Igreja Paroquial de Escarigo / Igreja de São Miguel
| IPA.00001448 |
Portugal, Guarda, Figueira de Castelo Rodrigo, União das freguesias de Almofala e Escarigo |
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Igreja de fundação medieval, integrada na rota de Santiago de Compostela, com profundas alterações no período maneirista, com abertura de vãos, e no barroco, onde se registou a renovação do recheio decorativo. É de planta retangular composta por nave de quatro tramos, capela-mor mais estreita e alta, torre sineira no lado direito e sacristia adossada ao lado esquerdo, com coberturas interiores diferenciadas, a da nave em vigamento de madeira e a da capela-mor de masseira, em alfarge mudéjar, iluminada por janelas rectilíneas rasgadas na fachada lateral direita. Os tramos da nave são formados, externamente, por contrafortes e, internamente, por arcos diafragma em arcos apontados e assentes em pilares, num esquema semelhante às matrizes da zona fronteiriça, sendo evidentes as semelhanças com as de Vilar Torpim (v. PT020904170018) e Vilar Formoso (v. PT020902290094). Fachada principal em empena recta, com portal em arco de volta perfeita, com a moldura formada pelas aduelas, encimada por sineira dupla, executada no séc. 20, na altura em que foi desactivada a torre sineira, colocada no lado direito. Fachadas rematadas por cornija. Fachada S. com acesso ao interior rasgado em arco de volta perfeita, protegido por alpendre suportado por duas colunas de secção cilíndrica que assentam em plataforma escalonada de quatro degraus, de construção novecentista, mas reaproveitando elementos anteriores. Interior com cor-alto, baptistério no lado do Evangelho e púlpito no oposto, com arco triunfal em arco apontado, flanqueado por retábulo de talha dourada maneirista. Existência de duas capelas laterais, uma delas inserida em vão de volta perfeita, onde se integra retábulo de talha maneirista. Capela-mor tem, ao meio, teia balaustrada e é coberto por tecto mudéjar que se mantém íntegro e possui retábulo-mor de talha dourada do estilo nacional, de planta recta e três eixos. Arco triunfal apresenta vestígios de policromia e os arcos diafragma têm elementos fitomórficos. |
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Número IPA Antigo: PT020904070014 |
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Registo visualizado 1193 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Igreja paroquial
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Descrição
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Planta retangular, composta por nave, capela-mor ligeiramente mais estreita, sacristia adossada à fachada lateral esquerda e torre sineira ao lado direito, formando volume horizontalizante de massas articuladas e escalonadas, sendo a capela-mor mais elevada, com coberturas diferenciados em telhados de duas águas na nave, de três na capela-mor e de uma na sacristia. Fachadas em cantaria de granito aparente, com remates em cornija decorada com meias esferas, simulando rostos humanos e uma espécie de serpente entrelaçada, tendo, nas fachadas laterais, contrafortes em esbarro. Fachada principal voltada a O., em empena recta, encimada por sineira dupla, em arco de volta perfeita com remate em cornija e pináculos; é rasgada por portal em arco de volta perfeita sobre impostas salientes. Junto ao cunhal esquerdo da fachada, relógio em mármore e, no lado direito, o primitivo corpo da torre, destacando-se pela maior altura da empena, com acesso pela face S., por arco de volta perfeita com moldura formada pelas aduelas. A fachada lateral esquerda, virada a N., é cega, registando-se a marcação de um antigo arco de volta perfeita na nave e, junto ao ângulo da sacristia, sineira em arco de volta perfeita com remate em empena e cruz latina no vértice; no corpo da sacristia, rasgam-se duas janelas rectilíneas, ambas com arestas biseladas. A fachada lateral direita, virada a S., é marcada por alpendre aberto, apoiado sobre duas colunas de fuste cilíndrico erguidas sobre uma plataforma escalonada com três degraus, a proteger a porta travessa, em arco de volta perfeita, com a moldura constituída pelas aduelas; no lado esquerdo, junto à torre, duas janelas sobrepostas, a inferior em capialço e a superior rectilínea; surgem, ainda, duas janelas rectangulares, uma na nave e outra no corpo da capela-mor. Fachada posterior em empena recta, conservando, ao centro, um elemento decorativo em relevo; no corpo da sacristia, em meia empena, rasga-se janela rectangular com moldura simples em cantaria. INTERIOR em cantaria de granito aparente, com a nave dividida em cinco tramos definidos por amplos arcos diafragma quebrados, de arestas biseladas, assentes em pequenos pilares adossados aos paramentos e ornados por vários motivos de inspiração vegetalista, com cobertura em vigamento de madeira e pavimento lajeado de granito. Coro-alto de madeira, assente em duas colunas facetadas, com guarda vazada do mesmo material e acesso por escada de madeira de dois lanços, no lado da Epístola. No lado do Evangelho, no primeiro tramo, inscreve-se a capela baptismal com acesso por vão em arco de volta perfeita, com pinturas murais de marmoreados fingidos, protegido por porta de madeira torneada, com interior abobadado e totalmente rebocado e pintado de branco; pia com bacia hemisférica, sobre pequeno plinto, encimada por painel pintado com o "Baptismo de Cristo". Os tramos seguintes recebem os retábulos em talha dourada, dedicados a Santo António e ao Calvário, este último inscrito em vão de volta perfeita sobre pilastras. No lado da Epístola, púlpito quadrangular, assente em coluna entalhada, com guarda de madeira plena com cartelas e motivos fitomórficos e acesso por escadas no lado esquerdo, possuindo guarda balaustrada; possui baldaquino em talha, tendo, no intradorso, a pomba do Espírito Santo. Arco triunfal levemente apontado, de duas arquivoltas, uma delas boleada, com vestígios de policromia, ladeado pelos retábulos de talha dourada dedicados a Nossa Senhora e ao Sagrado Coração de Jesus. A capela-mor, elevada por um degrau, tem cobertura de madeira em masseira, de alfarge, com motivo padrão estrelado e pintura azul e vermelha, possuindo dois tirantes metálicos. Sobre supedâneo com dois degraus axiais e protegido lateralmente por balaustrada marmoreada, com acantos e concheados no balaústre, surge o retábulo-mor, de talha dourada e policroma de vermelho e azul, de planta recta e três eixos, definidos por seis colunas torsas ornadas por pâmpanos e duas pilastras com os fustes decorados por acantos, assentes em plintos paralelepipédicos, duas das colunas sobre consolas, que se prolongam em quatro arquivoltas, três torsas, unidas no sentido do raio, entre as quais surgem apainelados de acantos, tendo, ao centro, dois anjos a sustentar coroa fechada, constituindo o ático; tribuna central bastante profunda, em arco de volta perfeita, coberta por caixotões pintados e fundo cenográfico, com cortinas pintadas a abrir em boca de cena, possuindo trono de três degraus de perfil poligonal, decorado por acantos, na base da qual surge o sacrário, decorado com acantos, anjos, querubim e, na porta, a figura de Cristo; os eixos laterais têm painéis rectilíneos, pintados com motivos vegetalistas, possuindo mísulas; altar paralelepipédico decorado com concheados e sanefa com franja. No lado do Evangelho, vão de acesso à sacristia, de verga recta e moldura marmoreada, protegido por porta de uma folha decorada por apainelados almofadados e de cartelas enroladas fitomórficas. |
Acessos
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Largo da Igreja |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 28/82, DR, 1ª série, nº 47 de 26 de fevereiro 1982 |
Enquadramento
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Urbano, isolado, situado no largo a que dá o topónimo, em ligeiro declive compensado dos lados S. e O. pelo embasamento construído sobre a via. É delimitado por construções rústicas e incaracterísticas. No seu flanco S., situa-se o Monumento Comemorativo dos Centenários (v. PT020904070095). Ao lado do portal, adossa-se um cruzeiro, sobre plataforma rectangular de dois degraus, com plinto almofadado e moldurado, sobre o qual se ergue cruz latina simples. |
Descrição Complementar
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Capela retabular de Santo António de talha policroma, branca, rosa, azul, verde e dourada, de planta recta e um eixo definido por oito falsas pilastras com os fustes ornados por motivos fitomórficos e orelhas, que forma dois arcos de volta perfeita, de dimensões distintas, o interior encimado por cornija, que se alteia na zona central, em ângulo, a enquadrar mísula; no remate, dupla cartela, uma delas com resplendor e baldaquino com lambrequins; altar paralelepipédico com cartela crucífera e acantos, tendo a sanefa e os sebastos decorados com acantos, a primeira com franja. Capela do Calvário com retábulo de talha dourada, de planta recta e um eixo definido por duas colunas coríntias com o terço inferior marcado e ornado por anjos, assentes em plintos paralelepipédicos com a face central decorada por anjos; ao centro, dois painéis pintados, representando a Virgem e São João Evangelista, enquadrando o Crucificado, formando o Calvário; remate em friso de querubins, cornija e tabela com tela representando Deus Pai, com aletas, e, sobre as colunas, pináculos esféricos; na predela, as figuras pintadas de São Sebastião e São Vicente; altar paralelepipédico com o frontal decorado com vasos floridos, surgindo, nos sebastos, dois balaústres em relevo e, na zona inferior, símbolos do martírio de Cristo. A ladear o altar, duas plataformas de granito, com vestígios de policromia. Os retábulos colaterais são semelhantes, de talha dourada, planta recta e um eixo definido por dois pares de colunas de capitel coríntio, com o terço inferior do fuste marcado e profusamente decorado por acantos, assentes em plinto comum paralelepipédico, também ornado por acantos; ao centro, apainelado pintado a imitar damasco, o do Evangelho mais amplo, em arco de volta perfeita assente em pilastras, contendo mísula; remate em friso de acantos entrelaçados e querubins, cornija e tabelas horizontais pintadas e flanqueadas por pilastras, quarteirões, aletas e vasos, a do Evangelho com a representação de uma Sagrada Família e a oposta com uma "Assunção da Virgem"; remates em frontão, o do Evangelho em ângulo e o da Epístola semicircular, interrompido por querubim; predela com pintura central e relevos laterais, o da Epístola de carácter figurativo, com altar paralelepipédico decorado com acantos e concheados. |
Utilização Inicial
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Religiosa: igreja paroquial |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja paroquial |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica (Diocese da Guarda) |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 14 (conjectural) / 16 / 17 / 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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Séc. 14 - construção da igreja; integrava a rota de peregrinação para Santiago de Compostela; 1320, 23 maio - bula do Papa João XXII concedendo a D. Dinis, por três anos, para subsídio de guerra contra os mouros, a décima de todas as rendas eclesiásticas do reino, sendo a igreja taxada em 42 libras; integra o termo e bispado de Ciudad Rodrigo; 1403 - a paróquia de Escarigo é integrada no denominado "Bispado Novo" de Lamego que incorporou as paróquias anteriormente sob a jurisdição da mitra de Ciudad Rodrigo; séc. 16, 1.ª metade - obra da cobertura da capela-mor com tecto mudéjar em alfarge policromo; séc. 17, 1ª metade - execução do retábulo do Calvário, hoje colocado na capela do lado do Evangelho; 1662 - povoação saqueada pelos espanhóis que, no entanto, não danificaram a igreja; foi vigararia da apresentação do ordinário e era orago de São Miguel Arcanjo; 1758 - a paróquia encontrava-se no meio do lugar, tinha São Miguel como orago e uma irmandade de Nossa Senhora das Neves, com quatro altares, o mor, do orago, o de Nossa Senhora das Neves, o do Menino Jesus e o de Santo Cristo, capela particular, "metida entre estranho arco" (Dicionário Geográfico, 1758); 1769 - 1770 - a paróquia de Escarigo foi integrada no Bispado de Pinhel, na visita de Riba Côa; 1882, 14 Setembro - com a extinção do Bispado de Pinhel, é integrada no da Guarda; 1943 - 1944 - a Junta da Paróquia, presidida pelo Dr. Garcia de Andrade, promoveu o restauro da igreja, cuja frontaria ameaçava desmoronar-se; séc. 20, 2ª metade - construção de alpendre de betão sobre a porta lateral; 2011 - obras no altar colocam a descoberto pintura mural com duas figuras. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes. |
Materiais
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Estrutura, modinaturas, sineiras, cruzes, pilares, pavimento, supedâneo, cornija em cantaria de granito; alpendre com cobertura de betão; coro-alto, púlpito, retábulos e coberturas de madeira; coberturas exteriores em telha de aba e canudo; tirantes de ferro; janelas com vidro simples. |
Bibliografia
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LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de Pinho, Escarigo, in Portugal Antigo e Moderno. Diccionario, vol. III, Lisboa, 1874, p. 54; AZEVEDO, Joaquim de, História Eclesiástica da Cidade e Bispado de Lamego, Porto, 1877; CASTRO, José Osório da Gama e, Diocese e Distrito da Guarda, Porto, 1902; DIONÍSIO, Sant'Ana, Guia de Portugal, Lisboa, 1924; MARTINS, José Canário, Notas Sôbre Arte em Riba Côa, in Altitude, ano IV, n.º 7-10, Julho-Setembro 1944, pp. 135-144; BIGOTTE, José Quelhas, O Culto de Nossa Senhora na Diocese da Guarda; Lisboa, 1948; Tesouros Artísticos de Portugal, [coord. ALMEIDA, José António Ferreira de], Lisboa, 1976; GOMES, J. Pinharanda, História da Diocese da Guarda, Braga, 1981; Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado. Inventário, vol. II, Lisboa, 1993; BORGES, Júlio António, Figueira de Castelo Rodrigo. Roteiro Turístico do Concelho, Figueira de Castelo Rodrigo, 1997; Carta do Lazer das Aldeias Históricas, Roteiro de Castelo Rodrigo, vol. 3, Lisboa, 2000. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID; CMFCR; JFE |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID; CMFCR; JFE; DGARQ/TT: Dicionário Geográfico, Escarigo, vol. 14, 1758 |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1945 / 1946 - reparação do tecto mudéjar da capela-mor; 1945 - reparação da cobertura da capela-mor, cintagem de betão armado, apeamento da cornija e silharia da parede lateral da capela-mor; 1949 - reconstrução da estrutura e cobertura da capela-mor, reparação e consolidação geral do tecto mudéjar; 1959 - substituição da estrutura e coberturas; consolidação de dois arcos da nave; apeamento e montagem de um arco da nave, execução de frechais e tirantes de betão; 1981 - demolição dos tectos e paredes de alvenaria da sacristia (para correcção da pendente do telhado que ocultava a cachorrada da capela-mor); execução de cintagem em betão armado; substituição da cobertura da capela-mor, restauro do tecto mudéjar; 1985 - reparação da porta principal; 1986 - reparação da sacristia: substituição do tecto; execução de reboco e pintura nas paredes interiores, reparação de caixilhos e da porta, reparação da rede eléctrica; 1987 - reparação do coro: remoção do vigamento das tábuas do soalho e reparação da guarda das escadas. |
Observações
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Autor e Data
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Margarida Conceição 1992 / João Vilhena e Joana Vilhena 2001 |
Actualização
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