Casa e Capela da Quinta das Corujeiras

IPA.00001711
Portugal, Braga, Guimarães, Infantas
 
Arquitectura residencial, maneirista. Solar maneirista de planta em L articulando dois corpos e com capela barroca separada do corpo habitacional. O solar caracteriza-se pela sobriedade e simplicidade das linhas e fenestração regular. A capela ostenta já maior exuberância, típica do barroco; no interior possui um retábulo neoclássico em madeira.
Número IPA Antigo: PT010308240061
 
Registo visualizado 518 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo planta em L

Descrição

Edifício de dois pisos, desenvolvido linearmente na horizontal das curvas de nível, de planta composta em L, volumes articulados por dois corpos, com cobertura única em telhado de quatro águas. Alçados rebocados e pintados de branco, percorridos por faixa de pedra, estriada, a separar os pisos, com uma organização simétrica, marcada, pelo ritmo estabelecido por módulos gateira e janela de sacada, interrompido pelo portal principal, de verga recta, com chanfro, encimado por cornija saliente, a vincar o eixo médio do edifício; O alçado oposto, voltado a Poente, onde melhor se percebe o desnível do terreno e a articulação dos dois volumes, apresenta uma organização dos vãos assimétrica, salientando-se a possante chaminé cuja saia é a testeira de um dos corpos. Interior com espaçoso átrio lajeado, abrindo para lojas e adegas colaterais, com acesso ao segundo piso por escada de dois lanços com voluta de dupla espiral no arranque do lanço final, desembocando num patamar de acesso a três salas com tectos em masseira, que se sucedem na ala N. e a um corredor que liga os aposentos da ala S. e se dirige à cozinha. Capela de planta longitudinal com um único corpo rectangular e cobertura em telhado de duas águas. Alçados rebocados e caiados. Fachada principal com embasamento avançado, pilastras nos cunhais e remate em empena contracurvada sobrepujada por cruz sobre acrotério ao centro ladeada por pináculos. Portal principal de verga curva, com cornija saliente, ladeado por dois óculos com peitoril recortado e verga arqueada, sobrepujado por duas aletas de onde irrompe uma janela com peitoril recortado e verga arqueada, encimado por brasão. Alçados laterais desiguais, tendo o da direita duas portas rectangulares de acesso à nave e ao coro-alto. Interior rebocado e caiado, com coro-alto assente em trave de cimento sobre mísulas de pedra, com balaustrada de madeira, janela rectangular de iluminação e porta de acesso à direita; sub-coro com duas janelas de iluminação. Colateralmente porta de acesso à nave, à direita, ladeada por pia de água benta e vitrina com relíquia de santo, à esquerda. Altar-mor sobrelevado, com retábulo de talha castanha e dourada, que alberga a imagem de Nosso Senhor dos Passos.

Acessos

Quinta de Corujeiras

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria nº 452/2012, DR, 2ª série, nº 181, de 18 setembro 2012

Enquadramento

Rural, integração harmoniosa num ambiente natural de grande beleza, no extremo SE. do concelho. A quinta, com uma grande extensão, desenvolve-se numa sucessão de patamares na encosta, exposta a Nascente, do Monte da Lapinha, delimitada a E. pela EN 101. Na parte alta da quinta, a que se acede por vereda empedrada, situa-se a casa e capela, abrindo-se os portais principais para um largo murado, flanqueado de N. por portal largo, sobrepujado por merlões, de onde se disfruta uma excepcional panorâmica sobre o vale do rio Vizela que lhe é fronteiro.

Descrição Complementar

As antigas construções rurais, situadas a cerca de 150 metros da casa, foram adaptadas a instalações de Turismo no Espaço Rural, apoiado por uma piscina.

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Comercial e turística: casa de turismo rural

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

1162 - referência à "heridibus de Corugeyras" num contrato sob a forma de doação ou escambo estabelecido entre a Infanta Dona Sancha, irmã de D. Afonso Henriques, com o Abade de Vila Nova das Infantas; 1258 - nas Inquirições de D. Afonso III refere-se que a herdade de Corujeiras pertence a Pedro Lourenço, Almoxarife em Guimarães; 1351 - a quinta de Corujeiras é comprada por Ruy Vasques Ribeiro, 2º Morgado de Soalhães e sua mulher Dona Margarida de Sousa, bisneta de D. Afonso III, ao Cavaleiro Vasco Lourenço da Fonseca e sua mulher Margarida Álvares de Beire; séc. 16 - Dona Violante Correia de Mesquita, filha de Pero Mesquita, fidalgo da casa condal de Vila Real, instituiu o Morgadio de Nossa Senhora da Assunção de que a Quinta de Corujeiras foi cabeça, para o qual chamou como primeiro Administrador seu sobrinho D. António de Noronha, bisneto por varonia de D. Pedro de Meneses, 1º Marquês de Vila Real e Governador de Ceuta; Sucedeu-lhe seu filho D. Manuel de Noronha, Comendador de Santa Maria de Caminha, o qual serviu em Ceuta onde morreu em combate em 1599; Seu filho, D. Bartolomeu de Noronha, serviu igualmente em Ceuta e pelos serviços prestados foi feito Comendador da Ordem de Cristo e teve o fôro de Moço Fidalgo da Casa Real entre 1610 e 1613; séc. 17, 1º quartel - D. Bartolomeu de Noronha inicia a construção da actual casa de Corujeiras, no mesmo lugar onde se encontrava a primitiva construção habitacional; 1633 - casamento, no Porto, entre D. Bartolomeu de Noronha e Dona Maria Pessoa de Vasconcelos, herdeira da grande casa e quinta da Prelada; Do casamento nasceram entre outros D. Manuel de Noronha, 4º morgado de Corujeiras, D. Garcia Pessoa de Noronha pai de D. Manuel de Noronha, Arcediago da Sé do Porto, e de D. Luis de Noronha, Arcediago de Penela e Abade da Cumieira *1; 1701 / 1712 - D. Garcia de Noronha, 5º morgado de Corujeiras, Moço Fidalgo da Casa Real e Cavaleiro professo na Ordem de Cristo é vereador em Braga; 1712 - D. Garcia de Noronha pede ao Arcebispo de Braga a transferência da velha capela do seu morgado para o lugar actual, junto da casa, por ser menos húmido e mais resguardado do tempo; 1726 - falecimento de D. Garcia de Noronha na sua quinta; 1746 - após a conclusão das obras é realizado na capela da quinta o casamento entre D. António de Noronha e Menezes e sua prima Dona Mariana Isabel de Mesquita e Noronha, sobrinha do Arcediago do Porto D. Manuel de Noronha; séc. 19, 2º quartel - D. Manuel de Noronha e Menezes de Mesquita, último morgado de Corujeiras, partidário de D. Miguel I, refugia-se com a família na quinta, após a vitória dos liberais; 1990 - reconversão de 16 hectares de terras, das antigas culturas tradicionais em vinhedos com as castas loureiro, azal e pederna e adaptação de algumas das antigas construções rurais a Turismo no Espaço Rural; 1989, 31 Maio - proposta de classificação dos proprietários; 1999, 17 Dezembro - proposta de abertura da DRPorto; 2000, 20 Janeiro - Despacho de classificação do Vice Presidente do IPPAR; proposta da DRPorto a propor a classificação como MIP; 2011, 15 Novembro - anúncio nº 16797/2011, DR, 2ª série, nº 219, projecto de decisão relativo à classificação como MIP e à fixação da respectiva ZEP..

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura, pavimento da entrada e escadas de acesso ao piso superior de granito; pavimentos do segundo piso e da capela, tectos e portas em madeira; pavimento da cozinha em tijoleira; cobertura de telha.

Bibliografia

GAYO, Felgueiras, Nobiliário de Famílias de Portugal; MORAES, Maria Adelaide de, Guimarães, Terra de Santa Maria, Guimarães, 1978, pp. 118 - 119; CRAESBEECK, Francisco Xavier da Serra, Memórias Ressuscitadas da província de Entre Douro e Minho no ano de 1726, vol. 2, Ponte de Lima, 1992, pp. 214 - 215.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

*1 - D. Manuel de Noronha, Arcediago da Sé do Porto, e D. Luis de Noronha, Arcediago de Penela e Abade da Cumieira, acarinharam e protegeram o arquitecto florentino Nicolau Nasoni quando em 1725 veio de Malta para Portugal. As relações privilegiadas do arquitecto com a família, especialmente com o Arcediago da Sé do Porto que foi padrinho de vários dos seus filhos, e alguns particularismos dos elementos decorativos do alçado frontal da capela da quinta colocam a hipótese de que o risco da mesma possa ser de sua autoria ou, pelo menos, o ter, de alguma forma, influenciado. *2 - A Quinta possui uma exploração agrícola, resultante da reconversão das antigas culturas tradicionais, centrada na cultura da vinha, em bardo contínuo, por cordão simples e com as castas loureiro, azal e pederna, implantada numa área de 16 hectares de cultivo.

Autor e Data

João Santos / António Dinis 1998

Actualização

 
 
 
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