Casa e Quinta do Ribeiro

IPA.00001722
Portugal, Braga, Guimarães, Selho (São Cristóvão)
 
Casa nobre com, capela ligada por passadiço, jardim, anexos agrícolas e terras com pomares, horta e vinha. Solar barroco de planta em U, disposta em torno de terreiro, fechado por portal armoriado rococó, integrando torre na fachada posterior, inserindo-se no tipo casa-torre. Vãos rasgados regularmente, de verga recta, compostos por portas, frestas jacentes, janelas de guilhotina, e de sacada. Fachada principal, com escadaria com arranques volutados e arco de passagem inferiormente, no corpo central. Varanda alpendrada, suportada por colunelos, virada ao jardim. Interior com lojas, cozinha e adega no primeiro piso. A cozinha apresenta grande chaminé suportada por colunelos. Segundo piso, correspondendo à zona residencial, com salões intercomunicantes, com tectos com caixotões pintados, e quartos com distribuição através de corredor. Capela rococó, de planta hexagonal, formando posteriormente ângulos rectos, com interior não coincidente, composta por nave octogonal centralizada, com pequena capela retabular, em eixo. A encimar os vãos virados ao exterior, encontram-se grandes cartelas com molduras de concheados. Interior com nave coberta por tecto oitavado de madeira pintada. Retábulo rococó com decoração exuberante de flores, conchas e acantos. Jardim formal do tipo francês, com canteiros recortados de buxo, possuindo no topo, fonte de espaldar, monumental, rococó, com nichos com imagens pétreas e recurso a decoração de concheados. A imponência e exuberância decorativa do portal contrasta com a sobriedade do solar. A torre encontra-se perfeitamente integrada nas fachadas, não havendo muito destaque, ao contrário do que acontece nas casas-torre. A capela apresenta uma original planta, sem coincidência com o interior, encontrando-se a sacristia e a escadaria interior ocultas atrás da nave, envolvendo-a. O tecto da capela, em madeira, é pintado de modo a simular pedra. O púlpito apresenta base de cinco faces, indo de encontro à morfologia da nave. No jardim encontra-se monumental fonte, de longo espaldar, que ocupa praticamente todo o muro testeiro do jardim, com enorme riqueza decorativa, composta por urnas, nichos com concheados e estatuária.
Número IPA Antigo: PT010308500067
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo planta em U

Descrição

Quinta composta por solar, desenvolvendo-se lateralmente, a S., capela dedicada a São Domingos de Gusmão, separada por passadiço, jardim, e na restante propriedade edifícios de apoio agrícola e terras a eles anexos, designados por quintas do Romesal, Souto, Florido, Pena e Monte de Baixo ou Casa do Adérito *1. SOLAR de planta em U, com três corpos dispostos em volta de terreiro quadrangular fechado por muro e portal principal, integrando torre quadrangular colocada no ângulo do extremo N. da fachada posterior e corpo rectangular no seguimento da mesma, adossada ao braço lateral da ala do mesmo lado. Volumes escalonados, de dominante horizontal, com coberturas diferenciadas em telhados de uma, duas, três e quatro águas. Portal principal rasgado em muro de alvenaria de granito, com três panos destacados em altura, os dos extremos delimitados por pilastras coroadas por pináculos piramidais com bola, sobre alto plinto, com remate em cornija terminada em voluta. Pano central enquadrado por pilastras toscanas, rasgado pelo portal em arco pleno, com impostas destacadas e prolongadas para além das pilastras que enquadram o pano, rematado por falso frontão de volutas, com enrolamentos flamengos na base e urnas nos extremos, interrompido por composição monumental com pedra de armas, com elmo e paquife. Fachadas do solar de dois registos, excepto na torre, com três, rebocadas e pintadas de branco, marcadas por elementos de granito, como embasamento avançado, molduras dos vãos, cunhais apilastrados e cornijas de remate, estas últimas sob beiral. Fachada principal a O., voltada ao terreiro com pano do corpo central, tripartido, o central delimitado por pilastras toscanas, marcado por escadaria de pedra, de pequenos lanços paralelos, com arranques volutados, de acesso a patamar que liga a lanços convergentes em patamar superior. Em posição frontal, arco pleno de passagem, enquadrado por pilastras coroadas por pináculos. O patamar superior dá acesso a porta de verga recta, ladeada por duas janelas quadrangulares, de guilhotina. Corpos laterais com panos simétricos, os voltados ao terreiro com friso de pedra a separar os registos e pilastra toscana colossal a dividir em panos, cada um com porta de verga recta e frestas jacentes, no primeiro registo, e duas janelas, quadrangulares de guilhotina, no segundo. Panos voltados ao exterior com janela de sacada com guarda de ferro, no segundo registo. Fachadas laterais dissemelhantes, sendo, a voltada a N. salientada pelo escalonamento dos diferentes corpos, com fenestração regular em janelas de guilhotina e janela de sacada, chaminé de amplo saco com pano inclinado e torre, mais elevada. Fachada lateral S. marcada no extremo direito por varanda alpendrada, sustentada por quatro colunelos. Tecto da varanda em masseira de madeira pintada. Fachada posterior com três panos, o primeiro com porta central ladeada por par de frestas jacentes, no primeiro registo, e no segundo porta com acesso por escadaria de lanço recto, com guarda de ferro forjado, enquadrada por par de janelas de guilhotina, as dos extremos ladeadas por peanhas. Segundo pano correspondente à torre, rasgada por amplo portal em arco pleno ladeado por fresta jacente, encimado por janelas descentradas. INTERIOR: No primeiro piso, na ala N., cozinha e lojas, na ala O., suites e, na ala E., grande adega com acesso pelo arco de passagem. Cozinha com paredes em alvenaria de granito, tecto plano de madeira e pavimento em laje de granito. Apresenta lareira com grande chaminé corrida suportada por colunelos. A cozinha comunica com estreita espaço antigamente destinado às refeições dos criados, com mesa pétrea e pavimento em tijoleira. Adega com pavimento térreo e tecto de madeira formado pelo vigamento e soalho do piso superior. No segundo piso encontra-se vestíbulo principal, de acesso a salas, intercomunicantes com tectos com caixotões de madeira, pintados, com marmoreados e motivos fitomórficos e em algumas paredes armários embutidos. Distribuem-se igualmente diversos quartos, com acesso por corredor. Janelas com conversadeiras. Paredes rebocadas e pintadas de branco. Pavimentos em madeira e tectos de madeira e estuque. CAPELA de planta hexagonal, formando posteriormente ângulos rectos, com interior não coincidente, composta por nave octogonal centralizada, com pequena capela retabular, em eixo. Rodeando a capela retabular, a N., corredor com escadaria de acesso ao púlpito e ao coro-alto, e sacristia, do lado oposto. Volumes articulados de dominante horizontal com cobertura única em telhado de seis águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com pilastras nos cunhais, percorridas por embasamento avançado e remate em cornija sob beiral. Fachada principal orientada, voltada ao exterior coroada por frontão recortado, em granito. Portal principal com moldura recortada, encimado por cornija quebrada, sobrepujada por óculo ligeiramente octogonal. A encimar a composição cartela caiada com moldura ricamente decorada por concheados e motivos fitomórficos. Fachadas laterais de dois panos. Nos primeiros, com porta de comunicação com passadiço de ligação ao solar, a N., possuído sobre este sineira em arco pleno, e do lado oposto janelão gradeado. Ambos os vãos são encimados por cartelas caiadas idênticas à que encima a composição do portal. O acesso ao passadiço é feito por escadaria de lanço recto, com arranque volutado. Nos segundos panos rasgam-se janelões rectangulares, gradeados. Fachada posterior com porta de verga recta encimada por janelão. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas de branco, excepto as testeiras da nave e capela, em granito. Nave com tecto oitavado, em madeira pintada, a castanho e amarelo, formando painéis. Pavimento em taburnos de madeira com guias de granito. Coro-alto assente em trave de madeira, com balaustrada de talha policroma, com marmoreados a verde e castanho. Subcoro com tecto em caixotões, pintados com marmoreados a vermelho, tendo gravada a data 1754. Porta principal ladeada por pia de água benta, gomada, em mármore. Do lado do Evangelho, púlpito de base de cinco lados, em granito, com guarda plena de talha policroma a amarelo e dourado, com decoração de acantos, e porta travessa, ladeada por pia de água benta, de mármore. No lado oposto, porta para a sacristia. Capela aberta por arco pleno, com retábulo-mor de talha policroma a branco, vermelho e dourado, planta convexa, um só registo, rematado por cornija contracurvada, com decoração de acantos e flores. Tribuna em arco pleno, com alto plinto com imagem do orago, ricamente decorado por volutas, flores e acantos, sobre sacrário ladeado por peanhas com imaginária, enquadradas por pequenas colunas salomónicas e cariátides. O conjunto é enquadrado por colunas compósitas com fuste decorado por grinaldas e concheados. Nos extremos sobre a cornija do sotobanco peanhas com imaginária. Altar recto com decoração fitomórfica, aves, querubins e ao centro as armas da família. JARDIM, confinando com a casa, é separado de outras áreas, como o pomar e a horta, através de muro de vedação. Os canteiros de buxo exibem um estilo formal erudito, onde é bem patente o movimento conferido pelas curvas e contracurvas das sebes que delimitam os canteiros. O pavimento dos percursos em cascalho. Ao fundo do jardim, a S., adossada a muro, fonte monumental, chamada das três virtudes, com espaldar recortado, em cantaria, estruturada por pilastras que definem três panos, com paramentos rebocados e pintados de branco. Os panos laterais, estreitos, são coroados por urnas. O pano central, bastante comprido, é rasgado, lateralmente, por dois nichos, coroados por grande motivo concheado, que albergam as imagens de Nossa Senhora do Carmo e São José. Ao centro, eleva-se o espaldar, recortado, com volutas, coroado por pináculo com ave. Em eixo estrutura-se bicas com leão ladeado por golfinhos, ladeada por nichos e encimadas por nichos recortados, albergando as imagens da Fé, Esperança e Caridade. Tanque recortado, disposto a todo o comprimento do espaldar.

Acessos

Selho (São Cristóvão), Lugar do Ribeiro

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público, Portaria n.º 176/2016, DR, 2.ª série, n.º 113 de 15 junho 2016

Enquadramento

Rural, isolado, no extremo SO. do concelho, enquadrado pelo rio Selho. A propriedade, desenvolve-se na encosta da Senhora do Monte, exposta a N., desde os 400 m, e até aos 190 m, na plataforma onde se implanta o solar. A casa localizada à face do caminho antigo que conduz a Pevidém e a Guimarães, possui muro de vedação rebocado e pintado de branco, que integra o portal armoriado, a capela e o portal de serviço.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Residencial: casa / Comercial e turística: casa de turismo de habitação

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 (conjectural) / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1650 - Provável edificação do corpo central da solar; 1700 - reconstrução e ampliação do solar (MORAES 1978, 124); 1754 - a capela é mandada construir por Veríssimo Peixoto, segundo data gravada no tecto do sub-coro; construção do portal principal e fonte das três virtudes; 1942 - na sequência do casamento entrou na posse da actual proprietária; 1989 - abertura a turismo de habitação; 1996, 15 Maio - Despacho de classificação do Presidente do IPPAR; 2010, 30 dezembro - publicação do Despacho n.º 19338/2010, DR, 2.ª série, n.º 252, prorrogando o procedimento; 2011, 05 dezembro - procedimento prorrogado até 31 de Dezembro de 2012 pelo Decreto-Lei n.º 115/2011, DR, 1.ª série, n.º 232; 2012, 28 dezembro - procedimento caducado; 2013, 21 fevereiro - proposta da DRCNorte para abertura de um novo procedimento; 26 fevereiro - Despacho de concordância da diretora-geral da DGPC; 26 abril - publicação do Despacho nº 5515/2013, DR, 2ª série, nº 81, em que se aprova a abertura de novo procedimento de classificação; 15 maio - publicação da abertura de classificação pelo Anúncio nº 176/2013, DR, 2ª série, nº 93; 2014, 26 junho - proposta da DRC do Norte para a classificação da casa e quinta do Ribeiro como Monumento de Interesse Público; 2015, 07 outubro - parecer favorável da SPAA do Conselho Nacional de Cultura; 08 outubro - despacho de concordância do diretor-geral da DGPC para a classificação da casa e quinta do Ribeiro; 05 novembro - publicação do projeto de decisão de classificação do edifício e quinta como Monumento de Interesse Público, em Anúncio n.º 257/2015, DR, 2.ª série, n.º 217; 2016, 14 março - despacho da diretora-geral da DGPC com o Relatório Final do procedimento de classificação aprovado.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes e estrutura mista.

Materiais

Estrutura do solar e capela, portal principal, elementos decorativos, escadaria nobre, escadas da fachada posterior, escadas da capela para o coro-alto, pavimento da cozinha, pias de água benta, lavabo da sacristia, e guias dos taburnos da capela, em granito; portas, janelas, pavimentos do segundo piso, tectos, guarda do púlpito e retábulo, em madeira; pavimento da adega em terra; corrimão da escada da fachada posterior, grades e sacadas das janelas, em ferro; cobertura exterior em telha de canudo.

Bibliografia

AZEVEDO, Carlos de, Solares Portugueses - Introdução ao estudo da Casa Nobre, 1988; GIL, Júlio e CALVET, Nuno, Os Mais Belos Palácios de Portugal, 1992; BINNEY, Marcus, Casas Nobres de Portugal, 1987; MORAES, Maria Adelaide Pereira de, Guimarães, Terras de Santa Maria, Guimarães, 1978; LINO, Raúl, O estilo da Casa Portuguesa do século XVII, Revista Municipal, nº 16, Lisboa, 1943; BOWE, Patrick e SAPIEHA, Nicolas, Jardins de Portugal; ARAÚJO, Ilídio Alves de, Arte Paisagística e Arte dos Jardins em Portugal, vol. 1, LISBOA, 1962; MORAES, Maria Adelaide Pereira de, Guimarães, Terras de Santa Maria, Guimarães, 1978, p. 124; RAPOSO, Francisco Hipólito, O Minho e mais três concelhos roubados ao Porto, s.l., 1987; STOOP, Anne, Palácios e Casas Senhoriais do Minho, Porto, 1993; Vv.Aa., Guimarães, nas Raízes da Identidade..., Paços de Ferreira, 1999, p. 153.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

Arquivo particular da Casa do Ribeiro; IPPAR, Proc. nº DRP 95/3-15(2)

Intervenção Realizada

Proprietário: 1987 - Pintura e restauro do retábulo e do coro-alto; obras gerais de conservação da casa e arranjo da área das lojas para quartos de turismo de habitação.

Observações

*1 - A casa é assim conhecida por ser este o nome do caseiro.

Autor e Data

João Santos 1996 / António Dinis 2001

Actualização

 
 
 
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