Convento do Senhor da Fraga / Convento do Santo Cristo da Fraga

IPA.00013728
Portugal, Viseu, Sátão, Ferreira de Aves
 
Convento franciscano capucho, muito arruinado, apenas restando algumas paredes e a igreja, muito alterada nos elementos arquitectónicos e decorativos, constituindo um dos edifícios mais eruditos da Província, com fachada dinamizada pelo remate recortado e pelo óculo em leque, e com planta ostentando várias capelas laterais, uma delas a que deu origem ao núcleo, de maiores dimensões, composta por dois tramos e um deambulatório, facilitando a circulação dos fiéis durante as romagens. que perdeu a sua antiga galilé, ainda no séc. 19, tendo sido rasgados três vãos na fachada. É de planta rectangular, com dois corpos rectangulares adossados, seguindo uma estrutura maneirista, apesar de efectuado em meados do séc. 18, constituído por igreja de planta retangular, com capelas laterais adossadas e capela-mor mais estreita, possuindo coberturas internas diferenciadas em falsas abóbadas de berço, assentes em cornija de cantaria, iluminada bilateralmente por janelas rectilíneas rasgadas nas fachadas laterais. Fachadas com cunhais apilastrados, os da zona conventual com silhares almofadados, rematadas por friso, cornija e beirada simples. Fachada principal com remate em empena contracurva, interrompida e com fragmentos de cornija, seguindo os esquemas barroco finais dos conventos de Santo António de Viana, Melgaço, Monção, Orgens e Moncorvo; ao centro galilé em arco abatido, tendo no interior o portal axial e as portas da portaria e da Capela do Senhor dos Passos, encimada pelo janelão do coro-alto, encimada por óculo e, leque, semelhante ao do Convento de São Pedro do Sul. No lado esquerdo, campanário de dois registos separados por friso e cornija, o inferior com janelas rectilíneas e o superior com uma sineira em arco de volta perfeita e remate em cornija contracurva. Interior com pavimento em lajeado, com sepulturas na zona da nave, e coro-alto em arco abatido, assente em pilares toscanos. No lado do Evangelho, o púlpito setecentista, quadrangular, com guarda plena com talha pintada e ornado por cartelas com acesso por porta em arco de volta perfeita. No mesmo lado, as portas de verga recta dos antigos confessionários, surgindo, lateralmente, três capelas, uma delas bastante profunda, com cobertura em abóbadas de berço de cantaria, possuindo, retábulos de talha dourada rococós ou revivalistas neorococós. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, encimado por um Calvário, composto pelo Crucificado, a Virgem e São João Evangelista, ladeado por retábulos de talha dourada tardo-barroco. Dá acesso à capela-mor, com supedâneo de cantariaonde surge retábulo-mor de telha pintada, tardo-barroco.zona conventual, no lado esquerdo, encontra-se muito adulterada, mantém algumas fachadas, onde se rasgam as janelas das celas, quadrangulares, e as regrais, que iluminavam os corredores dos dormitórios, de maiores dimensões. No lado oposto à igreja, vestígios do refeitório e cozinha. O claustro tinha cinco arcadas no piso inferior, com acesso pelo arco intermédio, e arquitravado no superior, suportados por colunas toscanas, achando-se integrado no Museu do Caramulo.
Número IPA Antigo: PT021817040031
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem de São Francisco - Franciscanos Capuchos (Real Província da Conceição)

Descrição

Conjunto conventual de planta rectangular irregular, composta pelo corpo da igreja e pela zona conventual arruinada, com um corpo quadrangular adossado ao anterior, de onde sai um pequeno corredor, que liga a um segundo corpo quadrangular, situado no lado esquerdo. IGREJA com planta longitudinal composta por nave, antecedida por galilé, para onde abrem quatro capelas, uma delas profunda e rodeado por estreito deambulatório, e capela-mor mais estreita, de volumes articulados e coberturas diferenciadas em telhados de duas águas. Fachadas em alvenaria de granito aparente, com as juntas preenchidas a cimento, percorridas por embasamento em alvenaria e cantaria, flanqueadas por cunhais apilastrados firmados por fogaréus, rematadas por friso, cornija e beirada simples. Fachada principal virada a E., com remate em empena recortada, marcada por friso e fragmentos de cornija, com cruz latina de hastes floreadas no vértice. É rasgada pelo arco abatido e assente em pilastras toscanas de acesso à galilé, encimada pelo janelão do coro e por óculo em leque, com moldura comum, recortada e volutada. Na galilé, com cobertura em falsa abóbada de berço, rebocada e pintada de branco e pavimento em lajeado de granito, surge o portal axial, de verga recta e remate em dupla cornija, possuindo, nas ilhargas, o acesso rectilíneo à antiga portaria, no lado esquerdo, e a antiga Capela do Senhor dos Passos, também rectilínea, no direito, protegida por porta de madeira de duas folhas e vidraças, ambas com molduras salientes, em cantaria de granito. Fachada lateral esquerda, virada a S., parcialmente adossada à antiga zona conventual, com um janela rectilínea rasgada na fachada lateral esquerda. Fachada lateral direita, virada a N., marcada pelo corpo bastante saliente de uma capela lateral, rasgada, em ambas as faces por janelas rectilíneas em capialço, surgindo três frestas no deambulatório e nos corpos da nave e capela-mor, duas janelas rectilíneas. Fachada posterior em empena cega. Todas as janelas se encontram protegidas por grades de ferro. No lado esquerdo, campanário de dois registos divididos por friso e cornija, o inferior rasgado por duas janelas quadrangulares e o superior com sineira em arco de volta perfeita *1 e remate contracurvo, com catavento no vértice. INTERIOR com a nave possuindo paredes em alvenaria de granito, com as juntas preenchidas com argamassa de cimento, com cobertura a duas águas de madeira encerada, assente em friso, alteada relativamente à cornija que sustentava a primitiva cobertura e pavimento em lajeado de granito. Coro-alto em arco abatido, rebocado e pintado de branco, embebido nas paredes da igreja e sustentados por duas mísulas galbadas., com guarda metálica vazada e acesso por porta de verga recta e moldura saliente no lado do Evangelho. Nesta parede, rasgam-se duas janelas amplas, rectilíneas e com grades de ferro, mas que não transmitem luz ao interior. No lado do Evangelho, dois vãos rectilíneos, correspondentes aos antigos confessionários, o segundo encimado por púlpito quadrangular, com bacia em cantaria, ostentando vestígios de policromia, com guarda plena em talha pintada de bege e dourado, formando cartelas e motivos vegetalistas, onde predominam os acantos, com acesso por porta de verga recta com moldura saliente. Nas paredes surgem quatro vãos de volta perfeita assentes em pilastras toscanas, os do lado do Evangelho, integrando a Capela de Nossa Senhora das Dores e o segundo correspondendo a uma pequena sacristia, onde se situava a porta de acesso à zona regral; no lado oposto, a Capela profunda do Senhor da Fraga e a Capela de Santo António. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, encimado por três nichos de volta perfeita, assentes em mísulas, onde surge um Calvário; está ladeado por dois retábulos colaterais, de talha policroma e dourada, dedicados ao Sagrado Coração de Jesus (Evangelho) e a Nossa Senhora das Graças (Epístola). Todas as capelas possuem nichos para alfaias com molduras simples em cantaria, encimados por motivos vegetalistas, integrando uma cruz latina, e, nas capelas, surgem portas laterais de verga recta, de acesso a arrumos ou antigos confessionários. Elevada por um degrau, a capela-mor, com paredes em alvenaria de granito aparente, com cobertura em falsa abóbada de berço abatido, de madeira, encerada, sobre pequena cornija do mesmo material, alteada relativamente à cornija de cantaria que sustentava a primitiva cobertura, com pavimento em lajeado de granito. Às paredes laterais adossam-se dois conjuntos do primitivo cadeiral, o do Evangelho com três cadeiras e no oposto, seis, em madeira de castanho encerada, com assentos fixos e braços e pernas volutadas. Sobre supedâneo de cantaria, de perfil recortado, surge o retábulo-mor, de talha policroma, de bege e falsos marmoreados, de planta recta e três eixos definidos por duas pilastras e duas colunas com os fustes pintados de marmoreados fingidos, pontuados por elementos fitomórficos dourados, com capitéis coríntios, assentes em altos plintos paralelepipédicos, decorados com folhagem. Ao centro, a tribuna de perfil contracurvo, com o fundo pintado de azul celeste, pontuado por estrelas, contendo trono expositivo de cinco degraus; na base saliente, surge o sacrário embutido, com a porta ornada por recortes e um cálice. Os eixos laterais possuem mísulas bolbosas, com apainelados pintados de azul, encimados por falsos baldaquinos dourados, decorados por acantos. A estrutura remata em espaldar recortado e ornado por concheados, vazado por óculo, onde se enquadram as armas franciscanas, possuindo altar paralelepipédico, à frente do qual surge a mesa de altar de talha pintada e dourada, assente em dois plintos galbados. No lado do Evangelho, uma credência de madeira encerada. CONVENTO de planta rectangular simples, desenvolvido em torno de pátio central, com dois corpos adossados, um ao lado esquerdo e outro ao direito, abrindo para o terreiro, todos sem coberturas e sem as dependências internas, resumindo-se às paredes exteriores. O corpo principal tem as fachadas flanqueadas por cunhais em cantaria de silhares almofadados, com a principal, virada a E., rasgada por cinco pequenas janelas e uma de maiores dimensões, todas rectilíneas, correspondendo a cinco celas e uma janela regral, surgindo, na fachada S., seis pequenas janelas e uma janela regral, correspondendo a seis celas. Neste lado, observa-se uma chaminé, que poderá corresponder à primitiva cozinha ou à antiga casa do fogo. O corpo junto ao terreiro, possui um muro alto, a individualizar o convento, rasgado por portão, protegido por duas folhas metálicas, ladeado por duas janelas com grades de ferro, surgindo, no lado direito, uma segunda porta rectilínea, de verga recta e moldura de cantaria, rematada por cornija contracurva, com uma folha metálica.

Acessos

Na povoação denominada Quinta da Madalena, no concelho de Ferreira de Aves.

Protecção

Categoria: CIP - Conjunto de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 278/2013, DR, 2.ª série, n.º 91 de 13 maio 2013

Enquadramento

Peri-urbano, isolado, localizado a meia-encosta com acesso por uma calçada íngreme, no topo da qual surge escadaria de cantaria, que leva ao pequeno terreiro do convento, pavimentado a lajeado de granito. Possui um pano de fundo bastante elevado e escarpado, com vista privilegiada sobre a povoação da Madalena e zona envolvente. Na base do imóvel, várias parcelas de terras de cultivo.

Descrição Complementar

A Capela de Nossa Senhora das Dores possui um retábulo de talha pintada e dourada, de planta convexa e um eixo definido por duas colunas com o terço inferior estriado e envolvido por falsa espira fitomórfica, assente em plintos galbados, tendo, ao centro, nicho contracurvo, com a imagem do orago enquadrada por um painel onde se inscreve uma cruz envolvida pelo Sudário. A estrutura remata em fragmentos de frontão com concheados, que enquadram espaldar com uma Fénix envolvida em resplendor e, nos extremos, surgem duas mísulas com imaginária. A Capela de Santo Cristo é bastante profunda, com dois tramos divididos por pilastras que se prolongam pela cobertura, em falsa abóbada de berço rebocada e pintada de branco, com pavimento em lajeado de granito, possuindo, em torno do primeiro tramo um estreito deambulatório. No topo da Capela, o retábulo, de talha policroma, de planta convexa e três eixos definidos por colunas de fuste liso, tendo, ao centro, nicho de volta perfeita, contendo trono de três degraus, com a imagem do orago, flanqueado por duas mísulas envolvidas por apainelados recortados, onde se inscreve imaginária; a estrutura remata em fragmentos de frontão e espaldar, ornado por atributos da Paixão de Cristo (turquês, cravos, martelo e coroa de espinhos), sustentados por dois anjos tenentes; altar em forma de urna, com cartela pintada central. Ao lado desta, a actual Capela de Santo António, antiga Capela do Santíssimo, com retábulo de talha pintada e dourada, de planta convexa e um eixo definido por duas colunas semelhantes às do retábulo da Senhora das Dores que sustentam friso, cornija, fragmentos de frontão e espaldar ornado por acantos e concheados, possuindo nicho de volta perfeita com a imagem recente do orago, flanqueado por quatro mísulas, as duas inferiores com imaginária e, nas superiores, dois braços-relicários. Os retábulos colaterais são semelhantes, com estrutura e colunas iguais aos das capelas laterais, excepto no remate, onde se evidencia alto espaldar recortado, rematado por cornija, contendo resplendores, ambos com fénices, surgindo, no interior do nicho, as imagens novecentistas dos oragos.

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja / Em ruínas

Propriedade

Privada: Igreja Católica (igreja) / pessoa singular (convento)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

MESTRE DE OBRAS: Manuel Fernandes (atr., 1760-1770). PEDREIRO: Jerónimo de Andrade (1742); e Manuel Ferreira (1758). PINTOR-DOURADOR: Joaquim da Cunha (1958).

Cronologia

1705, 24 Abril - nascimento da Real Província da Conceição *2, por Breve de Clemente XI; 1741 - 2 moleiros acharam, junto a uma Fraga, uma imagem de um Crucificado, alegadamente medieval e que teria sido escondido pela freiras do Mosteiro do Vencimento; chegada ao local do cónego Agostinho Nunes de Sousa e 9 companheiros, os quais deixaram a imagem e 13$020 entregues ao capitão-mor de Ferreira de Aves, António de Oliva e Sousa Cabral; 1742 - o cónego Agostinho Nunes de Sousa e a tia, Sebastiana de Almeida, dotaram uma capela a construir no local com bens situados em Lamas e Aldeia Nova, que valiam 241$000, rendendo, anualmente, 7$000; 8 Março - lançamento da primeira pedra da capela; contratação do pedreiro Jerónimo de Andrade, de Fail, para construção da casa de apoio aos romeiros, com planta cedida pelo cónego fundador; 26 Julho - a capela-mor estava concluída, tendo sido benzida pelo padre Fradique Lopes Valente, da Quinta do Pinheiro, composta pelo altar com a imagem do orago; autorização para a população pedir esmolas para a construção das nave e sacristia; o capitão-mor de Penalva do Castelo, João Rodrigues Pereira de Albuquerque e Castro, pagou um terço dos custos da pedraria; 1743 - no local, achava-se um capelão; os Mantelatos de Santo Agostinho pediram autorização para se instalarem no local e zelarem pelo culto; nove meses depois, foram mandados retirar pelo Provincial, por problemas com o fundador, Agostinho Nunes de Sousa, e com o abade de Ferreira de Aves; 1744, 21 Julho - escritura de doação do cónego e de D. Sebastiana, dando esta 12$000 anuais, garantidos pela Quinta do Campo Dianteiro, em Ranhados, dando o cónego 4$000 para a fábrica da capela; 10 Dezembro - terceira escritura, doando o cónego um terreno e 4$000 anuais e a tia várias propriedades em Lamas, em troca de missas por sufrágio, $800 para a capela e 20$000 para os religiosos que quisessem zelar pelo espaço; 1746-1747 - feitura do retábulo para a Capela de Santo Cristo; 1747, 11 Fevereiro - instituição da Irmandade de Nossa Senhora do Carmo, instalada no altar da Epístola da Capela do Santo Cristo; 22 Julho - referência a que os altares do Santo Cristo, de São José e de Nossa Senhora do Carmo eram de cantaria, com pedra de ara, toalhas, frontal, missal, estante, corporais, cálice e patena, tudo em prata, pala, véu de seda, bolsa de corporais, galhetas, seis tocheiros e um Crucificado; as paredes e tecto eram forrados a panos de seda; 1748 - feitura da calçada de acesso e respectivo pavimento; 14 Agosto - escritura para fundação de várias sepulturas na capela, para si, sua mãe, D. Maria Rodrigues, Domingos Fernandes Valente e o seu filho Luís Lopes Valente, a respectiva esposa, Margarida de Sousa e Almeida Figueiredo, e para o Padre Rodrigues Lopes; 1749, 4 Julho - entrega da capela e local à Real Província da Conceição, para fundação de um hospício, doando-lhe casas, terreno para a cerca, 12$000 para a fábrica da igreja; séc. 18, meados - fora do arco da capela, existiam dois nichos em cantaria, que serviam os altares dedicados a São José, no lado do Evangelho, e a Nossa Senhora do Carmo (Epístola), cultos que se desvaneceram; a capela era cerrada por grades de madeira e, no corpo, de pequenas dimensões, existia um púlpito, também de madeira; 1750 - envio de 5 religiosos para o local pelo Provincial Frei José de Jesus Maria, Frei João da Graça, Frei Raimundo da Expectação, Frei António da Paixão, Frei Luís da Natividade e o leigo Frei João de Santa Clara; início da construção do primitivo hospício por iniciativa do guardião Frei João da Graça; 1753, 7 Outubro - sepultura de D. Maria Rodrigues no local; 1754, 8 Março - início da construção do hospício capucho, por acção do guardião Frei João do Nascimento, pelo pedreiro Manuel Ferreira, habitante do lugar de Lustosa, por 62$000; nesta data, foram colocadas, na Capela de Santo Cristo, as imagens de Santo António, Nossa Senhora da Conceição, Menino Jesus, sete castiçais dourados, um Crucificado em marfim, três sacras e uma estante; 1758, 5 Agosto - contrato com o pedreiro Manuel Ferreira para executar casas no local por 62$000; 1760-1770 - obras de construção do edifício, sendo as obras atribuíveis ao mestre Manuel Fernandes de Reirigo; 1785 - falecimento do cónego da Sé da Guarda, Manuel dos Santos Coelho, sepultado na igreja; 1779, 22 Maio - passou de hospício á categoria de Convento; séc. 19 - sepultado no local Joaquim Rosa Sousa Viterbo; 1811, 16 Março - a Província não aceita como padroeira a sobrinha do fundador, D. Micaela Luísa de Oliva e Sousa Cabral; 1815, 2 Outubro - cedência do padroado ao reverendo Agostinho Nunes de Sousa Valente; 1834 - o padroado pertencia a Josefa Rita de Sousa Valente; extinção das Ordens Religiosas, ficando o convento vazio, tendo sido efectuado um Inventário do mesmo *3; 1845, 20 Maio - doação do convento e igreja à Ordem Terceira de São Francisco de Viseu; esta cedeu-o à Congregação de Santa Teresa para instalar no local um colégio feminino e assistência a doentes; séc. 20, início - a Congregação e a Ordem Terceira abdicam do edifício; 1903 - instalação no local do primeiro Seminários Menor dos Cleratianos; 1907 - abandono do edifício pelos Claretianos, tendo sido ocupado pelos Padres Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria; 1915 - a Congregação abandona o edifício; 1917 - colocação do convento em hasta pública, adquirido por Arnaldo Monteiro de Vila Nova de Paiva e Júlio Ramalhoto de Alhais; 1922 - compra do imóvel a Maria dos Prazeres Figueiral e a Luís Ramalhoto, por Bernardo da Cunha, por 25.000$00; este habitou no local, vendendo peças para Lisboa e desmontando o claustro, que foi enviado para o Museu do Caramulo (v. PT021821080141), onde foi montado integralmente; venda das imagens de Santo António e Nossa Senhora da Conceição; venda da igreja ao padre Manuel Pinto Henrique de Matos, que passou a integrar a Paróquia de Ferreira de Aves, servindo a povoação de Madalena; feitura do retábulo de Santo Cristo, em estilo neorococó; 1958 - douramento de todos os retábulos por Joaquim da Cunha, pintor-dourador residente em Viseu; 1974, 23 Fevereiro - morte de Bernardo da Cunha; 2001, 04 julho - Despacho de abertura do processo de classificação pelo vice-presidente do IPPAR; 2003, 21 julho - proposta da DRCoimbra de alteração do objeto a classificar, constituído pelo Santuário do Senhor Santo Cristo da Fraga, ruínas do antigo convento, conduta de água e Casa de Romagem; 02 agosto - Despacho de abertura do processo de classificação do Conjunto; 2004, 01 junho - proposta da DRCoimbra de classificação como Imóvel de Interesse Público; 2012, 11 maio - proposta da DRCCentro de classificação como Conjunto de Interesse Público e fixação da Zona Especial de Proteção; 2012, 18 outubro - publicação do projeto de decisão relativo à classificação como Conjunto de Interesse Público e fixação da respetiva Zona Especial de Proteção, em DR, 2.º série, n.º 202, anúncio n.º 13591/2012.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de granito; juntas preenchidas a cimento; modinaturas, campanário, pilastras, pináculos, coro-alto, pavimentos, base do púlpito em cantaria de granito aparente; porta, retábulos, guarda do púlpito, coberturas em madeira; janelas com vidros simples; grades de ferro; portas metálicas; cobertura em telha.

Bibliografia

JOSÉ, Frei Pedro de Jesus Maria, Chronica da Santa, e Real Provincia da Immaculada Conceição de Portugal da mais estreita e regular Observancia do Serafim Chagado S. Francisco, 2.ª ed., 2 vols., Lisboa, Officina de Miguel Manescal da Costa, MDCCLX (1760); LUÍS, Frei António de São, Mestre de ceremonias, que ensina o rito Romano e Serafico aos religiosos da Reformada, e Real Província da Conceição no Reino de Portugal, exposto em duas unicas classes, 3.ª ed. acrescentada, Lisboa, Officina de Simão Thaddeo Ferreira, MDCCLXXXIX (1789); ALMEIDA, Fortunato de, História da Igreja em Portugal, vols. I e II, Porto, Livraria Civilização Editora, 1968; ALVES, Alexandre, Memórias do Santuário e Convento do Senhor Santo Cristo da Fraga, Sátão, Câmara Municipal do Concelho de Sátão, 1989; ARAÚJO, António de Sousa (Frei), Antoninhos da Conceição - dicionário de capuchos franciscanos, Braga, Editorial Franciscana, 1996; ALVES, Alexandre, Artistas e Artífices nas Dioceses de Lamego e Viseu, vol. I, Viseu, 2001, pp. 95-96 e 357; CD Portugal Século XXI - Distrito de Viseu, CD II, Matosinhos, 2001; FIGUEIREDO, Ana Paula Valente, Os Conventos Franciscanos da Real Província da Conceição - análise histórica, tipológica, artística e iconográfica, [tese de doutoramento], 3 vols., Lisboa, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2008.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

DGARQ/TT: AHMF, Convento de Santo Cristo da Fraga, cx. 2216; BPMP: Crónica da Provincia da Conceição, 1737, FA - 69

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1746 - encarnação da imagem do Santo Cristo; PROPRIETÁRIO DA IGREJA: séc. 20 - remoção de rebocos, feitura de novas coberturas, consolidação da estrutura da igreja, com refechamento das juntas a argamassa de cimento; douramento dos retábulos e pintura das imagens.

Observações

*1 - no campanário existiam um sino com onze arrobas, e uma sineta, do relógio, o primeiro vendido por Bernardo da Cunha, por se encontrar quebrado. *2 - fazem parte da Província os seguintes Conventos: Santa Maria de Mosteiró (v. PT011608030013), Santa Maria da Ínsua (v. PT011602120133), São Francisco de Viana (v. PT011609310047), Santo António de Ponte de Lima (v. PT011607350252), Santo António de Viana (v. PT011609310048) Santo António de Caminha (v. PT011602070044), São Bento de Arcos de Valdevez (v. PT011601340059), São Bento e Nossa Senhora da Glória de Monção (v. PT011604170011), Nossa Senhora da Conceição de Melgaço (PT011603180044), Santo António do Porto (v. PT011312120035), São Francisco de Lamego (v. PT011805010074), São Francisco de Orgens (v. PT021823190031), São Francisco de Moncorvo (v. PT010409160053), São Francisco de Vila Real (v. PT011714240091), Santo António de Serém (v. PT020101120131), Santo António de Viseu (v. PT021823240358), Santo António de Viana, Santo António de Vila Cova de Alva (v. PT020601180012), Santo António de Pinhel (v. PT020910170012), São José de São Pedro do Sul (v. PT021816140005), Convento do Senhor da Fraga, Colégio de Santo António de Coimbra (v. PT020603020036 e PT020603020163) e o desaparecido Hospício de Lisboa. *3 - no Inventário de 1834 é referido que a Capela do Senhor dos Passos tinha a imagem do orago, ladeado por Nossa Senhora, São João Evangelista e dois anjos tocheiros, surgindo, na nave, três telas pintadas, duas a representar a Virgem e um Santo Agostinho; sobre a guarda do coro-alto, uma maquineta com a imagem do Crucificado; neste espaço, surgia uma estante. A Capela de Nossa Senhora das Dores possuía as imagens de São Sebastião e Santa Clara, aparecendo, sobre o altar, um Crucificado e 5 castiçais de madeira dourada e a de Santo António tinha, no retábulo, uma simples imagem do Crucificado, certamente sobre o sacrário, com cinco castiçais de madeira dourada e dois vasos de estanho, surgindo, nos retábulos colaterais, as esculturas dos oragos primitivos, Nossa Senhora da Conceição e Santo António, ambos com três sacras, um Crucificado e cinco castiçais. A fechar o cruzeiro do transepto, existiam umas grades de madeira, certamente as grades-confessionários. Inicialmente, existiam, no retábulo-mor, as imagens de São Francisco e a desaparecida de São Pedro de Alcântara, surgindo, sobre o sacrário primitivo, um Crucificado e, sobre o altar, quatro jarras de madeira com ramos de seda, três sacras, uma estante e cinco castiçais de chumbo. Na capela-mor, iluminada por uma lâmpada, surgiam três mochos. Na sacristia, desaparecida, surgia um arcaz, encimado por espaldar com seis pinturas, tendo, ao centro, um nicho com um Calvário, formado pelo Crucificado, ladeado pela Virgem e por São João Evangelista; neste espaço, existia uma sineta, que servia para a chamada das missas e para a marcação dos passos litúrgicos, vendida para Lisboa; o espelho seguiu o mesmo caminho, tendo rendido 3.500$00. No refeitório, certamente situado na ala oposta à igreja, existiam cinco tábuas de castanho com a largura de dois palmos e meio, iluminado por candeeiros de latão; na cozinha, anexo ao anterior, um lavabo com duas torneiras de bronze. No dormitório, uma imagem de Nossa Senhora do Amparo e, na livraria, guardavam-se 790 volumes.

Autor e Data

Paula Figueiredo 2002 / 2009

Actualização

 
 
 
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