Igreja do Hospital do Espírito Santo

IPA.00014006
Portugal, Évora, Portel, Portel
 
Arquitectura religiosa, maneirista, chã, barroca, rococó. Igreja de uma nave com fachada maneirista. No interior coro-alto e cabeceira de dois registos de altares sobrepostos; altares em talha dourada e policromada, o do registo superior de transição do barroco joanino para o rococó, o inferior rococó josefino; sanefas de talha e púlpito rococó; pinturas neoclássicas nas coberturas da sacristia e vestíbulo. Os registos de altares na cabeceira, destinados o inferior ao público e o superior aos enfermos, cuja estrutura e decoração em talha ecoa a do coro-alto. A cobertura contínua de nervuras reticulada, de arestas vivas de secção quadrada. Contraste entre a austeridade exterior e a riqueza do programa decorativo interior.
Número IPA Antigo: PT040709050031
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja  

Descrição

Planta rectangular, composta por igreja, sacristia, vestíbulo, torre sineira. Volumes articulados, massas dispostas na vertical. Cobertura homogénea em telhado de quatro águas. Fachada principal a SO., com escadaria, dividida em dois registos: o primeiro com portal, com portas almofadadas relevadas, composto por pilastras e colunas com capitéis jónicos, frontão semicircular e porta lateral em arco de volta perfeita; o segundo registo com dois vãos rectangulares a encimar as portas de acesso; torre sineira de duas ventanas a delimitar a fachada SE., sobressaindo do remate, em cornija coroada por pináculos piramidais. Fachada SE. compõe-se pelo alçado da torre sineira com uma ventana e contraforte adossado. INTERIOR: espaço diferenciado da nave separada da zona de altares por gradeamento férreo, sobre pavimento mais elevado e para o qual se sobe por três degraus. Cobertura contínua em abóbada de nervuras reticulada de barrete de clérigo. No alçado SO. porta antecedida de guarda-vento; coro-baixo em arco de asa de cesto assente em impostas salientes; nos seus alçados laterais várias pias de água benta em forma de concha; coro-alto com vãos rectangulares, o da direita de acesso ao edifício do Hospital , sobrepujados por sanefas de talha dourada e policromada; janelão rectangular axial igualmente sobrepujado por sanefa de talha em dossel; varandim em gradeamento de ferro forjado; pia de água benta embebida na parede do alçado NO.. Alçado SE.: de dois registos; no inferior púlpito, com caixa almofadada, com porta de acesso de vão rectangular; segue vão de porta, junto aos altares; no segundo registo, sobre o púlpito, corre tribuna abrindo para a nave por janelões rectangulares, de molduras pétreas e vergas alteadas, munidos de rótulas até meia altura. Alçado NO. cego. Alçado NE. separado da nave por gradeamento férreo e pódio com acesso por três degraus; lateralmente dois vãos de erga recta sobrepujados por sanefas idênticas aos vãos do coro-alto; o vão da direita dá acesso ao edifício do Hospital; o alçado dispõe-se em dois registos: no inferior composição retabular de três altares, em arco de volta perfeita, sendo o central, da Senhora da Boa Morte, mais largo que os laterais, de invocação a São José e São João de Deus *1; apresentam talha dourada e marmoreada, profusamente decorada com vieiras, enrolamentos, palmetas e ornatos diversos; no registo superior o altar-mor constituíndo galeria, sobre a estrutura retabular inferior, com varandim semelhante ao do coro-alto; nos alçados laterais rasgam-se portas com idênticas às inferiores; retábulo-mor de pilastras rematadas por pináculos, volutas e concheados; ao centro dossel em talha semelhante ao da sanefa do janelão do coro-alto; dos lados edículas com imagens sobre misúlas concheadas; sacrário decorado com as armas reais; mesa de altar entalhada e dourada, decorada com palmetas, grinaldas, sanefas, cordão e escudo real; nos alçados laterais ferros de suspensão dos lampadários, zoomórficos, e pintura de fingidos de pedra, marmoreada. Sacristia de planta rectangular com cobertura em abóbada de berço abatida com pinturas de caracter vegetalista tendo ao centro as armas reais em tabela oval; lavatório em mármore rococó, com espelho festonado e com a representação da pomba do Espírito Santo.Vestíbulo com cobertura em abóbada de aresta viva com pintura de composição floral e vegetalista.

Acessos

Rua do Espírito Santo

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 446/2012, DR, 2.ª série, n.º 181, de 18 setembro 2012

Enquadramento

Urbano, flanqueado. Integrada e alinhada no alçado da rua, inserida na construção hospitalar.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: igreja

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 13 / 16 /18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

Séc. 13 - fundação do hospital, com características de albergaria; 1263 - aprovação dos Estatutos, sendo o seu primeiro procurador o padre Francisco da Conceição; 1304 - Dom João Fernandes de Lima e Dona Maria Anes, filha de Dom João Peres de Aboim, eram os seus padroeiros; 1396 - o donatário de Portel, Nuno Álvares Pereira, aprova a confirmação da confraria; 1541 - o Duque de Bragança, Teodósio I, patrocina as ampliações arquitectónicas do complexo hospitalar; Séc. 16, meados - o hospital é integrado na provedoria do convento de São Evangelista dos cónegos Regrantes de Santo Elói, de Évora, que o vão administrar até ao momento da extinção da sua Ordem; Séc. 16, segunda metade - o hospital é anexo à Santa Casa da Misericórdia de Portel, a par da irmandade do Corpo de Deus; 1631 - Dom João IV concede-lhe o privilégio de Hospital Real; 1593 / 1747 - a igreja assumiu igualmente as funções de matriz, durante as obras de remodelação da Matriz de Nossa Senhora da Lagoa; Séc. 18 ( conjectural ) - construção do coro-alto e do púlpito; campanha decorativa traduzida na transformação dos altares, introdução de elementos de talha dourada e marmoreada sobre os vãos, obras de pintura e escultura; 1751 - consagração do altar-mor; 1808 - portadas dos vãos de entrada da igreja e hospital; 1998, 06 fevereiro - Proposta de classificação por parte de particular; 2003, 14 janeiro - Proposta de classificação pelo IPPAR/DRÉvora; 2003, 15 maio - Despacho de abertura do processo de classificação pelo Presidente do IPPAR; 2008, 01 outubro - Proposta da DRCAlentejo para a classificação como IIP - Imóvel de Interesse Público e de ZEP; 2009, 03 março - Parecer favorável à classificação e ZEP pelo Conselho Consultivo do IGESPAR; 2010, 08 julho - Despacho de homologação da ZEP pelo Secretário de Estado da Cultura; 2010, 08 julho - despacho de Homologação de classificação como MIP - Monumento de Interesse Público, pelo Secretário de Estado da Cultura; 2012, 20 de abril - publicado no DR, n.º 79, 2.ª série, o Anúncio nº 8776/2012 de Projeto de Decisão relativo à classificação como MIP - Monumento de Interesse Municipal e fixação da respetiva ZEP.

Dados Técnicos

Estrutura mista, com abóbada única, polinervada, com caixotões; abóbada de berço abatida na sacristia e de aresta viva no espaço de acesso desta à igreja.

Materiais

Alvenaria de pedra rebocada e caiada ou pintada; mármore em degraus da fachada, portal, degraus de acesso à zona de altares, molduras das portas, púlpito, pias de água benta; madeira em pavimento, corta vento, portas, altares, grades das varandas interiores; ferro em grades do coro-alto e da zona dos altares

Bibliografia

PATALIM, Francisco de Macedo de Pina, Relação Histórica da nobre vila de Portel, 1730; ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Évora, Lisboa, 1978; BRAVO, António Maria, O concelho de Portel e as Memórias Paroquiais de 1758 ( texto policopiado), 1995; ARAÚJO, Maria Marta Lobo de, "O Hospital do Espírito Santo de Portel na Época Moderna", Cadernos do Noroeste, Série História 3, 20 (1 - 2 ), 2003, pp. 341 - 409 (artigo disponível em http://www.hist.ics.uminho.pt/membros/martalobo/martalobo_hospitalportel.pdf)

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS; IANTT: Memórias Paroquiais de 1758, Lisboa

Intervenção Realizada

Observações

*1 - Os altares de São José e de São João de Deus eram, até transformação ocorrida no Séc. 18, respectivamente, do Senhor Preso à Coluna e do Senhor Jesus da Cana Verde.

Autor e Data

Paula Amendoeira 1999

Actualização

 
 
 
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