Solar dos Vaz Quina

IPA.00000179
Portugal, Bragança, Vimioso, Argozelo
 
Casa nobre de provável construção seiscentista, a que se acrescentou a capela num dos topos, depois de 1719, e reformada em finais do séc. 18, após a concessão de carta de armas (1781), altura em que se deve ter alterado o portal central da ala residencial e feito a decoração de concheados. Apresenta planta retangular, integrando no extremo esquerdo capela, volumetricamente indistinta, mas decorativamente demarcada. A fachada principal, de cunhais apilastrados e terminada em friso e cornija, tem a ala residencial de dois pisos, rasgada por vãos abatidos, correspondendo no primeiro a portal central, encimado por friso e cornija, sobreposta por brasão de família, duas janelas de peitoril, uma fresta e portal largo, e, no andar nobre, por janelas de sacada, com guardas em ferro. As duas janelas de sacada central, que enquadram o brasão, são distintas das restantes, visto assentarem em mísulas e rematarem em cornija reta. A capela, coroada por sineira, é rasgada por portal de verga abatida, encimada por friso e cornija, elementos decorativos e óculo trilobado, entre concheados.
Número IPA Antigo: PT010411030007
 
Registo visualizado 623 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo casa comprida

Descrição

Planta retangular irregular composta por vários corpos, o principal virado à estrada e tendo à esquerda capela. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, rematadas em beirada simples. Fachada principal virada a E., rebocada e pintada de branco, com faixa a azul, percorrida por soco de cantaria e terminada em friso e cornija. Apresenta dois panos, separados por pilastras toscanas, o maior correspondente à ala residencial e os da capela coroados por pináculos tipo pera sobre plintos paralelepipédicos. A capela é coroada por sineira central, em arco de volta perfeita, sobre pilares percorridos por dois sulcos, albergando sino e rematada em cornija angular sobreposta por cruz latina de braços trevados. É rasgada por portal de arco abatido com moldura terminada em cornija contracurva, sobreposta por cartela recortada sem inscrição, encimada por friso e cornija angular; sobre esta, dispõem-se ainda uma vieira, cruz latina de cantaria relevada e óculo trilobado, com moldura envolvida por concheados e gradeado; o portal é ladeado inferiormente por concheados. Ala residencial de dois pisos, separados por friso, rasgado no primeiro por portal central em arco deprimido, sobre pilastras, com moldura terminada em cornija, encimada por friso e cornija, sobreposta, ao nível do andar nobre, por tabela ornada de concheados relevados e cartela retangular, de ângulos côncavos, contendo o brasão com as armas de família; inferiormente, o portal é ladeado por aletas com elementos vegetalistas. No primeiro piso abrem-se ainda duas janelas de peitoril, gradeadas, de verga abatida, moldura terminada em cornija contracurva, com peitoril saliente e pano de peito de cantaria, e, nos extremos, por fresta de capialço, à esquerda, e por largo portal de verga reta e de ângulos internos curvos, à direita. No andar nobre rasgam-se seis janelas de sacada, com guarda em ferro, de verga abatida e moldura terminada em cornija contracurva, exceto as duas centrais que ladeiam o brasão, que terminam em cornija reta e a sacada assenta em duas mísulas. Fachada lateral esquerda da capela terminada em cornija e rasgada por fresta na zona do retábulo-mor.

Acessos

Argozelo, EN 218

Protecção

Em estudo

Enquadramento

Urbano, adossado, formando frente de rua, na via estruturante da povoação. Implanta-se levemente sobrelevada à via com portal principal da casa precedido por três degraus. Junto à fachada lateral esquerda possui pequeno espaço separador da construção seguinte.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1622 - 1719, entre - provável construção das casas de família; 1719, 14 maio - escritura do licenciado Francisco Vaz de Quina, de Argoselo, em que, de livre vontade, "mandou fazer junto das suas casas de sua moradas sitas em Argoselo uma capela com a invocação de Nossa Senhora da Conceição", determinando nela ser sepultado; e para a ereção da capela, obtém licença especial do bispo D. João de Sousa Carvalho, que ordena a hipoteca de bens de raiz bastantes e equivalentes para a fábrica e conservação da dita capela; assim Francisco Vaz de Quina doa para a casa os seguintes bens: a casa da entrada das da sua morada para a parte do meio dia com dois quintais, um mais à esquerda e outra à direita, por onde se entra para a capela, sitas no Bairro da Calçada, e que confrontam com as de seu irmão, o Pe. Manuel Torrão, com saídas novas e velhas, um horto situado onde chamam a Espadana, no meio do lugar, confrontando com os herdeiros de Francisco Diz e de António de Oliveira, uma vinha e um lameiro em Miozinho, que parte com os herdeiros de Caparanha e com a vinha de João Rodrigues Gavilão; os bens doados valem mais de 480$000 e o instituidor do vínculo determina que passem a pertencer aos filhos e descendentes de suas irmãs: Isabel Torrão, casada com André Martins, Ana de Quina, casada com Tomé Pires, e Maria Vaz, casada com Domingos Martins, sucedendo-se sempre por esta ordem e, por morte do primeiro possuidor que entrar na dita administração, sucederá sempre o filho varão mais velho, e, não o havendo, a filha da linha direta das sobreditas irmãs, conservando sempre o possuidor dos bens vinculados o sobrenome Quina, Vaz ou Torrão; 1758, 16 fevereiro - data da morte do Dr. André Vaz de Quina, sobrinho do instituidor e médico no hospital Real de Bragança, deixando, em testamento, cinco missas a Nossa Senhora da Conceição, na capela das casas dele testador, por alma de seus tios (o licenciado Francisco Vaz de Quina e Manuel Torrão), o que prova que ele tinha parte nas casas de morada do instituidor do vínculo; deixa ainda a cada um seu baú com 100$000, a sua irmã Ana Maria um cordão de ouro de 24$000, por seu universal herdeiro seu pai André Martins e por seu testamenteiro o irmão, o reverendo Francisco Vaz de Quina; André Vaz de Quina é sepultado na Capela dos Ferreiras da Igreja de São Francisco, em Bragança; 3 maio - referência à capela particular de Nossa Senhora da Conceição pelo padre João Afonso da Cruz nas Memórias Paroquiais da freguesia, implantada no meio do lugar e sendo seu padroeiro o licenciado Francisco Vaz Quina; 1772, 21 janeiro - data da morte do instituidor do vínculo da capela; o seu testamento determina ser sepultado na capela de Nossa Senhora da Conceição e sua sobrinha Ana Maria devia oferecer pão, vinho e cera, pondo na sua sepultura duas tochas, para cujas despesas lhe deixa umas casas no Bairro do Latedo, com seu horto pegado; deixa por universais herdeiros seus sobrinhos Francisco Vaz Quina, André de Quina e Ana Maria, filhos de sua irmã Isabel Vaz; 1781, 24 março - carta de brasão de armas ao Reverendo Francisco Vaz de Quina, governador, provisor e vigário geral do bispado de Miranda, Comissário do Santo Ofício e opositor que foi aos lugares de letras; a carta de brasão determina que o requerente possa usar escudo "ouvado", partido em pala, tendo na primeira as armas de Martins, que são cortadas em faixa, tendo na primeira em campo negro duas palas de ouro, na segunda em campo de ouro três flores-de-liz vermelho, postas em contraroquete; na segunda pala, tem as armas dos Vaz, que são em campo de ouro, um tronco de árvore de sua cor com esgalhos e furado, saindo de dentro dele um leão azul armado de vermelho, e por diferença uma brica de prata com um trifório verde, timbre da sua dignidade, chapéu preto com cordões entrelaçados e uma borla por banda, tudo da mesma cor preta; na sequência desta carta, Francisco Vaz de Quina deve ter mandado colocar as suas armas na casa; 1804, 5 setembro - data da morte de Francisco Vaz de Quina, sendo sepultado na igreja Matriz de Miranda do Douro; 1840, 12 maio - data da morte repentina do Dr. Raimundo André Vaz de Quina, que fora deputado da Junta Provincial do Governo da cidade de Bragança, casado com a prima D. Mariana Felícia Rita de Quina, sendo sepultado na sua capela de Nossa Senhora da Conceição; 1849 - data da morte da sua viúva, sendo sepultada no cemitério de Bragança, ainda que em testamento determinasse ser sepultada na sua capela; sucede na posse e administração dos bens da capela seu filho, o Dr. Álvaro Raimundo Vaz de Quina, que foi delegado do procurador régio em Miranda do Douro e administrador do concelho de Outeiro; posteriormente, seu neto Eduardo Vaz de Quina remete para o Museu de Bragança alguns documentos arqueológicos e uma lápide funerária encontrada em Argoselo num forno; sucede-lhe na administração da capela os seus filhos.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de xisto, rebocada e pintada; soco, pilastras, frisos, cornijas, pináculos, plintos, sineira, cruz, molduras dos vãos e sacadas em cantaria de granito; portas e portadas de madeira; vidros simples; guardas e grades em ferro; cobertura de telha.

Bibliografia

ALVES, Francisco Manuel, AMADO, Adrião Martins - Vimioso. Notas Monográficas. Coimbra: Junta Distrital de Bragança, 1968; CAPELA, José Viriato, BORRALHEIRO, Rogério, MATOS, Henrique - As Freguesias do Distrito de Bragança nas Memórias Paroquiais de 1758. Memórias, História e Património. Braga: José Viriato Capela, 2007.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

EM ESTUDO

Autor e Data

Paula Noé 2013

Actualização

 
 
 
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