Igreja Paroquial de Carrazeda de Ansiães / Igreja de Santa Águeda

IPA.00018843
Portugal, Bragança, Carrazeda de Ansiães, Carrazeda de Ansiães
 
Arquitectura religiosa maneirista, barroca e rococó. Igreja paroquial de planta longitudinal composta por nave única, capela-mor, sacristia, torre sineira e capela seiscentista. Fachadas com cunhais apilastrados, coroadas por fogaréus e pináculos, com remates em friso e cornija, regularmente rasgadas por vãos de arco abatido, molduradas e com cornija curva. Apresenta no interior, silhar de azulejos de padrão policromo, recentes. A capela-mor apresenta o tecto em madeira, com pintura tardo-barroca e retábulo-mor, de planta recta e três eixos, da mesma época. A capela do Morgado possui os paramentos em granito aparente, com parede testeira revestida com estrutura retabular maneirista, de matriz serliana, de planta recta e três eixos. O avanço planimétrico da igreja relativamente à capela do morgado permitiu que a torre sineira pudesse ser encaixada no ângulo formado pelas duas construções, e por consequência, a ocultação de metade da fachada principal da capela, provocando o entaipamento parcial do portal e respectivo frontão, do óculo e no total entaipamento de uma janela que ladeava o portal. Os paramentos da fachada lateral N. da capela mostram um ressalto que se traduz no aligeiramento superior da espessura do muro. No interior, os dois vãos rectilíneos existentes na parede do lado da Epístola, foram inicialmente dois confessionários embutidos na parede. Destaca-se a pintura do tecto da capela-mor, com a padroeira a ser torturada, num ambiente de acento arquitectónico com perspectivas e balaustradas, numa profusão de coloridos concheados rocócó.
Número IPA Antigo: PT010403040040
 
Registo visualizado 116 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta irregular composta por igreja longitudinal formada por nave única e capela-mor ligeiramente mais baixa e estreita, a que se adossa lateralmente a N., torre sineira quadrangular, capela e sacristia com corpos rectangulares. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na nave, na capela-mor e na capela, de uma na sacristia e em cúpula bolbosa de cantaria na torre. À excepção das fachadas da torre sineira e as da capela, que são em cantaria aparente, de fiadas regulares, as fachadas são rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento de cantaria, rematadas por friso e cornija, com pilastras toscanas nos cunhais, coroadas por fogaréus na nave, pináculos bojudos na capela-mor e pináculos piramidais na torre. Fachada principal orientada, rematada em empena contracurvada de friso e cornija, encimada friso e cornija recta, sobrepujada por fogaréus que enquadram cruz latina, sob acrotério volutado. É rasgada por portal de arco abatido com moldura em cantaria, na base junto ao embasamento possui motivos vegetalistas relevados a ladear o portal; é encimado por cornija, tendo fecho central com cartela e data inscrita; no alinhamento, um pouco mais elevado, surge outra cornija contracurvada, saliente; e janela de verga recta com moldura e avental, em cantaria.Torre sineira, adossada a N. da fachada principal, parcialmente sobreposta à fachada principal da capela do Morgado, de três registos definidos por friso e cornija de cantaria. No primeiro abre-se, na fachada lateral N., portal de verga recta; no segundo, relógio circular; no terceiro, rasga-se em cada uma das faces sineira em arco de volta perfeita, albergando sinos; cobertura em cúpula bolbosa encimada por pináculo com esfera. O actual corpo da capela do Morgado apresenta fachada principal virada a O., parcialmente embebida na caixa muraria da torre sineira e igreja, sendo visível parte do portal de verga recta com moldura granítica, encimado por frontão triangular, ladeado por janela de verga recta com moldura; encimado por parte do óculo também moldurado; na fachada lateral virada a N. possui fresta em capialço. A sacristia, disposta entre a capela-mor, a nave e a capela do Morgado, possui na fachada lateral N., uma porta de verga recta com moldura e uma pequena janela disposta na horizontal com moldura granítica, encimada por cornija curva e avental, na fachada posterior virada a E., rasga-se outra janela igual. A fachada lateral N., possui ainda, no corpo da capela-mor uma janela de verga curva com moldura granítica encimada por cornija curva e avental. A fachada lateral S., é rasgada por portal de arco abatido com moldura granítica, encimada por cornija e janela de verga curva com moldura granítica encimada por cornija curva e avental com pingente, no corpo da capela-mor rasga-se janela semelhante sem pingente. A fachada posterior é cega. INTERIOR da igreja com paramentos rebocados e pintados de branco, apresentando silhar de azulejos recentes de padrão policromo, azuis e amarelos, com cercadura. Nave com cobertura em falsa abóbada de berço de madeira; assente em cornija de madeira, pintada a marmoreados e tirantes metálicos; pavimento em lajeado de granito. Portal protegido por guarda-vento em madeira e vidros coloridos. Parede fundeira do lado do Evangelho, com nicho rectilíneo com moldura granítica, pia baptismal, em cantaria, sob supedâneo de granito, de taça poligonal, assente em pé cilíndrico. Coro-alto assente em estrutura de madeira, com guarda em balaústres também de madeira, acedido por escada de ferro, em caracol, junto à parede fundeira, do lado da Epístola. Na parede do lado do Evangelho, surge arco de grande amplitude, assente em pilares toscanos, de acesso à capela, apresentando o intradorso percorrido por um par de caneladuras. Capela com paramentos em granito aparente encimada por cornija saliente com mísulas estriadas, sobrepujada ainda por paramento rebocado e pintado de branco. Tecto em falsa abóbada de madeira envernizada e pavimento em lajeado de granito, integrando lápide tumular, de D. Francisco Fernandes de Magalhães, com brasão e data inscrita. Parede fundeira em estrutura retabular de matriz serliana, em granito aparente, de planta recta e três eixos, definidos por quatro pilastras toscanas. No eixo central abre-se nicho pouco profundo em arco de volta perfeita; nos eixos laterais abrem-se nichos mais pequenos em arco de volta perfeita, abobadados. Ático em tabela, com friso e cornija recta ladeado de volutas, termina com cornija moldurada adaptada ao perfil da cobertura. No lado da Epístola, rasgam-se dois vãos de verga recta, uma porta de acesso ao exterior, uma pia de água benta, gomada, em cantaria, e um nicho de verga curva, sobrelevado. Arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras toscanas, com fecho central. A ladear o arco, surge dois apainelados pintados de azul com moldura dourada, com mísula albergando imaginária. Capela-mor com pavimento em lajeado de granito e cobertura em falsa abóbada de berço de madeira, integralmente pintado com elementos arquitectónicos, como arquitraves, pilastras, mísulas, balaustradas, apainelados, nichos, frisos e cornijas, elementos florais e vegetalistas, concheados e cartelas, formando um conjunto que enquadra cartela central com a cena de tortura de Santa Ágata, com a imagem de Santa Ágata, de peito descoberto, as mãos acorrentadas e duas figuras masculinas, uma delas possui uma grande tesoura que lhe corta o peito esquerdo; e atrás dela, uma outra figura surge, de perfil. No canto inferior aparece um cesto com os instrumentos de tortura, estando a cena enquadrada por torres fortificadas com pequenas janelas. Sobre supedâneo de granito, acedido por três degraus também de granito, surge o retábulo-mor em talha policroma a branco, azul, dourado e marmoreados, de planta recta e três eixos, definidos por quatro colunas, com capitéis coríntios, fuste liso pintado a marmoreados, assentes em plintos. No eixo central, abre-se tribuna de arco contracurvado, com fundo pintado de azul, albergando trono expositivo de quatro degraus e cobertura em falsa abóbada de berço pintada. Nos eixos laterais surgem apainelados, com o fundo pintado de azul, com mísula albergando imagem, é encimado por pequena sanefa decorada com concheados. Ático composto por tabela sobreposta por frontão curvo, ladeado por pequenas pilastras, ornado com elementos vegetalistas relevados, a dourado e ladeado por apainelados adaptados ao perfil da cobertura com decoração semelhante; termina em friso e cornija, interrompido centralmente por elementos vegetalistas. Banco decorado com painéis ornados de motivos fitomórficos, integrando sacrário em forma de templete. Sotobanco rasgado lateralmente por portas de acesso à tribuna, tendo adossado ao centro altar paralelepipédico, com frontal decorado com motivos fitomórficos. No lado do Evangelho, porta de arco abatido com moldura granítica encimada por cornija, dá acesso à sacristia, rebocada e pintada de branco, com pavimento em lajeado de granito e tecto de madeira. Possui lavabo, composto por duas peças de granito, carranca e bacia semicircular; e um arcaz de madeira, recente.

Acessos

Largo Dr. João Trigo Coutinho; Avenida Aquilino Ribeiro

Protecção

Em estudo

Enquadramento

Rural, isolada, implantação harmónica no centro da povoação, adaptada ao declive do terreno com adro pavimentado a cubos graníticos, delimitado por pequeno muro em cantaria.

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: D. Francisco Fernandes de Magalhmis primeiro ministrador desta capela e de seus desemdentes 1614.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Bragança - Miranda)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Pero da Fonseca. CANTEIROS: Amarelo Peres; António Fernandes e Francisco Carvalho. CARPINTEIRO: João Baptista Gonçalves. ENTALHADORES: José Correia Lopes Pavilhão e Manuel Félix Ferreira. IMAGINÁRIO: André Ariarte. PEDREIRO: António José Rodrigues Castanheira.

Cronologia

1057 - primeiro foral, dado por Fernando Magno, sendo referida a povoação de Ansilares; 1160 - D. Afonso Henriques confirma o foral da vila de Ansiães; 1198, 6 Abril - foral dado por D. Sancho I; 1219, Abril - D. Afonso II confirma os dois primeiros forais de Ansiães; 1277 - D. Afonso III concede feira à vila; 1372, 13 Março - D. Fernando dá a vila a João Rodrigues Porto Carreiro; 1384, 15 Junho - D. João I dá ao concelho de Ansiães os bens que foram de João Rodrigues Porto Carreiro por ter tomado partido por Castela; 1384, 7 de Maio - D. João I entrega Ansiães a Vasco Pires de Sampaio, em cuja família se mantêm até 1798; 1510, 1 Junho - concessão de foral novo por D. Manuel I; 1527 - a vila possuía 35 fogos habitados; a falta de água e a distância relativamente a terrenos férteis e às principais vias de comunicação levam ao progressivo abandono da mesma; 1606, Outubro - construção da capela; 1614 - data inscrita na lápide tumular de Francisco Fernandes de Magalhães, que se encontra no pavimento da capela; 1706 - segundo o Padre Carvalho da Costa, é uma paróquia da apresentação do reitor de Marzagão; a povoação é da Comenda de São João e tem 36 vizinhos; 1734, 6 Abril - é extinto o concelho de Ansiães e criado o de Carrazeda de Ansiães; 1790 - data gravada no lintel do portal da fachada principal, provável construção da igreja; 1790/1791 -obras de cantaria na igreja; 1789 - petição à Rainha para autorizar uma finta como meio de angariação de fundos para as obras da igreja matriz de Carrazeda; a igreja, e particularmente a capela-mor, encontra-se em muito mau estado de conservação; 25 de Outubro - arremate das obras de cantaria e madeiras; obras de carpintaria do corpo da igreja, portas, talha e ferragens; 31 Outubro - conclusão das obras na capela-mor; provável conclusão de trabalhos de talha da tribuna, castiçais, cruzes com a imagem de Cristo, dois tocheiros e a imagem de Santa Águeda; pintura do tecto abobadado da capela-mor; colocação de telha na capela-mor e sacristia; a família de Sampaio de Ansiães deixa de ser donatária, passando Ansiães para a Coroa; 1839/1840 - Carrazeda de Ansiães passa a freguesia independente na circunscrição diocesana; 1889, Janeiro - execução de um Sagrado Coração de Jesus pelo entalhador Manuel Félix Ferreira.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de granito com paramentos rebocados e pintados de branco, e aparente na capela e torre sineira; molduras de vãos, frisos, cornijas, pilastras, arcos, pia baptismal, pia de água benta, nichos, cruzes, acrotérios e outros elementos em cantaria de granito; pavimento em lajeado de granito; retábulo-mor em talha policroma e dourada; portas, guarda-vento e tectos em madeira; vidros simples e coloridos do guarda-vento; gradeamentos e escada em ferro; silhar de azulejos; sinos em cobre; cobertura em telha.

Bibliografia

COSTA, António Carvalho da (Padre), Corografia Portugueza..., Lisboa, Valentim da Costa Deslandes, 1706, tomo I; Dicionário Enciclopédico das Freguesias, vol. 3, Matosinhos, 1997; OLIVEIRA, Eduardo Pires, Arte religiosa e artistas em Braga e região (1870-1929), Braga, 1999; RODRIGUES, Luís Alexandre, A igreja de Santa Águeda em Carrazeda de Ansiães e a integração no seu espaço da capela do morgado, in Revista da Faculdade de Letras, Ciências e Técnicas do Património, I série, vol 2, Porto, 2003, pp. 473 - 498; www.minhaterra.com.pt, 06 Dezembro de 2007.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Sónia Basto 2008

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login