior, devido à remoção dos azulejos enchaquetados azuis e brancos que a revestiam e às restantes estruturas e decorações. É de planta retangularl e nave única, com pilastras nos cunhais. Fachada principal terminada em empena de cornija, com vãos formando eixo central constituído pelo portal, de arco pleno sobre pilastras ladeado por colunas suportando entablamento encimado por nicho, e um óculo redondo, ladeado por duas janelas rectangulares. possuía, ainda nos anos quarenta do séc. 20, a imagem da Mater Omnium, numa representação sumária, com a Virgem de mãos postas e anjos segurando o manto aberto, e os plintos das colunas decoração relevada em cada uma das faces. Nas fachadas laterais tinha portas travessas, na esquerda, duas, uma delas no início da nave, para acesso ao coro-alto. Interior completamente despojado da sua antiga estrutura e decoração, conservando apenas o arco da capela-mor, de volta perfeita sobre pilastras, com vestígios de pintura. O antigo retábulo-mor, actualmente na Igreja Matriz, era constituído por oito pinturas sobre tábua e restos dos caixilhos e molduras, marmoreados a verde, tornando assim possível a sua reconstituição. Segundo Vitor Serrão, dispunham-se, da esquerda para a direita e de baixo para cima da seguinte forma: a Visitação, ao centro possivelmente um sacrário, e a Flagelação; no segundo registo o Beijo de Judas, a Última Ceia e o Senhor da Cana Verde e no terceiro Ecce Homo, o Calvário e Cristo a caminho do Calvário, tendo os dois laterais remate curvo. O mesmo autor atribui-os a Simão Rodrigues devido às afinidades estilísticas com outras obras do pintor, mas não exclui a participação de um outro pintor, mais arcaizante, de quem seriam as tábuas do Ecce Homo, Calvário, Flagelação e o Senhor da Cana Verde. O nicho possui afinidades com o do portal da Misericórdia de Constância ( v. 1408010003 ), ainda que seja mais elaborado.
Número IPA Antigo: PT031420030003
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja de Confraria / Irmandade  Misericórdia

Descrição

Planta retangular, de nave única, adaptada ao desnível do terreno, massa simples, com cobertura homogénea em telhado de duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com pilastras nos cunhais, surgindo as da fachada principal sobre altos plintos, sobrepujadas por acrotérios com vasos de barro. Fachada principal virada a S., terminada em empena de cornija, em alvenaria, sobrelevada em plano mais recuado. Portal de arco pleno, moldurado, com fecho decorado pelo brasão dos Condes de Atalaia e coronel, sobre pilastras, ladeado por colunas toscanas, sobre altos plintos, também moldurados, que suportam entablamento de friso inscrito, encimado por nicho; este tem abóbada em concha sobre pilastras enquadrado por pilastras suportando frontão triangular, ladeado por aletas volutadas. No mesmo eixo óculo redondo de moldura em cantaria e lateralmente, entre o remate do portal e o óculo, duas janelas rectangulares, igualmente de moldura em cantaria. Sobre a cobertura, do lado direito, eleva-se sineira, em alvenaria rebocada, de arco pleno e remate em cornija e falso frontão entre dois vasos de barro. Fachada lateral direita cega e a esquerda rasgada por portal de verga recta simples no topo da nave. Interior despojado de decoração, com estrutura de betão formando anfiteatro, com escada num dos lados, aproveitando-se o espaço inferior para arrumos. O palco dispõe-se na zona do antigo presbitério, conservando ainda o antigo arco da capela-mor, de volta perfeita com fecho realçado, sobre pilastras, pintado com motivos fitomórficos. Cobertura em falsa abóbada de berço, formando caixotões moldurados, sendo os da zona do presbitério de menores dimensões, assente sobre cornija assente sobre mísulas.

Acessos

Tancos, Rua da Misericórdia; Rua da Escola Velha

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 1/86, DR, 1.ª série, n.º 2 de 03 janeiro 1986

Enquadramento

Urbano, ribeirinho, no centro histórico de Tancos, um antigo porto fluvial, na parte baixa, desenvolvida a S. da linha do caminho de ferro, tendo adossado à fachada posterior edifício de dois pisos, e a fachada principal virada ao rio Tejo, com adro calcetado protegido por paralelepípedos. Para lá do adro e da estrada que passa fronteira, tem anfiteatro ao ar livre. Da fachada admira-se o Castelo de Almorol ( v. 1420020001 ).

Descrição Complementar

Inscrição do friso do portal axial: "ESTE PORTAL SE FEZ DAS ESMOLAS DOS IRMÃOS DA MIA: SEDO... CÕDE D´ATALAIA 1:585".

Utilização Inicial

Religiosa: igreja de confraria / irmandade

Utilização Actual

Cultural e recreativa: edifício multiusos

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

PINTOR: Simão Rodrigues.

Cronologia

1585 - Data no friso sobre o portal axial informando que o portal foi feito com esmolas dos Irmãos da Misericórdia, sendo Provedor o Conde de Atalaia, D Francisco Manuel, poeta e escritor que recebeu o título em 1583; séc. 17 - revestimento do interior em azulejos enchaquetados, azuis e brancos; 1712 - o Padre Carvalho da Costa refere a existência da Misericórdia e hospital; 1758, 06 abril - segundo o pároco nas Memórias Paroquiais de Tancos, a vila tem ermida de Misericórdia e casa da Irmandade, com retábulo-mor dedicado à Visitação da Virgem a Santa Isabel, coro-alto, e tendo no lado do Evangelho um altar "de novo", em que está encerrada a imagem do Senhor dos Passos, e tem de renda 200$000; 1774, 18 Janeiro - provisão de D. José para extinção da capela que a Misericórdia possuía no termo de Payalvo; 1876 - extinção da Misericórdia, sendo o espólio trnsferido para a Junta da Paróquia; 1937 - por se encontrar inteiramente arruínada, sem possibilidade de a restaurar, devido "carecer valor artístico e estar sugeita às inundações do Tejo", a Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais requer a remoção do revestimento azulejar para reaproveitá-lo noutros monumentos em obra, como a Igreja de Jesus em Setúbal e a Biblioteca da Universidade de Coimbra; 1938, 30 Março - Direcção-Geral da Fazenda Pública informa que, por despacho desta data, foi autorizada a remoção dos azulejos, pedindo-se para lavrar um auto com a data do arrancamento e do número de azulejos; 9 Junho - comparecem na Igreja o Arq. Baltazar da Silva Castro, Director dos Monumentos Nacionais, Arq. Joaquim Santiago Areal e Silva da mesma direcção e Manuel Pinto, encarregado de obras dos mesmos serviços; no Auto regista-se que os azulejos formavam figuras geométricas, sendo 10.054 de cor branca com as dimensões de 13 X 4 cm; 7.350 em azul, quadrados com 4 cm de lado; 4.930 brancos, quadrados com 4 cm de lado; 4.835 azuis, triangulares com 4 cm de hipotenusa; 13.690 azuis com 13 X 4 cm e 2.175 brancos, quadrados com 6,5 cm de lado; além desses, tinha ainda mais 18 azulejos formando uma cruz e 330 quadrados, com 13 cm de lado, decoradas com figurações de flora; 6 Julho - Presidente da Junta de Freguesia de Tancos, Humberto Fernandes Martinho, escreve à DGEMN protestando a decisão do arranque, informando que pretendia obter do Ministério da Justiça a cedência dos mesmos para colmatar as falhas das paredes da Matriz; Agosto - os azulejos já haviam sido arrancados e parte do recheio transferido para a Matriz; anos 40 - era ocupada pelos serviços do Batalhão de Pontoneiros, com sede em Tancos; anos 80 - construção do anfiteatro no interior para adaptação a centro cultural, com projecto do Gabinete de Apoio Técnico de Torres Novas; transferência das lápides sepulcrais para o cemitério de Tancos e do retábulo-mor para a Matriz (v. 1420030004); 1988, 13 Outubro - inauguração do centro cultural.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura de alvenaria rebocada e cantaria, anfiteatro em betão, pintura mural no arco da capela-mor.

Bibliografia

COSTA, P. António Carvalho da, Corografia Portugueza..., 2.ª ed., tomo III, Braga, 1869 [1.ª ed. de 1712]; SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Inventário Artístico de Portugal, vol. 2, Lisboa, 1949; SERRÃO, Vitor Manuel, O Retábulo da Misericórdia de Tancos é de Simão Rodrigues, Lisboa, 1970.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN/DSID; DGARQ/TT: Chancelaria de D. José, Livro de Índices, Ministério do Reino, 1ª Direcção, 2ª Repartição

Intervenção Realizada

DGEMN: 1938 - Remoção dos azulejos do interior; CMVNB: anos 80 - obras de consolidação, recuperação e reutilização.

Observações

Autor e Data

Rosário Gordalina 1992 / Paula Noé 2002

Actualização

 
 
 
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