Mosteiro de São Paulo / Mosteiro de Nossa Senhora dos Remédios

IPA.00014243
Portugal, Portalegre, Elvas, Assunção, Ajuda, Salvador e Santo Ildefonso
 
Mosteiro masculino da Ordem de São Paulo da Serra de Ossa (Paulistas), iniciado no final do séc. 17, constituindo o quarto estabelecimento em Elvas, reformado no séc. 18, adaptado a quartel no séc. 19 e recentemente a hotel. Inaugurado em 1698, as obras prolongaram-se ao longo do séc. 18, conforme denota a modinatura tardo-barroca dos portais que ainda se conservam na zona regral, bem como o esquema da fachada principal. De fato, segundo o pároco das Memórias Paroquiais da Sé, a arcada da frontaria fora executada em 1738, a qual criava galilé, rasgada com arcos frontal e lateralmente, marcada em planta de 1865, sobreposta pelo coro-alto. A fachada apresenta disposição simétrica, formando três panos rasgados regularmente por portais e janelas, de perfil curvo, encimados por diferentes tipos de óculos, de linguagem barroca. No interior, a nave, coberta por falsa abóbada de berço, tem capelas laterais, encimadas por tribunas, as quais, antes das obras eram encimadas por aletas em massa, transepto inscrito, e na capela-mor, que albergou um retábulo de talha dourada, de finais do séc. 17, de Belchior Fernandes, ainda se conservavam pinturas murais barrocas, com concheados. O claustro, disposto em eixo com a igreja, possui arcada ao nível do piso térreo, encimada por varanda. Depois da extinção das Ordens Religiosas, a adaptação do mosteiro a quartel e a outros serviços militares acabou por introduzir bastantes alterações no edifício, tendo-se acrescentado, em meados do séc. 20, novos corpos em U, também em eixo.
Número IPA Antigo: PT041207030062
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro masculino  Ordem dos Eremitas de São Paulo - Paulistas

Descrição

Planta irregular, composta pelo antigo convento e construções posteriores em eixo, formando um U deitado, para albergar as instituições militares. CONVENTO com igreja retangular, de nave única, transepto inscrito e capela-mor mais estreita, e zona regral, desenvolvida à direita da igreja e à volta do claustro, disposto em eixo com a igreja. Fachada principal virada a nordeste, a igreja rebocada e pintada de branco, com soco em cantaria, e disposição simétrica, de três panos, separados por pilastras e dois registos, divididos por duplo friso e cornija, com remate em empena reta, de friso, cornija e platibanda plena, de cantaria. No primeiro registo abre-se portal em arco de volta perfeita sobre pilastras, de chave saliente, entre dois outros portais, mais baixos, com moldura em arco mas formando ligeiro recorte, encimados por óculos elípticos recortados. No segundo registo, abre-se, no pano central três janelas de varandim, a central em arco recortado, com dupla moldura, terminada em cornija contracurva e pináculo, e as laterais de verga abatida, encimado por pequeno espaldar e cornija angular, todos com guarda em balaustrada de cantaria, encimados por óculos recortados. Nos panos laterais, abre-se janela de verga abatida, encimada por óculo de igual modinatura, e, no segundo registo, janela de varandim de ângulos recortados, e óculo facetado. Nas fachadas laterais, possui dois panos, com o mesmo tipo de vãos. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento de mármore e cobertura em falsa abóbada de berço. Possui coro-alto com guarda envidraçada, quatro capelas laterais, uma no sub-coro, em arco de volta perfeita, sobre pilastras, as da nave encimadas por tribunas retangulares, sobre as quais existem aletas em massa; o transepto inscrito é igualmente marcado por capelas em arco de volta perfeita sobre pilastras. À direita da igreja, ligeiramente recuado, dispõe-se ala conventual, depois adaptado a tribunal militar e atualmente por onde se acede ao hotel, pintado de vermelho, com três pisos; no primeiro, abre-se portal em arco de volta perfeita, de fecho volutado, sobre pilastras e duas janelas de peitoril retilíneas, no segundo, duas janelas de peitoril, ladeando duas de varandim, com guarda em ferro, e no terceiro piso quatro janelas de peitoril. CLAUSTRO com fachadas de dois ou três pisos, possuindo inferiormente arcadas, de cinco arcos de volta perfeita, sobre pilares, atualmente envidraçados, avançadas e formando varanda ao nível do segundo piso, pavimentada a cantaria, em losangos. A quadra encontra-se ajardinada. As molduras dos vãos possuem arco abatido, alguns com aletas laterais e encimados por espaldar e cornija angular.

Acessos

Assunção, Avenida 14 de janeiro, n.º 13; Rua dos Cavaleiros

Protecção

Incluído no Núcleo urbano da cidade de Elvas / Cidade Fronteiriça e de Guarnição de Elvas (v. IPA.00001839) e parcialmente na Zona de Proteção da Fortaleza de Elvas (v. IPA.00035956)

Enquadramento

Urbano, isolado, no interior da praça de Elvas, na zona mais a poente da mesma, integrando um quarteirão delimitado por ruas, tendo adossado a um dos panos da fachada lateral esquerda a Fonte dos Cavaleiros (v. IPA.00026794). Implanta-se adaptado ao declive do terreno, nas imediações da Porta da Esquina, sobre a qual se ergue a Capela de Nossa Senhora da Conceição (v. IPA.00026772). A sul implanta-se a Cisterna de Elvas (v. IPA00026792) e a noroeste, o Quartel do Trem (v. IPA.00026791), ao qual se adossa o edifício do antigo Quartel do Calvário, seguido do Paiol de Nossa Senhora da Conceição (v. IPA.00028667). Para nordeste, implanta-se a Casa das Barcas / Mercado Municipal de Elvas (v. IPA.00026777), a Casa dos Fornos (v. IPA.00035918), o Quartel de São Martinho / Quartel da Rua dos Quartéis (v. IPA.00035791), a Igreja de São Martinho / Capela de Nossa Senhora da Guia (v. IPA.00026775) e o edifício do Conselho de Guerra (v. IPA.00026790).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro masculino

Utilização Actual

Comercial e turística: hotel

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 20 / 21

Arquitecto / Construtor / Autor

CAPITÃO-GERAL DE ARTILHARIA: João Furtado de Mendonça (1679). EMPREITEIROS: António dos Nós (1950), Fernando Pires Coelho Ld.ª (1950), Silvério Lourenço (1949). ENGENHEIRO: Tomás de Aquino de Sousa (1862). FIRMAS: CUOP - Cooperativa de Unidade Operária de Construção Civil Alentejana (1983-1984), Direção da Companhia Elvensa de Moagens a Vapor (1907), firma Fernando Pires Coelho, Ld.ª (1949). VEDOR-GERAL DE ARTILHARIA: Francisco Torres (1679).

Cronologia

Séc. 14 - fundação da primeira comunidade religiosa em Elvas, com os frades João Lopes e Lourenço Mateus, vindos do Convento de São Paulo da Serra de Ossa, os quais se estabelecem numa herdade, no sítio das Fastas, junto à estrada que ligava a cidade a São Vicente e a que chamavam de Provença; 1380, 03 junho - escritura de doação de Lourenço Anes Reguengo e Margarida Domingues de parte de uma herdade que possuíam junto aos frades; 1381, 24 março - Domingos Amado doa terra junto à de Lourenço Reguengo; durante as guerras Fernandinas, os frades são obrigados a deixar as casas, para se refugiarem dentro das muralhas, fixando-se junto ao Arco de Nossa Senhora da Encarnação; após a guerra, os frades voltam ao sítio da Provença; ali constroem uma ermida com orago de Nossa Senhora dos Remédios, obtendo licença do bispo de Évora para nos domingos e dias santos um msacerdote dizer missa; 1593, 22 maio - em resposta a um pedido dos frades, D. Filipe I emite alvará para que eles pudessem mudar de lugar, para a Igreja de São Sebastião, junto à ribeira do Canção, perto da Quinta do Bispo, com a contrapartida de darem lições de latim; 1594, 25 junho - instalam-se nas casas que aqui edificam; 1603, 29 maio - alvará confirma a doação das terras dadas pelos vereadores no rocio mais perto da cidade, para edificarem convento; 1625 - inauguração do novo convento de São Paulo, construído junto ao Aqueduto da Amoreira, nas imediações do local onde hoje existe a Escola Secundária, deixando à Câmara o sítio de São Sebastião; 1658 - com a Guerra da Restauração (1640-1688), os frades abandonam o convento, que é destruído para não servir de guarida ao inimigo, e estabelecem-se intramuros, numas casas junto à Igreja da Madalena, atual Nossa Senhora das Dores; os frades mantêm-se na Igreja da Madalena até à construção do novo e definitivo convento; 1663, 23 abril - provisão para se fazer o tombo dos bens do convento; 1665, 27 março - provisão para se dar água do Aqueduto da Amoreira aos padres do convento; 1666, 20 abril - carta manda que, do fundo das fortificações, se pague o aluguer das casas em que residem os padres de São Paulo; 1679, 28 outubro - colocação da primeira pedra na obra de construção do novo convento, pelo bispo de Elvas, D. Alexandre da Silva; as obras são dirigidas por Francisco Torres, vedor geral de artilharia da Província do Alentejo, e por João Furtado de Mendonça, capitão-geral de artilharia da Província do Alentejo; 1698, 31 agosto - inauguração do convento, para o qual D. Pedro II dá 28.000 cruzados, valor em que fora avaliado o convento demolido; 1703 - 1704 - os militares da província fazem a capela lateral de São Jorge, para a qual dão 250$000; 1721, 31 dezembro - conclusão da igreja do convento, que é benzida pelo bispo da cidade D. João de Souza; até esta data servira de igreja a portaria do convento; 1738 - feitura da arcada da fachada principal, sobre a qual se desenvolvia o coro-alto, conforme apontado nas Memórias Paroquiais; 1758, 30 maio - nas Memórias Paroquiais da Sé, a igreja, dedicada a Nossa Senhora dos Remédios é descrita com "bella architectura de hua nave e três portas sobre que fica o coro, que se estende sobre a magnífica alpendroada de cantaria que no anno de 1738 se fez diante da igreja; a qual tem muitas tribunas e janelas que a fazem clara e alegre, e nove capellas: a maior em q stão as imagens de Nª Sª dos Remédios seu orago; e São Paulo primeiro eremita. Nella tem seu jazigo d. António de Mattos de Noronha 2.º Bispo d'esta cidade que era padroeiro do Convento demolido de onde lhe transladarão os ossos para esta capella. Deixou-lhe duas Missas quotidinas para as quais o administrador do morgado, que o mesmo Bispo instituiu paga 80$000 Reis Cada anno. No cruzeiro sta a capella do sanctissimo e defronte a do Senhor dos Aflitos com sua irmandade, n'esta tem seu jazigo Joseph de Mello de Lacerda seu padroeiro. No corpo da igreja da parte do evangelho a capela de Nª Sª do Carmo imagem de muita devoção n'esta cidade, mui bem ornada, com sua irmandade mui bem assistida. Há mais do mesmo lado a capella do Senhor dos dezemparados, e a de Sancto António. No lado da Epístola a Capella de Sancta Rita mui bem ornada, e tem irmandade bem assistida. A capella de São Jorge, que hé dos militares d'esta provincia, por darem para a sua factura no ano de 1703 a quantia de 250$000 reis juntos das partes a que cada hum pertencia nas prezas feitas na guerra. Na Capella em hum mármore sta o letreiro seguinte - Esta capella he dos militares d'esta provincia e nella se diz hua missa cada mez por sua alma 1704 - A ultima capela he de Sancto André em q se venera a imagem do mesmo sancto"; sabe-se ainda que a Capela da Sagrada Família se situava no cruzeiro, do lado do Evangelho, e o padroeiro da Capela do Senhor dos Aflitos era José de Mello e Lacerda; 1834 - extinção das Ordens Religiosas, continuando a igreja a servir ao culto; 1835, 20 maio - o subprefeito interino da Comarca, Manuel Rodrigues Silvano, informa a Mesa da Misericórdia de Elvas ter proposto à Coroa a transferência do hospital da Irmandade do local onde se implantava, devido à falta de condições, para o extinto mosteiro de São Paulo; 1836, 20 julho - Portaria da 3.ª Repartição do Ministério do Reino autoriza a mudança do hospital para o mosteiro, devendo o edifício do hospital passar para a Fazenda Nacional livre dos encargos que tivesse; a transferência, contudo, nunca se chega a realizar; 1838, 01 abril - após requerimento do Provedor da Misericórdia, o Administrador do Concelho entrega-lhe, a título de depósito ou empréstimo, o órgão da igreja do mosteiro de São Paulo, avaliado entre 30$000 a 40$000; 1830, década - o claustro serve de circo e teatro, assistindo a população das varandas do convento; o mosteiro passa a albergar as tropas de granadeiros ingleses comandadas pelo Coronel Dofgins; 1854 - instala-se no convento a primeira estação de telégrafo elétrico da cidade; mais tarde é sede da Sociedade Assembleia Elvense; 1862, 25 março - durante uma grande trovoada, cai uma faísca sobre a igreja deixando-a ainda mais danificada do que já estava devido ao abandono; umas obras geridas pelo engenheiro Tomás de Aquino de Sousa fazem derrubar uma parede mestra, ficando o edifício em muito mau estado; 12 outubro - abandona o convento a Sociedade Assembleia Elvense para ser ocupado pelo Batalhão de Caçadores n.º 8; 1865, 28 agosto - levantamento do mosteiro com projeto de adaptação a quartel, mas ainda representando, por exemplo, o calefactário; 1873, 24 junho - ratificação do contrato provisório relativo à compra de parte do edifício onde está aquartelado o batalhão de Caçadores n.º 8, pertencente a Joaquim Francisco da Costa, por 950$00; 06 agosto - autorização para a compra de parte do edifício onde está aquartelado o Batalhão de Caçadores n.º 8; 1885 - queda de parte do edifício da igreja; 05 marco - Comando Geral da Engenharia escreve ao tenente da engenheiro José Dias Moreira e Souza, em serviço na Praça de Elvas, para procurar obter, por intermédio da Câmara ou outra via, informações minuciosas acerca do modo de se adquirir a Igreja de São Paulo e edifícios contíguos ao Quartel de Caçadores n.º 8, e do seu custo; 09 março - José Dias Moreira e Souza, informa que a Igreja de São Paulo está entregue à Confraria de Nossa Senhora do Carmo, da qual é juiz a autoridade eclesiástica (Arcebispo de Évora) representado pelo vigário geral de Elvas, tendo a Confraria mandado fazer orçamento das reparações necessárias; informa que para se adquirir o templo basta que o Ministro da Guerra se entenda com o da Justiça e este com o Arcebispo de Évora e, segundo a Câmara Municipal, o Arcebispo não fará grande oposição à cedência da igreja; informa ainda que o proprietário das casas contíguas ao Quartel de Caçadores n.º 8, a que se refere o relatório da Comissão nomeada para proceder ao exame do referido quartel, quer 1.200$000 pelas mesmas, valor definido na matriz, mas parece-lhe que se podiam adquirir até cerca de 1:000$00; 1886 - suspensão do culto na igreja devido ao perigo de ruína, sendo a imaginária transferida para outras igrejas; 1887 - demolição da igreja devido ao perigo de ruína; 1895, 20 junho - Secretaria da Guerra determina que o Quartel de São Paulo seja entregue ao Comando do Regimento de Infantaria n.º 4; 24 junho - entrega do Quartel ao Regimento de Infantaria n.º 4; 1896, 30 março - junto à fachada norte do edifício do quartel e formando com ela um ângulo de 15%, existem umas casas térreas, muito velhas e em mau estado, ocupadas por uma taberna, uma oficina de ferrador e uma forja; perante o "impulso dado às obras de conclusão do quartel", solicita-se a expropriação de tais edificações e a sua aquisição com pequeno dispêndio porque, tendo aquelas edificações janelas e portas abertas para o espaço triangular compreendido entre elas e a fachada do edifício, facilita a introdução de bebidas no quartel; 1901, 14 março - expropriação de uns casebres de um pavimento, com 315 m2 e de uma faixa de terreno com 87 m2 na Av. Conceição para ampliação do Quartel de São Paulo, pertencentes a Virgínia Alvarrão Nobre; 1907, 03 junho - contrato com a Direção da Companhia Elvensa de Moagens a Vapor para instalação da instalação elétrica no quartel; 1930, 14 agosto - Câmara solicita a cedência do pavimento e ruínas da Igreja secularizada para instalação do Corpo de Salvação Pública dos Bombeiros Voluntários de Elvas, mediante as necessárias obras de reparação e adaptação, à custa do cofre do concelho ou de receitas que a instituição dos bombeiros angariasse entre moradores da cidade; 24 setembro - Ministro da Guerra autoriza a cedência da igreja à Câmara, atendendo ao fim humanitário em vista; 27 outubro - considera-se que o prédio pedido não satisfaz as condições necessárias a um quartel, visto não se situar em local central e o acesso ser mau, dada a diferença de nível entre a calçada e o pavimento da nave da igreja; a igreja tem apenas as paredes mestras, "a cobertura que era construída por uma abobada foi há muitos anos demolida", e o conjunto "architectonico da fachada principal" é ainda muito aproveitável e acha-se em bom estado de conservação, podendo ser adaptada para um futuro corpo do comando do quartel de São Paulo, o que muito iria beneficiar a capacidade do quartel; ainda assim, elabora-se as condições de cedência, entre elas mediante renda anual de 600$000 e por períodos prorrogáveis de 3 anos; 17 novembro - ofício da Câmara a responder não ser conveniente aos interesses do município o arrendamento por 600$00; quando muito conviria comprá-lo por um preço muito reduzido, dado o prédio estar arruinado, não servindo ao Ministério da Guerra, e para ser aproveitado pela Câmara teria de fazer-se grandes dispêndios; 29 novembro - ofício à Câmara a perguntar qual a renda anual que poderia pagar pelo edifício, visto a venda a baixo preço não poder ser inferior a uns 200.000$00, quantia certamente elevada para as possibilidades do município; 1931, 22 janeiro - decide-se que o edifício da igreja é necessário para o alargamento do acanhado quartel de São Paulo, considerando irrisória a quantia oferecida pela Câmara, muito aquém do valor do terreno, com cerca de 730 m2, valendo mais de vinte e dois contos, a que se adicionava o valor de uns 4.000 m2 de alvenaria, incluindo grande quantidade de boas pedras de mármore, totalizando uns 200.000$00; 13 abril - o Batalhão de Caçadores n.º 8 solicita ao Chefe de Estado-Maior da 4.ª Região Militar de Évora que a igreja seja imediatamente anexada ao quartel dado que, havendo pretensões sobre ela, isso poderia vir a prejudicar o quartel; 30 abril - auto de entrega da igreja ao Batalhão de Caçadores n.º 8; a partir desta data, a igreja passa a estar afeta ao Ministério do Exército; 1938, 07 setembro - o Batalhão de Caçadores n.º 8 solicita ao Governador Civil de Elvas autorização para que os compartimentos que constituem o PM 81, da Rua dos Cavaleiros n.º 31-31B, alugados a particulares, fossem entregues ao Batalhão, à medida que findassem os respetivos contratos, de modo a servirem para arrecadação de material; 08 outubro - Despacho do Ministério da Guerra autoriza a entrega ao Batalhão de Caçadores n.º 8, à medida que findarem os contratos de arrendamento dos compartimentos do pavimento térreo do quartel existentes na Rua dos Cavaleiros n.º 31-31B, cujos arrendamentos terminam: n.º 31 a 31 maio 1939, n.º 31A a 30 junho 1939 e n.º 31B a 31 março 1939; 1939, 05 julho - auto de entrega ao Batalhão de Caçadores n.º 8 dos compartimentos do pavimento térreo do quartel, existentes na Rua dos Cavaleiros n.º 31, 31A e 31 B; 1940, 31 dezembro - a Igreja São Paulo é avaliada em 50.000$00 e o restante edifício em 1.144.000$00; 1949, 09 agosto - auto de receção definitiva das obras de adaptação dos quartéis de São Paulo e do Trem da Praça de Elvas - 1ª fase - refeitório e instalações de sargentos, pelo empreiteiro Silvério Lourenço, representando a firma Fernando Pires Coelho, Ld.ª; 1950, até - construção de um edifício em U, pela C.E.O.M.E., para refeitório e instalações de sargentos, constituído em parte pela adaptação da antiga cozinha e balneário e em parte pelo seu prolongamento e, por outro lado, com a demolição de pequenos edifícios anexos destinados a casas de banho, retretes gerais, prisão e lavadouro; as obras custam 4.350.000$00; 31 dezembro - data do tombo do PM 81, compreendendo 47 divisões, destinadas a refeitório para praças do quadro permanente e recrutas, cozinha e dependências anexas, sala de soldados, parque, três salas de aula, messe de sargentos, cozinha de dependências anexas, refeitório para cabos milicianos, seis quartos para sargentos, instalações sanitárias, balneário e retretes gerais, barbearias para sargentos e praças, cantina e sala de leitura, dotado destinado a alojamento de cabos milicianos ou arrecadações, lavadouro estendedouro de roupa, etc., sendo avaliado em 5.494.000$00; 1951, início - Despacho ministerial aprova o contrato de compra e venda ao Estado dos 5 prédios no montante de 257.720$00 destinados às obras de alargamento do quartel; 14 fevereiro - carta à Câmara informando que sendo 8 o número de prédios a demolir na Rua dos Cavaleiros para alargamento do Batalhão de Caçadores, torna-se necessário que o número de moradias a reservar pelo Município no bairro de casas para pobres seja igual ao número de famílias que ali se encontram; 10 outubro - auto de receção provisória dos trabalhos de canalizador; auto de cedência ao Ministério do Exército de 5 moradias que haviam sido adquiridas para alargamento do quartel do Batalhão de Caçadores n.º 8, por 257.710$00; 20 dezembro - auto de receção definitiva dos trabalhos de construção civil necessários para garantir o abastecimento de água ao Batalhão, pelo empreiteiro Fernando Pires Coelho Ld.ª e pelo empreiteiro António dos Nós; 29 dezembro - venda ao Estado do prédio na Rua dos Cavaleiros n.º 39-39ª, inscrito sob o n.º 288, por D. Ana Teodora Picão Barradas; 1953, 30 dezembro - Despacho ministerial autoriza a compra para o Estado de três moradias, destinados ao alargamento do Quartel de Caçadores n.º 8; 1954, 30 março - auto de cedência ao Ministério do Exército de mais três moradias, adquiridas por 177.000$00; 1971 - relatório refere que o PM 98/Elvas, denominado pavimento e ruínas da igreja, apresenta enormes rachas nas paredes velhas, o que leva a prever o perigo de algum desmoronamento, podendo causar estragos e vítimas, pelo que se propõe que sejam as ruínas reconstruídas ou devidamente escoradas; pensa-se demolir a igreja devido às rachas e ao mau estado: "não havendo outra solução, o desaparecimento das referidas ruínas"; 1972, 13 junho - um outro relatório do tenente-coronel de Infantaria Luís Ataíde da Silva Banozol refere "as instalações localizadas em vários edifícios muito antigos são duma maneira geral, húmidos e escuros e necessitam, bem como os telhados de constantes reparações. As casernas da recruta perfeitamente funcionais para 600 homens e não para mais que já cria problema de certa gravidade quanto a instalações"; as obras essenciais estão planeadas pelo SFOM contudo havia que acelerar a pintura geral das portas, janelas, tetos da cozinha e refeitório das praças; a cozinha do rancho geral necessita de atualização, pois funciona precariamente; 23 julho - questiona-se a demolição da igreja e, em caso afirmativo, quais as condições para se proceder à mesma; relatório do engenheiro civil Alfredo Pereira de Almeida refere que 1) nas paredes, de uma forma geral não apresentam perigo de ruína; 2) o seu estado de conservação é deficiente e a existência das nascenças da antiga abóbada na parte superior do alçado lateral provoca infiltrações na parede do quartel com o prejuízo para o seu bom aspeto e conservação; 3) nas paredes de pequena espessura, existentes nos vãos das paredes laterais há fendas e vestígios de ruína, sendo conveniente a sua reparação o mais urgente possível; 4) quanto à vantagem ou desvantagem da demolição destas paredes parece que só superiormente poderá ser decidido; 1978, 23 julho - o 2.º e 3º piso é ocupado pelo TMTE e a cave e o piso térreo pelo CR/RMS; 1989- aqui passa a funcionar a Casa de Reclusão Militar; 1996 - considera-se possível a cedência ao MAI/GNR de parte do prédio militar; 1999 - disponibilização parcial do edifício pelo Exército; 2002 - aqui deixa de funcionar a Casa de Reclusão Militar, sendo os presos transferidos para o Presídio Militar de Tomar; as ruínas da igreja e as casas de habitação adossadas são disponibilizadas pelo Exército para alienação (casas n.º 31A e 31B na Rua dos Cavaleiros situando-se no 1.º pavimento do antigo convento; n.º 32, 32A, 33, 33A, 35, 36, 37, 37A, 38, 38A, 39 e 39A na Rua dos Cavaleiros); n.º 13 fazendo gaveto com a Rua do paço); 2004 - aqui deixa de funcionar o Tribunal Militar do Sul; 2005, 18 agosto - ofício n.º 2485/QMG informa da disponibilização total do edifício; 2006, 09 março - ofício do João Manuel Valente Pereira Carpinteiro, presidente da Fundação João Carpinteiro manifesta interesse em candidatar-se ao PM 81/Elvas, por desejar um espaço de certa dimensão onde pudesse funcionar a sede e depositar e expor ao público o seu espólio de Artes e Ofícios; 28 junho - auto de mudança de utente do prédio militar, pelo Quartel-General da Região Militar do Sul ao Regimento de Cavalaria n.º 3; 2007- solicita-se à Direção Geral do Tesouro e Finanças a avaliação do prédio militar, sendo nomeado o engenheiro Miguel Nato, da firma "LUSOAVAL" para proceder à mesma; 28 maio - Cruz Vermelha solicita ao Regimento de Cavalaria n.º 3 autorização para utilizar as instalações do antigo presídio militar de Elvas para funcionar como sede; 29 agosto - a Cruz Vermelha Portuguesa pede a utilização temporária para utilização do espaço do ex-tribunal militar, por um período de 3 meses, para a Escola Superior Agrária de Elvas e Cruz Vermelha Portuguesa, dado irem iniciar-se as obras na sua sede; 2008, 08 setembro - nos termos da lei orgânica n.º 3/2008, e do Decreto-Lei n.º 219/2008, de 12 novembro, o edifício encontra-se disponibilizado pelo Exército para efeitos de rentabilização; 04 novembro - a Liga dos Combatentes do Núcleo de Elvas solicita o empréstimo de uma sala do edifício da ex-casa de reclusão; 2010, 10 março - propõe-se a demolição da fachada sul da igreja e das casas n.º 32, 32A, 33, 33A, 34, 36, 36A, 37, 37A, 38, 38A, 39 e 39A; março - derrocada das ruínas da Igreja de São Paulo e casas de habitação da Rua dos Cavaleiros e da Rua do Paço; 07 julho - a Diretora da Direção Regional da Cultura do Alentejo, Aurora Carapinha, solicita à Direção das Infraestruturas, Repartição Técnica de Engenharia, a suspensão da empreitada de demolição, por 10 dias úteis, dilação considerada necessária para que a DRCA e o IGESPAR procedessem à avaliação da situação; 2012 - o edifício encontra-se vandalizado e em processo de degradação; 2014, 04 abril - auto de cedência e aceitação de um conjunto de prédios militares de que fazia parte o Convento de São Paulo, à Câmara Municipal de Elvas, por um período de 50 anos, com vista à sua recuperação e reabilitação, permitindo a sua fruição pública pela população residente e visitantes e a sua afetação a outros fins de utilidade pública; 2016, 29 julho - lançamento do concurso público para a reabilitação do convento; 03 agosto - assinatura de protocolo de colaboração entre a Câmara Municipal de Elvas, a Direção Geral do Património Cultural, a Direção Regional de Cultura do Alentejo e o Turismo de Portugal, I.P., com vista à concretização do projeto de reabilitação do convento no âmbito do Programa REVIVE; 05 agosto - deflagração de violento incêndio nas instalações onde funcionara o Tribunal Militar de Elvas; 21 de outubro - assinatura de contrato com a VILA GALÉ - Sociedade de Empreendimentos Turísticos, S.A. para a reabilitação do convento e exploração de uma unidade hoteleira de 4 estrelas; 2019, 22 junho - inauguração do hotel Vila Galé Collection Elvas - Historic Hotel, Conference & Spa, que tem 79 quartos, dois restaurantes, bar, piscina exterior, duas salas de reuniões, um salão de eventos e spa Satsanga com salas de massagens, jacuzzi, banho turco, sauna e piscina interior.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes e autónomas.

Materiais

Bibliografia

BUCHO, Domingos - Cidade-Quartel Fronteiriça de Elvas e suas Fortificações. Lisboa: Edições Colibri; Câmara Municipal de Elvas, 2013; GAMA, Eurico - A Santa Casa da Misericórdia de Elvas. Coimbra: s.n., 1954; JESUÍNO, Rui - Elvas - Histórias do Património. s.l.: Rui Jesuíno; Booksfactory, 2016; MORGADO, Amílcar F. - Elvas: Praça de Guerra, Arquitectura Militar. Elvas: Câmara Municipal de Elvas; Grupo de Apoio e Dinamização Cultural de Elvas (G.A.D.I.C.E.), 1993; PINTO, Natália, PEREIRA, Mário, NABAIS, António - Castelo de Elvas. Lisboa: IPPAR, 1991.

Documentação Gráfica

Direção de Infraestruturas do Exército: Tombo dos Prédios Militares: PM 81/Elvas - Quartel de São Paulo, GEAEM, SIDCarta

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, SIPA

Documentação Administrativa

Direção de Infraestruturas do Exército: Tombo dos Prédios Militares: PM n.º PM 81/Elvas - Quartel de São Paulo, PM 98/Igreja arruinada de São Paulo; DGALB/TT: Memórias Paroquiais, vol. 13, n.º (E) 14, p. 71 a 106 (Sé)

Intervenção Realizada

1929 / 1930 - reparação parcial da instalação elétrica do quartel, por 8.000$00, utilizando uma parte do material existente, pertença da Companhia que não concorreu para fazer a reparação; 1956 - construção de fogão de alvenaria com o tampo em ferro para a cozinha, de 3,66 m x 2,30 m x 1m, com 8 bocas, para substituir o demolido, fazendo parte da cozinha do aquartelamento; 1983 - remodelação de parte da cobertura do Tribunal Militar pela firma CUOP - Cooperativa de Unidade Operária de Construção Civil Alentejana; 1984 - remodelação da casa de reclusão, 1ª fase pela firma CUOP - Cooperativa de Unidade Operária de Construção Civil Alentejana; 2019 - conclusão das obras de adaptação do edifício a hotel de 4 estrelas, pelo Grupo Vila Galé, no âmbito do programa REVIVE, investimento na ordem de nove milhões de euros.

Observações

EM ESTUDO.

Autor e Data

Paula Noé 2019

Actualização

 
 
 
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