Casa dos Coutos / Tribunal da Relação de Guimarães

IPA.00017261
Portugal, Braga, Guimarães, União das freguesias de Oliveira, São Paio e São Sebastião
 
Casa nobre maneirista e rococó, de planta irregular, composta por corpo principal quadrangular, com pequeno pátio interior, e um pequeno corpo secundário de forma trapezoidal. Fachadas rasgadas por vãos de verga recta, alguns dos vãos apresentam moldura em meia cana, compostos por janelas de peitoril e de sacada. Portal virado a S. de linhas maneiristas com pilastras emolduradas suportando entablamento com métopas coroado por frontão triangular. Pedra de armas que o encima colocada durante a remodelação rococó, que se estendeu igualmente ao portal virado a O. decorado por elementos vegetalistas e pedra de armas. Interior com amplo vestíbulo que comunica com a escadaria de acesso ao piso superior, onde se situam os salões, incluindo o antigo salão nobre com tecto em masseira. Antiga cozinha com ampla chaminé com pano de apanhar suportado por colunas.
Número IPA Antigo: PT010308340126
 
Registo visualizado 865 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre    

Descrição

Planta irregular, composta por corpo principal, aproximadamente quadrangular de grandes dimensões, com pequeno pátio interior, e um secundário ligeiramente trapezoidal, de pequena dimensão. Volumes escalonados, com corpo principal de três pisos, com pequeno torreão quadrangular, e corpo secundário de dois pisos. Coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, no corpo principal, com ampla chaminé, junto à fachada voltada a N., e cobertura em vidro no pátio, três águas no corpo secundário e quatro águas no torreão. Fachadas rebocadas e pintadas de vermelho escuro, rasgadas por vãos de verga recta, enquadradas por cunhais apilastrados, e remates em cornija sob beiral, no corpo principal, e beiral no corpo secundário. Fachada voltada a O., ligeiramente em ângulo, com friso e cornija a separar o último registo. Primeiro registo com portal entre cinco janelas, de moldura em meia cana, o segundo com cinco janelas de sacada rematadas por friso e cornija e varanda assente em modilhões, e terceiro registo com porta e sete janelas, com varanda corrida assente sob a cornija. Portal emoldurado e decorado com elementos vegetalistas, com cartela no fecho encimada por pedra de armas sobre acrotério. Fachada voltada a S., percorrida por cornija a separar o último piso. No primeiro registo, rasgam-se quatro portas e três janelas, com moldura em meia cana, e ao centro, portal enquadrado por pilastras emolduradas, que suportam entablamento com métopas e frontão triangular, gravado no tímpano por triângulos, sobrepujado por pedra de armas. O segundo registo apresenta sete janelas de sacada, com moldura em meia cana, rematadas por friso e cornija, com varanda sobre modilhões. O terceiro registo é percorrido por sete janelas de guilhotina. Na fachada N., voltada ao quintal, é visível a ligação dos dois corpos, apresenta portas, janelas de sacada e de guilhotina, sendo marcada por grande arco abatido, no registo inferior, possui escada de pedra adossada, de dois lanços, com patamar intermédio, com guarda de ferro, de acesso ao segundo registo, colocada no ângulo dos dois corpos. Torreão com janelas de sacada, com varandim protegido com guarda de ferro, em cada uma das faces. Pátio interior com fachadas rasgadas por janelas de sacada com varandim e janelas de peitoril. Possui uma escadaria nobre de pedra com guarda plena que liga o vestíbulo ao segundo piso. INTERIOR rebocado e pintado de branco, com amplo vestíbulo, lajeado, estruturado por arcos, dando acesso à escadaria nobre, às dependências do primeiro piso e ao pátio interior. No segundo piso distribuem-se as salas de audiência e de reuniões, salas de espera, gabinetes de trabalho, bar e casas de banho, servidas por corredores. Neste piso conserva-se um fogão de sala, com pano de apanhar suportado por volutas, e um lavabo com espaldar rectangular com bicas florais e remate em cornija encimada por pináculos e abertura do depósito em arco canopial encimado por flor de liz. No terceiro piso, com acesso por escadas de madeira, pintadas de bege, iluminadas por clarabóia, situam-se os espaços destinados ao arquivo, às salas e gabinetes de trabalho, e às casas de banho. Acesso ao torreão por escada de madeira, onde se situa ampla sala de estar. Tectos em madeira, alguns com caixotões, em masseira com as armas dos Couto pintadas, e falsos em pladur. Pavimentos de madeira. O bar, adaptação da antiga cozinha, conserva a chaminé, cujo pano de apanhar é suportado por pilares de granito.

Acessos

Praça. João Franco; Rua Rainha D. Maria II

Protecção

Incluído na Zona Especial de Proteção do Núcleo Urbano da Cidade de Guimarães (v. PT010308340101)

Enquadramento

Urbano, no gaveto formado pelo Largo João Franco e pela Rua Rainha D. Maria II, estando adossado lateralmente a E., a um edifício de habitação. Desse lado, ergue-se fronteiro a Capela do Anjo da Guarda e São Crispim (v. PT010308340127), a Casa dos Lobos Machados (v. PT01030834037) e a Igreja da Misericórdia (v. PT010308040034). No alinhamento da fachada virada a O., surge portão de ferro integrado no muro de delimitação de acesso ao quintal, onde existe uma fonte simples de espaldar rectangular recente e um tanque mais antigo, de frontal côncavo. Pelo lado exterior do muro voltado ao Largo adossa-se um dos Oratórios dos Santos Passos de Nossa Senhora da Consolação (v. PT010308630048) e a Fonte do Largo João Franco (v. PT010308340054), e um pouco mais a N., ergue-se o Monumento a João Franco (v.PT010308340178).

Descrição Complementar

HERÁLDICA: A pedra de armas que encima o portal virado a O. integra a heráldica de família dos COUTO, com escudo de fantasia, de composição plena, rodeado de ornatos fitomórficos, e coronel de nobreza; o portal virado a S. é encimado por pedra de armas que integra a heráldica de família dos COUTO, com escudo de composição plena, numa cartela de inspiração rococó e coronel de nobreza.

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Judicial: tribunal da relação

Propriedade

Privada: Municipal

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

GTL de Guimarães (projecto de recuperação)

Cronologia

Séc. 17 - edificação do palácio; 1747 - o Arcebispo D. José de Bragança com intenção de transferir a sede do arcebispado para Guimarães, compra com dinheiro do seu património, o palácio a Francisco António Peixoto de Miranda, para aí instalar o paço arquiepiscopal, o qual "reformou amplamente e mobilou luxuosamente", fazendo obras de interiores e construindo mais um piso; 1749, Janeiro - o Arcebispo doa o palácio, com reserva de usufruto, a João Lobo da Gama, " pelo bom zelo com que desde 1725 o tinha servido"; 1780, década - João do Couto Ribeiro de Abreu, fidalgo da Casa Real, coronel de milícias e vereador da Câmara de Guimarães, compra o palácio; séc. 19 - provável construção do terceiro piso, obras de acrescento na fachada N. e remodelação do interior; 1855, Julho - é instalado no palácio um hospital para clérigos, sendo paga pela Câmara Municipal a renda diária de 480 réis; Novembro - o hospital deixa de funcionar no palácio; 1999 - projecto de recuperação e adaptação a tribunal; 2000 / 2001 - obras de recuperação do edifício e adaptação a Tribunal da Relação; 2001, 19 Setembro - inauguração das instalações com a presença do Ministro da Justiça, Dr. António Costa, e do Presidente da Câmara de Guimarães, Dr. António Magalhães.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante.

Materiais

Estrutura, cunhais, molduras dos vãos, frisos, cornijas, tímpano, brasões, elementos decorativos, pavimento do vestíbulo, escadaria nobre, fogão de sala, lavabo e pavimento e chaminé do bar, em granito; tectos em estuque; tectos em pladur; portas, janelas, pavimentos, rodapés, tectos, escadas do segundo e terceiros pisos, balaustradas, portas, caixilharias e armários embutidos, de madeira; paredes do bar com silhar de azulejos industriais; pavimento das casas de banho, em mosaico; guardas das sacadas, de ferro forjado; cobertura exterior de telha cerâmica de aba e canudo.

Bibliografia

FERREIRA, Mons. Cónego J. Augusto, Fastos Episcopaes da Igreja Primacial de Braga, vol. 3, Braga, 1932, pp. 307 - 312; NÓBREGA, Artur Vaz-Osório da, Pedras de Armas e Armas Tumulares do Distrito de Braga. Vol. VII Cidade de Guimarães, Tomo 3, Braga, 1987, pp. 404 - 415; CALDAS, Pe. António José Ferreira, Guimarães apontamentos para a sua História, Guimarães, 1996, pp. 228 - 231; ROCHA, Helder, Efemérides Vimaranenses, vol. 2, Guimarães, 1998, p. 48; http://www.trg.mj.pt, 27 Fevereiro 2006; AFONSO, José Ferrão, FERRÃO, Bernardo, Edificações do Centro Histórico e sua Envolvente com Interesse Patrimonial, in www.cm-guimarães.pt, 12 Maio 2009; OLIVEIRA, Eduardo Pires - "André Soares em Guimarães". Revista Monumentos. Lisboa: Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, outubro 2013, nº 33, pp. 66-73 (e-book).

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA

Documentação Administrativa

Arquivo Municipal Alberto Pimenta, C-680, Tombo do Cabido, fls 44vº

Intervenção Realizada

Séc. 18 - obras de ampliação através da construção de mais um piso e obras de remodelação dos interiores; CMG: 2000 / 2001 - Recuperação integral do edifício e adaptação do seu interior para as novas funções de Tribunal da Relação.

Observações

Autor e Data

António Dinis / Ana Pereira 2002

Actualização

Sónia Basto 2009
 
 
 
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